O crescimento de cristais de gelo em turbinas de aviões é um fenômeno complexo, que envolve a interação de várias variáveis, como a dinâmica do fluxo de ar, a temperatura ambiente, a velocidade de impacto das partículas e a geometria das superfícies das aeronaves. A modelagem dessa dinâmica de cristais é crucial para a previsão da formação de gelo nas superfícies, um aspecto essencial para garantir a segurança e a eficiência das operações de voo em condições adversas, como em áreas de precipitação mista de gelo e neve. A análise numérica, frequentemente realizada por softwares especializados, como o ANSYS FENSAP-ICE, é uma das ferramentas mais poderosas para simular e prever esses processos.
O filme de água na superfície, que representa uma camada muito fina de água em estado líquido, desempenha um papel fundamental na dinâmica do gelo. A velocidade do filme está relacionada ao estresse de cisalhamento do fluxo de ar na parede da superfície. Esta relação é expressa na equação básica que descreve o comportamento do filme: a taxa de cristalização é determinada pelo impacto de cristais de gelo, que é calculado com base no modelo de aderência da ANSYS. Esse modelo leva em consideração fatores locais como a altura do filme, o tamanho das partículas e a velocidade de impacto, além da porcentagem de derretimento do gelo. Outro aspecto importante é o processo de erosão do gelo acumulado, que é calculado a partir da interação das partículas com a superfície, diminuindo a quantidade de gelo acumulada a cada passo de tempo.
O modelo de aderência ANSYS determina também a taxa de deposição do gelo em função das propriedades da superfície. Ao considerar esses fatores, o modelo assegura que a massa e o volume do gelo sejam conservados, levando em conta a geometria da superfície e o movimento rotacional ou não rotacional dos componentes envolvidos. As interações entre sistemas rotacionando e não rotacionando, como em turbinas, adicionam termos de aceleração centrífuga e Coriolis às equações de momento, o que torna a modelagem ainda mais desafiadora, mas também mais realista.
O uso de abordagens de estado estacionário, que reconhecem a natureza periódica do fluxo e do transporte de partículas através de segmentos geométricos periódicos, é comum para alcançar uma precisão aceitável nas simulações. Cada componente do sistema pode ser modelado como um setor periódico com um ângulo de passo que corresponde ao número de lâminas de cada fileira, sendo as interações entre as fileiras modeladas através de interfaces de plano de mistura. No exemplo de um turbofan, a concentração de cristais de gelo é analisada em diferentes planos radiais à medida que passa pelos componentes da entrada do ventilador e da lâmina guia, e os resultados dessas análises permitem prever como o gelo se acumula nos sistemas.
Validações experimentais de modelos de cristais de gelo em componentes de motores foram realizadas em túneis de vento com geometrias simples, como cilindros não aquecidos, e mais recentemente em simulações de dinâmica de cristais dentro de cenários de motores a jato. O estudo das condições mistas de gelo, que envolvem tanto cristais de gelo quanto gotas de água, tem sido um foco importante da pesquisa. Experimentos fundamentais, como os realizados pelo National Research Council (NRC), caracterizaram a formação de gelo em cilindros horizontais e lâminas NACA0012 em condições mistas de gelo. Os resultados desses experimentos mostraram que o comportamento de cristais de gelo pode ser modelado com alta precisão, permitindo uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos de deposição de gelo.
A evolução do modelo de cristalização dentro do contexto de turbinas a jato exige não apenas a consideração das variáveis dinâmicas do fluxo, mas também a interação com sistemas rotacionais. Os estudos de validez, como os experimentos realizados em bancos de teste do NRC, fornecem uma comparação valiosa entre as simulações numéricas e os dados experimentais, garantindo que o modelo possa prever de maneira precisa a formação de gelo. Esses testes foram feitos utilizando-se de diferentes tamanhos e tipos de cristais de gelo, obtidos a partir de condições ambientais controladas, como temperatura do bulbo úmido e quantidade de água no ar.
Uma inovação recente foi a criação do banco de testes ICE-MACR do NRC, que visa fornecer uma configuração modular para estudar os efeitos da formação de cristais de gelo em sistemas rotacionando. Este teste se aproxima cada vez mais das condições reais encontradas em motores de aeronaves, permitindo uma análise mais precisa do impacto da formação de gelo nas lâminas dos motores.
