Os clusters multicomputadores possuem características comuns que os tornam únicos no campo da computação distribuída. Cada nó dentro de um cluster opera com seu próprio sistema operacional e tem acesso exclusivo à memória do nó em questão. A comunicação entre os nós é realizada por meio da troca de mensagens via software, sendo a conexão entre eles feita por um link de entrada/saída, geralmente uma rede local de alta velocidade (LAN). Apesar dessa estrutura, o usuário não enxerga o sistema como uma unidade única; ele ainda gerencia múltiplos sistemas distintos. O particionamento da carga de trabalho, a gestão de segurança e a manutenção precisam ser tratadas separadamente para cada computador no cluster. Esforços estão sendo feitos na indústria para criar um cluster com uma imagem de sistema único, mas até o momento isso ainda não foi alcançado.

Esses clusters multicomputadores, também conhecidos como sistemas fracamente acoplados, são eficazes quando as aplicações podem ser divididas em partes separadas, com pouco ou nenhum compartilhamento entre elas. Cada processador possui sua própria memória física e virtual, o que significa que não há compartilhamento direto de memória. Qualquer troca de informações entre tarefas em nós diferentes ocorre por meio de mensagens transmitidas pela rede. Essa arquitetura é conhecida como modelo de passagem de mensagens. Em uma variação desse modelo, ao reunir vários processadores em uma única unidade e substituir a conexão de entrada/saída (LAN ou WAN) por um switch de alto desempenho, é possível aumentar significativamente a largura de banda e reduzir o tempo de passagem de mensagens. No entanto, mesmo assim, ainda não se alcança uma imagem única do sistema, e o compartilhamento de dados continua a ser feito fora da memória principal. Um exemplo desse modelo de passagem de mensagens é o sistema IBM RS/6000 SP.

Quando analisamos o modelo de SMP (Multiprocessamento Simétrico), observamos uma máquina onde todos os processadores possuem capacidades idênticas e um processo pode ser executado em qualquer um deles. Os processadores compartilham um espaço de endereço único com memória principal compartilhada, um único subsistema de I/O utilizado por todos os processadores, e uma cópia única do sistema operacional, que é executada por todos os processadores. Este modelo apresenta uma imagem de sistema único para o usuário.

Dentro da categoria SMP, existem duas arquiteturas baseadas na forma de compartilhamento da memória principal: o Acesso de Memória Uniforme (UMA) e o Acesso de Memória Não Uniforme (NUMA). Ambas desempenham um papel crucial no futuro dos sistemas como o AS/400. Em um sistema UMA, todos os processadores são conectados a uma memória principal compartilhada por meio de um único barramento de memória ou switch de memória. Essa conexão única faz com que o tempo necessário para qualquer processador acessar qualquer local da memória seja o mesmo, o que justifica o nome "acesso de memória uniforme". No AS/400, o processamento N-way segue o modelo UMA. Em termos da indústria, esse tipo de sistema é mais comumente denominado sistema fortemente acoplado.

A principal vantagem de um sistema fortemente acoplado em relação a um sistema fracamente acoplado é que qualquer processador pode acessar diretamente qualquer parte da memória principal. Isso significa que todas as aplicações podem compartilhar dados e instruções de forma eficiente, sem necessidade de reestruturar o aplicativo, como ocorre nos sistemas fracamente acoplados, onde as aplicações precisam ser adaptadas para rodar em processadores separados. Contudo, a principal limitação de um sistema fortemente acoplado é o número de processadores que ele pode suportar, devido ao gargalo criado pela interface única de memória. Com o aumento do número de processadores, a competição por acesso à memória cresce, o que diminui os ganhos de desempenho com a adição de novos processadores. Em sistemas atuais, o número ideal de processadores que podem compartilhar uma memória comum está em torno de oito. Para o AS/400, esse número pode chegar a até 12 processadores, graças ao desenvolvimento de switches de alta velocidade entre os processadores e as memórias. No entanto, sistemas com centenas de processadores em uma configuração fortemente acoplada ainda estão distantes da realidade.

Em termos de tempo de acesso a dados compartilhados, um sistema fracamente acoplado pode levar milissegundos para enviar uma solicitação de dados a outro processador, enquanto um sistema fortemente acoplado permite o acesso direto à memória, reduzindo o tempo para nanosegundos. Contudo, existe uma arquitetura intermediária que tenta combinar os melhores aspectos de ambos os sistemas: o sistema firmemente acoplado. Este modelo, que surge entre os sistemas fracamente acoplados e fortemente acoplados, pode proporcionar um tempo de compartilhamento de dados na faixa de microssegundos, oferecendo uma solução interessante para uma variedade de aplicações comerciais e técnicas.

Os sistemas firmemente acoplados surgiram a partir de uma ideia de Dick Booth e sua equipe em Rochester, que acreditaram que uma abordagem entre os sistemas fracamente e fortemente acoplados seria a chave para expandir o número de processadores em sistemas como o AS/400. Após muita persistência e trabalho conjunto com a IBM Research, a ideia foi materializada em um protótipo funcional, e aos poucos a comunidade técnica começou a reconhecer as vantagens desse modelo. O futuro do AS/400 pode passar por essa solução, que permitirá que o sistema cresça de forma mais escalável e eficiente, atendendo tanto a necessidades comerciais quanto a exigências de aplicações técnicas complexas.

