O problema de otimização esparsa e de baixa classificação é de grande importância para várias áreas de aprendizado de máquina, particularmente quando se trata de otimizar sistemas federados em ambientes de rede. O algoritmo DC (Diferença de Convexos) emerge como uma solução poderosa para resolver tais problemas. Ao aplicar técnicas como relaxamento convexo sucessivo e linearização das partes côncavas do problema, o algoritmo busca otimizar funções de custo que combinam componentes fortemente convexos, levando a um desempenho aprimorado na minimização de funções de diferenças de dois termos fortemente convexos.

No contexto do aprendizado federado, o problema pode ser formalizado como a minimização de uma função f(X)=g(X)h(X)f(X) = g(X) - h(X), onde g(X)g(X) e h(X)h(X) são funções convexas. A solução iterativa para tal problema é construída através da linearização das funções côncavas, em particular a função h(X)h(X), no processo de otimização. Durante o tt-ésimo passo de iteração, o problema é reformulado como um problema de aproximação convexa, onde a função h(X)h(X) é linearizada ao redor de X[t]X[t], e o passo de otimização consiste em:

X[t+1]=argminX(g(X)[h(X[t])+XX[t],Y[t]])X[t+1] = \arg \min_X \left(g(X) - \left[h(X[t]) + \langle X - X[t], Y[t] \rangle \right]\right)

onde Y[t]Y[t] é o subgradiente de hh em relação a XX em X[t]X[t], isto é, Y[t]X[t]hY[t] \in \partial X[t] h.

Além disso, ao lidar com a otimização esparsa e de baixa classificação, as iterações x[t]x[t] e M[t]M[t] do algoritmo DC para um problema específico de aprendizado federado são formuladas como a solução para os seguintes problemas de otimização convexa:

  1. Para o problema PS1:

    minx,Mg1x[t1]h1,xM[t1]h1,M\min_{x, M} g_1 - \langle \partial x[t-1] h_1, x \rangle - \langle \partial M[t-1] h_1, M \rangle

    sujeito a:

    Tr(M)γihiHMhixi,i=1,,M,M0,Tr(M)1,x0\text{Tr}(M) - \gamma_i h_i^H M h_i \leq x_i, \, \forall i = 1, \dots, M, \quad M \succeq 0, \quad \text{Tr}(M) \geq 1, \quad x \geq 0
  2. Para o problema PS2:

    minMg2M[t1]h2,M\min_{M} g_2 - \langle \partial M[t-1] h_2, M \rangle

    sujeito a:

    Tr(M)γihiHMhi0,iS[k],M0,Tr(M)1\text{Tr}(M) - \gamma_i h_i^H M h_i \leq 0, \, \forall i \in S[k], \quad M \succeq 0, \quad \text{Tr}(M) \geq 1

A utilidade dos subgradientes xh1\partial x h_1 e Mh1\partial M h_1 e Mh2\partial M h_2 é crucial para a convergência das iterações do algoritmo DC. O cálculo dos subgradientes de xk\| x \|_k e M2\| M \|_2 é realizado de acordo com regras específicas, como o cálculo do subgradiente de xk\| x \|_k usando a regra de Gotoh et al., que define a contribuição de cada entrada de xx em termos de sua relação com o valor máximo x(k)x(k):

xk=sign(xi),xix(k),0,xi<x(k)\partial \| x \|_k = \text{sign}(x_i), \quad |x_i| \geq |x(k)|, \quad 0, \quad |x_i| < |x(k)|

De maneira similar, o subgradiente de M2\| M \|_2 pode ser computado com base na maior autovetor v1v_1 associado ao maior autovalor σ1(M)\sigma_1(M) de MM, levando à expressão v1v1Hv_1 v_1^H como subgradiente de ( | M_

Como o Aprendizado por GNN Otimiza Transmissores AirComp e RIS em Sistemas Federados

A complexidade do método de otimização tradicional aplicado ao problema P0 é dominada pela parte referente à superfície inteligente reconfigurável (RIS), cuja complexidade computacional cresce exponencialmente com o número de elementos dessa superfície. Essa limitação torna o método inviável para sistemas com um grande número de dispositivos e demanda computacional elevada. Para contornar esse problema, desenvolve-se uma abordagem baseada em redes neurais gráficas (GNN), capaz de mapear diretamente os coeficientes de canal para os parâmetros ideais do sistema, substituindo assim o processo iterativo de otimização por um modelo de aprendizado profundo.

