Em problemas de torção, é essencial garantir a coerência das unidades utilizadas. Inicialmente, a grandeza τ\tau tem unidades de momento por comprimento (força vezes comprimento por comprimento, ou seja, força). O módulo de rigidez tem unidades de força por área ou força por comprimento ao quadrado. Já o momento polar de área possui unidades de comprimento à quarta potência, enquanto o módulo efetivo GJGJ possui unidades de força vezes comprimento ao quadrado. Assim, o lado direito da equação, que representa o ângulo de rotação ϕ(x)\phi(x), tem unidades de radianos (unidades de comprimento por comprimento), o que é adequado para o cálculo do ângulo de rotação.

Este exemplo ilustra a estrutura básica para resolver problemas de torção. O problema é estaticamente determinado, o que significa que a única incógnita na expressão para a rotação é a constante de integração. Usamos a condição de contorno de rotação para determinar essa constante. As seções seguintes aplicam a mesma estratégia básica para problemas estaticamente indeterminados e barras não prismáticas.

Em problemas de torção envolvendo sistemas estaticamente indeterminados, como o problema de uma barra fixada em ambas as extremidades, a solução não pode ser obtida apenas por meio das equações de equilíbrio estático. Neste caso, não é possível determinar unicamente os torques de reação apenas com as equações de equilíbrio estático, uma vez que existem duas reações desconhecidas e apenas uma equação de equilíbrio de momentos para o diagrama de corpo livre da barra inteira. Cada vez que se faz um corte para expor o torque interno T(x)T(x), o torque interno ainda é desconhecido, e isso resulta em uma equação adicional. Portanto, não há possibilidade de encontrar um diagrama de corpo livre que permita determinar ambos os torques de reação.

Para resolver um problema estaticamente indeterminado, é necessário utilizar as equações de cinemática juntamente com as condições de contorno de rotação. Para uma barra fixa nas duas extremidades, existem duas condições de contorno para a rotação. A condição adicional nos permite determinar o torque de reação desconhecido, além da constante de integração, como ilustrado no exemplo a seguir.

Considere uma barra fixa nas duas extremidades, de comprimento LL, submetida a um torque aplicado linearmente crescente de magnitude T0T_0. O módulo efetivo da barra é GJGJ. A primeira etapa consiste em expressar a função de carga que representa o torque aplicado. A função é linear, ou seja, t(x)=ax+bt(x) = ax + b. Para determinar os valores de aa e bb, utilizamos as condições t(0)=0t(0) = 0 e t(L)=T0t(L) = T_0. Substituindo esses dois pontos na equação, obtemos duas equações para os coeficientes aa e bb, que podem ser resolvidas para encontrar os valores desejados.

A equação de equilíbrio do corpo livre da barra inteira é dada por:

0LξTAe1+T0e1dξ+TBe1=0\int_0^L \xi T_A e_1 + T_0 e_1 \, d\xi + T_B e_1 = 0

A resolução desta equação resulta na relação entre os dois torques de reação desconhecidos TAT_A e TBT_B. No entanto, essa equação sozinha não é suficiente para determinar unicamente ambos os torques de reação. Para isso, é necessário obter T(x)T(x), o torque interno, a partir da equação de equilíbrio de momento para a barra. O cálculo do torque interno segue a equação:

T(x)=TA12T0LT(x) = -T_A - \frac{1}{2} T_0 L

Com isso, podemos determinar T(x)T(x) em termos do torque de reação TAT_A, o qual ainda é desconhecido. A falta de conhecimento sobre TAT_A não impede a integração da equação diferencial governante da rotação, pois TAT_A não depende de xx. Assim, é possível calcular a rotação ϕ(x)\phi(x), obtendo a solução geral para a rotação da barra.

A solução final é obtida ao aplicar as condições de contorno ϕ(0)=0\phi(0) = 0 e ϕ(L)=0\phi(L) = 0, o que permite determinar o valor de TAT_A. Com isso, podemos completar a solução substituindo TAT_A para encontrar TBT_B, T(x)T(x) e ϕ(x)\phi(x).

No caso de barras não prismáticas, onde a seção transversal varia ao longo do comprimento da barra, a equação governante permanece a mesma, mas o módulo efetivo GJGJ torna-se uma função de xx. Isso implica que o problema pode envolver mudanças abruptas no módulo efetivo, como no caso de barras compostas por diferentes materiais ou seções transversais. Há também a possibilidade de variação contínua do módulo efetivo, o que exige uma abordagem diferenciada para a análise.

Um aspecto importante a ser compreendido é que, embora a solução para problemas estaticamente indeterminados pareça mais complexa à primeira vista, o processo fundamental de análise permanece o mesmo. O número de condições de contorno determina o número de incógnitas e a maneira de abordá-las. Em problemas estaticamente determinados, o número de incógnitas é igual ao número de equações de equilíbrio disponíveis, enquanto em problemas indeterminados, o número de incógnitas excede o número de equações de equilíbrio, exigindo o uso de cinemática para complementar a solução.