Como a Estrutura de Tarefas no AS/400 Influencia a Gestão de Processos e a Arquitetura de Sistemas Operacionais

As ideias centrais de qualquer novo produto tecnológico são protegidas por patentes, garantindo que outras empresas não possam copiá-las. As patentes concedem à empresa detentora direitos exclusivos sobre ideias inovadoras, o que pode proporcionar uma vantagem competitiva significativa caso a ideia seja suficientemente relevante. Além disso, essas patentes têm grande valor no sentido de que seus direitos podem ser vendidos para outras empresas, gerando novas oportunidades de receita. A patente mais importante no desenvolvimento do AS/400 foi a U.S. Patent Number 4,177,513, que abrange a estrutura de tarefas do System/38 e do AS/400, um componente central para o funcionamento do sistema operacional.

A estrutura de tarefas do AS/400 é a base sobre a qual o sistema operacional é construído. O componente de gerenciamento de processos do SLIC e o componente de gerenciamento de trabalho do OS/400 são baseados nessa estrutura. Tradicionalmente, quando se estuda a arquitetura de um sistema operacional, costuma-se começar do nível mais alto e descer até os níveis mais baixos de suporte. No entanto, ao tratar da estrutura de tarefas do AS/400, é necessário começar pela base, pois é nesse nível fundamental que muitas das operações do sistema são definidas.

A tecnologia microkernel, embora ainda em debate no campo da ciência da computação, tem se tornado um dos temas mais discutidos quando se trata do futuro dos sistemas operacionais. Defensores dos microkernels afirmam que eles oferecem a fundação para sistemas operacionais modulares e portáveis. Por outro lado, seus opositores argumentam que essa arquitetura cria um gargalo no desempenho do sistema, limitando a escalabilidade de sistemas multiusuário. Apesar das divergências sobre a organização dos serviços de sistema em relação ao microkernel, existe um consenso sobre a importância da estrutura de comunicação baseada em passagem de mensagens. Muitos especialistas acreditam que essa será a direção para o futuro de todos os sistemas operacionais.

É interessante observar que o AS/400, com sua estrutura de tarefas baseada em mensagens, compartilha muitas características com os sistemas baseados em microkernel. No entanto, embora o AS/400 não seja um microkernel, a filosofia de design da estrutura de tarefas do sistema é semelhante à dos microkernels. Desde o início, a comunicação entre os componentes do AS/400 ocorre por meio de mensagens. Isso é visível nas interações entre os componentes de aplicação e o sistema operacional, sendo que todas as operações no sistema são iniciadas e coordenadas com base nessas mensagens. Esse modelo de comunicação foi pioneiro no System/38 e continuou a ser um dos pilares do AS/400.

O modelo de camadas tradicional encontrado no Unix, onde as funções do sistema operacional são divididas em camadas e cada camada se comunica apenas com a camada imediatamente acima ou abaixo, é um exemplo de abordagem hierárquica. Essa estrutura tem a vantagem de simplificar as interações, mas também limita a flexibilidade, pois mudanças em uma camada podem afetar muitas outras. Para modificar ou adicionar novas funcionalidades a um sistema baseado em camadas, é necessário um conhecimento profundo da arquitetura e muitas vezes envolve um processo demorado e complexo. Além disso, muitas das interfaces entre camadas não são documentadas, o que dificulta a garantia de correção quando mudanças são implementadas.

Por outro lado, a estrutura de microkernel substitui essa hierarquia vertical por uma comunicação horizontal. Todos os componentes do sistema operacional, acima do microkernel, se comunicam diretamente entre si, utilizando mensagens que são validadas e encaminhadas pelo microkernel. Isso torna os sistemas operacionais baseados em microkernel mais modulares e flexíveis, permitindo que novos componentes sejam facilmente adicionados sem grandes impactos nas partes existentes do sistema. Porém, essa flexibilidade tem um custo, pois a passagem de mensagens não é tão rápida quanto as chamadas de funções utilizadas nos sistemas tradicionais baseados em camadas. No entanto, ao eliminar a necessidade de atravessar múltiplos níveis, o microkernel pode, em muitos casos, melhorar o desempenho global do sistema.

Essa abordagem de passagem de mensagens e modulação de componentes foi incorporada ao AS/400 desde o início. A evolução do AS/400, particularmente na transição para sistemas baseados em RISC, resultou na implementação da estrutura de tarefas no SLIC, o que aumentou significativamente o desempenho do sistema. O modelo de comunicação horizontal, que caracteriza tanto os microkernels quanto a estrutura de tarefas do AS/400, permitiu que esse sistema fosse altamente modular e escalável, alinhando-se com as tendências emergentes da indústria de sistemas operacionais.

Compreender essas estruturas e abordagens é fundamental para entender o papel do AS/400 no desenvolvimento de sistemas operacionais modernos. Além de proporcionar uma base sólida para a arquitetura do sistema, a inovação na comunicação entre os componentes do sistema garantiu que o AS/400 fosse capaz de se adaptar às mudanças tecnológicas, mantendo sua relevância ao longo das décadas.

Porém, ao se aprofundar na análise das estruturas de tarefas e processos, é importante observar que o desenvolvimento do AS/400 não foi apenas uma questão de adoção de novas tecnologias, mas também de adaptação e otimização contínua. Em um ambiente onde as necessidades de desempenho e flexibilidade são essenciais, a capacidade de um sistema operacional de se ajustar rapidamente a novas demandas é tão crucial quanto a qualidade de sua estrutura fundamental. A modularidade e a eficiência da comunicação entre componentes, características do AS/400, continuam a ser referências no design de sistemas operacionais modernos.