A preparação adequada das amostras é fundamental para garantir a precisão e a confiabilidade de qualquer análise cromatográfica. A presença de partículas e contaminantes nas amostras pode causar bloqueios no sistema cromatográfico e danos a componentes cruciais, como tubulações e colunas. Para evitar esses problemas, a filtragem das amostras é uma etapa essencial. A utilização de filtros baseados em membranas, como os de nylon ou acetato de celulose com tamanhos de poro entre 0,2 e 0,45 μm, é uma prática comum. Filtros descartáveis de seringa tornaram este processo mais simples e acessível. Além disso, alguns auto-injetores avançados, com recursos de filtragem integrados, podem realizar esse procedimento antes de introduzir a amostra no sistema de cromatografia iônica (IC). Contudo, a contaminação das amostras por esses filtros ainda é uma preocupação, especialmente em análises de elementos em baixas concentrações. Uma maneira eficaz de mitigar esse risco é realizar uma lavagem prévia dos filtros com água deionizada, removendo a maioria dos contaminantes inorgânicos. O descarte do primeiro volume filtrado também é recomendado, pois pode conter vestígios do líquido de lavagem.
Entre as técnicas de preparação de amostras, a extração líquido-líquido (LLE) é uma das mais poderosas para isolar compostos específicos de misturas complexas, com base em suas solubilidades diferenciais. Comumente, uma fase aquosa e uma fase orgânica imiscível são usadas. A LLE é amplamente aplicada em matrizes biológicas complexas, como sangue, urina e extratos de tecidos, para isolar íons ou compostos de interesse antes da análise. No entanto, a aplicação dessa técnica na preparação de amostras para IC é limitada por desafios como a necessidade de transferir o analito da fase orgânica para a fase aquosa, o que pode ser demorado, propenso a contaminação e até resultar em perda do analito. Apesar dessas limitações, a LLE tem se mostrado eficaz em aplicações especializadas.
A extração em fase sólida (SPE) é outra técnica crucial na preparação de amostras cromatográficas. Desde sua introdução na década de 1970, a SPE se tornou uma metodologia fundamental para a concentração e separação de íons de analitos, além de eliminar componentes interferentes. A técnica se baseia na passagem de uma amostra líquida por um leito de sorvente, onde ocorre a adsorção reversível dos componentes. Após a adsorção, uma solução de lavagem é utilizada para remover interferências, e o analito é eluído com um solvente específico. O processo de eluição na SPE pode ser comparado a um gradiente cromatográfico, onde um eluente suave é utilizado inicialmente, seguido de um mais forte para desorver o analito. A SPE se destaca por sua capacidade de concentrar o analito durante o processo de extração, sendo uma solução eficiente para amostras com grandes volumes ou compostos interferentes. No entanto, a seleção do sorvente e o tempo de contato entre a amostra e o sorvente são fatores cruciais para uma separação eficaz. Para análises de metais pesados, a SPE não polar pode ser utilizada para concentrar metais como compostos complexos, que serão analisados posteriormente via cromatografia de cátions.
Além disso, a otimização do procedimento de SPE requer um conhecimento detalhado da composição da matriz da amostra. Para garantir a reprodutibilidade e minimizar riscos de contaminação ou perda de analito, experimentos de reforço e avaliações cuidadosas são necessários. Atualmente, muitas empresas fornecem cartuchos pré-preenchidos com materiais de sorvente apropriados, facilitando ainda mais o uso dessa técnica. Dispositivos manuais, semi-automáticos e automáticos estão disponíveis para ajudar no processamento das soluções de amostras através do leito de sorvente.
Técnicas como a microextração, incluindo a extração em fase sólida por microextração (SPME) e a microextração líquido-líquido (LLME), têm ganhado destaque nas preparações para IC devido à sua alta eficiência, baixo consumo de solventes e necessidade de volumes reduzidos de amostras. A SPME é uma técnica sem solvente, que utiliza uma fibra coberta com um sorvente para extrair o analito diretamente da amostra ou de seu espaço de cabeça. Essa técnica simplifica a preparação e é especialmente útil em amostras complexas, como matrizes biológicas, devido à sua capacidade de analisar compostos em concentrações muito baixas.
