A modelagem dinâmica de sistemas robóticos com juntas elásticas é um tema fundamental para o entendimento do comportamento e do controle de manipuladores modernos. No caso específico de um robô com duas juntas articuladas, a complexidade da modelagem se intensifica devido à presença de elásticos acoplados, que introduzem dependências adicionais nas equações de movimento. A expressão completa para o modelo dinâmico desse robô, levando em consideração o acoplamento inercial dependente da configuração, é dada pela equação:

M(q)q¨+S(q)θ¨+c(q,q˙)+c1(q,q˙,θ˙)+g(q)+K(qθ)=0M(q) \ddot{q} + S(q) \ddot{\theta} + c(q, \dot{q}) + c_1(q, \dot{q}, \dot{\theta}) + g(q) + K(q - \theta) = 0
ST(q)Mmθ¨+c2(q,q˙)+K(θq)=τS^T(q) M_m \ddot{\theta} + c_2(q, \dot{q}) + K(\theta - q) = \tau

Essa equação descreve a interação entre os componentes de um robô com juntas elásticas, incluindo a matriz de inércia M(q)M(q), os efeitos de Coriolis e centrífugos, as forças de atrito c(q,q˙)c(q, \dot{q}), o efeito de gravidade g(q)g(q), e as forças elásticas KK. Além disso, a estrutura da matriz S(q)S(q) é estritamente triangular superior, refletindo a dependência dos elementos dessa matriz em relação às variáveis articulares do robô.

A matriz S(q)S(q), por exemplo, é uma função da configuração do robô e descreve como a elasticidade das juntas afeta a dinâmica geral do sistema. Essa matriz possui a seguinte estrutura:

S(q)=(0S12(q2)S13(q2,q3)S1n(q2,,qn1)00S23(q3)S2n(q3,,qn1)000S3n(q4,,qn1)0000Sn1,n00000)S(q) = \begin{pmatrix}
0 & S_{12}(q_2) & S_{13}(q_2, q_3) & \cdots & S_{1n}(q_2, \cdots, q_{n-1}) \\ 0 & 0 & S_{23}(q_3) & \cdots & S_{2n}(q_3, \cdots, q_{n-1}) \\ 0 & 0 & 0 & \cdots & S_{3n}(q_4, \cdots, q_{n-1}) \\ \vdots & \vdots & \vdots & \ddots & \vdots \\ 0 & 0 & 0 & \cdots & 0 & S_{n-1,n} \\ 0 & 0 & 0 & \cdots & 0 & 0 \end{pmatrix}

Para modelar adequadamente os termos adicionais causados pelos efeitos de Coriolis e centrífugos, é necessário usar os símbolos de Christoffel, que permitem expressar esses termos de maneira explícita nas equações do sistema. Os termos c1(q,q˙,θ˙)c_1(q, \dot{q}, \dot{\theta}) e c2(q,q˙)c_2(q, \dot{q}), que são derivados a partir das equações de movimento, dependem das velocidades articulares q˙\dot{q} e θ˙\dot{\theta}, refletindo os acoplamentos entre as diferentes partes do robô devido à elasticidade.

Além disso, as leis de controle propostas para estabilizar esse sistema, como as expressões para τ\tau nos modelos de controle (11.23) e τ=uq(KPMmθ+KDqq˙)\tau = u_q - (K_P M_m \theta + K_D q \dot{q}), não conseguem estabilizar o sistema de forma assintótica de maneira geral. Isso ocorre porque as leis de controle não conseguem lidar com a complexidade do acoplamento dinâmico introduzido pelas juntas elásticas, especialmente quando consideramos o comportamento não linear do sistema. O critério de Routh-Hurwitz, que pode ser aplicado para encontrar condições necessárias e suficientes para a estabilização assintótica do sistema, é essencial para a análise do controle adequado das variáveis de ganho KPK_P e KDK_D.

A análise do sistema de um robô com um link flexível, representado por uma mola torsional de rigidez KK, também oferece insights importantes. Quando se assume uma pequena deflexão do ângulo de deflexão δ\delta, a modelagem dinâmica do sistema se traduz na equação:

Mq¨+Sθ¨+K(qθ)=0M \ddot{q} + S \ddot{\theta} + K (q - \theta) = 0
Sq¨+Mmθ¨+K(θq)=τS \ddot{q} + M_m \ddot{\theta} + K (\theta - q) = \tau

Essa expressão permite verificar a relação entre o torque de entrada τ\tau e a saída q=θ+δq = \theta + \delta, obtendo-se uma função de transferência que não é de fase mínima, o que implica em desafios adicionais para o controle do sistema.

A aplicação de técnicas de compensação de gravidade e o controle linearizante de feedback, como as leis de controle descritas nos exemplos anteriores, são essenciais para garantir a regulação global da posição do link desejado qdq_d. Essas leis de controle, ao incorporarem a compensação da gravidade, ajustam dinamicamente os parâmetros do sistema para garantir que o robô siga a trajetória desejada de maneira estável e sem erros acumulados.

No entanto, mesmo com o uso dessas estratégias, o controle de sistemas robóticos com juntas elásticas continua a ser um desafio significativo, especialmente quando se trata de garantir a estabilidade assintótica e o comportamento desejado do sistema. A análise da estabilidade por meio da função de Lyapunov e do teorema de LaSalle oferece uma base sólida para avaliar o comportamento assintótico do sistema, mas ainda há desafios no controle de sistemas com elasticidade e acoplamento dinâmico.