O impacto do tamanho e da forma dos cristais de gelo, bem como das variáveis térmicas e de umidade do fluxo de ar, são parâmetros críticos a serem calibrados em simulações. Para que os resultados sejam válidos, é essencial considerar as interações complexas entre as partículas e as superfícies da turbina. A calibração dos modelos numéricos com dados experimentais é fundamental para garantir que a simulação represente de forma precisa a realidade, permitindo que os engenheiros possam projetar sistemas mais eficientes e seguros.
Além disso, é fundamental entender como as diferentes condições de operação, como a temperatura e a velocidade do ar, afetam a formação e o derretimento do gelo. A combinação dessas condições com as características de superfície do motor pode levar a diferentes taxas de formação de gelo, que por sua vez impactam a eficiência do motor e a segurança da aeronave. O estudo das condições de operação específicas e sua relação com os modelos de deposição de gelo permite prever possíveis falhas e implementar sistemas de prevenção, como o uso de anticongelantes térmicos, para minimizar o impacto da formação de gelo em condições extremas.
Como as Simulações Numéricas de Formação e Soltura de Gelo em Helicópteros Contribuem para a Segurança de Voo
A formação de gelo em aeronaves, especialmente em helicópteros, é uma preocupação crítica para a segurança do voo. O impacto do gelo acumulado nas superfícies de elevação, como as lâminas dos rotores, pode alterar significativamente a aerodinâmica da aeronave, prejudicando o desempenho e as qualidades de manuseio do rotor, além de aumentar os riscos de separação precoce do fluxo e comprometimento da estabilidade. A simulação numérica, uma ferramenta poderosa na investigação de fenômenos complexos, tem se mostrado essencial no estudo da formação e do desprendimento de gelo em condições de voo.
Neste contexto, foi desenvolvido um novo framework tridimensional para simular a formação e a soltura de gelo em rotores de helicópteros. Esse framework adota técnicas de modelagem numérica avançada para resolver interações complexas entre o fluxo do rotor, as trajetórias das gotas de água, os locais de impacto, a mudança de fase durante a formação do gelo e a deformação das malhas para acomodar as fronteiras móveis do gelo. Essa abordagem permite que os pesquisadores avaliem com maior precisão os efeitos do gelo em várias condições, utilizando uma série de casos de teste de validação preliminar para garantir que os modelos possam prever adequadamente as formas de gelo e a eficiência de coleta, em comparação com medições experimentais de alta qualidade.
Os testes em túnel de vento realizados no modelo de rotor Spinning Rotor Blade (SRB-II) foram essenciais para a validação dessas simulações. Ao comparar os resultados numéricos com dados experimentais, os pesquisadores puderam observar que as previsões de espessura de gelo e locais de desprendimento estavam em boa concordância com as medições realizadas em uma faixa de temperaturas, o que valida a eficácia do modelo numérico. Este tipo de modelagem oferece não apenas a previsão da forma do gelo, mas também uma análise detalhada dos parâmetros que mais impactam a formação de gelo nos rotores, como o perfil de temperatura dentro da camada de gelo e o movimento centrifugamente induzido do filme líquido.
Além de oferecer um meio de simulação mais seguro e controlado do que os testes naturais em voo, a modelagem numérica tem um papel crucial na criação de sistemas de previsão de gelo em tempo real. O acúmulo de gelo pode ocorrer rapidamente em condições de voo específicas, tornando-se essencial para as aeronaves possuírem sistemas de monitoramento que possam prever com precisão o risco de formação de gelo, permitindo a tomada de decisões rápidas e a ativação de sistemas de prevenção adequados.
A simulação de acúmulo de gelo no rotor é um problema multifacetado. Ela envolve a modelagem detalhada do fluxo de ar ao redor das lâminas do rotor, o comportamento das gotas de água que impactam as superfícies, o processo de congelamento da água e a adaptação da malha numérica ao acúmulo e ao desprendimento de gelo. Isso demanda o uso de técnicas avançadas de modelagem de deformação de malha, que podem ajustar dinamicamente a geometria da superfície para refletir com precisão as mudanças no rotor causadas pelo acúmulo de gelo.