Outro aspecto relevante para as análises cromatográficas modernas é a análise de traços, que exige métodos sensíveis para detectar íons em concentrações extremamente baixas, frequentemente abaixo de 1 mg/L. A introdução de injeções de grande volume tem permitido aumentar significativamente a sensibilidade, o que é particularmente benéfico para amostras com baixa condutividade iônica. A pré-concentração dos íons antes da separação cromatográfica é uma abordagem comprovada para aumentar a sensibilidade e reduzir as interferências da matriz, melhorando a qualidade e a confiabilidade dos resultados analíticos.
Entender as limitações e os riscos associados a cada técnica de preparação de amostras é essencial para escolher o procedimento mais adequado para cada tipo de análise. A correta implementação dessas técnicas não só aumenta a eficiência da separação, mas também garante que os resultados obtidos sejam representativos e fidedignos.
Como os Nanozímas Interagem com Proteínas e o que Revelam as Técnicas Espectroscópicas?
O desenvolvimento de nanozímas — nanomateriais com atividade catalítica semelhante à de enzimas naturais — abriu novas possibilidades para a bioanálise, particularmente na investigação de interfaces bio-nano. Esses sistemas híbridos revelam uma complexidade significativa nas suas interações com biomoléculas, principalmente proteínas, cuja adsorção ou ligação à superfície altera diretamente a atividade catalítica do nanozíma. Um exemplo claro é a peroxidase nanozímica baseada em Fe₃O₄@C, cujo comportamento catalítico pode ser modulado pela presença de proteínas como avidina, BSA, SA ou imunoglobulinas (IgG), afetando o perfil espectral UV/Vis na região de 652 nm, associado à formação do produto oxidado (oxTMB).
A espectroscopia UV/Vis, como técnica analítica central, permite o monitoramento preciso da atividade catalítica ao registrar alterações na absorbância associadas à oxidação do TMB na presença de peróxido de hidrogênio. Essa oxidação resulta numa coloração azul intensa, com um pico de absorbância característico, que varia conforme a presença de proteínas na interface. A ligação de proteínas aos nanozímas pode inibir parcialmente ou redirecionar sua atividade, e essa inibição é detectada por variações sutis no espectro óptico.
A análise espectral é ainda enriquecida por técnicas estatísticas multivariadas, como a análise de componentes principais (PCA) e a regressão por mínimos quadrados parciais (PLS), que permitem a extração de padrões de resposta colorimétrica frente a diferentes proteínas. Isso possibilita a criação de mapas de radar e matrizes de calor (heatmaps) que distinguem seletivamente proteínas com base na intensidade e forma do espectro resultante. A aplicação de modelos como o PLS-2 e a resolução multivariada de curvas (MCR) oferece uma caracterização quantitativa refinada, capturando não apenas a presença da proteína, mas também sua afinidade e modo de ligação.
As medições espectroscópicas são particularmente sensíveis a mudanças de conformação ou adsorção de proteínas, fornecendo dados em tempo real sobre processos de biofuncionalização de superfícies. Isso se revela essencial na construção de sensores biomoleculares e em sistemas de diagnóstico, onde a seletividade e a sensibilidade do nanozíma são diretamente influenciadas por sua nanoestrutura e modificação superficial.
Além disso, o desafio da turbidez em amostras reais — especialmente na quantificação da demanda química de oxigênio (DQO) em água — foi abordado com eficácia pela combinação da equação de Lambert-Beer com a relação de Kramers-Kronig e técnicas de correção de espalhamento baseadas na teoria de Mie. O modelo resultante, ajustado por meio da técnica PLS, demonstrou uma melhoria significativa na precisão das medições de DQO, com o coeficiente de determinação (R²) subindo de 0,2274 para 0,9629 após a compensação de turbidez, e uma redução correspondente no erro quadrático médio. Isso ressalta não apenas a robustez do método, mas também sua aplicabilidade prática em condições ambientais complexas, como nas águas do Swan Lake Park.
