As baterias de metal líquido (LMB) representam uma tecnologia promissora para armazenamento de energia, especialmente em contextos que exigem grandes capacidades de carga e descarga. Contudo, o estudo dos fenômenos fluidodinâmicos que ocorrem dentro dessas baterias revela uma série de instabilidades que podem comprometer seu funcionamento eficiente. As interações entre o fluxo eletrovórtice e a convecção térmica, a instabilidade nas interfaces e outros fenômenos fluido-dinâmicos merecem uma análise detalhada para entender suas implicações no desempenho e na durabilidade das células dessas baterias.

Um dos fenômenos observados é o fluxo eletrovórtice, que pode resultar do derretimento dos materiais na interface entre o eletrodo positivo e o eletrólito. Esse tipo de fluxo se manifesta quando há uma interação complexa entre a corrente elétrica e o campo magnético gerado dentro da célula da bateria. Ao longo do topo da bateria, onde a corrente se diverge do coletor de corrente negativo, o fluxo eletrovórtice tende a gerar um rolo poloidal que se orienta para dentro e desce ao longo do eixo central. Em contraste, a convecção térmica, que é impulsionada pelo aquecimento Joule, cria um efeito oposto: um rolo poloidal que sobe ao longo do eixo central, onde a corrente e o calor estão mais concentrados. A medida que a corrente aumenta, esses dois fenômenos se intensificam de maneira concorrente. No entanto, devido à natureza desses processos, o efeito térmico tende a dominar em condições de alta corrente, pois o trabalho realizado pelo fluxo eletrovórtice cresce proporcionalmente à corrente, enquanto o aquecimento Joule cresce com o quadrado da corrente. Isso implica que, em correntes muito altas, os efeitos térmicos podem tornar-se predominantes, o que exige um estudo detalhado para entender como esses fenômenos interagem e como afetam a performance da bateria.

Outro aspecto importante das baterias de metal líquido é a instabilidade nas interfaces, especialmente na interface entre o metal e o eletrólito. A maior resistência dentro de uma célula de bateria normalmente provém da camada de eletrólito, que possui uma condutividade muito inferior à dos eletrodos. Isso faz com que a resistência na interface entre o eletrodo e o eletrólito seja consideravelmente alta, e qualquer deslocamento nessa camada de eletrólito pode afetar a distribuição da corrente em toda a célula. A instabilidade da interface é um fenômeno bem conhecido que pode resultar em distúrbios no fluxo de corrente e, em alguns casos, até mesmo em falhas nas células. Quando ocorre a distorção da camada de eletrólito, uma corrente de distúrbio horizontal pode surgir no metal líquido. Em uma célula de LMB, isso ocorre principalmente devido ao campo magnético vertical de fundo criado pelas barras de alimentação de corrente. A interação entre esse campo e a corrente horizontal gera forças de Lorentz que podem causar o movimento rotacional da interface, levando a uma instabilidade que, em circunstâncias específicas, pode culminar em um curto-circuito na bateria.

Além da instabilidade nas interfaces, outros fenômenos fluido-dinâmicos também desempenham um papel importante no comportamento das LMBs. O fluxo de Marangoni, que ocorre devido a um gradiente de temperatura, gera um gradiente de tensão superficial capaz de impulsionar o movimento do fluido. Esse tipo de convecção, quando combinado com a instabilidade de Tayler, onde a alta pressão magnética de uma corrente vertical pode causar a deformação do fluido, pode ter implicações significativas na distribuição do fluido e na performance da bateria. A convecção térmica também deve ser considerada, pois os gradientes de temperatura podem criar diferenças de densidade que, sob a ação da gravidade, geram movimentos de convecção no fluido, afetando a homogeneidade das camadas metálicas e do eletrólito dentro da célula.

Outro fator que deve ser observado é a magnetoconvecção, que se refere à interação entre o campo magnético, a corrente elétrica e o fluido, gerando uma convecção mais complexa. Este fenômeno é particularmente importante em células de LMB compostas por várias camadas de metal líquido, onde os efeitos térmicos e magnéticos se combinam, tornando o estudo dessas baterias ainda mais desafiador. A convecção térmica, por exemplo, pode afetar significativamente o eletrólito, aquecendo-o durante os processos de carga e descarga, o que pode, por sua vez, levar à contaminação do eletrodo negativo por elementos intermetálicos do eletrólito.

