Muitas condições dermatológicas em pacientes imunocomprometidos exigem uma abordagem cuidadosa, pois o sistema imunológico comprometido pode dificultar o tratamento e aumentar o risco de complicações. Diversos fatores, como medicações imunossupressoras, doenças crônicas como HIV, ou transplantes de órgãos, podem alterar o curso de doenças comuns, como verrugas, moluscos contagiosos, e até infestações parasitárias, exigindo estratégias específicas de tratamento.

Um exemplo claro disso são as verrugas virais, que frequentemente afetam pacientes imunocomprometidos. O uso de tratamentos tópicos, como o imiquimod, é comum, embora sua eficácia varie. Em alguns casos, é necessário realizar múltiplos tratamentos com crioterapia (LN2) ou com a aplicação de cantharidina, um extrato de besouro que causa bolhas e é eficaz em muitos casos. Porém, é importante ter em mente que esses tratamentos podem exigir várias sessões, até mesmo 10 ou mais, para resultados satisfatórios, e o tempo de espera pode ser longo. Além disso, o imiquimod, que tem efeitos anti-virais e imunomoduladores, pode ser usado por até 12 semanas, mas deve ser administrado com cautela em pacientes que não respondem bem ou apresentam efeitos adversos.

Outro tratamento possível é a utilização de cidofovir tópico, embora seu custo seja elevado. Para garantir eficácia, muitos profissionais optam por combinar o uso de crioterapia com ácido salicílico, que ajuda a suavizar a área da lesão antes da aplicação de outros tratamentos. Para pacientes com transplantes de órgãos ou condições como HIV, a abordagem é mais agressiva, dado o risco maior de transformação maligna das lesões, como no caso do carcinoma espinocelular (SCC).

No caso de molusco contagioso, uma condição comum, especialmente em crianças com dermatite atópica (AD), o tratamento segue um padrão semelhante ao das verrugas, com opções como a tretinoína para induzir uma resposta inflamatória localizada, o que ajuda a eliminar as lesões. A condição pode se resolver espontaneamente ao longo de meses ou até anos, mas em certos casos, tratamentos tópicos ou crioterapia podem ser necessários para acelerar a cura.

Com relação a infecções bacterianas, especialmente em pacientes com HIV ou outras condições imunossupressoras, infecções como foliculite bacteriana e sífilis requerem monitoramento constante, pois podem se apresentar de maneira mais grave ou resistente. Pacientes com HIV, por exemplo, têm maior risco de infecções fúngicas como a candidíase oral ou tinea, que são mais crônicas e extensas, necessitando de tratamentos antifúngicos sistemáticos.

O tratamento de sífilis em pacientes imunocomprometidos também exige atenção especial, dado o risco aumentado de progressão para formas mais graves da doença, como o estágio terciário, que pode afetar órgãos como fígado, rins e vasos sanguíneos. A abordagem para esse tipo de infecção deve ser agressiva e frequentemente inclui o uso de antibióticos de forma prolongada.

O herpes simples (HSV) e o varicela-zoster (VZV) são outros agentes virais que podem ser mais complicados de tratar em pacientes imunocomprometidos. As lesões podem ser mais graves, com maior risco de disseminação ou complicações como encefalite ou pneumonia. O tratamento antiviral, geralmente com aciclovir ou valaciclovir, é necessário, mas pode ser insuficiente se o sistema imunológico do paciente estiver excessivamente comprometido.

Além disso, no contexto de infestações como sarna (scabies), o diagnóstico e tratamento adequados são essenciais. Embora as infestações por sarna sejam geralmente tratadas com cremes de permetrina a 5%, os pacientes imunocomprometidos podem precisar de tratamentos adicionais ou mais prolongados. A permethrina é eficaz, mas o tratamento deve ser repetido após uma semana, e todos os contatos próximos devem ser tratados simultaneamente para evitar reinfecção.

Os pacientes com HIV podem apresentar outras condições dermatológicas peculiares, como erupções papulares pruriginosas, que são comuns em cerca de 15 a 45% dos casos. Essas erupções podem ser um sinal precoce de HIV e exigem diagnóstico diferencial cuidadoso. O tratamento dessas lesões pode ser difícil, e muitas vezes as terapias convencionais para coceira não são eficazes. O uso de fototerapia tem mostrado algum sucesso em casos refratários.

Em todos esses casos, é crucial que os pacientes estejam adequadamente vacinados antes de iniciar tratamentos imunomoduladores, como o MMR (vacina contra sarampo, caxumba e rubéola), para garantir uma resposta imunológica eficaz e evitar complicações. A vigilância constante é necessária, pois as condições podem se agravar rapidamente em indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos.

É importante destacar que, embora muitas dessas condições possam se resolver espontaneamente em pacientes imunocompetentes, em indivíduos imunocomprometidos, o risco de complicações graves e de evolução desfavorável é muito maior. O acompanhamento regular e o tratamento precoce são fundamentais para prevenir a progressão das doenças e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Como os Lasers e Tratamentos Estéticos Agem sobre a Pele e os Pigmentos

O tratamento de tatuagens, manchas e outras lesões pigmentadas com lasers é uma prática comum na dermatologia estética. Embora os resultados sejam frequentemente eficazes, o procedimento exige um conhecimento profundo dos mecanismos subjacentes, dos tipos de lasers utilizados e dos cuidados pós-tratamento para evitar complicações.