A fluorescência, como técnica complementar, acrescenta outra dimensão à caracterização bioanalítica. Probes fluorescentes compostos por unidades de reconhecimento, fluoróforo e ligante, são utilizados para detectar analitos específicos por meio de alterações mensuráveis na fluorescência. Complexos de zinco fluorescentes, por exemplo, demonstraram elevada seletividade na detecção de ânions sulfurados como HS⁻, exibindo respostas ópticas visíveis e reversíveis, fundamentais para o desenvolvimento de sensores em tempo real. A fluorescência intrínseca de biomoléculas, como aminoácidos aromáticos, possibilita ainda uma leitura precisa de alterações estruturais e funcionais em proteínas e ácidos nucleicos.
A análise combinada de espectros UV/Vis e fluorescentes amplia a capacidade de distinguir interações específicas em meio biológico complexo. Isso não apenas fortalece o entendimento fundamental das interações bio-nano, mas também impulsiona o desenvolvimento de plataformas diagnósticas baseadas em detecção colorimétrica ou fluorescente, de alta resolução e baixo custo.
É importante compreender que a eficácia desses métodos não depende apenas da sensibilidade instrumental, mas da modelagem matemática aplicada aos dados espectrais. A extração de variáveis latentes, a eliminação de ruídos por turbidez e a resolução de misturas espectrais são etapas críticas para converter os sinais ópticos em informações bioquímicas confiáveis. Além disso, a escolha adequada de nanoestruturas e suas superfícies de funcionalização pode definir a seletividade e estabilidade do sistema, principalmente quando exposto a matrizes biológicas complexas. O avanço dessas abordagens aponta para a consolidação das nanozímas como elementos centrais em futuras tecnologias de bioanálise e monitoramento ambiental em tempo real.
Como a eletroforese capilar e afinidade transformam a análise proteica e genética?
A eletroforese capilar (EC) representa uma coleção de técnicas de separação eletrocinéticas realizadas em capilares finos, sendo a eletroforese em zona capilar (CZE) a mais utilizada. Durante o processo, os analitos migram sob um campo elétrico através de soluções eletrolíticas, separando-se segundo suas mobilidades eletroforéticas, que dependem das interações não covalentes e cargas iônicas das moléculas. A simplicidade instrumental, que envolve eletrodos, ampolas de amostra, fonte de energia, detector e ferramentas de análise de dados, contrasta com sua alta eficiência e resolução. Os métodos de visualização, como fluorescência e absorvância UV-Vis, potencializam a detecção precisa e sensível dos compostos separados.
A versatilidade da EC a torna valiosa em áreas diversas, desde a análise forense de tintas e tipagem de DNA, até o estudo de interações proteína-ligante em indústrias farmacêuticas. Na genômica, a EC contribui decisivamente para o sequenciamento de DNA, oferecendo precisão fundamental para a pesquisa genética e diagnósticos clínicos.
A eletroforese de afinidade, por sua vez, explora as interações específicas entre moléculas para promover a separação. Técnicas como a eletroforese em gel de agarose e a boronada de afinidade permitem a separação e purificação de aminoácidos livres, complexos proteicos e moléculas de NAD-RNA, essenciais para estudar atividades cinéticas e funções biológicas. A eletroforese capilar de afinidade (ACE) aprimora ainda mais a eficiência da separação, embora não forneça informações estequiométricas, sendo indispensável para a pesquisa biotecnológica e bioquímica.
A escolha do tampão adequado é fundamental para manter o pH e fornecer os íons necessários à condução elétrica. Tampões comuns para ácidos nucleicos, como Tris/Borato/EDTA (TBE) e Tris/Acetato/EDTA (TAE), apresentam variações significativas em desempenho, evidenciadas em estudos comparativos com tampões alternativos, que afetam a qualidade da separação em gel de agarose. A avaliação cuidadosa do tampão assegura resultados mais claros e reproduzíveis.
No que concerne à coloração do DNA e proteínas, o brometo de etídio (EtBr) é amplamente utilizado, apesar de seu potencial mutagênico e carcinogênico. Alternativas como SYBR Gold, SYBR Green, violeta cristal e azul de metila equilibram sensibilidade e segurança, garantindo a visualização eficaz e a estimativa do deslocamento dos fragmentos durante a eletroforese. Tintas fluorescentes e técnicas de coloração por prata evoluíram para alcançar sensibilidades elevadas, permitindo a detecção de moléculas em baixas concentrações, crucial para análises detalhadas.
