A formação das palavras no inglês é um processo altamente complexo e envolve diversos tipos de morfemas, que são as unidades mínimas de significado em uma língua. Entre esses morfemas, destacam-se os morfemas derivacionais e inflectionais, cujas funções são essenciais para a criação de novos significados e para a construção da gramática de uma língua. Embora o inglês não possua um sistema tão extenso de inflexões como outras línguas, como o latim ou o russo, a compreensão dos morfemas no inglês é fundamental para uma análise precisa da estrutura da língua.
Morfemas derivacionais são os responsáveis pela transformação de palavras e pela criação de novos vocábulos. Eles funcionam adicionando um afixo a uma raiz ou um radical, mudando seu significado ou sua categoria lexical. Um exemplo clássico pode ser visto na palavra untimely. O prefixo un- inverte o significado da palavra timely, enquanto o sufixo -ly transforma o substantivo time em um adjetivo, alterando assim a categoria lexical. Já na palavra dehumidifier, podemos observar um processo de derivação mais complexo, com o radical humid recebendo os afixos -ify e -er, que o transformam em um verbo e, por fim, em um substantivo, respectivamente. É importante ressaltar que, no caso dos morfemas derivacionais, a escolha do afixo é muitas vezes limitada pela categoria lexical da raiz. Por exemplo, enquanto o sufixo -able transforma verbos em adjetivos, o sufixo -ous é utilizado para formar adjetivos a partir de substantivos, como em gleeful e monstrous.
No entanto, os morfemas derivacionais não agem apenas alterando o significado das palavras. Eles também permitem a criação de novos vocábulos a partir de outros já existentes, o que é um dos processos mais importantes na evolução das línguas. Esses morfemas frequentemente se associam a categorias gramaticais específicas, como substantivos, verbos e adjetivos, e, ao serem adicionados, alteram não apenas o significado, mas também a função da palavra dentro da frase.
Por outro lado, os morfemas inflectionais desempenham um papel mais restrito, pois não alteram o significado de uma palavra, mas sim indicam uma variação gramatical, como tempo verbal, número ou grau comparativo. No inglês, existem apenas oito morfemas inflectionais, que são: -s (para o plural e possessivo), -ed (para o passado), -ing (para o gerúndio), -en (como no particípio eaten), -er (para o comparativo), -est (para o superlativo) e -s (para a terceira pessoa do singular no presente). Esses morfemas são essenciais para a concordância verbal e nominal, sem a qual a frase ficaria incompleta ou gramaticalmente errada. A adição do sufixo -s ao verbo walk (como em she walks) indica que o sujeito é da terceira pessoa do singular no presente, enquanto em walked o morfema -ed marca o passado.
Enquanto os morfemas inflectionais não alteram a categoria lexical das palavras, eles são cruciais para a clareza e a correção gramatical da língua. Eles determinam a relação temporal entre as ações, os atributos dos substantivos e a comparação entre qualidades, mantendo a estrutura linguística coerente. Em inglês, todos os morfemas inflectionais tendem a ser adicionados como o último elemento de uma palavra, ao contrário dos morfemas derivacionais, que podem aparecer em qualquer parte.
Um aspecto particularmente interessante dos morfemas inflectionais é a ocorrência de alomorfos, ou variantes fonológicas, que podem se manifestar de diferentes formas, dependendo do contexto fonético. Por exemplo, o morfema -s para o plural pode ser pronunciado de três formas diferentes: [s] como em cuffs, [z] como em clowns e [Iz] como em busses. Esses alomorfos são uma característica comum das línguas e ilustram como os morfemas podem se adaptar às exigências fonológicas do idioma, sem alterar seu significado essencial.
A distinção entre morfemas derivacionais e inflectionais é fundamental para compreender como as palavras evoluem na língua inglesa. A habilidade de identificar e analisar esses morfemas permite entender melhor a construção de novos vocábulos e o funcionamento interno da gramática de uma língua. Além disso, a flexibilidade que o inglês apresenta na combinação de diferentes morfemas – com uma grande variedade de sufixos e prefixos – é um reflexo de sua capacidade de adaptação às necessidades expressivas dos falantes.