Como Determinar os Valores e Vetores Próprios de um Tensor em Duas Dimensões?

A análise de tensores, especialmente no que diz respeito ao cálculo de seus valores e vetores próprios, é um aspecto crucial tanto em física quanto em engenharia. Em sistemas mecânicos e na resolução de problemas envolvendo deformações e forças, a compreensão das propriedades de um tensor torna-se essencial. Vamos explorar este conceito com um exemplo prático de como encontrar os valores e vetores próprios de um tensor em duas dimensões, e como isso se relaciona com a estabilidade e os invariantes principais do sistema.

Considere o tensor TT dado por:

T=[3224]T = \begin{bmatrix}
3 & 2 \\ 2 & 4 \end{bmatrix}

Este tensor está expresso em relação à base canônica {e1,e2}\{e_1, e_2\}, que é o sistema de coordenadas padrão em duas dimensões. O objetivo é determinar os valores próprios (λ\lambda) e os vetores próprios (vv) deste tensor.

Cálculo dos Valores Próprios

Para determinar os valores próprios de um tensor, precisamos resolver o determinante da equação característica associada ao tensor. A equação característica de um tensor TT em duas dimensões é dada por:

det(TλI)=0\text{det}(T - \lambda I) = 0

onde II é a matriz identidade 2x2 e λ\lambda representa os valores próprios. Substituindo o valor de TT, temos:

det([3224]λ[1001])=0\text{det} \left( \begin{bmatrix} 3 & 2 \\ 2 & 4 \end{bmatrix} - \lambda \begin{bmatrix} 1 & 0 \\ 0 & 1
\end{bmatrix} \right) = 0

O que resulta em:

det[3λ224λ]=0\text{det} \begin{bmatrix} 3-\lambda & 2 \\ 2 & 4-\lambda
\end{bmatrix} = 0

Expansão do determinante:

(3λ)(4λ)22=0(3-\lambda)(4-\lambda) - 2 \cdot 2 = 0
123λ4λ+λ24=012 - 3\lambda - 4\lambda + \lambda^2 - 4 = 0
λ27λ+8=0\lambda^2 - 7\lambda + 8 = 0

Resolvendo essa equação quadrática:

λ=7±(7)241821=7±49322=7±172\lambda = \frac{7 \pm \sqrt{(-7)^2 - 4 \cdot 1 \cdot 8}}{2 \cdot 1} = \frac{7 \pm \sqrt{49 - 32}}{2} = \frac{7 \pm \sqrt{17}}{2}

Os valores próprios são:

λ1=7+172,λ2=7172\lambda_1 = \frac{7 + \sqrt{17}}{2}, \quad \lambda_2 = \frac{7 - \sqrt{17}}{2}

Determinação dos Vetores Próprios

Uma vez que os valores próprios são conhecidos, os vetores próprios podem ser encontrados resolvendo a equação (TλI)v=0(T - \lambda I)v = 0. Para cada valor próprio λ\lambda, substituímos na equação e resolvemos para vv, o vetor próprio correspondente.

Para λ1\lambda_1, por exemplo:

[3λ1224λ1][v1v2]=[00]\begin{bmatrix} 3 - \lambda_1 & 2 \\ 2 & 4 - \lambda_1 \end{bmatrix} \begin{bmatrix} v_1 \\ v_2 \end{bmatrix} = \begin{bmatrix} 0 \\ 0
\end{bmatrix}

Resolvendo esse sistema linear, obtemos o vetor próprio correspondente a λ1\lambda_1. O mesmo processo é seguido para λ2\lambda_2.

Invariantes Primários e Principais

Os invariantes de um tensor fornecem informações valiosas sobre suas propriedades. Para um tensor simétrico, como o que estamos analisando, os invariantes primários e principais podem ser obtidos diretamente a partir de seus valores próprios. O primeiro invariante I1I_1 é a soma dos valores próprios, e o segundo invariante I2I_2 é o produto dos valores próprios. Estes invariantes podem ser usados para analisar as deformações ou as propriedades físicas de um sistema descrito pelo tensor TT.

A aplicação desses invariantes nas duas bases, a base canônica {e1,e2}\{e_1, e_2\} e a base {e^1,e^2}\{ê_1, ê_2\}, deve resultar nos mesmos valores, confirmando a equivalência das descrições do sistema em diferentes coordenadas.

Relevância para o Estudo de Tensores e Equilíbrio Estático

O cálculo de valores e vetores próprios de tensores é fundamental para entender os comportamentos de sistemas mecânicos, como estruturas sujeitas a tensões ou forças. Em estática, esse tipo de análise permite a determinação de estados de equilíbrio de corpos rígidos e deformáveis, onde as forças internas e externas devem balancear-se.

Além disso, ao abordar as transformações de coordenadas, é importante entender que os invariantes de um tensor são independentes da base utilizada. Isto significa que, mesmo em diferentes sistemas de coordenadas, os valores principais permanecem inalterados, o que facilita a comparação entre diferentes configurações e simplifica os cálculos em diversas situações físicas.

