A teoria do funcional de densidade (DFT) tem sido uma ferramenta fundamental na física dos semicondutores, proporcionando uma compreensão detalhada dos materiais, desde suas propriedades estruturais até o comportamento eletrônico. No entanto, a escolha do método DFT adequado continua a ser um desafio crucial. Para entender a complexidade dessa área, é essencial abordar a evolução dos métodos de DFT e como eles impactam os resultados das simulações.
A história da teoria de muitos corpos em sólidos sempre foi repleta de desafios, especialmente devido à grande quantidade de elétrons envolvidos e às interações complexas entre eles. Tradicionalmente, as equações diferenciais de segunda ordem que descrevem essas interações não podem ser resolvidas exatamente para sistemas sólidos. O método Hartree-Fock (HF), que é eficaz em sistemas não interagentes ou com interações médias, não consegue abordar completamente a correlação entre os elétrons. Aqui entra a DFT, que, ao considerar a densidade eletrônica como variável, oferece uma maneira mais acessível de tratar os sistemas interativos de muitos corpos.
Nos primeiros estágios da DFT, a Aproximação Local da Densidade (LDA) era a principal ferramenta utilizada. Ela assume que a densidade local de um sistema de elétrons pode ser descrita de maneira semelhante a um sistema homogêneo. Embora tenha sido um avanço significativo, a LDA apresenta limitações, especialmente em termos de precisão na previsão de propriedades como a estrutura de bandas. Isso é particularmente problemático no caso de semicondutores, onde a precisão na descrição da largura da banda (band gap) é crucial.
Com o tempo, desenvolvimentos posteriores introduziram a Aproximação do Gradiente Generalizado (GGA), que melhora a LDA ao incluir uma dependência da gradiente da densidade. Além disso, surgiram as Meta-GGA e os funcionais híbridos, que incorporam uma combinação de DFT com métodos baseados em orbital. Essas novas abordagens aumentaram a precisão do cálculo da estrutura de bandas e permitiram uma melhor descrição das propriedades eletrônicas dos semicondutores, incluindo o gap de banda. A implementação de correções semi-locais foi especialmente eficaz em resolver o problema de subestimação do gap de banda, que era uma limitação significativa nas abordagens anteriores.
Além da estrutura de bandas, a DFT também é crucial na determinação da energia de Fermi, que é essencial para o estudo de propriedades dependentes da temperatura e da condutividade elétrica. A energia de Fermi influencia diretamente a posição do nível de Fermi em relação à estrutura de bandas, o que afeta as propriedades eletrônicas e ópticas dos semicondutores. O alinhamento adequado da banda, crucial para dispositivos optoeletrônicos, também depende de uma descrição precisa desses aspectos, e a DFT tem se mostrado eficaz nesse sentido.
A aplicação da DFT à pesquisa de novos materiais semicondutores tem se expandido para incluir áreas inovadoras, como a fotocatálise artificial e dispositivos optoeletrônicos eficientes em termos energéticos. A escolha do método DFT adequado permite que as propriedades desses materiais sejam previstas de maneira mais precisa, facilitando a descoberta de novos materiais com aplicações tecnológicas avançadas. A precisão na modelagem de propriedades estruturais, como a constante de rede e o módulo de compressão, também é essencial para o desenvolvimento de materiais semicondutores com melhores características mecânicas e térmicas.
Além disso, a comparação dos resultados obtidos com diferentes métodos de DFT ajuda a validar os resultados experimentais e a compreender melhor os materiais em estudo. Em particular, os avanços nas correções semi-locais e nos funcionais híbridos têm mostrado um grande potencial para melhorar a descrição das interações entre os elétrons, algo que não podia ser feito com os métodos anteriores. Ao combinar essas melhorias, a DFT pode agora fornecer resultados mais consistentes e precisos, aproximando-se mais da realidade dos experimentos.
Porém, para uma completa compreensão, o leitor deve estar ciente de que a DFT, apesar de seu sucesso, ainda tem limitações. A precisão dos resultados depende da escolha do funcional de troca e correlação, e há questões de custo computacional associadas aos métodos mais avançados, como os funcionais híbridos. A escolha do método adequado depende do equilíbrio entre a precisão desejada e os recursos computacionais disponíveis. Além disso, é importante entender que, embora a DFT seja uma ferramenta poderosa, ela não substitui completamente os experimentos. As simulações podem sugerir novas direções, mas a validação experimental continua sendo essencial para o desenvolvimento de novos materiais semicondutores.
