A temperatura da água é um fator fundamental para o sucesso da terapia aquática, especialmente quando se trabalha com cães de diferentes idades, tamanhos e condições físicas. Para pacientes idosos com artrite, cães pequenos ou filhotes, a água abaixo de 30°C pode ser considerada fria demais, o que pode comprometer o conforto e a eficácia do tratamento. A temperatura ideal para estímulo da circulação sanguínea, com efeitos terapêuticos, situa-se em torno de 36°C, sendo essa temperatura adequada para a maioria dos casos de reabilitação.
O ambiente aquático deve ser pensado para acomodar cães de grande porte, garantindo espaço suficiente para movimentos amplos e exercícios intensivos. O profissional que conduz a terapia geralmente está na água junto ao animal, auxiliando e estimulando os movimentos das patas, oferecendo resistência que limita a progressão do cão, promovendo um trabalho muscular controlado e eficiente. Essa resistência pode ser complementada por jatos de água estratégicos.
A profundidade da piscina é outro elemento essencial, já que deve ser suficiente para que cães maiores não toquem o fundo, evitando apoios que comprometem o exercício. Ao mesmo tempo, não pode ser tão profunda que dificulte a atuação do terapeuta na orientação dos movimentos. Para facilitar o acesso dos cães à piscina, sistemas de elevação, rampas e degraus são recomendados, especialmente para animais com mobilidade reduzida.
No que diz respeito ao equipamento, o esteira subaquática (UWTM) é uma ferramenta prática e versátil. Modelos com duas portas, uma para entrada e outra para saída, facilitam o manejo de cães grandes, eliminando a necessidade de manobras que poderiam estressar ou machucar o animal. A integração da esteira em piscinas também é comum, o que facilita a limpeza e a manutenção, além de permitir que um ou dois profissionais auxiliem o cão durante o exercício, o que é crucial no caso de pacientes neurológicos que necessitam de estímulo e controle precisos dos membros.
Além disso, o uso de equipamentos auxiliares enriquece a terapia, como coletes salva-vidas não restritivos que ajudam na flutuação e aumentam a resistência durante os exercícios. Dispositivos como arnês, slings, faixas elásticas, bolas e até mesmo faixas para cabelo são utilizados para oferecer suporte e resistência conforme a necessidade do paciente. Protetores auriculares, como snoods e anéis inflados ao redor do pescoço, são importantes para evitar a entrada de água nos ouvidos, prevenindo infecções, especialmente em cães predispostos. Fraldas para natação são utilizadas para evitar contaminação da água com fezes.
Para desafiar o equilíbrio e fortalecer os músculos estabilizadores, pranchas flutuantes são inseridas na rotina, enquanto pesos para membros e outros acessórios proporcionam resistência adicional. A colocação de dispositivos de flutuação em membros afetados pode promover a amplitude de movimento ativa, enquanto em membros contralaterais incentiva o suporte de peso, extensão articular e prolonga a fase de apoio durante o movimento.
A manutenção da água utilizada na terapia é imprescindível para a saúde dos pacientes e profissionais. A limpeza e desinfecção devem ser realizadas com rigor, prevenindo infecções causadas por microrganismos e contaminação orgânica, sendo a contaminação fecal a principal fonte de risco. Antes de cada sessão, pacientes devem ser avaliados para detectar feridas abertas, irritações cutâneas ou incontinência, para evitar a introdução de agentes patogênicos na água. Pacientes imunocomprometidos demandam atenção especial devido à sua maior suscetibilidade a infecções.
Testes microbiológicos da água devem ser realizados ao menos duas vezes por semana em ambientes com fluxo constante de pacientes. Situações especiais, como retorno do equipamento após paradas prolongadas, suspeita de contaminação ou alteração do protocolo de desinfecção, exigem análises adicionais. A água e os equipamentos, como esteiras subaquáticas e piscinas, devem ser higienizados regularmente, embora a limpeza completa após cada paciente nem sempre seja prática.
Desinfetantes à base de cloro ou bromo são os mais usados, com concentrações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde: pelo menos 1 mg/L para cloro e até 4-5 mg/L para bromo, ajustadas conforme o tipo de instalação e acesso público. O teor de sólidos totais dissolvidos (TDS) na água deve ser monitorado diariamente, mantendo-se abaixo de 1500 mg/L, não ultrapassando 1000 mg/L acima do nível do abastecimento local.