Além disso, é fundamental compreender as limitações dos testes experimentais e das abordagens numéricas em diferentes condições. Os testes em túnel de vento, embora essenciais, só conseguem simular uma parte das condições reais de voo e podem não capturar totalmente os efeitos complexos da interação entre o rotor e o gelo em condições dinâmicas. Por outro lado, os modelos numéricos oferecem a vantagem de simular uma variedade maior de condições, mas sua precisão depende da qualidade dos dados de entrada e da capacidade de resolver adequadamente as interações físicas.
Com o uso dessas simulações, os engenheiros podem prever de forma mais confiável o comportamento do rotor sob condições de acúmulo de gelo, ajudando a evitar falhas estruturais e a reduzir os riscos de acidentes. O desenvolvimento de técnicas numéricas mais sofisticadas pode não só melhorar a segurança dos helicópteros, mas também contribuir para o avanço da aviação em geral, permitindo que aeronaves operem de forma mais segura em condições meteorológicas adversas.
O papel da simulação numérica é, portanto, essencial no desenvolvimento de aeronaves mais seguras, sendo um instrumento vital para entender e mitigar os riscos do acúmulo de gelo em condições de voo. A pesquisa contínua nessa área e a melhoria constante dos modelos computacionais prometem avanços significativos na segurança da aviação, além de oferecer novos insights sobre os fenômenos físicos que ocorrem quando a água congela nas superfícies das aeronaves.
Como o Modelo de Ordem Reduzida (ROM) Pode Avançar as Simulações de Icing em Aeronaves
No contexto das simulações de aeronaves em condições de formação de gelo, a precisão das soluções de Modelos de Ordem Reduzida (ROM) pode ser estimada por meio da validação cruzada leave-one-out (LOOCV). Esse método tem uma compatibilidade natural com os instantâneos de CFD-EFD-FFD usados para estudar problemas de formação de gelo. O LOOCV, quando aliado a técnicas de amostragem baseadas em CVT (Du et al., 1999), pode distribuir de maneira inteligente os instantâneos no espaço de parâmetros conforme uma função de densidade prescrita, que pode ser baseada no erro ou em um conhecimento prévio da física do problema. Esse processo permite que os modelos de CFD sejam ajustados de forma eficaz, garantindo maior precisão nas simulações, sem perder a generalização dos resultados.
Um desafio significativo ao combinar dados de CFD com dados de EFD/FFD reside na discrepância de tamanho de dados. Enquanto os dados de EFD/FFD são limitados a dezenas de leituras de sensores ou sondas, os dados de CFD envolvem milhões de pontos de malha. Para evitar limitar os resultados de CFD às localizações dos sensores e perder detalhes valiosos, propõe-se a utilização de um método de POD com lacunas (Gappy POD) para enriquecer os dados de EFD/FFD até o tamanho dos dados CFD. Esse método, desenvolvido inicialmente por Everson e Sirovich (1995) para lidar com imagens de faces danificadas, foi adaptado posteriormente para reconstruir dados de campo de fluxo em aplicações aerodinâmicas (Bui-Thanh et al., 2004; Kaveh et al., 2018). Ele pode ser utilizado para enriquecer dados experimentais escassos de pressão sobre a superfície de um corpo, permitindo que esses dados se ajustem à mesma escala dos dados de CFD.
Esse enriquecimento de dados com Gappy POD não se limita apenas a dados experimentais, mas também permite a combinação efetiva de resultados de CFD, EFD e FFD. O resultado é uma cobertura mais abrangente e precisa das áreas de segurança no estudo de formação de gelo. Dessa forma, o Gappy POD é visto como um elo crucial para a integração das diferentes abordagens de modelagem, permitindo que os resultados de CFD, EFD e FFD se complementem de maneira eficiente.
No desenvolvimento do framework ROM no McGill CFD Laboratory, o uso de metodologias não intrusivas e algoritmos de aprendizado de máquina é essencial para garantir a localização adequada das soluções. Isso é feito por meio de uma abordagem de amostragem iterativa, onde o erro de cada estimativa guia a próxima amostragem, promovendo um processo de ajuste contínuo e refinado. O modelo ROM desenvolvido é agnóstico ao código, ou seja, pode ser aplicado a diferentes tipos de simulações e linguagens de programação, o que o torna extremamente versátil. Mais importante ainda, ele é agnóstico à dimensão, podendo ser adaptado tanto para problemas 2D quanto 3D, com a promessa de reduzir significativamente o tempo e o custo computacional, sem perder a qualidade da solução.
