As técnicas cirúrgicas para o tratamento da ruptura do ligamento cruzado cranial (LCC) em cães têm evoluído significativamente, com diferentes abordagens apresentando vantagens e limitações. Entre essas, as osteotomias tibiais, como a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO) e o avanço da tuberosidade tibial (TTA), são frequentemente consideradas superiores às reparações extracapsulares em termos de resultados a longo prazo. Contudo, um estudo recente indicou que cães submetidos a osteotomias podem apresentar maior risco de rigidez e claudicação em comparação com aqueles tratados por sutura femoral lateral, com acompanhamento médio de 4,6 anos.
O TPLO, amplamente estudado e utilizado globalmente, consiste na realização de uma osteotomia curva na porção proximal da tíbia, permitindo a rotação do platô tibial para reduzir o ângulo tibial. A fixação é feita com placa e parafusos, garantindo estabilidade durante a cicatrização óssea, que pode ser avaliada radiograficamente. Essa técnica modifica a biomecânica da articulação do joelho, transferindo a estabilização para o ligamento cruzado caudal e para os músculos estabilizadores ativos. O TPLO apresenta resultados altamente reprodutíveis e pode ser aplicado a cães de qualquer tamanho e com qualquer ângulo tibial. Estudos indicam que ele pode retardar a progressão da osteoartrite em comparação com técnicas extracapsulares, além de mostrar resultados superiores às suturas extracapsulares e ao TTA em análise de força.
Entretanto, a combinação do TPLO com a estabilização extracapsular lateral tem sido explorada para neutralizar a instabilidade craniocaudal e rotacional persistente, identificada por testes específicos de compressão tibial. Essa abordagem visa otimizar a estabilidade articular e minimizar complicações futuras.
A avaliação do menisco durante a cirurgia é essencial, pois sua integridade está diretamente relacionada ao desenvolvimento da osteoartrite. Lesões meniscais, especialmente na região medial, são frequentemente associadas ao fracasso dos procedimentos e ao agravamento da instabilidade articular. A excisão parcial do menisco lesionado deve preservar ao máximo sua borda, e em casos de dano extenso, pode ser necessária uma hemimeniscectomia ou liberação meniscal. Lesões isoladas no menisco são raras, porém documentadas.
As técnicas extracapsulares, incluindo a sutura fabelar lateral (LFS), são bastante utilizadas devido à sua simplicidade e menor invasividade. Elas atuam estabilizando passivamente o joelho ao promover a formação de fibrose periarticular, mas apresentam limitações como baixa resistência à tração e a não isometria dos pontos de fixação, o que pode levar a laxidez durante as primeiras semanas de cicatrização. Isso pode resultar em formação excessiva de tecido cicatricial, reduzindo a mobilidade, ou em cicatrização insuficiente, mantendo a instabilidade. Tais problemas são mais evidentes em cães grandes e muito ativos.
Além disso, sistemas com âncoras ósseas para fixação de suturas, como Tightrope® e Ligafibre Isotoggle®, foram desenvolvidos para melhorar a estabilidade. Embora apresentem taxas de complicações relativamente baixas, estas incluem infecções, falhas funcionais, falhas do implante e lesões tardias do menisco, sobretudo em cães jovens e pesados. Comparadas às osteotomias, essas complicações são semelhantes, porém as osteotomias tendem a apresentar melhores resultados funcionais e menor progressão da osteoartrite.
O desafio na escolha do método ideal permanece, uma vez que não existem estudos randomizados controlados que comprovem a superioridade inequívoca de uma técnica sobre outra. A decisão cirúrgica costuma depender da experiência do cirurgião, das características individuais do paciente (idade, peso, conformação, nível de atividade) e da avaliação detalhada da articulação, geralmente realizada por artrotomia ou artroscopia durante o procedimento.
É crucial compreender que o sucesso do tratamento depende não só da técnica cirúrgica, mas também da avaliação e manejo adequados do menisco, da reabilitação pós-operatória e do monitoramento contínuo da evolução clínica e radiográfica para minimizar a progressão da osteoartrite. O acompanhamento a longo prazo é fundamental para detectar e tratar complicações precocemente, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente.
