As proteínas da soja, provenientes da família Leguminosae, destacam-se como uma fonte rica em proteínas, contendo entre 36% a 56% de seu peso em proteínas, principalmente os globulinas 7S (conglicinina) e 11S (glicinina). Além das proteínas, a soja apresenta compostos bioativos como lectinas, inibidores de protease, ácidos graxos, saponinas, isoflavonas — como a genisteína — e fosfolipídios. Essas proteínas exercem efeitos benéficos na redução de biomarcadores relacionados à obesidade, como triglicerídeos, colesterol total e LDL-C, atuando no metabolismo hepático do colesterol e na atividade do receptor LDL. Um estudo clínico controlado por placebo avaliou o efeito antiobesidade e antioxidante do alimento fermentado de soja, denominado 'doenjang', em indivíduos coreanos com polimorfismo PPAR-γ2 C1431T, uma mutação associada à obesidade e diabetes tipo 2. O grupo tratado com 9,8 g diários de doenjang por doze semanas mostrou redução no consumo de carboidratos e sódio e diminuição da gordura visceral, evidenciando a capacidade moduladora deste alimento fermentado. Entretanto, o efeito antiobesidade das proteínas e isoflavonas da soja em humanos é dose-dependente. Consumos superiores a 40 g/dia de proteína de soja não demonstraram mudanças antropométricas significativas em indivíduos obesos, enquanto doses menores que 40 g/dia mostraram redução da circunferência da cintura em idosos e mulheres. Isoflavonas consumidas por mulheres em doses até 100 mg/dia durante dois a seis meses revelaram diminuição do índice de massa corporal, estudo este ainda não reproduzido em homens, apontando a necessidade de avaliações clínicas que considerem idade, sexo e etnia na resposta às intervenções com soja.
O gengibre, raiz da planta Zingiber officinale, da família Zingiberaceae, transcende seu uso culinário devido às suas propriedades medicinais. O composto fenólico predominante, o gingerol, especialmente a forma 6-gingerol, é responsável pelo sabor pungente e possui atividade antiadipogênica, remodeladora do metabolismo energético e estimuladora do “browning” do tecido adiposo — processo que promove a conversão de gordura branca em marrom, mais metabolicamente ativa. Durante o processamento térmico, o 6-gingerol se converte em 6-shogaol, composto mais estável que, em um ensaio clínico com 80 mulheres obesas, demonstrou efeitos significativos na redução de lipídios plasmáticos após 12 semanas de suplementação com 200 mg diários.
O melão amargo (Momordica charantia), da família Cucurbitaceae, é conhecido tanto como condimento quanto como remédio para diabetes, distúrbios digestivos e infecções. Seus frutos, flores e brotos frescos são ricos em flavonoides, alcaloides, esteroides, saponinas — principalmente triterpenoides —, fenóis e ácidos graxos insaturados. As saponinas exercem efeito anti-hiperglicêmico e antiobesidade por meio da inibição da lipase pancreática, reduzindo triglicerídeos sanguíneos, massa gorda e níveis glicêmicos, além de estimular a oxidação lipídica no fígado e no tecido adiposo. Um ensaio clínico com 24 indivíduos obesos submetidos à suplementação diária de 2.000 mg de extrato de melão amargo durante 12 semanas revelou redução significativa nos lipídios séricos, apesar da ausência de mudanças antropométricas na duração do estudo. Pacientes do grupo placebo apresentaram aumento de peso e IMC, reforçando o potencial estabilizador do melão amargo no metabolismo lipídico.
Os ácidos linoleicos conjugados (CLA), isômeros do ácido linoleico e ácidos graxos poli-insaturados omega-6, presentes em carnes vermelhas e derivados lácteos, apresentam propriedades que contribuem para a perda de peso. O isômero cis-9, trans-11 encontra-se principalmente em produtos de origem animal, enquanto o trans-10, cis-12 está presente em óleos vegetais. Ambos são estáveis ao calor, preservando suas propriedades mesmo após o cozimento. Meta-análises sugerem que doses diárias em torno de 3,2 g de CLA são eficazes para a redução de peso, sendo o limite testado 6,8 g diários em combinação dos dois isômeros em igual proporção.
O pimentão chili, fruto da planta Capsicum annuum (Solanaceae), contém capsaicina, um composto bioativo com ação irritante, reconhecido no tratamento de dores inflamatórias e artrite reumatoide. A ingestão diária de capsaicina reduz o apetite, promove a diminuição do tamanho dos adipócitos, induz apoptose celular, inibe a lipogênese e estimula a transformação do tecido adiposo branco em marrom, corroborando sua função antiobesidade.
A raiz de alcaçuz (Glycyrrhiza glabra, Fabaceae) foi estudada em ensaios clínicos com doses diárias de 1,5 g de extrato a 10% em indivíduos com sobrepeso e obesidade submetidos a dietas hipocalóricas. O tratamento resultou em mudanças significativas nos índices antropométricos e sensibilidade à insulina, especialmente em sujeitos com o genótipo Pro12Pro do gene PPAR-γ2, ilustrando a influência da genética nas respostas à intervenção. Além disso, evidenciou-se redução dos níveis séricos de colesterol total e LDL-C. Os efeitos hipolipemiantes são atribuídos à glicirrizina e à isoflavona glabridina, cujo análogo sintético, HSG4112, mostra promessa em estudos pré-clínicos.
