Mikhail Sholokhov. "Eles lutaram pela Pátria" (Capítulos do romance)

Capítulos do romance

O tema do heroísmo do povo soviético na Grande Guerra Patriótica – um dos principais no trabalho do notável mestre da literatura do realismo socialista, Mikhail Alexandrovich Sholokhov – é abordado nos capítulos do romance "Eles lutaram pela Pátria" (1943-1969), na história "O Destino de um Homem" (1956-1957) e no ensaio "A Palavra sobre a Pátria" (1948), nos quais o autor busca contar ao mundo a dura verdade sobre o preço altíssimo que o povo soviético pagou pelo direito da humanidade a um futuro.

No céu azul, intensamente azul, o sol de julho arde em chamas, e nuvens raras e dispersas pelo vento, de uma brancura inacreditável. Na estrada – grandes rastros de lagartas de tanques, claramente impressos na poeira cinza, cruzados por marcas de veículos. E ao redor – como uma estepes desolada pelo calor: ervas caídas e exaustas, salinas brilhando de maneira opaca e sem vida, uma miragem azul e tremeluzente sobre os montes distantes, e um silêncio tão profundo ao redor, que se ouvia de longe o assobio de uma marmota e o som seco das asas de um gafanhoto vermelho, tremendo no ar quente.

Nikolai caminhava nas primeiras fileiras. No topo da colina, ele se virou e, com um único olhar, abarcou todos os sobreviventes após a batalha pelo assentamento de Sukhoy Ilmen. Cento e dezessete soldados e comandantes – os restos de um regimento duramente destruído nos últimos combates – marchavam em uma coluna compacta, movendo-se cansados, engolindo a poeira amarga que se erguia da estrada. Da mesma forma, ligeiramente mancando, caminhava ao lado da estrada o comandante do segundo batalhão, o capitão Sumskov, ferido, que assumira o comando do regimento após a morte do major; assim também balançava nos ombros largos do sargento Lyubchenko o mastro envolto na capa desbotada da bandeira do regimento, apenas antes da retirada, recolhido e trazido ao regimento de algum lugar do segundo escalão, e assim, sem parar, marchavam os soldados levemente feridos, com os curativos sujos de poeira.

Havia algo de majestoso e tocante no movimento lento do regimento quebrado, na marcha cadenciada de pessoas exaustas pela luta, pelo calor, pelas noites sem dormir e pelas longas marchas, mas prontas para se virar novamente e enfrentar outra batalha a qualquer momento.

Nikolai olhou rapidamente para os rostos conhecidos, emagrecidos e escurecidos. Quanto o regimento perdera nesses malditos cinco dias! Sentindo que seus lábios rachados pelo calor tremiam, Nikolai se afastou rapidamente. De repente, um soluço breve apertou sua garganta, e ele inclinou a cabeça, puxando a capa quente sobre os olhos, para que os camaradas não vissem suas lágrimas... "Eu estou me desmoronando, me deixando levar... Mas tudo isso é culpa do calor e do cansaço", pensou ele, movendo com dificuldade suas pernas pesadas, como se estivessem cheias de chumbo, esforçando-se ao máximo para não diminuir o ritmo.

Agora, ele caminhava sem olhar para trás, olhando mecanicamente para os próprios pés, mas em sua mente, como um pesadelo insistente, surgiam cenas separadas e surpreendentemente vívidas da batalha recente que deu início a essa grande retirada. Novamente ele via a avalanche de tanques alemães descendo pela colina, e os soldados com metralhadoras, cobertos de poeira, correndo, e as explosões negras, e os soldados dispersos pelo campo, entre os campos de trigo não cortados, recuando desordenadamente... E depois – a luta com a infantaria motorizada inimiga, a saída do cerco parcial, o fogo destruidor dos flancos, os girassóis cortados pelos fragmentos de bombas, a metralhadora enterrada com sua boca escura em uma cratera rasa, e o metralhador morto, lançado pela explosão, deitado de costas, coberto por pétalas douradas de girassol, estranhamente e aterradoramente manchadas de sangue...

Quatro vezes os bombardeiros alemães atacaram a linha de frente da posição do regimento naquele dia. Quatro ataques de tanques inimigos foram repelidos. "Lutamos bem, mas não resistimos..." – pensou Nikolai amargamente, lembrando-se.

Por um momento, ele fechou os olhos e novamente viu os girassóis floridos, se estendendo entre as fileiras, a flor amarela que cobria o solo solto, do...

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