Quando se trata de angiomas e outras lesões vasculares, um dos principais procedimentos envolve o uso de lasers para causar um fenômeno conhecido como coagulação. O laser, ao ser direcionado para o tecido afetado, provoca uma mudança imediata na coloração da lesão, que passa de vermelha para um tom arroxeado ou negro. Este processo ocorre porque o laser causa a coagulação dos vasos sanguíneos, e a lesão cai após uma a duas semanas, geralmente com um aumento temporário de inchaço e vermelhidão nas primeiras 48 horas.

Entre os lasers mais comuns utilizados para este tipo de tratamento estão os da família Nd:YAG, como o laser 532 nm. Este laser, por ser fotomecânico, age rapidamente sobre o pigmento da pele, quebrando as partículas de tinta através de pulsos rápidos, o que o torna eficaz para a remoção de tatuagens, principalmente as de tinta preta. No entanto, ele exige precisão extra quando utilizado em pele mais escura, devido ao maior risco de efeitos adversos, como hipopigmentação ou despigmentação excessiva.

Quando se utiliza lasers de pico-segundos, a abordagem é diferente. Esses lasers atuam de forma extremamente rápida, com pulsos muito curtos, o que permite atingir as partículas de tinta sem causar aquecimento excessivo ou danificar a epiderme. Isso ajuda a evitar a formação de manchas ou a destruição do tecido, um risco comum em tratamentos realizados com lasers menos rápidos. Ao tratar tatuagens desbotadas, como as mais antigas, o corpo já começa a remover parte da tinta de forma natural, o que pode acelerar os resultados.

Outro uso importante do laser Nd:YAG 532 nm é no tratamento de lentigos e ceratoses seborréicas maculares (SKs). O laser 532 é absorvido tanto pela melanina quanto pela hemoglobina, o que o torna eficaz para o tratamento de manchas pigmentadas e também de pequenas lesões vasculares. O tratamento envolve a aplicação do laser sobre a área afetada, causando uma leve queimadura no pigmento, que posteriormente cai após uma semana, revelando uma pele saudável abaixo. Esse processo requer cuidados pós-tratamento, como o uso de protetor solar e vaselina para proteger a pele e acelerar o processo de cicatrização.

Além dos lasers, a microneedling com radiofrequência (RF) também é uma técnica popular. Nesse tratamento, pequenas agulhas são inseridas na pele para criar microlesões na derme, onde a energia térmica é aplicada, estimulando a produção de colágeno e a regeneração celular. Essa técnica é especialmente útil para o tratamento de cicatrizes de acne e para rejuvenescimento da pele. A RF também pode ser combinada com outros tratamentos, como o laser de pigmentação, para melhorar os resultados, especialmente em pacientes com melasma ou outras desordens pigmentares. No entanto, é importante considerar que os tratamentos que envolvem aquecimento podem aumentar o risco de hiperpigmentação, especialmente em peles mais escuras.

Além do laser e da RF, o uso de lasers fracionados infravermelhos, como o Erbium 1927 nm, é eficaz para o tratamento de pigmentos epidérmicos, como lentigos. A técnica fracionada divide o tratamento em áreas menores, o que minimiza o tempo de recuperação e reduz o risco de complicações. Quando esse laser é utilizado, o calor gerado pela absorção da água na pele destrói as células pigmentadas, levando à eliminação das manchas. Esse tipo de tratamento é menos agressivo que outros métodos ablativos, como o CO2, que pode causar maior dano à pele e exige um tempo de recuperação mais longo.

Por fim, os cuidados pós-procedimento são essenciais para garantir que o paciente obtenha os melhores resultados possíveis e minimize o risco de complicações. Isso inclui o uso contínuo de protetor solar para evitar que a pele tratada seja danificada pela exposição ao sol, além da aplicação de cremes emolientes como a vaselina para proteger a pele enquanto ela cicatriza. O tempo de recuperação pode variar de acordo com o tipo de laser utilizado e a profundidade do tratamento, mas em geral, a pele começa a cicatrizar após uma semana, e o processo de regeneração pode levar até 2-3 meses para resultados definitivos.

É importante destacar que a combinação de diferentes tipos de laser ou tecnologias, como RF e lasers de pico-segundos, pode ser mais eficaz em determinadas situações. Por exemplo, para tatuagens com tinta preta ou em áreas mais delicadas da pele, a combinação de lasers fotomecânicos e técnicas não ablativas pode reduzir o risco de danos e acelerar o processo de cicatrização. Além disso, é fundamental que o paciente esteja ciente de que, em muitos casos, será necessário mais de um tratamento para alcançar resultados satisfatórios, principalmente quando se trata de tatuagens antigas ou pigmentações profundas.