Gestão Cirúrgica da Hérnia de Disco Thoracolombar em Cães: Abordagens e Resultados
A gestão cirúrgica da hérnia de disco intervertebral (HDI) thoracolombar em cães varia amplamente, com uma taxa de sucesso que pode atingir até 98,5% em casos onde a percepção de dor profunda é mantida. No entanto, a abordagem cirúrgica envolve uma série de considerações técnicas e uma avaliação cuidadosa das condições do paciente, incluindo a progressão dos sinais neurológicos e a resposta à terapia médica. A indicação para intervenção cirúrgica é clara em casos de dor refratária, paraparesia não ambulatorial ou paraplegia, com ou sem percepção de dor.
A decompressão espinhal é a abordagem principal para os cães com extrusão de disco intervertebral. Entre os procedimentos mais comuns, a hemilaminectomia se destaca, especialmente em casos de extrusão de HDI thoracolombar. Além disso, podem ser realizadas laminectomias dorsais, pediculectomias ou técnicas minimamente invasivas. Em casos de extrusão cervical, pode ser necessário realizar uma fenestração ventral ou laminectomia dorsal, dependendo da localização do material do disco extrudido.
Em cães com paresia ou paralisia não ambulatorial, a cirurgia de descompressão deve ser realizada o mais rápido possível. Embora a literatura sugira que não há uma linha do tempo universalmente aceita para descompressão cirúrgica urgente, até mesmo para cães paraplégicos com dor profunda negativa, a evidência clínica sugere que uma intervenção precoce pode melhorar significativamente o prognóstico funcional.
A taxa de sucesso das cirurgias é significativamente maior em cães que mantêm a percepção de dor profunda, com resultados que podem superar 98%. No entanto, os cães que não apresentam essa percepção apresentam taxas de sucesso mais baixas, comumente em torno de 61%. A adição de uma durotomia em cães com dor profunda negativa não demonstrou melhorar os resultados funcionais, conforme observado por Jeffery e colaboradores (2024).
É importante observar que, mesmo após uma cirurgia descompressiva bem-sucedida, a recidiva dos sinais clínicos de hérnia de disco em cães com extrusão thoracolombar ocorre em uma faixa que varia de 2% a 42%. Fatores de risco para recidiva incluem a presença de mineralização radiográfica de múltiplos discos no momento da cirurgia inicial e a raça do cão, sendo os Dachshunds particularmente predispostos. Em cães da raça Bulldog Francês, a taxa de recidiva pode ser tão alta quanto 53%, com 50% dos casos ocorrendo dentro do primeiro ano após a cirurgia. Quando a recidiva ocorre dentro de um mês após a cirurgia, geralmente está relacionada ao disco original herniado, enquanto recidivas mais distantes geralmente são causadas por hérnias em locais diferentes.
Estudos de ressonância magnética (RM) também revelaram uma taxa de recidiva subclínica de hérnia de disco thoracolombar de até 60% após descompressão, embora a recuperação funcional não tenha sido significativamente afetada por uma segunda intervenção cirúrgica. No entanto, intervenções terapêuticas adicionais, como a fenestração profilática de discos não herniados, têm mostrado reduzir as taxas de recidiva. Em alguns casos, foi observado que essa abordagem profilática, quando realizada em múltiplos discos, resultou em uma taxa de recidiva de 7,45%. Contudo, esse tipo de procedimento deve ser cuidadosamente considerado, pois pode induzir a extrusão de discos não fenestrados adjacentes.
Dessa forma, a gestão da hérnia de disco thoracolombar em cães exige uma avaliação minuciosa, levando em conta fatores como a percepção de dor profunda, a presença de múltiplas hérnias e a raça do animal. Embora as taxas de sucesso sejam elevadas, as recidivas são uma preocupação constante, e abordagens profiláticas, como a fenestração de discos não herniados, podem ajudar a mitigar esse risco, mas com limitações e considerações importantes sobre possíveis efeitos adversos.
Além disso, deve-se ter em mente que a cirurgia de descompressão não é uma solução única para todos os casos, e o acompanhamento a longo prazo, junto com a reabilitação, são essenciais para otimizar o resultado funcional dos cães. O tratamento conservador, em alguns casos, também pode ser eficaz, especialmente em cães com formas mais leves de hérnia de disco ou em estágios iniciais da doença.
