A produção de poliuretanos (PU) envolve uma série de componentes fundamentais, como os poliésteres e os poliéteres, que são a base para a obtenção de uma variedade de produtos, desde espumas flexíveis até elastômeros de alto desempenho. Entre os principais precursores dessa produção, destacam-se os poliol e os catalisadores, que, por meio de diferentes reações químicas, possibilitam a criação de materiais com características e funcionalidades específicas.

Os poliésteres de caprolactona, que possuem uma funcionalidade de dois e massas molares entre 500 e 2000 g/mol, são amplamente utilizados na fabricação de elastômeros de alto desempenho devido à sua distribuição molecular relativamente estreita. Esses poliésteres apresentam uma excelente estabilidade térmica e mecânica, o que os torna ideais para aplicações em que se exige resistência e durabilidade.

No caso dos poliol de policarbonato, esses podem ser produzidos de duas maneiras principais: pela reação de diols com carbonato de dimetila ou pela reação de epóxido com dióxido de carbono. A primeira rota gera poliol especiais, enquanto a segunda é frequentemente utilizada na produção de poliol para espumas flexíveis. O processo de produção do poliol de policarbonato de especialidade envolve a transesterificação do carbonato de dimetila com diols alifáticos, como o hexanodiol, e os resultados são utilizados em produtos como adesivos, couro sintético e elastômeros de alto desempenho.

A utilização de dióxido de carbono na produção de poliol de policarbonato é uma das inovações mais recentes, pois a polimerização do óxido de propileno com o CO2 resulta na formação de um copolímero alternado, onde até 50% do CO2 pode ser incorporado na cadeia do poliol. Essa inovação é uma tentativa de substituir os materiais derivados do petróleo por alternativas mais sustentáveis. No entanto, esses polímeros apresentam desafios em termos de viscosidade e aplicabilidade, sendo necessário controlar o teor de CO2 para facilitar o uso desses poliol.

Com a crescente pressão para abandonar os recursos fósseis, os poliol à base de fontes renováveis têm ganhado destaque. Um exemplo é o uso de biomassa, como açúcar, milho ou lignina, como matéria-prima para a produção de poliol bio-baseados. Diol de cadeia curta, como o 1,3-propanodiol e o 1,4-butanodiol, podem ser obtidos pela fermentação do milho e do açúcar, e são usados na fabricação de poliol de polietileno de trimetileno (PTMEG), que é completamente derivado de fontes renováveis. Esses avanços são cruciais no desenvolvimento de materiais mais sustentáveis para a indústria de poliuretano.

Além disso, óleos naturais, como os de soja, palma e colza, podem ser transformados em poliol por meio de esterificação com glicerina e ácidos graxos, originando os poliol derivados de óleos naturais (NOP). A introdução de grupos hidroxila em ácidos graxos insaturados, por meio de reações como a hidrofomilação ou epoxidação, permite a produção de poliol híbridos que podem ser utilizados em espumas rígidas e revestimentos. O óleo de rícino, por exemplo, é um poliol natural que contém grupos hidroxila secundários, sendo utilizado na fabricação de espumas rígidas e elastômeros.

Outro aspecto importante é o valor hidroxila, que determina a estrutura dos poliol e é fundamental para o controle da funcionalidade e reatividade desses materiais. A determinação desse valor é realizada por meio da acetilação do poliol com anidrido acético, e é expressa em miligramas de KOH por grama de poliol. Esse valor é um indicativo da quantidade de grupos hidroxila disponíveis para reagir com isocianatos na formação do PU. A funcionalidade dos poliol, que se refere ao número de grupos reativos presentes na molécula, é outro parâmetro crítico, pois influencia diretamente as propriedades do produto final, como a dureza e flexibilidade da espuma.

A produção de PU também depende de aminas e poliaminas, que desempenham um papel essencial na formação de ureias. As diaminas aromáticas, usadas como extensores de cadeia, são essenciais para a modulação da reatividade e da estrutura do PU. Embora as diaminas não bloqueadas apresentem uma reatividade muito alta com isocianatos, as diaminas estereicamente bloqueadas, ou aquelas com substituintes eletronegativos, têm uma taxa de reação mais controlada, permitindo um processamento mais eficaz e controlado do material.

A transição para o uso de matérias-primas renováveis e a otimização das reações químicas envolvidas na produção de PU abrem novas possibilidades para a indústria, reduzindo sua dependência de recursos fósseis e contribuindo para a sustentabilidade. A inovação tecnológica e a pesquisa contínua em biotecnologia e catálise são essenciais para o desenvolvimento de processos mais eficientes e eco-friendly na produção de poliuretanos.

Quais são as principais propriedades mecânicas dos elastômeros de poliuretano e como elas são testadas?

Os elastômeros de poliuretano (PU) são materiais de engenharia de alta qualidade, conhecidos por sua combinação de alta elasticidade, dureza ajustável e resistência ao desgaste. Esses materiais apresentam propriedades elásticas em uma ampla faixa de temperaturas, geralmente entre 0 e 100°C, e podem ser deformados em extensões superiores a 300%. A dureza dos elastômeros de PU pode ser ajustada em uma vasta gama, variando de 30 Shore A a 75 Shore D. Além disso, esses elastômeros demonstram alta resistência mecânica, tenacidade e resistência ao desgaste, tornando-os adequados para uma variedade de aplicações industriais e técnicas.