Ao estudar essas estruturas, é importante ter em mente que, embora a língua inglesa seja menos inflexionada que outras línguas, o uso de morfemas derivacionais e inflectionais ainda é crucial para a clareza e a precisão do discurso. A compreensão de como esses morfemas funcionam pode ajudar tanto na aquisição de novos vocabulários quanto na formação de frases gramaticalmente corretas e adequadas ao contexto.
O que é uma língua e como ela se desenvolve?
A questão que nos coloca é simples à primeira vista, mas profundamente complexa. No inglês britânico, a palavra "schedule" é pronunciada "shed-yule", enquanto em muitas partes da América do Norte a mesma palavra soa como "sked-yule". Fala-se das duas formas com naturalidade, sem muito alarde. Contudo, ao observarmos uma diferença similar em outro contexto, como no inglês afro-americano, a palavra "ask" é pronunciada "axe", ao invés do usual "ask", e esta variação gera reações mais intensas. A questão é: por que reagimos de maneira tão distinta a pequenas variações, quando em um caso a diferença é aceitável e, no outro, causa estranheza? A resposta está profundamente enraizada em nossa visão sobre o que constitui uma língua, mas também está ligada a questões de privilégio, poder, e identidade social, além de como lidamos com as variações linguísticas.
Para compreendermos essa questão, precisamos explorar algumas noções fundamentais sobre a linguagem e, talvez, ajustar nossas ideias sobre o que de fato é uma língua. Ao fazer isso, conseguiremos responder não só à nossa dúvida inicial,
Como a Linguagem Afro-Americana é Estigmatizada e Interpretada na Sociedade
A variação na linguagem afro-americana, mais especificamente no que se refere ao Afro-American Vernacular English (AAVE) ou Linguagem Afro-Americana, pode ser entendida de maneira complexa. Um exemplo claro está na troca de sons como o [θ] (como em “think”) e [ð] (como em “this”). Em algumas variantes de AAVE, o som [θ] (não-vozeado) é substituído por [f] (como em “fat”), enquanto [ð] (vozeado) pode ser trocado por [v] (como em “voice”). Este fenômeno pode ser observado em palavras como “mother”, onde no inglês americano padrão (SAE) usa-se o som [ð], mas no AAVE, o som é [v]. Da mesma forma, “bath”, que é pronunciado com [θ] no inglês padrão, aparece como [f] em muitas variedades de AAVE. Esses fenômenos fonológicos, apesar de naturais dentro do contexto linguístico da comunidade afro-americana, muitas vezes são estigmatizados como erros ou desvios.
Entretanto, a estigmatização da Linguagem Afro-Americana vai além de simples diferenças fonológicas. Muitas das suas construções gramaticais, como o chamado “negative concord” ou dupla negativa, são comumente criticadas. Em AAVE, é comum o uso de múltiplas formas negativas dentro de uma frase para reforçar o caráter negativo da sentença. Em línguas como o inglês padrão, isso pode ser visto como redundante ou incorreto, mas não é incomum em outras línguas. No AAVE, duplas ou até múltiplas negativas são uma característica gramatical legítima e funcional.
Frases como “I’ma find you” (em lugar de “I’m going to find you”) podem ser erroneamente vistas como erros de pronúncia ou uma forma preguiçosa de falar. No entanto, essa forma de expressão faz parte do repertório linguístico de AAVE e não deve ser considerada como uma deformação. É importante entender que a linguagem é, em grande parte, um reflexo cultural, e cada variação tem um significado sociocultural profundo para seus falantes.
Outro exemplo da estigmatização da Linguagem Afro-Americana aparece na pronúncia da palavra "ask". A palavra, em inglês padrão, é frequentemente pronunciada como [æsk], mas em algumas variantes de AAVE é dita como [æks]. Embora essa diferença seja histórica e linguística, a pronúncia [æks] frequentemente leva a julgamentos prejudiciais. Este fenômeno pode ser visto em escolas, tribunais e ambientes de trabalho, onde a pronúncia de [æks] pode ser utilizada para descreditar a credibilidade ou capacidade dos falantes afro-americanos. Um exemplo notório disso ocorreu quando o ex-prefeito de Nova York, Edward Koch, criticou publicamente uma jovem afro-americana pela pronúncia de uma palavra, sem sequer notar o conteúdo de sua apresentação.