A função de mapeamento κ(·), aprendida pelo modelo, associa os coeficientes de canal — que incluem as ligações diretas entre dispositivos e servidor, além da contribuição da RIS — aos parâmetros ideais: potência de transmissão dos dispositivos, fator de atenuação (denoising) e vetor de mudança de fase da RIS. A construção dessa função aproveita a propriedade de aproximação universal das redes neurais profundas (DNN), permitindo parametrizar o mapeamento de forma eficiente e precisa, com uma arquitetura treinada diretamente a partir dos dados do sistema.

A estrutura gráfica que sustenta o GNN é composta por K + 2 nós, representando os K dispositivos de borda, o servidor e a RIS, respectivamente. As conexões entre os nós, modeladas por 2K + 1 arestas, capturam as interações e relações relevantes entre os componentes do sistema. Cada nó é dotado de um vetor de representação zk, treinado para sintetizar toda a informação necessária ao mapeamento ótimo dos parâmetros.

A atualização desses vetores é realizada camada por camada dentro do GNN, utilizando operações de agregação e combinação que refletem as dependências estruturais e estatísticas dos dados de entrada. A arquitetura da rede neural é composta por três etapas principais: a camada de inicialização, as camadas de mapeamento gráfico e, por fim, a camada de geração de parâmetros.

Na camada de inicialização, os coeficientes de canal são convertidos em vetores de representação iniciais zk(0), utilizando uma função codificadora f₀ᴱᶜ(·) baseada em um perceptron multicamada (MLP) com três camadas lineares, ativação ReLU e normalização por lote (batch normalization). Para lidar com os coeficientes complexos dos canais, esses são decompostos em partes real e imaginária, e o codificador compartilhado entre os dispositivos garante equivariedade por permutação — uma propriedade essencial para sistemas simétricos e distribuídos.

A representação do servidor e da RIS é derivada a partir da média das representações dos dispositivos, capturando assim uma noção coletiva do estado da rede. Esses vetores agregados são transformados por codificadores dedicados, ajustando-se às funções distintas de cada nó dentro da arquitetura.

Cada camada de mapeamento gráfico subsequente é composta por módulos que operam individualmente sobre os nós da rede. Em cada camada d, a atualização do vetor de representação de um nó k é feita através da combinação do vetor local da camada anterior com uma agregação dos vetores dos demais nós. As funções de agregação são construídas para preservar a invariância por permutação — por exemplo, utilizando médias elemento a elemento — enquanto as funções de combinação são parametrizadas por MLPs adicionais que integram a informação local e global do grafo.

A camada final da arquitetura — a camada de geração de parâmetros — transforma os vetores de representação finais em valores concretos para o sistema: potências de transmissão, fator de denoising e vetor de fases da RIS. Esses valores são então enviados de volta aos dispositivos e à RIS para controle em tempo real do processo de agregação de modelos no uplink, dentro do paradigma Federated Edge Learning (FEEL).

Essa abordagem baseada em GNN oferece não apenas uma alternativa eficiente aos métodos de otimização tradicionais, mas também promove escalabilidade e generalização para diferentes topologias de rede, permitindo uma adaptação quase imediata às variações dinâmicas dos canais de comunicação. Além disso, ela separa claramente as responsabilidades computacionais: o modelo é executado no servidor de borda, aliviando os dispositivos de carga computacional intensa, mas mantendo sua coordenação precisa dentro do sistema global.

É importante compreender que a eficácia dessa arquitetura depende não apenas do poder de generalização da rede neural, mas também de aspectos como a estrutura do grafo, a escolha das funções de agregação e a estabilidade numérica do treinamento. Outro ponto essencial é a qualidade dos dados utilizados no treinamento, pois qualquer viés ou ruído pode degradar significativamente a performance da função κ(·). A robustez do modelo frente à variação de canal, interferência e heterogeneidade dos dispositivos também deve ser tratada com técnicas avançadas de regularização e validação cruzada, garantindo uma operação confiável em ambientes reais.

Como Otimizar Sistemas FEEL com RIS: Estratégias e Desafios em Ambientes de Aprendizado Federado e Privacidade

A otimização de sistemas FEEL (Federated Edge Learning com privacidade diferencial) é um problema desafiador que combina aspectos complexos de redes, privacidade e aprendizado. Uma das formas de abordar essa questão é por meio de técnicas de otimização de baixo nível que utilizam recursos de hardware, como os sistemas de reflexão inteligente reconfigurável (RIS). A análise de otimização apresentada segue um modelo de problema de minimização com restrições de privacidade e potência, conforme descrito pela equação (8.23a).