A filtração é essencial para a qualidade da água e eficiência da desinfecção, já que a presença de partículas sólidas pode proteger microrganismos contra agentes químicos. A OMS recomenda que a maior parte da água filtrada seja retirada da superfície, onde se concentra o maior volume de poluentes, enquanto uma parte menor deve ser retirada do fundo, onde resíduos se acumulam. A reposição com água fresca é uma prática usada para manter a qualidade do meio aquático.
Compreender as nuances do ambiente aquático, a interação entre o paciente, o terapeuta e os equipamentos, assim como a importância da manutenção rigorosa, é fundamental para garantir a segurança e eficácia da terapia. Além disso, é vital considerar a individualidade de cada paciente — idade, tamanho, estado clínico e objetivos do tratamento — para ajustar não apenas a temperatura e profundidade, mas também os dispositivos auxiliares e protocolos de higiene.
Reabilitação das Tendinopatias do Ombro em Cães: Diagnóstico, Tratamento e Protocólos de Reabilitação
As tendinopatias do ombro, que afetam comumente o tendão do bíceps braquial e do supraespinhoso, são condições recorrentes em cães de porte grande, especialmente aqueles que praticam atividades intensas, como agility ou trabalho físico exigente. Essas condições, em muitos casos, surgem devido às forças significativas impostas às extremidades torácicas durante atividades como saltos e aterrissagens. A claudicação associada a essas tendinopatias geralmente se manifesta como uma dificuldade insidiosa de sustentação de peso, embora lacerações agudas possam levar a uma claudicação grave e não suportada.
A identificação dessas condições geralmente ocorre nas fases subaguda ou crônica, quando os sintomas se tornam mais evidentes. No caso da tendinopatia do supraespinhoso, por exemplo, 75% dos cães não respondem a tratamentos anteriores com descanso e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), e aproximadamente 45,5% não apresentam melhora significativa com programas de reabilitação pré-existentes. Esse cenário levanta a necessidade de abordagens terapêuticas mais eficazes, como o uso de terapias físicas e modalidades de tratamento avançadas, incluindo a ultrassonografia musculoesquelética e a injeção intra-articular de plasma rico em plaquetas (PRP).
No tratamento das lesões agudas, o repouso, o manejo da dor e a terapia manual desempenham papéis cruciais. Além disso, o uso de terapias físicas, como a fotobiomodulação (PBMT) e o campo eletromagnético pulsado (PEMF), são integrados ao plano de reabilitação para reduzir a inflamação e acelerar a cicatrização. Durante a fase subaguda e crônica, um protocolo de reabilitação meticulosamente estruturado é essencial. Este protocolo inclui exercícios terapêuticos graduais, como exercícios de amplitude de movimento passiva controlada (PROM), exercícios proprioceptivos, diatermia e ultrassom terapêutico.
Em um plano de tratamento eficaz para tendinopatias do ombro, após cerca de 15 dias de tratamento, o exercício na esteira subaquática pode ser introduzido, com a água alcançando o nível do maior trocânter do fêmur. Os passeios curtos com coleira podem ser acrescentados à rotina domiciliar, com duração máxima de 15 minutos. Ao longo de dois a quatro meses, os exercícios terapêuticos devem ser progressivamente intensificados, enquanto os passeios com coleira podem ser estendidos para até 25 minutos. Durante o período de quatro a seis meses, as sessões de esteira subaquática devem ser intensificadas, incluindo caminhada contra a correnteza, e os passeios com coleira podem ser estendidos para até 45 minutos.
É importante considerar que a avaliação ultrassonográfica seriada dos tendões do ombro pode fornecer informações mais detalhadas e úteis do que a simples avaliação clínica da claudicação, especialmente quando se busca determinar o retorno ao esporte ou a atividades normais. A terapia de ondas de choque piezoelétricas (ESWT) também mostrou resultados promissores quando combinada com restrição de exercícios. Um protocolo específico de tratamento com ESWT, realizado uma vez por semana por três sessões, resultou em uma melhora significativa na aparência ultrassonográfica das lesões no tendão e redução da claudicação. Nos cães atletas, 85,7% retornaram ao esporte, e 88,9% dos cães de estimação voltaram à atividade normal após três meses de tratamento.