Por fim, é importante compreender que todas essas instabilidades e fenômenos fluidodinâmicos não ocorrem isoladamente. Eles estão interligados e dependem de uma série de fatores, como a distribuição espacial da corrente, a temperatura de fusão do metal, e a geometria da célula da bateria. A interação entre esses fenômenos pode levar a consequências graves, como curtos-circuitos ou falhas na bateria. Portanto, é fundamental que se desenvolvam modelos mais precisos e experimentos detalhados para estudar o comportamento dessas células sob diferentes condições operacionais.

Desafios e Oportunidades nas Baterias de Metal Líquido Baseadas em Sódio: O Futuro da Armazenagem de Energia

O desenvolvimento das baterias de metal líquido baseadas em sódio (LMBs) tem sido um passo significativo para avançar as soluções de armazenamento de energia, especialmente em sistemas que exigem armazenamento em larga escala. No entanto, esses dispositivos enfrentam desafios técnicos e operacionais que exigem inovações em materiais, design e métodos de fabricação para alcançar seu pleno potencial.

Considerações sobre o Design das Células de Baterias

O design das células das LMBs é crucial para o desempenho, segurança e longevidade da bateria. Essas baterias operam em temperaturas elevadas, entre 200°C e 500°C, necessárias para manter o ânodo de sódio e o eletrólito de sal fundido em estado líquido. Isso implica uma série de desafios no gerenciamento térmico e na escolha de materiais que resistam às condições extremas dentro da célula.

O gerenciamento térmico é vital para garantir a integridade operacional e a eficiência das LMBs. Em um ambiente de altas temperaturas, as estratégias para garantir uma distribuição uniforme da temperatura, como o uso de materiais isolantes e sistemas de resfriamento para dissipar o calor excessivo, são fundamentais. Materiais de mudança de fase ou tubos de calor também podem ser integrados ao design para regular a temperatura de forma mais eficiente. Tais estratégias asseguram que a bateria opere dentro de uma faixa de temperatura ideal, aumentando sua eficiência e durabilidade.

Além disso, a seleção de materiais para os componentes da bateria, como o ânodo, o cátodo e a estrutura de contenção, deve levar em conta a necessidade de resistir ao ambiente corrosivo e de alta temperatura. Materiais como ligas de alta temperatura, cerâmicas ou compósitos são frequentemente escolhidos pela sua resistência ao calor e à corrosão do sódio e do eletrólito. Essa escolha criteriosa de materiais é crucial para garantir a longevidade da bateria e reduzir a necessidade de manutenção.

Escalabilidade e Construção Modular

Uma das principais vantagens das LMBs é sua escalabilidade e construção modular. Essas baterias são projetadas de forma que a capacidade de armazenamento de energia pode ser facilmente aumentada, seja ampliando o tamanho das células ou combinando várias células em módulos maiores. Esse design modular facilita a personalização dos sistemas de armazenamento de energia para atender a diferentes requisitos, como estabilização de rede, integração com fontes de energia renováveis ou redução de picos de demanda.

A modularidade também simplifica a fabricação, manutenção e possíveis atualizações. Quando um módulo necessita de reparo ou substituição, pode ser removido sem afetar o funcionamento do sistema como um todo. A integração de LMBs em sistemas de armazenamento de energia existentes pode ser feita de maneira mais eficiente, tornando-as adequadas para uma variedade de aplicações, como o armazenamento de energia de fontes renováveis. Essa flexibilidade e a facilidade de integração com sistemas energéticos existentes são fatores importantes para a adoção em larga escala das LMBs.