A equação fundamental propõe uma função objetivo para ser minimizada, onde são consideradas as variáveis de controle como a potência de ruído artificial, os coeficientes de privacidade e as variáveis associadas à eficiência do aprendizado. Este problema é formulado com restrições que garantem a confidencialidade e a proteção de dados, respeitando os limites impostos pelas exigências de privacidade diferencial (ε, δ). A primeira restrição (8.23b) assegura que as informações mantêm um nível adequado de privacidade, enquanto a segunda (8.23c) estabelece um limite sobre a potência máxima utilizada por cada dispositivo na rede. A inclusão do RIS no sistema fornece uma forma de melhorar a eficiência do canal de comunicação, alterando o ambiente de propagação para melhorar a qualidade do sinal, o que, por sua vez, influencia diretamente a precisão do aprendizado.

Porém, não se deve subestimar o impacto das restrições impostas pela privacidade. Quando as exigências de privacidade são muito rigorosas (como no caso do limite de privacidade especificado por (8.23b) e (8.23c)), a utilização de RIS pode não ter impacto significativo na melhoria da precisão do aprendizado. Nessa situação, o nível de privacidade preservado pelo sistema impede que a melhoria do canal, proporcionada pelo RIS, seja plenamente explorada para ganhos de precisão no aprendizado. O estudo revela que, em um cenário com altos requisitos de privacidade, a precisão do aprendizado será restrita pela necessidade de garantir a confidencialidade dos dados.

O próximo passo no processo de otimização é a definição da matriz de deslocamento de fase, que é crucial para o design do RIS. O problema (8.31) busca encontrar a configuração ideal dessa matriz, levando em conta as restrições de potência e a necessidade de manter o módulo da matriz de fase unitário, conforme expresso na equação (8.31c). Ao introduzir uma variável auxiliar, a otimização pode ser reformulada em termos de um problema quadrático convexo (QCQP), permitindo que soluções mais eficientes sejam encontradas, embora o problema original seja não-convexo.

A transformação do problema em um modelo QCQP é essencial para resolver o problema de maneira eficiente. Em termos práticos, o problema de otimização do RIS pode ser abordado por técnicas de Programação Semidefinida (SDP), que, quando resolvidas usando ferramentas como CVX, podem fornecer soluções otimizadas para a matriz de fase e as outras variáveis do sistema. Isso nos leva à definição de uma solução factível para o problema (8.32), que se aproxima cada vez mais da solução ideal para os parâmetros do sistema FEEL.

De maneira geral, o uso do RIS no contexto do FEEL oferece uma série de vantagens. Ele permite a melhoria das condições de canal e, por conseguinte, a elevação da potência de transmissão e a qualidade dos sinais recebidos pelo servidor de borda. A inclusão do RIS proporciona um sistema FEEL com maior desempenho e precisão de aprendizado, especialmente em cenários com restrições de potência e capacidade de comunicação limitadas.

Contudo, em cenários de privacidade extremamente rigorosa, como os definidos pela restrição (8.23b), a precisão do aprendizado não se beneficia de forma significativa com o uso do RIS, já que os limites impostos pela privacidade não podem ser ultrapassados para melhorar a qualidade do sinal. Portanto, o uso do RIS pode ser mais vantajoso em sistemas com requisitos de privacidade mais flexíveis, onde o aumento da eficiência de comunicação pode ser plenamente explorado.

Além disso, vale notar que a otimização e o uso do RIS devem ser ajustados conforme o ambiente e as especificações do problema. Embora a metodologia descrita seja robusta, ela ainda depende de ajustes finos baseados em características específicas de cada aplicação FEEL. O risco de falhas na privacidade, especialmente em sistemas de aprendizado federado, exige uma análise constante dos parâmetros de configuração, para garantir que os dados sejam protegidos sem comprometer a eficiência do sistema.

Como a Otimização em Aprendizado Federado Pode Revolucionar o Treinamento de Modelos em Dispositivos Móveis

O avanço das tecnologias móveis e a crescente demanda por aplicações como drones, veículos autônomos e realidade aumentada tornam os métodos tradicionais de aprendizado de máquina (ML) baseados em infraestrutura de nuvem obsoletos, devido a limitações de latência e privacidade. O modelo convencional, que depende de poder computacional e de armazenamento centralizado, exige o envio de grandes volumes de dados para servidores remotos, o que não é viável em muitas situações que exigem processamento em tempo real e próximo ao local de geração dos dados. A solução emergente para esses problemas é o Federated Edge Learning (FEEL), que promove o processamento local de dados diretamente nos dispositivos de borda, sem a necessidade de transmitir informações para servidores centrais.

