A incorporação da inteligência artificial (IA) nos sistemas de saúde tem potencial para revolucionar a maneira como o cuidado é prestado, aliviando o fardo físico e cognitivo que recai sobre profissionais de saúde, cada vez mais pressionados por sobrecargas de trabalho, escassez de recursos humanos e uma complexidade crescente das demandas assistenciais. Em cenários pós-operatórios, por exemplo, a IA pode oferecer suporte ativo à recuperação, realizar triagens, encaminhar pacientes para outros serviços — inclusive digitais — e monitorar em tempo real as reações emocionais de pacientes, familiares e membros da equipe de cuidado. Essa capacidade de fornecer orientações ajustadas ao contexto emocional do paciente representa uma promessa significativa na promoção do bem-estar, confiança e crescimento emocional.
Ao aprender com os comportamentos dos profissionais — incluindo entonação de voz, escolha de palavras, linguagem corporal — a IA pode modelar respostas que imitem atitudes compassivas. Com o tempo, esses sistemas podem transformar-se em treinadores, mentores ou conselheiros artificiais, capazes de apoiar não apenas os pacientes, mas também os cuidadores humanos, especialmente no manejo do peso emocional que o cuidado impõe.
Além disso, os sistemas de IA podem otimizar a alocação de recursos, sugerindo, com base em dados comparativos de resultados, os melhores provedores para determinadas condições de saúde. Isso pode empoderar pacientes ao oferecer maior clareza na escolha de serviços, e também fornecer às organizações de saúde informações sobre como aprimorar suas próprias estruturas e treinamentos com base nas práticas bem-sucedidas de outras instituições.
Com os avanços contínuos na aprendizagem profunda, surge a hipótese de que a IA venha a desenvolver algo semelhante à compaixão genuína — não
O que significa ser um profissional de saúde compassivo em um mundo incerto?
A aplicação de modelos de competência em cuidados de saúde e assistência social sempre foi acompanhada de críticas substanciais, especialmente quando observados pela lente da compaixão. A proposta de que o desenvolvimento da prática compassiva segue uma progressão linear, como sugere o modelo de Benner, é profundamente questionável. A própria noção de que é possível mensurar a compaixão de maneira objetiva já indica o caráter subjetivo da avaliação. O contexto é determinante: um profissional iniciante pode, em situações específicas, agir com a intuição de um especialista, enquanto um especialista pode sentir-se perdido em novos cenários, como aconteceu durante a pandemia de COVID-19 com médicos e enfermeiros realocados para unidades de terapia intensiva.
Dessa forma, torna-se crucial questionar: o que realmente define uma prática "expert"? Este conceito é notoriamente difícil de fixar, pois varia segundo culturas, contextos e dinâmicas institucionais. O desafio de traduzir compaixão em competência técnica revela-se aqui: podemos de fato operacionalizar a compaixão sem esvaziar sua dimensão subjetiva e afetiva?
A identidade profissional em saúde é construída e sustentada por meio de ação, interação e pertencimento a grupos normativos. A teoria de campo de Lewin oferece um arcabouço útil para pensar essa construção: quanto maior a valência entre identidade e ação, maior a força de pertencimento ao grupo. Isso cria padrões de comportamento que são perpetuados em códigos de conduta profissional, como o Código de Conduta do Conselho de Enfermagem. A socialização profissional, especialmente entre os recém-formados, funciona como força poderosa de assimilação desses códigos.
Entretanto, essa identidade construída em torno da profissão pode conflitar com a identidade pessoal, criando tensões entre o eu privado e o eu público. A história da enfermagem, frequentemente narrada como vocação, reforça esse movimento de silenciar o indivíduo em nome do coletivo. A identidade passa a ser performada, não apenas vivida.
A supervisão compassiva emerge, nesse cenário, como dispositivo potente para sustentar e revisar identidades profissionais orientadas por valores. Em um sistema pressionado por lógicas gerenciais e fluxos operacionais, como apontado por Edmonstone, há o risco de perder-se a centralidade da compaixão. Iniciativas como o programa dos 6 C's da Chefia de Enfermagem (Cuidar, Comunicar, Coragem, Compromisso, Compaixão, Competência) tentam resgatar esses fundamentos. Mas novamente surge a questão: como esses valores são operacionalizados? O que significa ter coragem em contextos onde as estruturas limitam a agência? Onde começa e termina a competência em situações de extrema ambiguidade?
Competência é, por definição, a capacidade de realizar uma tarefa com eficácia em um dado contexto. Seu julgamento depende de observadores qualificados, e seus parâmetros se baseiam em estruturas de conhecimento, habilidade e valores. No entanto, a competência de hoje não será a mesma de amanhã. O próprio conceito é tensionado pelo dinamismo das práticas, pela introdução de novas tecnologias e pelo deslocamento contínuo das exigências sociais. A tentativa de capturar a complexidade da compaixão sob o modelo de competência se mostra limitada – compaixão é mais do que um ato técnico; é um investimento afetivo que exige presença, escuta e sensibilidade situacional.
A identidade compassiva não é um dado fixo, mas uma construção que exige atenção contínua. A supervisão pode ser um espaço para esse cuidado – não de controle, mas de cultivo. A ideia de que nossa identidade está sempre em relação ao "outro" (Jenkins, 2014) reforça que ela não é um traço interno, mas uma negociação social e emocional. Em tempos de incerteza, complexidade e instabilidade (o chamado mundo VUCA), é cada vez mais comum que as pessoas mudem de carreira, acumulando múltiplas identidades profissionais ao longo da vida. A identidade baseada apenas na ocupação torna-se frágil.
Propõe-se, então, pensar a compaixão não como um atributo exclusivo de um cargo ou função, mas como uma orientação de valor e comportamento – um modo de ser que transcende demarcações profissionais. Isso não implica a dissolução das fronteiras profissionais, mas o reconhecimento de que os valores que sustentam o cuidado humano são anteriores às estruturas institucionais.
A identidade, em sua essência, é construída na diferença, na relação com o outro, e na constante (re)definição de si mesmo. Reduzi-la a um conjunto homogêneo de intenções ou competências empobrece sua potência explicativa. A compaixão, como identidade, requer mais do que treinamento técnico; exige uma atenção ética e relacional permanente. A supervisão, nesse contexto, não é apenas uma ferramenta de avaliação, mas um espaço de escuta e validação do que significa, em cada momento, ser um trabalhador da saúde movido pela compaixão.
É necessário compreender que a compaixão é menos um atributo mensurável e mais uma postura ética diante da vulnerabilidade do outro. Sua sustentação depende de espaços institucionais que permitam a reflexão, a escuta e o reconhecimento mútuo. A formação técnica deve ser acompanhada por uma formação afetiva e relacional, que reconheça que o cuidado é, acima de tudo, uma prática humana.
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