Como Funciona o Sistema de Células Fotoeletroquímicas (PEC) e Suas Aplicações em Energias Sustentáveis
O sistema de células fotoeletroquímicas (PEC) é uma tecnologia promissora para a conversão de energia solar em energia química, especialmente para aplicações como a divisão da água (fotoeletrolisando a água para gerar hidrogênio) e a redução de CO2. Basicamente, esse sistema é composto por eletrodos fotoeletroquímicos (ou semicondutores) em contato direto com uma solução eletrolítica, que permite que reações químicas sejam impulsionadas pela luz. Em seu formato mais comum, o sistema PEC é configurado com um ou dois fotoeletrodos (semicondutores) em contato com o eletrólito, permitindo que a luz seja utilizada para gerar reações químicas [15].
Uma variação dessa configuração é o sistema PEC com junção enterrada, onde o semicondutor não está diretamente em contato com o eletrólito, criando uma abordagem diferente para a construção de dispositivos PEC. O termo "sistema PEC de junção enterrada" se refere à ausência dessa junção semicondutor/eletrolito, o que resulta em uma configuração onde o semicondutor é isolado do eletrólito, sendo uma alternativa promissora para ser aplicada em dispositivos PEC [16].
Esses sistemas podem ser classificados como células fotoeletroquímicas fotovoltaicas (PV-PEC), especialmente em aplicações como a divisão da água ou outras reações químicas. Uma célula PV-PEC é composta por múltiplas células fotovoltaicas conectadas a um eletrólito, com o painel fotovoltaico sendo o único responsável por fornecer o viés necessário para impulsionar as reações químicas no sistema eletroquímico [16]. Assim, as células PEC convencionais e as células PV-PEC são consideradas sistemas PEC, sendo variantes que se aplicam a diferentes contextos e necessidades.
Uma das grandes vantagens das células PEC na divisão de água para obtenção de hidrogênio é que a água é a fonte mais abundante de hidrogênio disponível na Terra, cobrindo cerca de 70% da superfície do planeta. Isso a torna uma das fontes de hidrogênio com maior densidade energética [9]. Além disso, o hidrogênio é considerado um transportador de energia limpa, desde que não seja obtido através de processos que dependem de combustíveis fósseis, como a reforma de metano (CH4). Estima-se que, para gerar 1,62 × 10^5 TWh de energia, que foi o consumo de energia mundial em 2019, seria necessário um volume de 4,4 × 10^13 L de água, o que pode ser facilmente extraído dos oceanos [9].
Além disso, a utilização de sistemas PEC para a redução de CO2 é uma das aplicações mais inovadoras e interessantes. A redução do CO2 não apenas ajuda na remoção de um poluente ambiental, mas também possibilita a produção de compostos de grande interesse industrial. A conversão ou reciclagem de CO2 em combustíveis de alto valor agregado é um grande desafio para a pesquisa moderna, dado que a molécula de CO2 é quimicamente estável e requer uma considerável quantidade de energia para quebrar a ligação C=O [17]. Produtos da conversão de CO2, como CH4, etano (C2H6), metanol (CH3OH), etanol (C2H5OH) e formiato (HCO− 2 ), entre outros, enfrentam dificuldades práticas, incluindo a necessidade de alto consumo de energia e a complexidade no design de plantas industriais. Nesse sentido, o sistema PEC tem se mostrado uma alternativa promissora para a conversão do CO2 sob radiação solar, pois é uma técnica escalável, de fácil operação e que permite o controle de diversos parâmetros operacionais.
A produção de amônia (NH3) a partir de N2 também está ganhando destaque nas pesquisas. A amônia é um composto essencial para a produção de fertilizantes, sendo uma das fontes artificiais mais importantes de nitrogênio. Ao contrário do processo tradicional de Haber-Bosch, no qual a amônia é produzida a partir de H2 e N2 sob condições extremas de temperatura e pressão, a produção de amônia via PEC pode ocorrer sob condições ambientes, ou seja, à temperatura ambiente e pressão atmosférica, o que torna o processo mais sustentável [18, 19].