Avanços tecnológicos recentes expandiram o alcance da eletroforese em gel. A eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE) permite a separação de fragmentos de DNA de grandes dimensões, vital para o mapeamento genômico. Géis em gradiente promovem resoluções superiores, enquanto a eletroforese bidimensional (2D-PAGE), combinando foco isoelétrico e SDS-PAGE, facilita a análise de misturas proteicas complexas. Técnicas como a eletroforese BN-PAGE revelam interações proteicas e a organização dos complexos respiratórios mitocondriais, aprofundando o entendimento funcional das proteínas. A integração de câmeras digitais, software avançado e documentação automatizada aprimora a eficiência e a precisão da análise.
A eletroforese também desempenha papel fundamental na microbiologia, com a PFGE sendo crucial para a genotipagem de cepas bacterianas e o monitoramento de surtos epidemiológicos. Métodos como a eletroforese em gel de célula única permitem avaliar danos ao DNA em nível celular, essenciais para estudos de genotoxicidade e câncer. O desenvolvimento de dispositivos portáteis e miniaturizados torna a técnica acessível para trabalhos em campo, monitoramento ambiental e diagnósticos rápidos, ampliando seu impacto prático.
Entretanto, a eletroforese apresenta limitações intrínsecas. A baixa capacidade de resolução para moléculas de tamanhos semelhantes dificulta a distinção clara entre fragmentos próximos, especialmente em gels tradicionais. O tempo necessário para a execução completa do processo pode ser prolongado, tornando a técnica menos adequada para aplicações que demandam respostas rápidas, apesar do desenvolvimento de métodos mais rápidos. Além disso, a manipulação eficiente de amostras heterogêneas em tamanho permanece um desafio, com dificuldades particulares na separação de segmentos de DNA muito grandes ou pequenos, como microRNAs.
Para compreender plenamente a aplicação dessas técnicas, é crucial considerar a influência do ambiente eletroquímico e das propriedades físico-químicas das moléculas analisadas. A seletividade das interações moleculares, o papel dos tamponamentos no controle do pH e da condutividade, assim como as condições operacionais da instrumentação, definem a eficiência e a qualidade da separação. Além disso, o desenvolvimento contínuo de novos corantes e reagentes menos tóxicos, combinados com a automação e miniaturização dos equipamentos, aponta para uma evolução constante que deverá superar as limitações atuais, ampliando o campo de aplicação e a confiabilidade das análises.
Como as Ferramentas de Metagenômica Podem Revolucionar a Análise de Dados Biológicos Complexos?
Os experimentos metagenômicos, embora poderosos, apresentam desafios significativos devido à complexidade e à natureza fragmentada dos dados. A obtenção de sequências curtas e a formação de quimeras, que resultam da fusão acidental de fragmentos de DNA de espécies distintas durante a manipulação experimental, tornam o processo de análise desafiador. Essa fusão indesejada de fragmentos pode distorcer a interpretação dos dados, complicando a reconstrução precisa do ecossistema ou da anatomia de um organismo. No entanto, os dados gerados por essas abordagens fornecem uma visão rica e detalhada das interações entre diferentes organismos e os corpos dos hospedeiros. Tais dados podem ser usados para mapear tanto os microrganismos presentes em um ambiente específico quanto as relações entre hospedeiros e patógenos, elucidando, por exemplo, interações cruciais entre microbiomas intestinais e doenças como diabetes, artrite reumatoide e depressão.
O uso de metagenômica tem se expandido consideravelmente nas últimas décadas, especialmente nas áreas de biologia de sistemas. Seu impacto é notável nas investigações sobre a interação entre hospedeiro e patógeno, na análise das populações microbianas, na dinâmica evolutiva das relações hospedeiro-micróbio e no monitoramento de patógenos. A capacidade de analisar dados de diversas fontes, como o microbioma intestinal, abriu portas para novas formas de entendimento sobre a saúde humana, levando a descobertas que interligam desregulações microbiológicas a condições como doenças autoimunes e transtornos mentais.