Além das terapias físicas, o uso de massagens terapêuticas e alongamentos é fundamental para a recuperação muscular. A massagem, iniciando com técnicas de effleurage e progredindo para petrissage, deve ser aplicada nos músculos braquiais direitos, músculos escapulares e nos músculos da região do trapézio e romboides. Este tipo de intervenção visa aliviar a tensão muscular e melhorar a flexibilidade, facilitando a reabilitação e o movimento normal do membro afetado.
Quando se observa a claudicação relacionada às tendinopatias do ombro, é possível notar sinais físicos específicos durante o exame clínico, como dor durante o alongamento do bíceps (flexão do ombro com cotovelo estendido) ou dor à palpação da região da ranhura bicipital, no caso de tendinopatia bicipital. Já na tendinopatia do supraespinhoso, a dor é mais evidente durante o alongamento do supraespinhoso (hiperflexão do ombro com cotovelo relaxado ou flexionado), além de dor à palpação do tendão supraespinhoso. Embora a claudicação geralmente ocorra de forma unilateral, mesmo em casos bilaterais, o diagnóstico físico é um passo inicial crucial para determinar o tratamento apropriado.
A progressão da reabilitação deve ser cuidadosamente monitorada. Caso a resposta ao tratamento seja positiva, a fase de reabilitação pode ser seguida por um programa de treinamento específico para esportes, o que inclui exercícios direcionados às atividades que o animal realizava antes da lesão. Quando a dor é controlada e a amplitude de movimento do ombro se aproxima dos níveis normais, o paciente pode ser liberado para um regime de exercícios mais intensos e específicos para a sua rotina de atividade, com acompanhamento contínuo.
O cuidado com a qualidade do tratamento e a observação dos resultados ao longo do tempo são essenciais para garantir a recuperação total do animal, minimizando a chance de recorrência da lesão e promovendo o retorno às suas atividades normais de maneira segura.
Qual é a Anatomia da Vascularização das Almofadas Plantares de Cães e Como isso Impacta sua Saúde e Bem-Estar?
O estudo da vascularização das almofadas plantares de cães revela um complexo sistema de estruturas responsáveis pela distribuição sanguínea que mantém a integridade e a funcionalidade das patas. A anatomia desse sistema é essencial para entender como as forças mecânicas e os desafios físicos afetam esses animais, especialmente no contexto de trabalho e reabilitação. Em um cenário de reabilitação, por exemplo, é crucial reconhecer os impactos de diferentes tipos de lesões nas patas dos cães de trabalho, já que essas estruturas estão diretamente envolvidas em sua mobilidade, conforto e saúde geral.
A vascularização das almofadas plantares em cães envolve uma rede intricada de vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e nutrientes para as células locais. Essa estrutura complexa ajuda na dissipação de forças de impacto durante atividades como corrida, salto ou até mesmo quando o cão se encontra em terrenos acidentados. A compreensão dessa anatomia torna-se ainda mais relevante quando consideramos a fisiopatologia associada ao envelhecimento ou a doenças que afetam o sistema musculoesquelético, como a artrite.
Além disso, a saúde das almofadas plantares é crucial para cães que desempenham funções especiais, como cães de busca e resgate. Estes animais, frequentemente expostos a terrenos ásperos e difíceis, podem sofrer lesões que envolvem a vasculatura das patas, o que pode levar a sérios problemas de mobilidade. Tais lesões, se não tratadas adequadamente, podem comprometer a eficiência do cão em suas atividades profissionais, prejudicando sua qualidade de vida e, em alguns casos, comprometendo sua carreira. A vascularização saudável das almofadas plantares é, portanto, uma das chaves para garantir o bom desempenho de cães de trabalho, tanto em missões de resgate quanto em serviços militares e policiais.
Além disso, a regeneração e o fortalecimento dessa área são de particular importância no caso de cães geriatricos. O envelhecimento dos cães é um processo multifacetado, envolvendo não apenas uma redução nas capacidades físicas, mas também alterações nas funções vasculares e musculares. Cães mais velhos frequentemente apresentam uma diminuição na circulação sanguínea local, o que pode contribuir para a lentidão na recuperação de lesões nas almofadas plantares, tornando a reabilitação uma etapa crítica para manter sua qualidade de vida.
