O dopamento de oxigênio no diamante é um fenômeno que resulta em mudanças significativas na estrutura eletrônica e nas propriedades de condução elétrica do material. A introdução de oxigênio na rede de diamante desloca a estrutura de bandas para uma posição mais baixa em comparação com o diamante puro. Essa mudança afeta principalmente o nível de dopagem, que se torna mais profundo. A partir disso, surge um intervalo de energia de aproximadamente 1,34 eV para o spin maior (") e 1,10 eV para o spin menor (#), como ilustrado nas figuras correspondentes.

Quando o conteúdo de oxigênio na rede de diamante aumenta, a estrutura da banda também é alterada. Para um diamante dopado com 3,12% de oxigênio, a energia do gap diminui consideravelmente, atingindo cerca de 0,46 eV para os portadores de carga de spin maior (") e 0,44 eV para os de spin menor (#). Isso é visível nas representações gráficas correspondentes, que mostram a criação de níveis de impureza próximos ao máximo da banda de condução (CBM) e ao máximo da banda de valência (VBM). Esses níveis de impureza fazem com que a banda de condução se estenda em direção ao nível de Fermi, resultando em uma redução adicional do intervalo de energia, o que faz com que o diamante dopado com oxigênio se comporte como um bom semicondutor.

Estudos anteriores, como os realizados por Zhou et al., corroboram essas observações. No entanto, a magnitude da energia do gap pode variar dependendo da concentração de oxigênio no diamante. Os resultados atuais baseados na Teoria do Funcional da Densidade (DFT) confirmam que a adição de oxigênio à rede de diamante aumenta sua condutividade elétrica, fazendo com que o diamante dopado com oxigênio se comporte como um semicondutor.

Além disso, a densidade de estados total e parcial de diamantes dopados com oxigênio, conforme mostrado nas figuras relevantes, revela que as bandas de valência e de condução são predominantemente ocupadas pelos estados de O 2p. A criação de níveis de impureza dentro do intervalo de banda resulta na diminuição do gap eletrônico. A formação de um nível de banda localizado próximo a ~55 eV empurra a CBM para mais perto do nível de Fermi, reforçando a ideia de que o oxigênio atua como um doador.

Contudo, é importante notar a divergência entre os resultados observados neste estudo e os apresentados por Long et al., que atribuíram ao oxigênio um papel de aceitador em diamantes, criando níveis de impureza próximos ao VBM. Essa diferença pode ser explicada pela forma como o oxigênio é absorvido na superfície do diamante, com Long et al. observando apenas interações com C–O–C ou C=O, enquanto o presente estudo foca na configuração C4–O, que explica o comportamento do oxigênio como doador.

A análise das densidades de estados projetadas, particularmente para dopagens com um único átomo de oxigênio, revela que a dopagem com oxigênio mantém a condutividade do sistema. A contribuição significativa dos estados O 2p no nível de Fermi sugere que o material se comporta como um semicondutor não magnético. Além disso, a ausência de momentos magnéticos nas estruturas analisadas confirma que o diamante dopado com oxigênio, em sua forma simples ou com dopagens duplas, não exibe propriedades magnéticas, comportando-se exclusivamente como um semicondutor.

Para melhor compreender o efeito da dopagem de oxigênio, é necessário observar a distribuição de densidade de carga nos defeitos gerados. A troca do carbono por oxigênio na rede cristalina resulta na formação de uma carga excessiva ao redor dos átomos de oxigênio, criando dipolos Cδ+–Oδ–. Isso implica que os átomos de oxigênio formam ligações mais fortes com os átomos de carbono em comparação com as ligações C–C, o que contribui para a formação de defeitos e, potencialmente, para a alteração da estrutura do material.

A densidade de carga distribuída de maneira assimétrica também implica que o comportamento dos diamantes dopados com oxigênio pode variar dependendo da concentração de oxigênio e das configurações de ligações. Isso é crucial para o controle da qualidade e das propriedades do diamante dopado com oxigênio, especialmente no que diz respeito à sua aplicação em dispositivos semicondutores, onde o controle preciso das propriedades eletrônicas é fundamental.

Portanto, além das observações sobre a diminuição do intervalo de bandgap e o comportamento semicondutor, é essencial que o leitor entenda que a natureza do oxigênio como doador ou aceitador pode variar dependendo da forma como ele interage com a estrutura do diamante. As diferenças nas configurações de dopagem e as variações na concentração de oxigênio são fatores determinantes na modulação das propriedades elétricas e magnéticas dos diamantes dopados. Assim, o estudo da dopagem de oxigênio não só traz implicações para a condutividade elétrica, mas também para a aplicação de diamantes em tecnologias avançadas, como dispositivos eletrônicos e sensores.

Como a Condutividade Térmica das Nanopinturas de CNTs Afeta a Desempenho de Componentes Poliméricos Automotivos?