Contudo, apesar de suas muitas vantagens, os elastômeros de poliuretano apresentam algumas limitações. As ligações urethane e especialmente as ligações éster, que são componentes fundamentais desse material, limitam sua resistência à hidrólise. Além disso, são sensíveis a ácidos fortes, bases, agentes oxidantes e solventes polares. A reversibilidade da ligação urethane, que começa a cerca de 150°C, também restringe a resistência térmica dos elastômeros de PU a essa faixa de temperatura.

A medição de várias propriedades mecânicas dos elastômeros de PU é realizada por meio de testes específicos que avaliam aspectos como dureza, resistência à tração, resistência ao rasgo, recuperação elástica, e comportamento sob deformação. O teste de dureza, por exemplo, pode ser realizado utilizando um durômetro, que mede a resistência à indentação de um elastômero após a aplicação de uma força por um penetrador cônico. Dependendo da dureza do material, pode ser utilizado um durômetro A (Shore A) para elastômeros mais macios e um durômetro D (Shore D) para materiais mais duros. O valor de dureza varia de 0 (penetração total) a 100 (sem penetração).

A resistência à tração, que caracteriza a capacidade de um elastômero de suportar forças de estiramento, é determinada por meio de ensaios de tração conforme as normas ISO 527 e ISO 1798. Nesse tipo de teste, uma amostra do material é esticada até sua ruptura, e a curva tensão-deformação resultante é usada para calcular a resistência à tração, o alongamento na ruptura e, quando aplicável, a tensão e o alongamento no ponto de escoamento. Os valores de resistência e módulo são expressos em Pascal (kPa ou MPa), enquanto o alongamento no escoamento e na ruptura é apresentado como uma porcentagem.

Outro aspecto importante é a resistência ao rasgo, que indica a capacidade do material de resistir ao alargamento de um furo ou rachadura. Esse teste, realizado de acordo com a norma ISO 34, mede a força necessária para propagar uma fissura em uma amostra com um corte ou furo, sendo os resultados expressos em Newtons por metro (N/m). A amostra de teste pode ser moldada de diferentes formas, como em "calça", "ângulo" e "crescente", dependendo da natureza do elastômero, seja ele espumoso ou compacto.

Além disso, a recuperação elástica dos elastômeros é testada por métodos como o teste de resiliência de pêndulo ou o teste de rebound de bola. No teste de pêndulo Schob (ISO 4662), uma massa pendular é solta a partir de uma altura específica e impacta a amostra de teste com uma quantidade predeterminada de energia. A energia armazenada no material é devolvida ao pêndulo, permitindo calcular a resiliência do elastômero com base no seu retorno. O teste de resiliência de Bayshore (ASTM D2632) envolve a queda de uma bola sobre a amostra e a medição da altura de recuperação, oferecendo um valor que vai de 0% (total absorção de energia) a 100% (resposta perfeitamente elástica).

A resistência à compressão também é um fator importante para os elastômeros de PU, especialmente em condições de longo prazo. O teste de "set de compressão" (ISO 815) avalia a capacidade do elastômero de recuperar suas propriedades elásticas após ser comprimido por um determinado tempo e temperatura. A amostra é comprimida, tipicamente por 25% de sua altura inicial, e exposta a temperaturas específicas (geralmente 23°C e 70°C) por um período determinado (geralmente 24 horas). Depois, ela é liberada e resfriada para temperatura ambiente, sendo medida a altura residual, que indica a quantidade de compressão que permaneceu após o relaxamento.

Ademais, o comportamento dos elastômeros de PU sob tensões e deformações, em particular sua capacidade de resistir a deformações plásticas e sua resistência ao impacto, também é um aspecto crucial a ser considerado. Eles possuem uma capacidade notável de se esticar sem se romper, mas a distribuição de suas forças internas – entre as fases duras e macias do material – é o que determina sua resistência mecânica geral. As fases duras conferem a rigidez necessária para a resistência a forças externas, enquanto as fases macias proporcionam uma flexibilidade que permite o alongamento e a dissipação de energia durante deformações.

Nos elastômeros à base de poliéster, essa estrutura macroscópica torna-se ainda mais complexa. O uso de poliésteres cristalizáveis em elastômeros de PU gera domínios cristalinos durante a deformação, o que pode resultar em um aumento da resistência devido à cristalização induzida por estiramento. Esses elastômeros geralmente apresentam maior resistência à tração em comparação com aqueles feitos a partir de óxidos de polipropileno, devido às interações intermoleculares mais fortes do poliéster.

Em resumo, ao considerar elastômeros de PU para aplicações específicas, é crucial realizar uma série de testes para determinar suas propriedades mecânicas, como dureza, resistência à tração, resistência ao rasgo, recuperação elástica e comportamento sob compressão. Esses testes fornecem informações fundamentais para a escolha do material adequado para cada aplicação, levando em conta tanto as vantagens quanto as limitações dos elastômeros de poliuretano.