Estratégias de Segurança e Contenção

Dada a natureza reativa do sódio e as altas temperaturas operacionais das LMBs, as estratégias de segurança e contenção são essenciais. A construção modular facilita a implementação de medidas de segurança, isolando potenciais pontos de falha e minimizando os riscos. Os vasos de contenção das baterias são feitos de materiais robustos, resistentes a temperaturas elevadas e à corrosão do sódio, e sistemas de resfriamento de emergência são empregados para prevenir falhas térmicas. Além disso, sistemas de detecção de vazamentos são cruciais para garantir que qualquer falha ou problema seja rapidamente identificado e corrigido, evitando danos mais graves ou riscos à segurança.

Desafios Operacionais e Materiais

Apesar das grandes promessas das LMBs, elas enfrentam desafios significativos, especialmente em relação à corrosão e à compatibilidade dos materiais. A natureza altamente reativa do sódio, combinada com a corrosividade dos eletrólitos de sal fundido, pode levar ao desgaste prematuro dos materiais da célula, como o ânodo, o cátodo e os componentes de contenção. A degradação desses materiais pode reduzir a eficiência e a vida útil da bateria e aumentar os riscos de falhas e vazamentos. Superar esses problemas exige o desenvolvimento de novos materiais e ligas resistentes à corrosão, ao mesmo tempo em que mantêm uma boa condutividade elétrica e são compatíveis com o ambiente eletroquímico da célula.

Outro desafio crítico é a necessidade de operar a altas temperaturas. Embora essas temperaturas sejam essenciais para manter o sódio e o eletrólito em estado líquido, elas representam um obstáculo no design do sistema. A eficiência do sistema de isolamento térmico é vital para minimizar perdas de calor e garantir que a bateria funcione de maneira estável durante o seu ciclo de vida. Reduzir essas temperaturas operacionais seria um avanço importante para aumentar a segurança e a eficiência das LMBs, além de ampliar sua viabilidade comercial.

Futuro das Baterias de Metal Líquido Baseadas em Sódio

O futuro das LMBs está intimamente ligado ao avanço das ciências dos materiais, onde as inovações em revestimentos e novas ligas podem oferecer soluções para os desafios de corrosão. Além disso, a pesquisa em novos eletrólitos e métodos de resfriamento permitirá que as LMBs operem de maneira mais eficiente e com menos riscos associados às altas temperaturas. O desenvolvimento de tecnologias de fabricação mais robustas e econômicas também será um fator determinante para a adoção em larga escala dessas baterias em sistemas de armazenamento de energia renovável e em redes elétricas.

À medida que a pesquisa avança, é importante reconhecer que as LMBs têm o potencial de se tornar uma solução chave para o armazenamento de energia em larga escala, particularmente para aplicações que exigem alta densidade de energia e eficiência, como a integração com fontes de energia renováveis e a estabilização de redes elétricas. As melhorias contínuas no design e na performance das LMBs permitirão sua adoção mais ampla, desempenhando um papel crucial na transição para sistemas de energia mais sustentáveis e resilientes.

Quais são as vantagens e os desafios das baterias de metal líquido com metais de transição?

O crescimento acelerado da economia de baixo carbono, impulsionado pela transição dos combustíveis hidrocarbonetos para fontes de energia renováveis e sustentáveis, tem gerado uma mudança significativa no consumo global de energia. Nesse contexto, a busca por formas eficientes de armazenamento de energia em larga escala tornou-se uma prioridade, uma vez que as tecnologias atuais, como as baterias de chumbo-ácido e de íons de lítio (LIBs), apresentam limitações tanto em termos de densidade energética quanto em questões de segurança. Para enfrentar esses desafios, as baterias de metal líquido (LMBs) têm emergido como uma alternativa promissora para o armazenamento de energia em larga escala, oferecendo vantagens substanciais em termos de custo, ciclo de vida e eficiência energética.

As LMBs são compostas por eletrodos metálicos líquidos e eletrólitos fundidos, o que lhes confere uma estrutura completamente líquida, uma característica que as torna altamente competitivas em relação a outras tecnologias de baterias. A operação dessas baterias se dá em temperaturas elevadas, que variam entre 275 e 700°C, dependendo dos materiais utilizados. Essa temperatura é crucial para garantir a fluidez dos materiais e a eficiência das reações eletroquímicas que ocorrem dentro da célula. As LMBs podem ser classificadas com base na temperatura de operação em três categorias principais: de alta temperatura (HTLMBs), média temperatura (MTLMBs) e temperatura ambiente (RTLMBs).