Outro aspecto relevante da vascularização das almofadas plantares de cães envolve o diagnóstico e tratamento de comorbidades que afetam cães idosos. A diminuição do fluxo sanguíneo para as extremidades pode ser exacerbada por doenças vasculares, como a disfunção endotelial ou problemas sistêmicos que prejudicam a circulação, afetando diretamente a recuperação de lesões e a performance geral do animal.
Reabilitar um cão de trabalho ou um cão idoso exige uma compreensão profunda da anatomia de suas patas, pois as terapias voltadas para melhorar a circulação, a flexibilidade e a força das almofadas plantares podem ter um impacto significativo em sua saúde geral e mobilidade. Programas de reabilitação que envolvem fisioterapia, exercícios específicos para fortalecimento da musculatura e estímulos circulatórios podem ser essenciais para garantir que o cão se recupere adequadamente de lesões e continue a desempenhar suas funções de maneira eficaz.
Além disso, a gestão de dor é um componente crítico no tratamento de cães com lesões nas almofadas plantares ou em cães idosos, pois muitas vezes as condições crônicas podem levar ao desenvolvimento de dor musculoesquelética e articular. A combinação de terapias multimodais, como uso de anti-inflamatórios, terapias físicas, e até intervenções nutricionais, tem se mostrado eficaz em proporcionar alívio a esses pacientes, contribuindo para um envelhecimento saudável e para a manutenção de sua qualidade de vida.
A abordagem da reabilitação para cães mais velhos precisa ser adaptada às suas necessidades específicas, levando em conta não só a idade cronológica, mas também o status de saúde geral do animal, incluindo seu peso corporal, a presença de doenças subjacentes e condições neuromusculares. Com a devida atenção a esses fatores, é possível proporcionar aos cães idosos uma vida mais confortável e ativa, que pode durar muitos anos, especialmente quando aliados a intervenções adequadas.
A vascularização das almofadas plantares, portanto, não deve ser vista de forma isolada, mas como parte de um sistema integrado de fatores que afetam a saúde do cão como um todo. A reabilitação bem-sucedida depende de uma abordagem holística que compreenda a fisiologia do envelhecimento e as particularidades das lesões, bem como uma adaptação contínua das terapias às necessidades do paciente.
Como ocorre a cicatrização óssea e quais fatores influenciam seu sucesso?
A cicatrização óssea é um processo regenerativo complexo que visa restaurar completamente a morfologia e as propriedades mecânicas originais do osso fraturado. A dor funciona como um estabilizador primário, limitando o suporte de peso e prevenindo movimentos que possam comprometer a consolidação da fratura. Existem duas formas principais de cicatrização óssea: a primária (ou direta) e a secundária (ou indireta), que dependem da natureza e do tratamento da fratura.
A cicatrização primária ocorre quando as superfícies ósseas fraturadas apresentam um espaço interfragmentário mínimo (menor que 1 mm) e baixa deformação (menos que 2%). Em alguns casos de fraturas estáveis e finas, a cicatrização pode se dar de forma primária espontaneamente, mas, geralmente, requer intervenção cirúrgica para garantir a rigidez necessária. Nesse tipo de cicatrização, a estabilização rígida impede a formação de calo intermediário, e o processo se dá através da ação dos cones de corte, que facilitam a continuidade óssea pela deposição direta de osso lamelar maduro. Uma variação deste processo é a cicatrização por gap, na qual pequenos espaços estáveis são inicialmente preenchidos por tecido de granulação e osso imaturo (woven bone), que depois é remodelado para osso lamelar por atividade dos cones de corte. A ausência de movimento entre os fragmentos é um pré-requisito indispensável para esse tipo de cicatrização.