Entretanto, a análise de dados metagenômicos não é trivial. O aumento exponencial do volume de dados gerados por essas abordagens requer ferramentas e algoritmos altamente especializados para lidar com a complexidade das informações. Escolher a ferramenta certa tornou-se uma tarefa desafiadora para muitos pesquisadores, pois cada software oferece vantagens e desvantagens, dependendo das especificidades da análise.
Uma das ferramentas amplamente utilizadas é o Mothur, um software de código aberto que combina várias funções analíticas em uma interface única. Desde seu lançamento em 2009, o Mothur visa simplificar a análise de dados de microbiomas, incluindo alinhamento de sequências, cálculo de distâncias pareadas, análise taxonômica e de diversidade, entre outras. Seu maior atrativo é a economia de tempo, uma vez que ele integra múltiplos processos em uma única plataforma. No entanto, o uso do Mothur não está isento de desafios. Como foi desenvolvido em C++, pode apresentar problemas ao ser reimplementado, especialmente devido à complexidade de alguns algoritmos.
O Microbiome Analyst é outra ferramenta baseada na web, projetada para facilitar a análise de dados de microbiomas sem exigir um profundo conhecimento prévio. Sua interface amigável oferece módulos que realizam testes estatísticos, análises comparativas e visualizações de redes de interação. A ferramenta se destaca pela capacidade de analisar dados metagenômicos de sequenciamento shotgun e pela sua flexibilidade em utilizar dados públicos disponíveis para comparar padrões de amostras de microbioma em condições saudáveis e doentes.
Uma opção poderosa é o Megan, uma plataforma de código aberto destinada à análise de grandes volumes de dados metagenômicos. O Megan utiliza sequências de proteínas como referência e emprega a técnica de alinhamento de dupla indexação (DIAMOND) para acelerar o processo de análise. Com uma série de funcionalidades avançadas, incluindo classificação taxonômica e análise funcional usando bases de dados como KEGG e SEED, o Megan é amplamente utilizado por sua facilidade de uso e pela independência de servidores externos.
Embora as ferramentas descritas acima representem avanços significativos, a análise metagenômica enfrenta um problema fundamental: a enorme quantidade de dados que precisa ser interpretada corretamente. A abundância de informações pode ser um obstáculo, pois exige uma compreensão profunda não só dos dados gerados, mas também dos contextos ecológicos e biológicos que esses dados representam. A utilização de metagenômica na biologia de sistemas, portanto, exige mais do que apenas analisar sequências de DNA; é preciso entender as interações complexas entre os diferentes organismos que habitam um ambiente, seja ele o intestino humano ou o solo de uma floresta tropical.
Além disso, ao abordar a questão da genômica funcional, é importante destacar que o estudo das interações e da regulação gênica não pode ser feito isoladamente. Genômica funcional trata da dinâmica do genoma, abrangendo a expressão gênica, a regulação dessa expressão, a tradução de genes e as interações entre proteínas. Para estudar isso de forma eficaz, é necessário não só sequenciar o DNA, mas também considerar os dados de transcrição e proteômica, que fornecem informações adicionais sobre como os genes estão sendo expressos e regulados em diferentes contextos celulares e ambientais.
Portanto, para um entendimento completo e útil da biologia molecular e dos microbiomas, é necessário que os cientistas e pesquisadores adotem uma abordagem integrada, utilizando dados de sequenciamento, transcriptômica e proteômica de forma complementar. É fundamental que se compreenda que, embora as ferramentas de metagenômica possam fornecer insights valiosos sobre os microrganismos presentes em um ambiente, o verdadeiro desafio está em decifrar as interações complexas que sustentam os sistemas biológicos, desde os níveis moleculares até os ecológicos e fisiológicos.
Como a Espectrometria de Massas é Usada no Perfilamento de Metabólitos: Técnicas e Processamento de Dados
A espectrometria de massas tem se consolidado como uma das técnicas fundamentais para o estudo do perfil metabólico, fornecendo uma visão detalhada da composição química de amostras biológicas complexas. Esse método permite a análise de metabólitos de diferentes tipos de amostras, como urina humana, fezes de roedores, tecidos adiposos, leite, plasma humano, entre outras. De maneira geral, ele pode ser dividido em várias abordagens analíticas, como a cromatografia a gás combinada com espectrometria de massas (GC-MS), a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS), e a eletroforese capilar (CE). Cada uma dessas técnicas apresenta vantagens e desafios específicos, dependendo do tipo de amostra e da complexidade da análise.