É fundamental considerar que a interação entre esses compostos nutracêuticos e medicamentos pode ocorrer, principalmente devido à modulação das enzimas do citocromo P450, predominantes no fígado e responsáveis pelo metabolismo de muitas drogas. Alguns fitoconstituintes podem induzir ou inibir essas enzimas, alterando a farmacocinética dos fármacos concomitantes. O uso excessivo de curcumina, por exemplo, pode causar efe
Como os Nutraceuticos Podem Contribuir no Controle de Peso e a Importância de Regulamentações Globais
O termo "nutracêutico" resulta da combinação das palavras "nutriente" e "farmacêutico". Esses produtos não se enquadram inteiramente nas categorias de alimentos ou medicamentos; em vez disso, ocupam um espaço intermediário entre esses dois mundos. De maneira geral, os nutracêuticos são suplementos alimentares que contêm compostos bioativos com a capacidade de alterar funções fisiológicas, promover a saúde e prevenir doenças. São considerados alimentos ou componentes alimentares que oferecem benefícios médicos e de saúde, além de prevenir doenças e tratar condições já estabelecidas. Atualmente, os nutracêuticos são amplamente procurados tanto pela indústria quanto pelos pesquisadores devido às suas propriedades nutricionais e terapêuticas.
No entanto, apesar de sua crescente popularidade, os nutracêuticos ainda enfrentam desafios relacionados à segurança e à qualidade. Existem diversas definições e terminologias para suplementos alimentares em todo o mundo, o que cria um cenário complexo quando se tenta regulamentar esses produtos de maneira eficaz. Os nutracêuticos são alimentos ou extratos concentrados que possuem propriedades terapêuticas e preventivas, e são apreciados não apenas pela nutrição básica que oferecem, mas também pelos variados benefícios à saúde. Esses produtos ganham popularidade porque não apenas complementam a dieta, mas também podem promover funções corporais ideais e prevenir a ocorrência de doenças.
Nos últimos anos, o aumento da obesidade em diversas faixas etárias tem se tornado um problema de saúde pública significativo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a obesidade como o acúmulo excessivo de gordura corporal, o que pode prejudicar o funcionamento adequado do organismo. A obesidade resulta de uma complexa interação entre fatores neurais, hormonais e metabólicos que afetam o equilíbrio energético do corpo. Além disso, fatores como o estilo de vida sedentário, a genética e o consumo excessivo de calorias contribuem para o desenvolvimento dessa condição. O controle do peso, especialmente a redução e a manutenção de uma redução significativa, se apresenta como um desafio, uma vez que a manutenção do peso perdido é um fator crucial para evitar o reganho de peso, que é uma das dificuldades mais recorrentes.
As estratégias convencionais de controle de peso geralmente envolvem a redução de calorias e o aumento da atividade física. No entanto, essas abordagens muitas vezes não são suficientes para promover uma perda de peso substancial e duradoura. É por isso que muitos indivíduos recorrem ao uso de suplementos alimentares, especialmente aqueles que estimulam a termogênese, o metabolismo lipídico ou a sensação de saciedade. Suplementos como cafeína e extratos de chá verde, por exemplo, são conhecidos por suas propriedades de aceleração do metabolismo. Outros suplementos, como colina e glucomanano, são usados para promover o metabolismo lipídico e aumentar a sensação de saciedade. Nos últimos tempos, extratos de grãos de café verde, ácido clorogênico, capsaicinoides e capsinoides têm ganhado popularidade no mercado de controle de peso.
Nos Estados Unidos, a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) regula os suplementos alimentares. No entanto, apesar da supervisão federal, existem preocupações sobre a segurança desses produtos, especialmente no que se refere à eficácia e à segurança dos ingredientes utilizados para controle de peso. A FDA descreve os suplementos alimentares como substâncias consumidas oralmente, que contêm ingredientes dietéticos para complementar a dieta, mas não têm o propósito de tratar, diagnosticar ou curar doenças. Esses produtos podem fazer afirmações sobre como afetam a estrutura ou a função do corpo, mas devem incluir um aviso de que a FDA não avaliou essas alegações. Cabe aos fabricantes garantir que as evidências que sustentam tais afirmações estejam bem documentadas. A FDA também exige que os suplementos sejam produzidos de acordo com as boas práticas de fabricação, além de obrigar os fabricantes a reportar qualquer evento adverso grave e notificar a FDA antes de comercializar um novo ingrediente dietético (NDI). A comercialização de suplementos com ingredientes inseguros é proibida.
O mercado de nutracêuticos está crescendo rapidamente, impulsionado por fatores como o aumento populacional, a maior conscientização dos consumidores e as preocupações com a saúde. O aumento do poder de compra dos consumidores, o desejo por estilos de vida mais saudáveis e o receio dos efeitos adversos dos produtos farmacêuticos estão entre os principais fatores que impulsionam esse crescimento. No entanto, a falta de confirmação científica sobre os efeitos adversos, as interações entre os ingredientes e a qualidade dos produtos, junto com a grande disparidade nas regulamentações globais, torna desafiadora a harmonização das normas para garantir a segurança e eficácia dos nutracêuticos. A falta de padrões consistentes para a aprovação de novos produtos e a regulamentação das alegações de saúde feitas por esses produtos representa um obstáculo considerável para o avanço do setor de nutracêuticos, exigindo a implementação de padrões internacionais e políticas que promovam uma regulamentação mais eficiente e coordenada para garantir a segurança e eficácia global desses produtos.

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