FEEL permite que dispositivos espalhados geograficamente treinem um modelo global colaborativamente, sem compartilhar dados, mantendo a privacidade e reduzindo a necessidade de transmissão de dados. Esse paradigma de aprendizado distribui as tarefas de treinamento entre múltiplos dispositivos móveis ou periféricos, que processam dados localmente e apenas enviam atualizações do modelo para um servidor central para agregação. Esse método não só melhora a privacidade dos dados, como também reduz consideravelmente a latência, pois os dados nunca saem do dispositivo local.

Entretanto, as limitações de recursos de dispositivos móveis, como capacidade computacional, armazenamento e consumo de energia, impõem desafios consideráveis para a implementação eficaz do FEEL. Para superar essas limitações, os pesquisadores propuseram vários algoritmos de otimização distribuída que aproveitam os dados espalhados por dispositivos múltiplos e as capacidades computacionais locais para acelerar o processo de treinamento. Entre esses algoritmos, o FedAvg (Federated Averaging) tem se mostrado promissor devido à sua simplicidade e eficiência.

O FedAvg é um algoritmo de primeira ordem que usa informações de gradiente para realizar atualizações locais dos modelos, o que é facilitado pela diferenciação automática e retropropagação. O uso de gradientes, fácil de calcular, contribui para a popularidade dos métodos de primeira ordem na comunidade de aprendizado de máquina. Em comparação com o algoritmo tradicional de Descent Stochastic Gradient Descent (DSGD), o FedAvg reduz significativamente o overhead de comunicação, o que o torna particularmente adequado para o treinamento distribuído de modelos de aprendizado de máquina em grande escala. A redução de comunicação é um fator crítico, pois em um ambiente federado, a transmissão de dados pode ser extremamente dispendiosa em termos de largura de banda e consumo de energia.

A pesquisa sobre o FedAvg tem se concentrado em melhorar sua robustez frente a distribuições de dados não i.i.d. (independentes e identicamente distribuídos), além de otimizar seu desempenho em ambientes com recursos limitados. A popularidade do FedAvg pode ser atribuída não apenas à sua eficiência em termos de comunicação, mas também à sua capacidade de lidar com essas condições adversas de maneira eficaz. Além disso, avanços em técnicas como compressão de comunicação, quantização e esparsificação de modelos têm sido incorporados ao FedAvg para reduzir ainda mais o uso de recursos e melhorar a escalabilidade.

A otimização federada de primeira ordem, como exemplificado pelo FedAvg, é apenas uma parte de um ecossistema mais amplo de métodos de aprendizado federado. As técnicas de agregação de modelos globais em redes sem fio, por exemplo, têm evoluído com o uso de tecnologias como AirComp. Essa abordagem otimiza simultaneamente o design da seleção de dispositivos e o beamforming (formação de feixe) para a recepção das atualizações do modelo. O modelo de agregação, nesse caso, é projetado para reduzir a latência e melhorar a taxa de convergência, um dos principais desafios em sistemas de aprendizado federado que dependem de comunicação sem fio. O desenvolvimento dessas estratégias de co-design de comunicação e computação tem sido crucial para aumentar a eficácia do aprendizado federado, especialmente quando lidamos com redes de dispositivos heterogêneos e ambientes dinâmicos.

A otimização de segundo e terceiro ordem, como no caso dos algoritmos Zeroth-Order Optimization, também é relevante em cenários de aprendizado federado, onde as informações de gradiente podem ser difíceis de obter diretamente. Nesses casos, a minimização de funções de custo sem a necessidade de calcular gradientes pode ser uma alternativa viável, embora mais complexa. Mesmo assim, a vantagem de tais abordagens é que elas permitem treinamento em ambientes ainda mais restritos, com menor capacidade computacional.

Em conjunto com esses algoritmos, a pesquisa sobre aprendizado federado inteligente também está explorando a utilização de superfícies refletoras inteligentes (IRS), drones e até mesmo o uso de blockchain para garantir a confiança no processo de treinamento e validação dos modelos. Cada uma dessas inovações busca não só melhorar a eficiência e a segurança, mas também lidar com questões específicas como interferência no processo de agregação de modelos, confiança nos dados e privacidade.

Ao compreender os fundamentos das otimizações de primeira e segunda ordem no contexto do aprendizado federado, o leitor deve também considerar a importância de ajustar as configurações de comunicação e computação para o ambiente específico. Dispositivos móveis têm restrições mais severas do que os servidores tradicionais de nuvem, e a otimização para cada tipo de dispositivo, rede e cenário de uso é fundamental para maximizar a eficiência dos modelos treinados. Além disso, é essencial que os pesquisadores e desenvolvedores tenham em mente a escalabilidade dos sistemas federados, garantindo que eles possam ser expandidos para suportar um número crescente de dispositivos sem comprometer a qualidade ou a segurança dos modelos.