Uma das principais vantagens das LMBs é sua capacidade de armazenar grandes quantidades de energia, o que as torna especialmente atraentes para aplicações em larga escala, como o armazenamento de energia renovável. O design das LMBs envolve uma camada superior composta por um metal de baixa densidade e baixa eletronegatividade, como sódio ou potássio, enquanto a camada inferior é composta por metais de alta densidade e alta eletronegatividade, como o bismuto ou o mercúrio. Esse arranjo não só otimiza a eficiência da bateria, mas também contribui para a durabilidade das células.

No entanto, as LMBs enfrentam desafios consideráveis, especialmente em relação à escolha dos materiais e às questões de estabilidade térmica. O design do eletrólito, que precisa ser de baixa temperatura de fusão e alta condutividade iônica, é fundamental para evitar curtos-circuitos e garantir a segurança e eficiência do sistema. Além disso, as baterias de metal líquido devem ser constantemente monitoradas para minimizar a possibilidade de reações indesejadas entre os materiais, que podem prejudicar a performance da bateria e diminuir sua vida útil.

Embora as baterias de metal líquido ofereçam um grande potencial para aplicações em larga escala, como em sistemas de armazenamento de energia para redes elétricas, a sua adoção ainda está limitada por uma série de fatores. O custo elevado de alguns dos materiais necessários, como o lítio e o sódio, e as altas temperaturas de operação necessárias para garantir a fluidez dos metais fundidos, continuam a representar desafios para a viabilidade comercial dessas tecnologias. Além disso, a pesquisa sobre a otimização de processos dentro da bateria, como a movimentação de íons, a dissipação de calor e a distribuição do potencial elétrico, continua sendo um campo ativo de estudo, com o objetivo de melhorar ainda mais o desempenho das LMBs.

Outra consideração importante é a possibilidade de utilizar materiais mais abundantes e econômicos em vez dos tradicionais compostos de lítio e cobalto, cujas reservas são limitadas e a extração é associada a impactos ambientais significativos. Os esforços de pesquisa em baterias baseadas em sódio, por exemplo, têm demonstrado que, embora o sódio tenha um potencial de capacidade teórica inferior ao do lítio, ele oferece vantagens significativas em termos de disponibilidade e custo, tornando-se uma opção atraente para aplicações em larga escala, especialmente em regiões onde os recursos de lítio são escassos ou caros.

O avanço das baterias de metal líquido exige, portanto, uma abordagem multidisciplinar que englobe tanto a ciência dos materiais quanto a engenharia de processos. Para que essas baterias se tornem uma tecnologia de escolha no armazenamento de energia, será necessário superar não apenas os desafios técnicos relacionados ao design e à operação das células, mas também desenvolver novos materiais e processos que possam reduzir custos e aumentar a eficiência. Embora a pesquisa sobre as LMBs tenha avançado consideravelmente, ainda há muito a ser feito para garantir a sua viabilidade em aplicações comerciais de grande escala.

Como as Ligas à Base de Gálio Podem Revolucionar as Baterias de Lítio de Alta Performance

As ligas à base de gálio, em particular a liga de gálio-estanho (EGaSn), apresentam mudanças significativas durante os processos de litação e deslitiação. Durante esses processos, o metal líquido se transforma em uma liga sólida, com uma expansão volumétrica considerável. Essa transição de fase, embora vantajosa para o armazenamento de energia, traz desafios como a formação de rachaduras e o desprendimento de partículas, o que resulta na ruptura da camada de interfase sólido-eletrolito (SEI) e perda irreversível de capacidade. Essas dificuldades precisam ser enfrentadas para que o uso das ligas de gálio em baterias seja otimizado.