No que diz respeito às aplicações de ROM em problemas de formação de gelo, este método se destaca por sua capacidade de realizar simulações em tempo real, o que é particularmente útil em simuladores de voo ou sistemas de testes em solo. O uso de ROM permite que se realize uma varredura completa de diferentes condições de gelo, otimizando a identificação de formas críticas de gelo que podem afetar o desempenho da aeronave. Além disso, o ROM também pode ser utilizado para otimizar sistemas de proteção contra o gelo, como os sistemas de aquecimento a ar quente e eletrotermal, comuns em aeronaves e helicópteros. Dessa forma, o ROM oferece uma ferramenta poderosa para a análise e otimização de sistemas de proteção de aeronaves em condições de gelo.
Embora o ROM seja uma ferramenta poderosa para otimizar simulações e economizar recursos computacionais, o processo de validação é fundamental. Cada aplicação de ROM, seja em fluxo de ar, impingimento, ou acumulação de gelo, deve ser acompanhada por um processo de validação rigoroso para garantir a precisão dos resultados. Isso é particularmente importante, uma vez que as condições de formação de gelo podem variar amplamente, e a precisão do modelo ROM deve ser garantida para cada condição específica.
Além disso, é essencial considerar que o ROM não elimina a necessidade de experimentos físicos, mas oferece uma maneira de reduzir o número de testes necessários ou restringir as áreas instrumentadas. A combinação de dados experimentais com os modelos de CFD, EFD e FFD através do Gappy POD permite que se obtenha uma visão mais precisa e detalhada dos processos físicos envolvidos, sem a necessidade de grandes quantidades de dados experimentais. A capacidade do ROM de lidar com dados escassos de maneira eficaz e de gerar soluções 3D a partir de um banco de dados previamente gerado é um de seus maiores benefícios.
O ROM representa uma evolução significativa na forma como lidamos com a modelagem de fenômenos físicos complexos, como a formação de gelo em aeronaves. Sua capacidade de reduzir a carga computacional, enquanto mantém a precisão e a aplicabilidade em uma ampla gama de condições, torna-o uma ferramenta essencial para o futuro da engenharia aeronáutica.
Como o Escoamento de Água e a Formação de Filmes Líquidos Afetam o Desempenho de Sistemas Antigelo Térmicos em Aerofólios
A análise do comportamento térmico e de massa em aerofólios com sistemas antigelo é uma área essencial para garantir a segurança e eficiência das aeronaves em condições de congelamento. Vários estudos têm se concentrado em modelar e simular a interação entre o escoamento de ar e as superfícies aquecidas de aerofólios, com o intuito de melhorar o desempenho dos sistemas de proteção contra gelo. O desenvolvimento desses modelos se baseia na análise de diferentes regimes de escoamento e nas transições entre camadas laminares e turbulentas, fatores que influenciam diretamente a formação de camadas de gelo e sua dissipação.
Em muitos casos, o comportamento do ar na proximidade da superfície do aerofólio determina a eficácia de sistemas antigelo. Quando o ar se move a alta velocidade, provoca uma redução significativa na espessura da camada limite térmica, favorecendo a dispersão do calor necessário para derreter o gelo. No entanto, quando o escoamento é instável, o ar pode formar turbilhonamentos que afetam a transferência de calor, comprometendo a eficiência do sistema de aquecimento. O controle preciso do comportamento térmico das superfícies é crucial para garantir que o calor seja distribuído de maneira uniforme, prevenindo o acúmulo de gelo.
Os modelos numéricos, como o desenvolvido por Silva GAL e colaboradores (2003), simula o comportamento térmico de sistemas antigelo com base em equações diferenciais que governam a transferência de calor e massa em ambientes com diferentes regimes de escoamento. Esses modelos podem ser usados para prever o desempenho de sistemas de aquecimento em condições reais de voo, considerando variáveis como a velocidade do ar, a temperatura do ambiente e a geometria da superfície do aerofólio. A precisão desses modelos é vital, pois qualquer falha na previsão da formação de gelo pode resultar em sérios problemas operacionais.