Uma das maiores vantagens da espectrometria de massas para o perfilamento de metabólitos é a sua capacidade de realizar análises "untargeted" (não direcionadas), em que a técnica não se limita à busca de compostos previamente conhecidos. No entanto, esse tipo de análise exige um processamento sofisticado dos dados, uma vez que os resultados podem incluir grandes quantidades de picos de compostos ainda não identificados.
Existem várias abordagens para o processamento dos dados gerados por esses experimentos. O uso de bibliotecas de espectros de massas, como as da NIST para GC-MS e para LC-MS, permite a identificação preliminar dos metabólitos. Essas bibliotecas contêm espectros de fragmentação gerados por ionização por impacto eletrônico (no caso do GC-MS) ou ionização por eletrosspray (no caso do LC-MS). A utilização de algoritmos como o AMDIS (para GC-MS) ou outros pacotes de software, como o mzCloud, MS-Dial e Metlin, são ferramentas poderosas para a identificação desses compostos com base nas características de fragmentação dos íons.
Outro aspecto crítico no processamento de dados de espectrometria de massas é a redução de ruído. Em todos os tipos de amostras, a presença de contaminações de fundo pode afetar a precisão da identificação dos compostos. Para isso, o uso de algoritmos de subtração de fundo, como o AMDIS para GC-MS ou o BLANKA para LC-MS, pode ajudar a remover sinais de ruído que não correspondem aos metabólitos de interesse. O uso de bibliotecas especializadas e ferramentas de processamento pode também auxiliar na remoção de ruído e na correção de dados.
A normalização dos dados também desempenha um papel crucial. Quando padrões internos são utilizados, eles podem ser empregados para ajustar os valores de concentração dos metabólitos nas amostras. Alternativamente, técnicas estatísticas como o autoscaling, o Pareto scaling e abordagens baseadas em variância, como o NOMAD, podem ser aplicadas para tratar dados e reduzir as variáveis que possam interferir na análise.
No entanto, problemas como valores ausentes podem surgir durante as análises. Isso pode ocorrer devido a falhas na deconvolução de picos ou na identificação incorreta de compostos. Para lidar com esses valores ausentes, técnicas multivariadas e de aprendizado de máquina, como a análise de componentes principais probabilística ou o uso de métodos baseados em florestas aleatórias, são empregadas para estimar os valores ausentes com a maior precisão possível.
No caso de adutos formados em espectros de LC-MS ou MALDI-ToF, existem pacotes específicos que permitem calcular e corrigir os efeitos de contaminações causadas por solventes ou leaches dos materiais utilizados, como o Python adduct calculator e outros pacotes em R.
Mesmo após a normalização e o processamento dos dados, é possível que algumas amostras se comportem como "outliers" (valores atípicos), devido a variações não biológicas, como a deriva do instrumento ou erros experimentais. Identificar e excluir essas amostras é fundamental para a validade dos resultados finais. A utilização de algoritmos de variação indesejada, como o RUV, e a análise multivariada ajudam a identificar e excluir esses outliers, garantindo maior confiabilidade nos resultados.
Quanto à análise estatística, a construção de gráficos e diagramas, como boxplots, histogramas, gráficos de dispersão e mapas de calor, são amplamente utilizados para interpretar os dados de forma clara. A análise univariada, por meio de testes como o t-test ou a ANOVA, ajuda a comparar os grupos e a determinar como diferentes condições experimentais afetam os metabólitos. Quando os dados não seguem uma distribuição normal, testes alternativos, como o teste de Mann-Whitney ou o teste de Kruskal-Wallis, podem ser mais adequados.
É importante destacar que a interpretação dos dados metabolômicos deve ser realizada com um entendimento profundo das vias metabólicas envolvidas. Mudanças na concentração de determinados metabólitos podem indicar alterações em processos biológicos complexos, como o metabolismo energético, a resposta imunológica ou a interação microbiana no intestino. Esses dados podem, portanto, ser extremamente valiosos para a descoberta de biomarcadores, o entendimento de doenças e o desenvolvimento de terapias direcionadas.
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