Uma solução inovadora para essas questões é a concepção de uma estrutura de eletrodo com dupla proteção, projetada para atenuar a expansão volumétrica e preservar a conectividade elétrica. O uso de uma camada condutora de polipirrol (PPy) é particularmente eficaz para prevenir o desprendimento elétrico dos produtos sólidos e reduzir a exposição de novas superfícies, além de manter as propriedades autorregenerativas do metal líquido. Essa estrutura aprimorada aumenta a estabilidade do ciclo e a capacidade de taxa do eletrodo, tornando-o um candidato robusto para baterias de alta performance. Testes eletroquímicos demonstram que o revestimento de PPy melhora significativamente a estabilidade do cátodo durante o ciclo, aumentando a condutividade e adesão do eletrodo.

Além disso, a incorporação de ácido poliacrílico (PAA) como aglutinante fortalece ainda mais a integridade do eletrodo por meio de ligações de hidrogênio, o que mitiga a depleção da capacidade e estende a vida útil da bateria. As curvas de voltametria cíclica (CV) e os perfis de carga e descarga mostram que as nanopartículas de EGaSn apresentam excelente reversibilidade e retenção de capacidade, características atribuídas à natureza autorregenerativa do metal líquido e à camada protetora de PPy. O desenvolvimento de cátodos baseados em ligas de gálio oferece uma via promissora para baterias de íons de lítio avançadas, sendo sua capacidade de combinar alta capacidade, propriedades autorregenerativas e estabilidade durante o ciclo um grande atrativo para aplicações que exigem armazenamento de energia duradouro e de alto desempenho.

No entanto, o potencial completo dessas baterias pode ser ainda mais explorado com a otimização do tamanho das partículas, modificações de superfície e materiais aglutinantes. Com isso, será possível aprimorar o desempenho eletroquímico, abrindo caminho para a próxima geração de baterias de íons de lítio com eficiência e durabilidade aprimoradas.

O campo das baterias de metal-líquido (LMB) continua avançando, com melhorias significativas tanto na química das baterias quanto nos modelos multifísicos, que visam resolver preocupações cruciais. Quando se trata de baterias de metal-líquido de alta temperatura (HT-LMBs), o custo dos materiais e da fabricação não é um problema significativo devido ao uso de metais líquidos, ligas e sais fundidos. No entanto, a redução da temperatura operacional é essencial para melhorar o desempenho da célula. Isso pode ser alcançado investigando novas químicas ou mecanismos de bateria, mantendo ainda a estrutura de três camadas líquidas. A ausência de dendritos, a facilidade na produção das células e a recuperação dos materiais tornam as HT-LMBs economicamente atraentes para o armazenamento de energia estacionária em grande escala. Mais esforços devem ser feitos para aprimorar os modelos multifísicos e, assim, melhorar o design e a operação das HT-LMBs em uma escala maior, acelerando sua comercialização.

Por outro lado, as baterias de metal-líquido de temperatura média (MT-LMB) e temperatura ambiente (RT-LMB) oferecem grande potencial para gerar alta densidade de energia. Contudo, as interfaces entre o eletrodo líquido e o eletrólito sólido representam um desafio complexo que tem dificultado sua implementação em larga escala. Além disso, o desenvolvimento de um eletrólito sólido que possua tanto alta condutividade iônica quanto um número de transferência elevado continua sendo um obstáculo persistente no avanço das baterias de metal-lítio de alto desempenho. A performance das baterias é influenciada não apenas por suas características físico-químicas intrínsecas, mas também pela forma como elas são configuradas e pelas técnicas utilizadas para testes. Portanto, é crucial investigar e aprimorar continuamente os modelos multifísicos, a fim de compreender a interconexão entre os processos eletroquímicos e termo-físicos dentro do sistema de LMBs. Essa compreensão é fundamental para otimizar o desempenho das baterias em cenários de escalabilidade prática.

Além das propriedades técnicas das ligas de gálio, o impacto ambiental do seu uso também deve ser considerado. A sustentabilidade das novas tecnologias de baterias depende de métodos de reciclagem eficientes e do uso de materiais não tóxicos. Para garantir que as LMBs possam se tornar uma alternativa viável para o armazenamento de energia em larga escala, será necessário um esforço conjunto em áreas como engenharia de materiais, ciências ambientais e produção em massa. À medida que novas tecnologias de baterias e materiais continuam a avançar e nossa compreensão das interações entre vários processos físicos se aprofunda, é plausível esperar que as LMBs se tornem concorrentes fortes no campo do armazenamento de energia estacionária em grande escala e outras aplicações relacionadas.