Além da variação fonológica e gramatical, é importante observar que nem todos os falantes de AAVE utilizam a língua da mesma maneira. Fatores como classe social, gênero e região desempenham um papel crucial na forma como a linguagem é utilizada. Inicialmente, os estudos sobre o AAVE focavam principalmente em jovens do sexo masculino, moradores de áreas urbanas. No entanto, a diversidade dentro dessa comunidade linguística é vasta, com o AAVE sendo falado por uma gama muito mais ampla de pessoas: mulheres, crianças, membros da classe média e até políticos e acadêmicos. Mesmo dentro da classe média afro-americana, o AAVE é usado com uma variedade de estratégias retóricas, como o “signifying” (uma forma de ironia e trocadilhos) e a tonalidade vocal, para transmitir significados culturais específicos.
O uso do AAVE também varia significativamente entre os gêneros. O que é considerado “linguagem masculina negra” em AAVE pode ser bastante diferente do que é usado por mulheres afro-americanas. Estudos mais recentes têm se voltado para o estudo da Linguagem Afro-Americana das Mulheres (AAWL), que tem características próprias, como o uso de intonação específica e expressões de solidariedade entre mulheres. O exemplo do uso da palavra “girl” por mulheres afro-americanas, com uma intonação ascendente, demonstra como o AAWL serve para reforçar o vínculo entre mulheres da mesma comunidade, enquanto ao mesmo tempo constrói a identidade de cada uma delas.
Outro campo relevante onde o AAVE é frequentemente mal interpretado é no tribunal. Um exemplo dramático desse fenômeno ocorreu durante o julgamento de George Zimmerman, no qual a testemunha principal, Rachel Jeantel, foi severamente criticada pela mídia e pela defesa por seu uso de AAWL. Sua fala foi interpretada como agressiva e difícil de entender, o que comprometeu a percepção de sua credibilidade, apesar de sua evidência crucial para o caso. Esse tipo de discriminação linguística é um reflexo claro de preconceitos mais amplos contra o AAVE e seus falantes.
Finalmente, a questão das microagressões também está profundamente ligada ao uso do AAVE. Estas agressões sutis, mas prejudiciais, ocorrem quando as pessoas fazem suposições sobre a identidade e a origem de um falante com base em sua forma de falar. Por exemplo, quando um vizinho perguntou a uma estudante latina de onde ela realmente era, ignorando que ela era de fato de St. Paul, ele estava exibindo uma microagressão – uma forma de estigmatizar a pessoa por sua aparência e pela ideia preconcebida de que ela não poderia ser de lá.
Esses exemplos ilustram como a Linguagem Afro-Americana é muitas vezes alvo de estigmatização e de julgamento injusto na sociedade. No entanto, é crucial entender que essas formas linguísticas são expressões válidas de identidade, cultura e história. O que deve ser abordado não é a correção da língua, mas a reflexão sobre como os preconceitos linguísticos afetam a vida de milhares de pessoas, especialmente de uma comunidade histórica e culturalmente rica como a afro-americana.
Como o Espanhol Se Tornou Parte Fundamental da Paisagem Linguística dos Estados Unidos e Suas Complexidades
O espanhol ocupa um lugar único no cenário linguístico dos Estados Unidos, não apenas por ser amplamente falado, mas também por sua longa história no país. Foi a primeira língua europeia falada no que hoje são os Estados Unidos, com o assentamento espanhol de St. Augustine, na Flórida, em 1565, muito antes de Jamestown ou da chegada dos Peregrinos. Ao longo dos séculos XVI a XIX, o espanhol se espalhou conforme os espanhóis conquistavam e colonizavam partes do sudoeste da América do Norte. Muitas dessas comunidades, posteriormente, se tornaram parte dos Estados Unidos após a anexação militar do México, o que levou um número significativo de falantes de espanhol a fazerem parte de estados como Texas, Novo México, Arizona, Colorado e Califórnia. Assim, o espanhol está presente na paisagem americana há séculos, muito antes da recente imigração de diversos países de língua espanhola da América Latina.