A condutividade térmica, λs, de amostras finas (onde a tinta foi removida do substrato) pode ser extraída pela seguinte fórmula:

P=ΔAλΔT2ΔxP = \frac{\Delta A \cdot \lambda \cdot \Delta T}{2 \cdot \Delta x}

onde PP é a potência total gerada, AA é a área do padrão condutor, λs\lambda_s é a condutividade térmica da amostra fina, ΔT\Delta T é a diferença de temperatura completamente desenvolvida através de uma das camadas isolantes e Δx\Delta x é a espessura das peças de amostra fina. A espessura mínima da camada é de 25 μm, com uma resolução de 0,5 μm. Foram realizadas medições para as seguintes tintas: Paint200%, CNT0.1%, CNT0.2%, CNT0.3%, CNT0.4%, CNT0.5%, CNT0.7% e CNT1.0%. Na Tabela 7.11 estão apresentados os resultados principais da condutividade térmica dessas amostras, com a incerteza U(λs)U(\lambda_s) calculada levando em conta a incerteza na espessura medida com o micrômetro.

É possível observar que a adição de nanopartículas de carbono (CNTs) causa um aumento da condutividade térmica até a concentração de 0,7% em peso de CNTs, após o qual a condutividade começa a diminuir. A Figura 7.19 apresenta a condutividade térmica em função da porcentagem de CNTs em peso. Embora seja possível ajustar esses valores a curvas polinomiais de diferentes ordens, é necessário conhecer os valores exatos do limiar de percolação e o aumento máximo da condutividade para justificar a escolha da ordem do polinômio. Além disso, é importante mencionar que à medida que a tinta é aplicada ao substrato (peça polimérica), o diluente evapora, o que faz com que a porcentagem de nanopartículas nas nanopinturas aumente consideravelmente. Em altas concentrações de CNTs, as propriedades térmicas da nanopintura mudam. Essas amostras foram produzidas seguindo os mesmos procedimentos usados para outros testes, com a diferença de que o número de aplicações de tinta foi dobrado para quatro etapas, a fim de obter uma espessura maior do que o limite para a medição de λs\lambda_s.

A degradação da condutividade térmica ao adicionar CNTs em concentrações superiores a 0,7% deve ser justificada pelo aumento da resistência de contato resultante das ligações fracas entre os CNTs. Esse fenômeno está diretamente relacionado à forma como as nanopartículas interagem no sistema. A adição de CNTs de diferentes concentrações foi analisada na fase líquida, e os resultados mostram um aumento geral da condutividade térmica da tinta base com a presença de CNTs. Porém, a introdução de nanopartículas de Fe3O4 não gerou mudanças significativas nas propriedades térmicas da nanopintura.

A Tabela 7.12 resume os dados sobre a condutividade térmica das nanopinturas na fase líquida, apresentando também a variação percentual em relação à Paint200%. Observa-se que o aumento da condutividade térmica é mais pronunciado nas nanopinturas com CNTs em comparação com a base, indicando que as nanopartículas de carbono são efetivas para melhorar as propriedades térmicas da tinta.

Além disso, foi considerado útil medir a condutividade térmica da tinta também na fase líquida, para obter um índice de possíveis incrementos nas propriedades térmicas da fase sólida da nanopintura. Para isso, foi utilizado um analisador térmico KD2 Pro, baseado no método de fio transiente para medir a condutividade térmica. A análise da condutividade térmica na fase líquida mostrou que a adição de CNTs melhora de forma considerável as propriedades térmicas da tinta base, e o comportamento linear dessa melhoria foi observado até 1,0% de CNTs, conforme apresentado na Figura 7.20.

Por fim, também foram realizadas medições de condutividade elétrica (σdc) dos materiais, utilizando um eletrometro Keithley 6517B, entre 170 e 380 K. Durante as medições, as amostras foram mantidas em uma atmosfera de hélio para minimizar gradientes térmicos. As análises mostraram que a condutividade elétrica do sistema diminui com o aumento da temperatura, um comportamento típico dos materiais metálicos. Para temperaturas superiores a 300 K, a condutividade elétrica apresenta um aumento abrupto, sugerindo que acima dessa temperatura, os portadores de carga tornam-se termicamente ativados e predominam no processo de condução elétrica.

A condutividade elétrica foi também medida em nanopinturas com diferentes concentrações de CNTs, como CNT0.1%, CNT0.5% e CNT1.0%, e os resultados indicaram que para CNT0.1% não houve aumento substancial da condutividade elétrica em comparação com a Paint200%. No entanto, para concentrações mais altas de CNTs, o aumento foi mais significativo.

É fundamental compreender que, ao trabalhar com nanopinturas, a interação entre as nanopartículas e o substrato polimérico desempenha um papel crucial nas propriedades térmicas e elétricas do material. A formação de uma rede condutora de CNTs dentro da matriz polimérica pode aumentar as propriedades de condução, mas esse efeito depende da concentração e da distribuição homogênea das nanopartículas. Quando a concentração de CNTs ultrapassa um certo limite, pode ocorrer uma redução nas propriedades condutoras devido ao aumento da resistência de contato entre os CNTs, como observado nas amostras com concentrações superiores a 0,7% de CNTs.

Além disso, o processo de evaporação do diluente durante a aplicação das nanopinturas é um fator importante a ser considerado, já que ele pode alterar significativamente a concentração final das nanopartículas no sistema. Portanto, é essencial otimizar o processo de aplicação e a escolha da concentração ideal de CNTs para maximizar os benefícios térmicos e elétricos sem comprometer a integridade do material.