Outro aspecto importante no desenvolvimento de sistemas de anti-icing é a interação entre a água líquida que se acumula na superfície e o sistema térmico. A formação de filmes líquidos, como observado por Mikielewicz e Moszynski (1975), influencia diretamente a eficiência do aquecimento. Quando a água se acumula de forma excessiva ou forma rivuletas, a dissipação de calor se torna mais difícil, o que exige um controle rigoroso da distribuição de temperatura na superfície. O controle da espessura do filme líquido é um dos parâmetros críticos, pois ele afeta a taxa de transferência de calor necessária para a fusão do gelo.
Ademais, os estudos de transição de escoamento laminar para turbulento, como os de Reynolds e colaboradores (1958), são fundamentais para entender como as alterações no perfil de velocidade do ar ao longo da superfície do aerofólio influenciam o comportamento térmico. A presença de turbulência pode aumentar a transferência de calor na camada limite, mas também pode gerar flutuações que dificultam a previsão precisa do desempenho do sistema antigelo. A modelagem da transição entre esses dois estados de escoamento é essencial para a concepção de sistemas mais eficientes, pois permite prever a distribuição de temperatura e o comportamento do ar no ponto crítico da transição.
Além disso, é fundamental que os sistemas de proteção contra gelo sejam projetados para operarem de maneira eficiente em uma ampla gama de condições meteorológicas. Em climas mais frios, onde as velocidades de acumulação de gelo podem ser mais intensas, a capacidade do sistema de aquecer rapidamente a superfície do aerofólio se torna ainda mais crítica. Isso envolve a necessidade de um sistema térmico que não apenas mantenha uma temperatura elevada o suficiente para evitar o acúmulo de gelo, mas que também distribua esse calor de maneira uniforme e sem perdas excessivas.
A integração de sistemas antigelo com tecnologias de CFD (Computational Fluid Dynamics) tem permitido um avanço significativo na previsão de como os sistemas de aquecimento interagem com o escoamento do ar e as superfícies. Os estudos realizados, como os de Morency et al. (1999a), possibilitaram simulações mais detalhadas do comportamento dos sistemas antigelo, considerando diferentes condições de escoamento e de formação de gelo, o que facilita a otimização de projetos e a análise de desempenho antes da fabricação dos sistemas.
Embora o desempenho térmico seja uma consideração importante, a eficiência de um sistema antigelo também depende da minimização dos efeitos negativos na aerodinâmica da aeronave. O uso de sistemas de aquecimento não pode comprometer a eficiência do voo, ou seja, não pode causar um aumento significativo no arrasto ou reduzir a sustentação. Por isso, a simulação integrada de calor e fluxo, levando em consideração não apenas as variáveis térmicas, mas também as variáveis aerodinâmicas, tem se mostrado essencial na otimização de sistemas de proteção.
Em resumo, a compreensão dos processos de transferência de calor e massa em sistemas antigelo térmicos para aerofólios exige uma análise detalhada da dinâmica do escoamento, da interação da água com a superfície e da transição entre os estados laminar e turbulento. Através de modelos numéricos e simulações avançadas, é possível otimizar o design desses sistemas, garantindo sua eficácia e a segurança das aeronaves em condições de congelamento.
Como a Discretização Implícita e o Método de Nível-Set Modelam o Crescimento de Gelo no Voo
A modelagem do crescimento de gelo em ambientes de voo envolve desafios complexos que exigem abordagens numéricas eficientes e precisas. O uso do método de nível-set (level-set) e sua discretização implícita, como implementado no software Mmg, torna-se uma ferramenta essencial para representar a interface entre o gelo e o ar. Este processo é particularmente útil quando se trata de simular a formação de gelo em superfícies durante o voo, um fenômeno crucial que afeta a aerodinâmica de aeronaves e a segurança operacional.
O Mmg é um software de código aberto que utiliza triangulações de Delaunay para remeshing simplicial de malhas não estruturadas. O algoritmo de malha implícita do Mmg, conforme descrito por Dapogny et al. (2014), é baseado em três etapas principais, válidas tanto para problemas bidimensionais quanto tridimensionais. A primeira etapa consiste em identificar e marcar os elementos simpliciais (triângulos em 2D e tetraedros em 3D) que são cortados pela curva de nível zero da função de nível-set, φ. Isso é feito através da comparação dos sinais de φ nos nós do elemento.