Como as Temperaturas Afetam a Eficiência das Baterias de Metal Líquido: Desafios e Avanços

As baterias de metal líquido (LMBs) têm atraído atenção significativa nos últimos anos devido ao seu potencial para aplicações de armazenamento de energia em grande escala. Esses sistemas são promissores principalmente por sua alta densidade de energia e eficiência. No entanto, uma das questões mais críticas é o controle da temperatura operacional, que afeta diretamente tanto a segurança quanto a performance do sistema.

A principal limitação das LMBs de alta temperatura (HT-LMBs) reside nos elevados pontos de fusão dos eletrólitos de sal fundido, que impõem restrições quanto às temperaturas de operação. Por exemplo, os eletrólitos à base de Pb-Sb apresentam um bom desempenho em temperaturas mais baixas, mas as preocupações ambientais com ligas à base de chumbo geraram o desenvolvimento de alternativas mais seguras, como ligas Sb-Sn e Sb-Bi-Sn. Essas ligas melhoram os pontos de fusão e a solubilidade, mas podem comprometer a densidade de energia e dificultar a cinética de transferência de íons Li+, devido à formação de várias camadas intermetálicas. O uso da abordagem eutética pode diminuir os pontos de fusão e a solubilidade do eletrodo nos eletrólitos, mas a tarefa de equilibrar a redução das temperaturas de operação com a manutenção da saída de energia continua sendo um desafio importante.

No que diz respeito à otimização dos eletrólitos, os haletos fundidos são comumente utilizados devido à sua alta condutividade iônica, custo-benefício e segurança. Esses eletrólitos permitem cinéticas rápidas de transferência de carga através das interfaces líquido-líquido, mas enfrentam desafios como a formação de íons subvalentes em altas temperaturas, o que leva a altas taxas de autodescarga e reduz a eficiência energética. Estratégias de ligação podem ajudar a suprimir a solubilidade do metal nos sais fundidos e reduzir o ponto de fusão do eletrólito, como observado nos sistemas LiCl-CaCl2. Para evitar problemas com eletrólitos líquidos, os eletrólitos sólidos, como a alumina beta (Na-BASE) à base de sódio, têm sido explorados. Embora o Na-BASE ofereça uma interface menos reativa, ele enfrenta desafios como a redução da molhabilidade e da estabilidade mecânica em temperaturas mais baixas. Técnicas como ligas, dopagem e adição de "captadores de oxigênio" têm sido utilizadas para melhorar o desempenho, mas o custo e a estabilidade do material continuam a ser preocupações.

Outras estratégias alternativas incluem o uso de eletrólitos à base de potássio, que mostram promessa devido ao ponto de fusão mais baixo e à abundância do potássio, embora as pesquisas ainda estejam em estágios iniciais. Em geral, otimizar o equilíbrio entre a temperatura de operação e a condutividade iônica é fundamental para o avanço das LMBs de alta temperatura.

Com relação às LMBs de temperatura média, um fator importante é que a temperatura de operação das LMBs HT é principalmente restrita pelos elevados pontos de fusão dos eletrólitos fundidos, enquanto os eletrodos metálicos ou de ligas, como Li, Na, Sn-Pb e Si-Pb, tendem a ter pontos de fusão menores. Para superar o desafio de desenvolver um eletrólito com baixo ponto de fusão e alta condutividade iônica, os eletrólitos sólidos surgiram como uma solução promissora. Nesse contexto, os pontos de fusão dos eletrodos metálicos desempenham um papel crucial na definição da temperatura operacional das LMBs. As baterias de sódio a temperatura média (MT-LMBs), que operam abaixo de 350 °C utilizando eletrólitos sólidos, foram inicialmente demonstradas em sistemas como Na||S e ZEBRA, que têm sido amplamente pesquisados ao longo dos anos. Mais recentemente, as LMBs baseadas em lítio têm ganhado atenção como uma possível solução para armazenamento de energia em grande escala.

