Dado um conjunto de campos vetoriais analíticos g0,g1,,gmg_0, g_1, \dots, g_m e uma função real analítica AA definida em um domínio UU, considera-se, em um ponto xUx^\circ \in U, a série formal de potências definida por:

c(0)=A(x),c(k)=Lgi1LgikA(x)c(0) = A(x^\circ), \quad c(k) = L_{g_{i_1}} \dots L_{g_{i_k}} A(x^\circ)

Onde LgiA(x)L_{g_{i}} A(x^\circ) representa as derivadas sucessivas de AA na direção dos campos vetoriais. Para garantir que esta série tenha um comportamento adequado, existem números reais K>0K > 0 e M>0M > 0 que satisfazem a condição de crescimento indicada pela equação (3.2).

É possível associar com os campos vetoriais g0,,gmg_0, \dots, g_m e a função AA uma funcional, v(t)v(t), dada por:

v(t)=A(x)+k=0i0,,ikLgi0LgikA(x)v(t) = A(x^\circ) + \sum_{k=0}^{\infty} \sum_{i_0, \dots, i_k} L_{g_{i_0}} \dots L_{g_{i_k}} A(x^\circ)

Esse formalismo é útil para representar comportamentos dinâmicos de sistemas de controle não-lineares, onde as variáveis de entrada e os parâmetros são expressos em termos de séries formais de potências. O comportamento dessas séries fornece um meio de modelar e analisar o controle de sistemas cujas respostas podem ser descritas como funções analíticas.

Além disso, se tivermos funções analíticas A1,,AmA_1, \dots, A_m definidas em UU, podemos formar combinações dessas funções em um novo funcional. A composição de funcionais, por exemplo vi(t)v_i(t) gerados por AiA_i, leva a uma nova série de potências associada à função composta. Essa operação pode ser visualizada como uma operação de convolução entre as séries de potências associadas a A1A_1 e A2A_2, resultando em uma nova série que descreve o sistema composto.

Por exemplo, a multiplicação dos funcionais v1(t)v_1(t) e v2(t)v_2(t), definidos por funções A1A_1 e A2A_2, leva a uma combinação termodinâmica dos dois, dada por:

v1(t)v2(t)=(A1+Lg0A1+Lg1A1)(A2+Lg0A2+Lg1A2)v_1(t)v_2(t) = \left( A_1 + L_{g_0} A_1 + L_{g_1} A_1 \right)\left( A_2 + L_{g_0} A_2 + L_{g_1} A_2 \right)

Essa expansão é importante para modelar interações não-lineares entre as variáveis de entrada e pode ser generalizada para o caso de múltiplas funções analíticas. O produto de séries formais é útil não apenas na teoria de controle, mas também na análise de sistemas dinâmicos complexos, onde a interdependência entre os componentes do sistema deve ser cuidadosamente modelada.

A expansão funcional de Fliess, associada à representação do sistema de controle, é uma das ferramentas centrais para a realização de sistemas de controle em teoria de sistemas não-lineares. A fórmula fundamental (ou expansão funcional de Fliess) de yj(t)y_j(t), ou qualquer outra variável de saída y(t)y(t), pode ser expressa como uma série de potências da forma:

y(t)=k=0i0,,ikLgi0Lgikh(x)y(t) = \sum_{k=0}^{\infty} \sum_{i_0, \dots, i_k} L_{g_{i_0}} \dots L_{g_{i_k}} h(x)

Aqui, h(x)h(x) pode ser uma função vetorial, e a série converge uniformemente e absolutamente em um intervalo de tempo. Isso é de fundamental importância quando se trata de sistemas com saídas vetoriais, pois a expansão funcional fornece uma maneira de modelar as respostas do sistema a diferentes entradas de maneira eficiente.

Além disso, o conceito de espaço de observação OO, que consiste nas combinações lineares dos termos da série de Fliess, é crucial para entender como a observabilidade do sistema afeta a dinâmica do mesmo. A série (3.7) é uma expansão funcional que oferece uma descrição detalhada de como o sistema responde a variações nas variáveis de entrada.

Para o controle de sistemas com múltiplas entradas, uma série de convoluções generalizadas pode ser usada para descrever a resposta do sistema. Cada termo dessa série descreve a interação entre as funções de entrada com base em seu kernel. A convergência uniforme e absoluta da série de convoluções garante que a descrição do sistema seja estável e previsível ao longo do tempo.