Desafios e Avanços nas Síndromes Musculoesqueléticas de Cães e Gatos: Conceitos e Competências
O estudo das síndromes musculoesqueléticas em cães e gatos exige uma compreensão profunda da fisiologia e morfologia comparativa dos vertebrados. Esses animais compartilham muitas semelhanças com os humanos em termos de estrutura e função musculoesquelética, tornando-os modelos importantes para o estudo de diversas condições patológicas, reabilitação e fisiologia. No entanto, as especificidades de cada espécie impõem desafios únicos para a avaliação e o tratamento dessas condições.
A regulação do metabolismo muscular e os processos de regeneração tecidual após lesões traumáticas são áreas de constante evolução no campo veterinário. Em particular, a fibrose muscular e os danos à estrutura do colágeno nos músculos esqueléticos têm sido alvos de pesquisa intensiva, com ênfase na reversão dos processos patológicos e no desenvolvimento de terapias regenerativas eficazes. Um estudo recente destaca o impacto do tratamento de lesões musculares agudas em cães, propondo métodos inovadores para mitigar a fibrose e promover a regeneração muscular. As terapias atuais, que incluem o uso de células-tronco mesenquimatosas e fatores de crescimento, têm mostrado um grande potencial para reverter esses danos em modelos caninos.
Em paralelo, a compreensão da bioquímica do colágeno e dos mecanismos de formação das fibras de elastina também tem implicações significativas para a medicina veterinária, especialmente no que tange à reabilitação de tendões e ligamentos. A adaptação dos tecidos ao carregamento mecânico e a regeneração desses após lesões exigem uma análise detalhada das interações entre os diferentes tipos de células do sistema musculoesquelético, como os osteoblastos, osteoclastos e condrócitos. As proteínas não colagenosas também desempenham um papel crítico na biomineralização óssea e na cicatrização de fraturas, sendo objetos de estudo que podem levar ao desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.
Além disso, a reabilitação geriátrica em cães e gatos, especialmente aqueles com problemas de mobilidade, também tem recebido crescente atenção. O diagnóstico precoce da sarcopenia, uma condição caracterizada pela perda de massa muscular esquelética, é fundamental para estabelecer um plano de reabilitação eficaz. Diferentes métodos de avaliação da função muscular têm sido investigados, incluindo a aplicação de escalas funcionais para monitorar a progressão da doença e a resposta ao tratamento. A terapia física, juntamente com intervenções nutricionais adequadas, pode melhorar significativamente a qualidade de vida desses animais.
É importante ressaltar que a fisiologia do envelhecimento em cães e gatos também influencia diretamente a recuperação muscular e óssea. Assim como ocorre nos seres humanos, esses animais experimentam uma redução na capacidade de regeneração tecidual com o passar dos anos. Isso implica a necessidade de ajustes nas estratégias de tratamento, considerando a limitação da resposta biológica de seus organismos. As diferenças na distribuição de músculos, ossos e gordura em cães de raças diferentes, como no caso dos pastores alemães, também afetam a forma como cada animal responde a lesões e tratamentos.
Outro ponto crucial é a crescente prevalência de condições degenerativas, como a osteoartrite, em animais de idade avançada. A identificação precoce dos sinais da doença e a implementação de terapias que busquem não apenas aliviar a dor, mas também modificar o curso da doença, são essenciais para a prática veterinária moderna. O uso de terapias avançadas, como o Fortetropin, tem mostrado resultados promissores na melhora da mobilidade de cães geriátricos, oferecendo novas possibilidades para o manejo dessas condições debilitantes.
Com o avanço das tecnologias de imagem e de diagnóstico molecular, os profissionais da área veterinária agora podem avaliar mais precisamente as lesões musculoesqueléticas e monitorar a resposta ao tratamento em tempo real. Isso tem permitido uma abordagem mais personalizada, onde as decisões terapêuticas podem ser ajustadas com base nas condições específicas de cada paciente.
Em resumo, o campo da reabilitação musculoesquelética veterinária está em rápida evolução, com novos tratamentos e diagnósticos sendo constantemente introduzidos. No entanto, é crucial que os profissionais continuem atualizados sobre as últimas pesquisas e desenvolvimentos, já que as condições musculoesqueléticas em cães e gatos apresentam desafios específicos que exigem abordagens personalizadas e multidisciplinares. O entendimento profundo da biologia molecular, da fisiologia muscular e dos processos de regeneração pode proporcionar aos veterinários as ferramentas necessárias para tratar de maneira mais eficaz essas condições complexas.