No que diz respeito à configuração de um sistema PEC para essas reações, a estrutura básica envolve um semicondutor tipo n ou tipo p (eletrodo de trabalho, WE), conectado a um eletrodo de contra (CE) ou a outro semicondutor, ambos imersos em uma solução eletrolítica contendo um par redox [20]. O sistema PEC para divisão da água pode ter diferentes configurações, como fotoânodo (semicondutor tipo n), fotocátodo (semicondutor tipo p) ou ambos, conhecidos como célula tandem. Cada configuração é adequada para diferentes tipos de reações de evolução de oxigênio (O2), hidrogênio (H2) ou ambos [21]. Nos sistemas PEC com apenas um fotoânodo ou fotocátodo acoplado a um CE, geralmente é fornecido um viés externo para facilitar a separação de portadores de carga, enquanto os sistemas tandem são esperados para operar em condição sem viés, ou seja, o sistema é auto-biasado devido à diferença de nível de Fermi dos fotoeletrodos [21].
O funcionamento de um sistema PEC para essas aplicações envolve a incidência de luz sobre o semicondutor. Quando a energia do fóton (Ephoton) é maior que a energia da banda proibida (Eg) do semicondutor, pares de elétrons e lacunas são gerados e separados devido ao gradiente do nível de Fermi do semicondutor. Se o semicondutor for do tipo p, os elétrons fotogerados são transferidos para a solução, reduzindo as espécies eletroativas (como H2O, CO2 ou N2), o que caracteriza o fotocátodo. A redução dessas espécies gera uma corrente fotocátodica (Δjph), que pode ser usada como ferramenta diagnóstica da eficiência da célula PEC. Além disso, a eficiência solar-hidrogênio (STH) é uma métrica importante, particularmente na geração de H2, pois descreve a eficiência geral da divisão da água em um sistema PEC sob irradiância solar [16]. A eficiência STH é um parâmetro crucial para medir a performance das células PEC, pois leva em consideração apenas a energia solar como entrada de energia e a quantidade real de H2 gerada como saída química.
Como a Integração de Materiais Orgânicos e Inorgânicos Está Revolucionando as Células Solares e Dispositivos Optoeletrônicos
A crescente busca por células solares mais eficientes e dispositivos optoeletrônicos mais inovadores tem levado pesquisadores a explorar combinações de materiais orgânicos e inorgânicos, gerando uma série de avanços tecnológicos. Nos últimos anos, os semicondutores híbridos, que combinam as propriedades de ambos os tipos de materiais, têm mostrado um grande potencial, não só no aumento da eficiência das células solares, mas também na melhoria de outras tecnologias, como OLEDs (diodos emissores de luz orgânicos) e fotodiodos. O uso de materiais orgânicos como camadas de transporte de buracos (HTL) em vez de compostos tradicionais tem sido uma área-chave de pesquisa. Por exemplo, o pentaceno, um material orgânico, tem sido utilizado em substituição ao PEDOT:PSS em células solares de perovskita planas, resultando em uma eficiência de conversão de energia (PCE) de 15,90%, comparável ao uso do PEDOT:PSS.
Estudos como o de Yang et al., que utilizaram pentaceno como HTL, demonstraram que esse material pode ser tão eficaz quanto os materiais convencionais, mantendo a alta reprodutibilidade dos parâmetros de desempenho. A escolha de materiais orgânicos para as camadas ativas de dispositivos fotovoltaicos também tem mostrado ser um caminho promissor, principalmente quando se leva em consideração o transporte de cargas dentro do dispositivo. Em células solares orgânicas, onde o movimento dos elétrons geralmente é mais rápido que o dos buracos, é essencial equilibrar esse transporte de cargas para evitar degradação do dispositivo. Pesquisas como as de Wang et al., que doparam pentaceno em camadas ativas, conseguiram melhorar a eficiência das células solares em 38% com um nível de dopagem de apenas 0,2%.