A introdução de eletrólitos sólidos ao longo dos anos trouxe nova vida para as LMBs de lítio, eliminando os eletrólitos de sal fundido de lítio, assim como ocorreu com as MT-LMBs baseadas em sódio. Por exemplo, ao utilizar um eletrólito cerâmico tipo garnet, o Li6.4La3Zr1.4Ta0.6O12 (LLZTO), pesquisadores desenvolveram com sucesso células Li||LLZTO||Sn-Pb e Li||LLZTO||Bi-Pb, capazes de realizar ciclos estáveis a 240 °C. Essas células apresentam uma alta capacidade volumétrica de 896 mAh.cm−3, com uma degradação mínima da capacidade ao longo de 30 ciclos. Em um teste de perfuração, a temperatura da superfície subiu apenas 80 °C, indicando uma margem de segurança significativa. As densidades teóricas de energia volumétrica para as células Li||LLZTO||Sn-Pb e Li||LLZTO||Bi-Pb são 570 Wh.L−1 e 940 Wh.L−1, respectivamente, tornando-as fortes candidatas para aplicações em GSES. Em 2020, novas baterias de Li||S e Li||Se foram introduzidas, utilizando o eletrólito cerâmico LLZTO. Operando a 240 °C e 300 °C, essas baterias atingiram uma eficiência de Coulomb de 99,99%, com uma densidade de potência de 180 mW.cm−2 e uma eficiência energética superior a 80%. A célula Li||LLZTO||S manteve a estabilidade ao longo de 50 ciclos, e seu desempenho pode ser ainda mais aprimorado melhorando a vedação para evitar a perda de vapor de enxofre.

Além do sódio e do lítio, o potássio também é empregado em MT-LMBs. Um exemplo interessante é o projeto de uma bateria K||S utilizando um eletrólito sólido condutor de potássio (BASE), que é eficazmente molhado pelo potássio fundido a 150 °C e permanece compatível sem rachaduras. Com um católito à base de tetraglicol, contendo polissulfetos e sais de K, a bateria K||S demonstrou mínima degradação da capacidade ao longo de 1000 ciclos a 150 °C. Embora a capacidade seja pequena em comparação com as baterias Na||S, a bateria K||S atinge uma densidade de energia similar devido ao seu maior voltagem de descarga. Após um ligeiro aumento da capacidade nos primeiros 70 ciclos, a célula K||S apresentou desempenho estável ao longo de 1000 ciclos com mínima degradação.

O desenvolvimento das MT-LMBs de sódio, como a bateria Na||S, que consiste em um sódio fundido como eletrodo negativo, enxofre fundido como eletrodo positivo e β-Al2O3 como eletrólito sólido, apresenta várias vantagens, como uma alta densidade de energia gravimétrica de ~760 Wh.kg−1 e materiais de baixo custo. No entanto, ela requer altas temperaturas de operação de 300–350 °C para alcançar condutividade iônica suficiente e manter a molhabilidade adequada entre o sódio fundido e o eletrólito, o que apresenta desafios de segurança devido aos polissulfetos de sódio corrosivos, que degradam os componentes e aumentam o risco de perigos térmicos.

Para enfrentar esses desafios, pesquisadores têm explorado baterias Na||S de temperatura intermediária, que operam em torno de 150 °C, utilizando uma membrana β”-Al2O3 mais densa como separador e tetraglicol como solvente para o católito. Essa abordagem tem mostrado um desempenho promissor, especialmente devido à alta solubilidade de Na2S4 no tetraglicol, embora problemas como a má molhabilidade do sódio fundido na membrana cerâmica ainda sejam uma preocupação. Mais recentemente, avanços têm sido feitos no desenvolvimento de células Na||S que operam a 150 °C, utilizando um separador cerâmico BASE combinado com um líquido iônico inorgânico inovador, mostrando alta condutividade iônica, melhor estabilidade térmica e uma capacidade reversível de 795 mAh.g−1, com estabilidade de ciclo de longo prazo superior a 1000 ciclos a uma corrente de 0,1 mA.