Apesar dessa longa história, muitos americanos ainda veem o espanhol como uma língua de imigrantes, esquecendo-se de seu passado no território. Ao longo de sua existência, o espanhol teve um papel conflituoso nos Estados Unidos. A constituição original da Califórnia, por exemplo, determinava que os decretos do governo fossem emitidos tanto em espanhol quanto em inglês; no entanto, poucos anos depois, essa política foi abandonada, à medida que os anglos se tornaram a maioria. O espanhol passou a ser encarado, em muitos casos, como uma ameaça à língua inglesa. Fenômenos como a expulsão de alunos hispânicos de escolas por falar espanhol fora da sala de aula, com amigos, exemplificam esse receio. Contudo, dados estatísticos apontam que, ao contrário do que muitos pensam, o espanhol está em uma trajetória de declínio, sendo que os imigrantes de língua espanhola estão trocando o espanhol pelo inglês com uma rapidez maior do que grupos de imigrantes anteriores.
Para alguns hispânicos, o inglês é visto como a língua de oportunidade, educação e poder, enquanto o espanhol representa a língua do bairro, uma língua associada a um contexto de estagnação. No entanto, para outros, o espanhol é um símbolo de sua herança cultural, um emblema do qual se orgulham profundamente. Hoje, forças como a facilidade de comunicação com países de língua espanhola e o respeito crescente pela cultura hispânica, especialmente entre os jovens, contribuem para a preservação da língua. O uso do espanhol é também fortalecido pelas novas tecnologias de comunicação, que tornam mais fácil manter o vínculo com outros falantes de espanhol ao redor do mundo.
A questão do sotaque espanhol ao falar inglês também está presente. Falantes de espanhol, especialmente os que aprenderam o inglês na vida adulta, são frequentemente estigmatizados por seu sotaque, o que é visto, muitas vezes, como um indicativo de criminalidade ou preguiça, especialmente em filmes. Esse estigma não se aplica a sotaques de outras línguas, como o sueco ou o francês. O que se observa é que, enquanto os sotaques estrangeiros são estigmatizados, os sotaques nativos de línguas como o inglês são muitas vezes considerados neutros ou mesmo "normais", o que revela uma estrutura social de valorização de certos tipos de fala em detrimento de outros.
Além disso, a educação de surdos nos Estados Unidos e sua relação com o bilinguismo traz uma outra camada ao tema da diversidade linguística. No passado, as escolas para surdos nos Estados Unidos seguiam a abordagem oralista, que tentava ensinar leitura labial e a fala, algo extremamente difícil para surdos, especialmente para aqueles que nasceram com a deficiência. A partir da década de 1960, com o ativismo da comunidade surda e novas pesquisas que demonstraram que as línguas de sinais são totalmente funcionais como qualquer outra língua, muitos educadores começaram a reavaliar essa abordagem. Atualmente, muitos programas bilíngues para surdos incluem o ensino de uma língua de sinais como primeira língua e de uma língua escrita como segunda língua, sendo que a Língua de Sinais Americana (ASL) se tornou reconhecida como a língua materna dos surdos. Esse movimento representa uma importante mudança na percepção dos surdos, que passaram a ser vistos não como deficientes, mas como uma minoria cultural e linguística, merecedora de ser educada em sua própria língua.
Ao longo do tempo, observou-se uma forma interessante de bilinguismo em Martha’s Vineyard, onde uma grande parte da população era surda. Em vez de ser marginalizada, a comunidade surda foi plenamente integrada à sociedade. Os habitantes ouvintes aprenderam a língua de sinais e usaram-na para se comunicar com os surdos, formando uma sociedade bilíngue única, onde o inglês e a língua de sinais eram falados lado a lado. Contudo, à medida que a população surda diminuiu e mais pessoas de fora começaram a se mudar para a ilha, essa forma de bilinguismo desapareceu quase por completo.
A pluralidade linguística, portanto, vai além do simples número de línguas faladas em uma sociedade. Ela envolve relações complexas de poder, identidade e pertença. O espanhol, com toda sua história e sua atual luta por preservação, exemplifica como as línguas podem ser tanto um símbolo de herança quanto uma fonte de estigma. O bilinguismo, seja entre falantes de diferentes línguas ou dentro de uma mesma comunidade de surdos, demonstra o poder das línguas não apenas como meios de comunicação, mas como expressões culturais e sociais que moldam a identidade dos indivíduos e das sociedades.
Projeto "Grande Maslenitsa"
Sistema de Acompanhamento de Alunos com Baixo Desempenho Acadêmico: Diagnóstico Social e Potencial de Desenvolvimento Escolar
Conto "Kshen". Autor S.A. Goncharov
Programa de Atividades Extracurriculares "Centro de Imprensa" para os alunos do 5º ao 9º ano

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