Por fim, a convergência das séries de potências, como expressas nas equações (3.9) e (3.10), é garantida por condições rigorosas, como as que envolvem as propriedades de crescimento das funções envolvidas e seus parâmetros. Com isso, podemos aplicar essa técnica de maneira robusta, sabendo que as representações matemáticas dos sistemas de controle permanecerão válidas mesmo para entradas altamente complexas ou não-lineares.

Como Resolver o Problema de Controle Não Interativo com Estabilidade por Feedback Estático?

O problema do controle não interativo com estabilidade através de feedback estático é abordado de forma detalhada no contexto de sistemas dinâmicos não lineares. A solvência deste problema depende de condições específicas, que devem ser verificadas a partir de aproximações lineares do sistema. Em termos gerais, o controle não interativo visa separar as dinâmicas de um sistema, de forma que as variáveis de controle atuem de maneira independente, sem interferência entre elas, enquanto ainda se garante a estabilidade do sistema.

Para que o problema seja solucionável, existem duas condições principais que precisam ser atendidas:

  1. A estabilidade da aproximação linear do sistema (5.1) em x° = 0: Esta condição é essencial para garantir que o sistema possa ser estabilizado na primeira aproximação, especialmente no que diz respeito ao termo f(x)+g(x)a(x)f(x) + g(x)a(x). A estabilidade linear do sistema no ponto de equilíbrio x°=0x° = 0 é uma condição necessária, uma vez que, sem ela, não é possível alcançar a estabilidade assintótica.

  2. A estabilidade assintótica da aproximação linear do sistema (7.14) em x° = 0: A segunda condição trata da estabilidade do sistema linearizado em torno de x°=0x° = 0 no contexto da equação (7.14). Para que o problema seja solucionável, não basta que a primeira condição seja atendida, mas também é necessário que o sistema linearizado seja assintoticamente estável, garantindo assim que as perturbações do sistema desapareçam ao longo do tempo.

Essas duas condições são, portanto, interdependentes. A necessidade da primeira condição segue diretamente da exigência de alcançar a estabilidade assintótica na aproximação linear de f(x)+g(x)a(x)f(x) + g(x)a(x). Já a segunda condição, que garante a estabilidade assintótica do sistema linearizado, foi previamente demonstrada.

O campo vetorial das dinâmicas zero, denotado como f(x)f^(x), é obtido pela restrição do campo vetorial original f(x)f(x) à subvariedade ZZ*. Em coordenadas (x3,x4)(x_3, x_4) de ZZ*, o campo vetorial das dinâmicas zero pode ser expresso por x3=x1x_3 = x_1, x4=X4x_4 = -X4. Note-se que o ponto x=0x = 0 representa um ponto de equilíbrio instável para essas equações. Isso implica que, ao tentar resolver o problema de controle não interativo utilizando o método descrito na Seção 5.3, o sistema resultante pode ser instável.

Por essa razão, para verificar se o problema de controle não interativo com estabilidade é solucionável, é necessário calcular o campo vetorial definido na equação (7.14). Para isso, deve-se inicialmente calcular as distribuições P,P2P*, P2* e PP*, que são expressões fundamentais para a determinação das condições de solvência do problema. As distribuições podem ser determinadas usando o algoritmo definido na equação (1.39). Como exemplo, as distribuições PP* e P2P2* podem ser expressas através de combinações lineares dos vetores f(x)f(x), g1(x)g_1(x), g2(x)g_2(x) e outros vetores base do sistema. O feedback não interativo padrão, como o escolhido nesse contexto, leva a uma forma específica de controle, dada pela equação de feedback o(x)=o1x2+X3o(x) = o_1x_2 + X_3, com a função de controle correspondente a 9i(x)=X2eX3X49i(x) = -X_2e^{X3} - X4.

Para alcançar uma solução satisfatória para o problema de controle não interativo com estabilidade, o processo envolve uma combinação precisa de ajustes nas distribuições do sistema e nas funções de controle, sempre garantindo que a estabilidade global do sistema seja preservada.

Em um nível mais profundo, é essencial que o leitor entenda não apenas as condições técnicas necessárias para a solvência do problema, mas também a importância de cada uma das distribuições e o papel do algoritmo na determinação das soluções. O algoritmo fornecido, juntamente com o feedback adequado, torna-se uma ferramenta poderosa para a análise e solução de sistemas não lineares, mas seu sucesso depende de uma compreensão sólida dos conceitos de estabilidade e controle não interativo. A análise das dinâmicas zero e das condições de estabilidade local e assintótica são pontos cruciais que devem ser cuidadosamente considerados em qualquer aplicação prática dessa teoria.