Na segunda etapa, a borda do elemento cortada pela curva de nível é identificada, e um novo ponto é inserido na interseção com a curva de nível. Este novo ponto é calculado por interpolação linear entre os valores dos nós que delimitam a aresta, ajustando a posição da interface de acordo com a distribuição do campo escalar φ. No caso de 2D, a divisão de um triângulo genérico resulta em um triângulo e um quadrilátero. Este quadrilátero, por sua vez, é subdividido em dois elementos simpliciais. Já em 3D, o tetraedro original é subdividido em tetraedros menores com base nos pontos inseridos, criando novas permutações geométricas.
A terceira etapa do algoritmo envolve o refinamento local da malha. Como a malha temporária gerada na segunda etapa pode conter elementos de baixa qualidade, realiza-se a troca de faces e arestas da malha, movendo ligeiramente os vértices. Essa adaptação local visa melhorar a qualidade da malha e garantir uma representação precisa da interface do gelo-ar ao longo do tempo. A adaptação da malha, portanto, não apenas melhora a precisão da simulação, mas também assegura a continuidade da interface sem introduzir distorções ou artefatos geométricos.
Quando aplicado ao problema de formação de gelo, o método permite extrair as diferentes regiões do domínio, associando as bordas (em 2D) ou faces (em 3D) que conectam todos os pontos em que φ é igual a zero, o que representa a interface entre o gelo e o ar. Este procedimento pode ser particularmente útil para estudar as propriedades térmicas ou padrões de fratura do gelo em situações como a perda de gelo em superfícies de aeronaves.
Em vez de advetar a frente do gelo como nos métodos tradicionais de nível-set, este modelo cria a função de nível-set de forma discreta e algébrica em cada passo do tempo. Para cada ponto na grade, a quantidade φi é calculada como um produto entre a distância do ponto até a superfície sólida mais próxima, e a quantidade de material prescrita para aquele ponto. A distância é calculada através de uma técnica de vizinho mais próximo, utilizando a estrutura de dados kd-tree, o que garante uma busca eficiente pelos nós da malha.
Esse processo pode ser visualizado em 2D como o cálculo da distância mínima entre um ponto e um segmento de linha. Caso o ponto projetado ortogonalmente sobre a linha do segmento esteja dentro do segmento, a distância mínima é a distância do ponto projetado até o segmento. Caso contrário, a distância mínima será entre o ponto e o vértice mais próximo do segmento. Em 3D, o cálculo envolve a determinação da distância mínima entre um ponto e um triângulo, considerando as projeções ortogonais sobre o plano definido pelos vértices do triângulo.
Ao armazenar a espessura do gelo nos nós da malha, é possível reconstruir a interface do gelo-ar, garantindo uma representação contínua da interface. Essa abordagem contínua é uma vantagem significativa em comparação com os métodos que calculam o crescimento do gelo diretamente nas células da malha, que normalmente resultam em soluções descontínuas. No entanto, ao passar de uma solução descontínua para uma solução contínua, é essencial garantir a conservação de massa, o que exige cuidados na interpolação linear dos valores nodais para evitar discrepâncias no volume de gelo acumulado.
Essa precisão na representação da interface é crucial para a simulação precisa do crescimento do gelo, pois afeta diretamente a distribuição de calor, a dinâmica de fraturas e a modelagem do comportamento da camada de gelo durante o voo. Problemas de modelagem como esses não se limitam aos métodos implícitos de domínio, mas também se relacionam à escolha das técnicas de deslocamento nodal e à velocidade da frente avançada na equação hiperbólica do nível-set.
Portanto, o uso do método de nível-set discretizado de forma implícita, como no Mmg, não apenas melhora a precisão das simulações, mas também proporciona uma abordagem flexível para modelar fenômenos complexos como a formação de gelo durante o voo. As melhorias contínuas nas técnicas de adaptação da malha e a precisão na reconstrução da interface entre o gelo e o ar são essenciais para o avanço da modelagem de processos de formação de gelo em aeronaves, com implicações diretas na segurança e eficiência da aviação.
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