Como o uso de analgésicos e técnicas terapêuticas impacta a gestão da dor neuropática em cães
O tratamento da dor neuropática em cães continua a ser um campo de intenso estudo, refletindo a complexidade desta condição que afeta tanto a qualidade de vida dos animais quanto a eficácia dos tratamentos aplicados. Nos últimos anos, uma série de pesquisas evidenciou avanços significativos no uso de medicamentos, técnicas invasivas e terapias alternativas para a gestão dessa dor debilitante.
A dor neuropática é frequentemente associada a condições como lesões nervosas, doenças degenerativas ou após intervenções cirúrgicas, sendo muitas vezes resistente ao tratamento convencional com opioides e anti-inflamatórios. Diversos estudos têm analisado a eficácia de analgésicos alternativos, como a gabapentina e a pregabalina, que demonstraram ser eficazes no controle da dor aguda pós-operatória, bem como em situações de dor crônica. A gabapentina, por exemplo, atua modulando os canais de cálcio nas terminações nervosas, diminuindo a excitabilidade neuronal, o que reduz a sensação de dor.
Outro ponto crucial na gestão da dor neuropática em cães envolve o uso de anestésicos locais, como a lidocaína, que, quando administrados sistemicamente, podem aliviar a dor de forma eficaz, embora a duração de sua ação ainda seja um ponto de debate. Estudos recentes, como o de Cashmore et al. (2009), sugerem que a combinação de anestésicos locais com opioides pode oferecer alívio prolongado, minimizando a necessidade de grandes doses de medicamentos opioides, os quais, por sua vez, podem trazer efeitos adversos, como a depressão respiratória e a constipação.
A infiltração de esteroides, como a metilprednisolona, também tem sido explorada como uma forma eficaz de tratamento para a dor neuropática, especialmente em modelos de dor lumbossacral, onde a compressão nervosa é uma causa comum de desconforto. Estudos de eficácia de injeções epidurais de esteroides têm mostrado um alívio significativo da dor, o que pode ajudar a evitar procedimentos mais invasivos. No entanto, os efeitos a longo prazo do uso repetido dessas substâncias ainda estão sendo avaliados.
Além disso, técnicas não farmacológicas, como a eletroacupuntura, estão sendo cada vez mais consideradas para o manejo da dor neuropática, com alguns estudos sugerindo que a estimulação elétrica pode ajudar a melhorar a função neurológica e reduzir os sintomas de dor em cães com lesões medulares ou outras condições crônicas. O uso de terapias baseadas em células-tronco, como a PRP (plasma rico em plaquetas) e I-PRF (fatores de crescimento plaquetários), também tem mostrado promessa, principalmente no tratamento de lesões tendíneas e articulares que frequentemente coexistem com a dor neuropática em cães.
Estudos sobre o uso de canabidiol (CBD) para a dor neuropática em cães têm se expandido. Com base em pesquisas que demonstram sua eficácia para reduzir a dor e a inflamação em humanos, os veterinários começam a investigar os efeitos do CBD em modelos caninos. A revisão mais recente sobre o assunto, publicada por Di Salvo et al. (2023), aponta que a farmacocinética, a eficácia e a segurança do CBD para animais ainda precisam ser mais exploradas, mas os resultados iniciais são promissores.
A farmacologia da dor neuropática em cães envolve, portanto, uma abordagem multidisciplinar que combina medicamentos convencionais, como analgésicos opioides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), com terapias mais inovadoras e técnicas invasivas. A escolha do tratamento deve ser cuidadosamente planejada, levando em consideração a resposta individual do animal, a origem da dor e o risco de efeitos adversos a longo prazo. O conhecimento contínuo sobre as interações entre os diversos tratamentos e as particularidades da fisiologia canina será fundamental para aprimorar o manejo da dor neuropática e melhorar a qualidade de vida desses animais.
Além disso, é importante que os veterinários estejam cientes de que o tratamento da dor neuropática muitas vezes exige uma combinação de estratégias terapêuticas e monitoramento contínuo dos efeitos colaterais. A avaliação constante da eficácia dos tratamentos e a adaptação das abordagens de acordo com a resposta clínica do animal são passos cruciais para o sucesso terapêutico. A colaboração entre profissionais da saúde veterinária e o acompanhamento próximo do bem-estar dos animais são essenciais para garantir que o tratamento da dor seja o mais eficaz possível.
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