No campo das células solares de perovskita, a inovação continua com materiais que possuem múltiplas funções. O uso de rubreno intercalado com potássio como agente passivante, por exemplo, tem demonstrado resultados impressionantes, com uma PCE superior a 19%, ultrapassando dispositivos baseados apenas em rubreno ou em perovskita pura. Este tipo de abordagem dual, onde materiais orgânicos e inorgânicos se complementam, reduz os efeitos de histerese e melhora a estabilidade do dispositivo, representando um avanço significativo para a aplicação em energia solar.
Outro desenvolvimento notável é o uso de heteroestruturas de semicondutores 2D orgânicos/inorgânicos em dispositivos fotovoltaicos de efeito de campo (FET). O trabalho de Park et al., que utilizou MoS2 (semicondutor 2D) como material n-tipo e rubreno como material p-tipo, resulta em dispositivos que operam sob irradiação de luz sem a necessidade de aplicar uma tensão de viés nos terminais. Estes avanços também estão alinhados com o crescente interesse em usar essas tecnologias para aplicações em dispositivos portáteis e sensores vestíveis.
Em paralelo, os OLEDs continuam a ser uma área de grande interesse, especialmente com o aumento da demanda por displays planos, como os encontrados em laptops, TVs e dispositivos móveis. Dispositivos OLED tandem, que combinam múltiplas camadas emissoras, têm atraído atenção devido à sua alta eficiência de corrente, longa vida útil e estabilidade superior. Pesquisas recentes indicam que a otimização das camadas de geração de carga (CGL), como C60/rubreno: MoO3, pode aumentar significativamente a eficiência dos OLEDs, com valores de eficiência de corrente e poder até 2,8 vezes superiores aos dispositivos de unidade única. Ainda assim, o processo exato de geração de carga nas camadas CGL ainda não é completamente compreendido, o que abre novas frentes para investigações científicas.
Além disso, a introdução de efeitos fotovoltaicos em OLEDs está revelando novas formas de melhorar a eficiência desses dispositivos. Um estudo de Zhao et al. mostrou que a introdução de uma junção heterogênea fotovoltaica plana (PHJ) de C60/CuPc em OLEDs pode resultar em um aumento significativo no desempenho eletroluminescente, ao absorver parcialmente os fótons emitidos e gerar excítons, melhorando a eficiência de emissão.
As pesquisas sobre fotodiodos, particularmente aqueles que usam junções heterogêneas orgânicas, também têm mostrado promissores avanços. A fabricação de fotodiodos com MoS2/pentaceno, por exemplo, resultou em dispositivos altamente eficientes, com uma responsividade fotoelétrica impressionante de 0,31 A/W e uma taxa de detecção específica de 1,55 × 10¹³ Jones. Este tipo de desenvolvimento é particularmente empolgante para aplicações futuras, como implantes retinais artificiais, que podem beneficiar enormemente de dispositivos de detecção na faixa do infravermelho.
Além dos avanços em dispositivos fotovoltaicos e OLEDs, a fabricação de transistores orgânicos impressos também tem ganhado atenção, devido ao seu potencial em sensores descartáveis e vestíveis. Esses transistores não apenas oferecem uma alternativa mais econômica, mas também abrem caminho para a integração de tecnologias orgânicas em uma ampla gama de dispositivos eletrônicos do futuro.
A exploração de semicondutores híbridos orgânicos-inorgânicos não só é crucial para a evolução das células solares e dos OLEDs, mas também oferece novas perspectivas para o desenvolvimento de dispositivos flexíveis, baratos e eficientes. No entanto, a combinação dessas tecnologias exige uma compreensão profunda das interações entre os materiais, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio no transporte de cargas, à estabilidade dos dispositivos e à eficiência geral. Com os materiais certos e inovações contínuas, o futuro dos dispositivos optoeletrônicos parece promissor, com uma integração crescente de componentes orgânicos e inorgânicos que podem revolucionar várias indústrias.
Horário de atividades extracurriculares e IGZ para o ano letivo de 2018-19.
Ordem nº 23/2015 - Alterações no Programa Educacional da Escola Municipal nº 19
Companhia Central de Passageiros Suburbanos S.A. (OАО "Central PPK")
Informações sobre a infraestrutura material e técnica para o ensino de Língua Inglesa

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