Já a cicatrização secundária ocorre sem intervenção cirúrgica e envolve várias fases sequenciais. Inicialmente, a fratura causa lesão nos tecidos moles, rompimento dos vasos sanguíneos locais e hemorragia aguda, que leva à formação do hematoma fraturário, preenchendo o local da fratura e, por vezes, envolvendo fragmentos deslocados. Em poucas horas, inicia-se uma resposta inflamatória aguda, com infiltração de neutrófilos e macrófagos para a limpeza de tecidos necrosados. A fase reparativa começa com a proliferação de capilares a partir dos tecidos circundantes, transformando o hematoma em tecido de granulação, que oferece a primeira estabilidade e constitui o suprimento sanguíneo extraósseo essencial para a cicatrização.
Há uma intensa proliferação e migração de células progenitoras provenientes do tecido mole vizinho, estimuladas pelas tensões mecânicas no tecido de granulação, que induzem a deposição de uma matriz fibrocartilaginosa desorganizada e do osso imaturo ao longo de semanas. O calo ósseo inicial é formado por fibras de colágeno frouxamente organizadas e se expande radialmente, aumentando o diâmetro para resistir a forças de flexão. Células-tronco mesenquimais oriundas do periósteo, endósteo, medula óssea, circulação e músculos diferenciam-se em condrócitos e osteoblastos em resposta a fatores de crescimento, iniciando a mineralização dessa matriz e a formação do calo duro, primeira manifestação radiográfica da cicatrização secundária. Esse calo ósseo duro une os fragmentos, restabelecendo a continuidade óssea e marcando a transição para a fase de remodelação, que pode durar anos. Durante essa etapa, o osso imaturo é gradualmente reabsorvido e substituído por osso lamelar mais denso e organizado, enquanto o canal medular é reconstituído. Ao contrário da cicatrização primária, a secundária requer certo grau de micromovimento, e o retorno da força óssea plena pode levar meses.
Diversos fatores influenciam a cicatrização óssea. A carga mecânica através do suporte de peso é fundamental, pois estimula a atividade osteoblástica e pode acelerar a recuperação óssea. A frequência e o alinhamento das cargas aplicadas no osso têm impacto direto na formação e orientação da matriz óssea. A irrigação sanguínea adequada é crucial, exigindo cuidados delicados no manejo dos tecidos durante intervenções cirúrgicas. Além disso, campos elétricos naturais no osso têm papel no processo, podendo ser potencializados externamente para estimular a cicatrização.
Por outro lado, a cicatrização pode ser prejudicada por fatores como envelhecimento, doenças sistêmicas (diabetes, anemia, distúrbios hormonais), desnutrição, uso de certos medicamentos (anti-inflamatórios, antibióticos como fluoroquinolonas, anticoagulantes), além de condições de imobilização prolongada. A ausência de carga mecânica, seja por imobilização patológica ou iatrogênica, provoca perda progressiva da massa óssea em fases, afetando todas as camadas do osso, especialmente o córtex e o periósteo. Esse fenômeno é particularmente preocupante em animais jovens em crescimento, pois pode gerar danos irreversíveis.
A orientação do cristal de apatita no osso é sensível ao estresse mecânico. O uso excessivo de estabilização rígida pode comprometer essa orientação, reduzir os benefícios do estresse fisiológico e aumentar o risco de complicações como retardo de consolidação ou refratura. A manutenção da saúde óssea depende de princípios que envolvem a especificidade do estímulo físico, a sobrecarga progressiva, o ponto inicial de massa óssea, o teto biológico para ganho de densidade, a dessensibilização dos osteócitos e a reversibilidade dos efeitos benéficos em caso de descontinuação do estímulo.
É importante compreender que a cicatrização óssea não é um fenômeno isolado e rápido, mas sim um processo integrado e prolongado, dependente de fatores biológicos, mecânicos e ambientais. O equilíbrio entre estabilidade e micromovimento, a preservação do suprimento sanguíneo e a adequação da carga mecânica são elementos centrais para um reparo efetivo. A gestão cuidadosa do paciente, considerando suas condições sistêmicas e os estímulos adequados, pode determinar a diferença entre uma recuperação plena e complicações que atrasam ou impedem a consolidação do osso.
Quais são os riscos e benefícios do uso de opioides em cães no manejo da dor?
O uso de opioides no manejo da dor em cães continua a ser um tema complexo e envolto em desafios, especialmente em razão de sua eficácia, mas também de seus efeitos adversos. Os opioides são substâncias poderosas, utilizadas para o alívio da dor aguda ou crônica, e sua ação baseia-se principalmente na ativação de receptores mu, presentes no sistema nervoso central. Contudo, o uso desses medicamentos, embora efetivo, envolve uma série de considerações sobre sua farmacocinética, segurança e impacto em longo prazo.