Além disso, ao estudar o comportamento de robôs com juntas elásticas e o controle dessas articulações, é importante considerar o impacto da flexibilidade tanto na modelagem quanto na implementação do controle. Em muitos casos, a introdução de elasticidade nas juntas permite uma maior flexibilidade no movimento, mas também introduz complicações no controle devido às interações não lineares entre as forças internas e as forças de controle aplicadas.

A compreensão dos efeitos de elasticidade e da modelagem dinâmica precisa ser aprofundada, pois essa flexibilidade pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem, dependendo do tipo de tarefa que o robô está executando. Além disso, a consideração de robustez e a adaptação dos controles a diferentes condições operacionais e configurações do robô são fundamentais para o sucesso da implementação de tais sistemas em ambientes reais.

Como o Dimensionamento Dinâmico de Trajetórias Pode Melhorar a Desempenho de Atuadores de Robôs

Em sistemas robóticos, o controle dinâmico eficiente das trajetórias é essencial para garantir que as tarefas sejam realizadas de maneira eficaz e dentro dos limites operacionais dos atuadores. Uma das técnicas importantes para otimizar o movimento de um robô é o dimensionamento dinâmico das trajetórias. Esse processo envolve a modificação da escala temporal da trajetória original para melhorar o desempenho dinâmico, seja acelerando ou desacelerando o movimento, dependendo das limitações de torque e da capacidade dos atuadores.

Quando se trabalha com uma trajetória original que não utiliza completamente a capacidade dos atuadores, o dimensionamento temporal pode ser usado para acelerar o movimento, explorando melhor as capacidades do sistema. Isso pode ser feito aplicando o procedimento de escala de tempo uniforme, que permite que a trajetória seja executada mais rapidamente ou mais devagar, dependendo de como o tempo é reescalado. Especificamente, se tomarmos um fator de escala de tempo kk, podemos redefinir a variável de tempo como r=ktr = k t, onde tt é o tempo original e kk é uma constante positiva. Esse fator ajusta o tempo de movimento, seja para acelerar (quando k<1k < 1) ou desacelerar (quando k>1k > 1) a trajetória.

A partir dessa transformação, as equações de movimento podem ser reescritas para refletir as novas condições de movimento. Para a trajetória escalada qs(r)q_s(r), as equações de torque se tornam uma função das variáveis reescaladas, e o torque necessário para executar a trajetória escalada é ajustado de acordo. A principal característica desse processo é que a contribuição gravitacional, que depende apenas da configuração do sistema, não é alterada pelo dimensionamento temporal. No entanto, os termos inerciais e de velocidade são escalados pelo fator k2k^2, o que altera a magnitude do torque necessário para o movimento, mas não afeta a parte gravitacional do torque.

Além disso, o dimensionamento dinâmico pode ser usado para tornar uma trajetória inicialmente inviável dinamicamente, viável. Se o torque calculado para a trajetória original exceder os limites dos atuadores, o dimensionamento de tempo pode ser usado para reduzir os torques excedentes e garantir que o movimento se mantenha dentro das capacidades do sistema. O procedimento para encontrar o fator de escala ideal envolve o cálculo de quanto o torque em cada ponto da trajetória excede os limites do atuador. O fator kk é ajustado até que todos os torques estejam dentro dos limites de operação, garantindo a viabilidade dinâmica da trajetória.

Entretanto, vale destacar que o dimensionamento de tempo uniforme pode ser uma solução subótima. Se um único torque exceder o limite por um intervalo de tempo muito curto, esse método pode resultar em uma desaceleração excessiva em toda a trajetória, o que não é o ideal. Em tais casos, o dimensionamento não uniforme do tempo pode ser necessário para otimizar o tempo total de movimento, minimizando o tempo sem violar os limites de torque.

Outro aspecto importante a ser considerado é o modelo dinâmico em espaço de tarefa. Embora o modelo dinâmico completo em espaço de configuração seja útil, ele não leva em conta diretamente as forças que atuam no robô para realizar uma tarefa específica. O modelo dinâmico em espaço de tarefa fornece uma relação entre as forças generalizadas que atuam no robô e as variáveis que descrevem a tarefa. Em sistemas redundantes, onde o número de graus de liberdade excede os requisitos da tarefa, o modelo dinâmico em espaço de tarefa deve ser manipulado com cuidado para evitar que movimentos internos do robô, que não afetam a tarefa, sejam incorretamente refletidos no modelo.

Nos sistemas não redundantes, o modelo dinâmico em espaço de tarefa pode ser descrito em termos de um conjunto de coordenadas generalizadas para o sistema mecânico, e a relação entre as forças generalizadas γ\gamma e as variáveis de tarefa yy pode ser obtida usando a fórmula de trabalho virtual, como discutido anteriormente. A partir disso, é possível derivar um modelo equivalente ao modelo de configuração, mas adaptado para a descrição do movimento no espaço de tarefa.

Em resumo, o dimensionamento dinâmico das trajetórias é uma ferramenta poderosa para otimizar o desempenho de sistemas robóticos, especialmente em relação aos limites de torque dos atuadores. Embora o dimensionamento de tempo uniforme seja uma solução prática, ele pode não ser a mais eficiente em todos os casos, especialmente quando se busca um movimento rápido sem violar os limites dos atuadores. O dimensionamento não uniforme pode ser a chave para alcançar o movimento ideal de um robô, minimizando o tempo e maximizando a eficiência.

Além disso, ao lidar com robôs redundantes ou não redundantes, a transição para um modelo dinâmico em espaço de tarefa pode oferecer uma compreensão mais profunda das forças envolvidas na execução de uma tarefa específica, permitindo um controle mais preciso e eficiente do movimento do robô.