O fentanil é um opioide potente e de ação curta, frequentemente administrado por infusão intravenosa contínua (CRI) em cães. Apesar de sua eficácia, há uma grande variabilidade na forma como o organismo dos cães metaboliza esse medicamento. O uso de adesivos transdérmicos de fentanil (Duragesic®) foi registrado, mas seu emprego é limitado devido à variabilidade cinética e ao risco de exposição humana, especialmente em crianças. Além disso, o fentanil não possui um efeito significativo de liberação de histamina, o que pode ser vantajoso em comparação a outros opioides que desencadeiam reações alérgicas ou desconforto gastrointestinal.
Quando se trata de opioides orais, como a codeína, é importante notar que os cães não convertem a codeína em morfina como os humanos, mas produzem metabolitos bioativos, como o codeína-6-glucuronídeo. No entanto, estudos indicam que a codeína, administrada oralmente, não consegue elevar os limiares mecânicos de dor nos cães, o que limita sua eficácia. O hidrocodone apresenta dados conflitantes, com algumas pesquisas sugerindo uma conversão pobre para hidromorfona, um analgésico mais potente. O oxicodona, por sua vez, tem um número de estudos muito limitado, e, quando administrado por via retal, não mostra grandes vantagens em relação à administração oral.
A buprenorfina, um agonista parcial do receptor mu, se destaca por ter uma maior afinidade pelo receptor mu do que a morfina, embora seu efeito analgésico seja mais limitado devido ao seu "efeito teto". Isso significa que, embora ofereça um alívio da dor, não pode ser tão eficaz quanto os opioides de ação total. Em cães, a variabilidade na resposta ao medicamento pode ser substancial, e o uso de formulações de liberação prolongada de buprenorfina ainda carece de dados robustos. No entanto, estudos sugerem que o uso subcutâneo de buprenorfina em cães pode proporcionar um efeito não inferior ao da administração intramuscular.
Butorfanol, um agonista kappa-antagonista mu, possui um efeito muito limitado e de curta duração, sendo mais útil em situações de dor visceral. No entanto, sua eficácia é comprometida pela sua curta duração de ação, que gira em torno de 30 a 40 minutos, tornando-o ineficaz para condições de dor mais prolongada. Já a naloxona, um antagonista do receptor mu, é amplamente utilizada para reverter overdoses de opioides, mas microdoses têm mostrado potencial para melhorar a analgesia quando combinada com buprenorfina.
É crucial que veterinários estejam cientes do perfil de efeitos adversos dos opioides, que incluem disforia induzida por opioides, náuseas, apatia, hipotermia e, em casos extremos, hiperalgesia e depressão respiratória. O uso de estratégias que minimizem a necessidade de opioides pode reduzir esses riscos. Por exemplo, a administração pré-operatória de maropitant, um antagonista do neuroquinina 1, tem mostrado eficácia na recuperação do apetite após a administração de opioides como o hidromorfona, embora seu efeito analgésico não tenha sido substanciado em modelos clínicos.
A prescrição de opioides deve ser cuidadosamente controlada, pois, além dos efeitos adversos imediatos, o uso crônico pode levar a complicações, como constipação e dependência. A abordagem para o manejo da dor deve ser multifacetada, considerando não apenas o uso de opioides, mas também o uso de adjuvantes e estratégias de redução de danos. A educação sobre os riscos dos opioides, tanto para os profissionais de saúde veterinária quanto para os donos de animais, é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar dos cães.
É importante que os veterinários considerem o histórico clínico de cada paciente antes de prescrever opioides e que utilizem essas substâncias de forma criteriosa, reconhecendo os sinais de overdose ou efeitos adversos. O uso de opioides deve ser, preferencialmente, uma solução de curto prazo, dentro de um plano de manejo da dor mais amplo e personalizado. Ao mesmo tempo, a supervisão contínua da resposta do animal e o monitoramento rigoroso da evolução do quadro doloroso são fundamentais para a eficácia do tratamento e a segurança do paciente.
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