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Como a Integração Numérica e as Funções de Carga Influenciam os Resultados de Deslocamento e Força Axial em Barras

O método da regra trapezoidal com pontos de integração nGTRnGTR é amplamente utilizado para resolver problemas estruturais envolvendo barras sujeitas a diferentes tipos de carga distribuída. O integrador mais preciso utiliza o valor β=0.5\beta = 0.5, embora qualquer valor entre zero e um seja válido. As variáveis são inicializadas nos seus valores na extremidade esquerda da barra, e a integração segue para a direita. Para calcular os novos estados das variáveis, basta utilizar os valores do passo anterior, o que permite a utilização de valores antigos e novos para representar os passos nn e n+1n+1. Esses valores são armazenados em uma matriz denominada "Store", para posterior exibição gráfica.

O número de pontos de integração, nPtsnPts e nGTRnGTR, é definido pelo usuário, e deve ser suficiente para garantir a precisão dos resultados. Para funções de carga suaves, o número de pontos para a integração de Simpson pode ser relativamente pequeno. O número de pontos da regra trapezoidal generalizada é determinado pela suavidade desejada para o gráfico, sendo possível utilizar mais pontos do que o necessário para uma integração precisa. Para funções de carga que mudam rapidamente ou são restritas a áreas pequenas, essas técnicas de integração numérica não apresentam um bom desempenho, sendo necessária a utilização de muitos pontos de integração.

Uma forma simples de verificar a precisão da integração numérica é comparar os valores de N(L)N(L) e u(L)u(L), que provêm da regra trapezoidal generalizada, com os valores reais ditados pelas condições de contorno. Se esses valores não coincidirem, a integração não é precisa. As duas últimas linhas do código controlam a saída dos resultados. A função AxialBarEcho escreve os valores de entrada na janela de comandos, fornecendo um resumo conciso, enquanto a função AxialBarOutput exibe alguns resultados computados e gera gráficos que ilustram os resultados da análise.

Além disso, a função LoadFunction define uma biblioteca de funções de carga que podem ser chamadas pelo programa principal. O código recebe o valor específico de xx, o comprimento da barra LL, a magnitude da carga popo e o tipo de carga. O tipo de carga é determinado interativamente e pode ser selecionado através de uma interface. Dentre as diversas distribuições de carga possíveis, estão cargas constantes, rampas lineares, sinusoidais e trapezoidais, entre outras. A função também permite que o usuário ajuste os parâmetros das distribuições de carga, oferecendo flexibilidade para modelar diferentes cenários.

A atual versão do código inclui formas comuns de cargas distribuídas, mas novos casos podem ser adicionados facilmente ao código, com modificações simples no bloco condicional do tipo de carga. Ao adicionar novos tipos de carga, o impacto dessa mudança no comportamento das forças internas e deslocamentos pode ser avaliado com maior precisão, o que é crucial para análises em engenharia estrutural. O código tem a capacidade de simular o efeito de diversas distribuições de carga sobre a barra, permitindo uma análise detalhada das tensões e deformações internas.

No estudo de uma barra fixada em ambas as extremidades, com comprimento L=4mL = 4 \, \text{m} e módulo de elasticidade axial EA=20kNE A = 20 \, \text{kN}, submetida a uma carga metade-seno de magnitude po=0.3kN/mpo = 0.3 \, \text{kN/m}, a análise computacional mostra que o deslocamento máximo ocorre no local onde a força axial interna é zero. Observa-se também que, embora as condições de contorno para u(x)u(x) pareçam ser atendidas visualmente, a precisão da regra trapezoidal generalizada gera uma diferença no valor de u(L)u(L) devido ao erro na integração numérica.

Além de estudar o comportamento das barras sob cargas distribuídas, é importante entender o conceito de carga pontual. Embora as cargas concentradas não existam na natureza, elas são uma aproximação matemática útil para cargas distribuídas. O comportamento de uma barra submetida a uma carga pontual, especialmente em seu ponto médio, é muitas vezes comparado com a resposta a uma carga distribuída, como ilustrado na função p(x)p(x). A ideia de que a carga distribuída se aproxima de uma carga pontual quando a área sobre a qual ela é aplicada se torna muito pequena é uma simplificação importante. O código permite verificar como a carga distribuída pode ser ajustada para imitar uma carga pontual, o que é essencial para o estudo de problemas de análise estrutural em condições extremas de carregamento.

A análise do comportamento de uma barra com carga pontual e distribuída também evidencia o comportamento da força axial N(x)N(x) e do deslocamento u(x)u(x). Para distribuições de carga mais concentradas, as curvas de resposta se aproximam progressivamente da solução obtida para a carga pontual, com o deslocamento mostrando um comportamento semelhante, refletindo as variações da carga aplicada ao longo do comprimento da barra.

Como Calcular e Interpretar o Ângulo de Deformação e os Componentes do Tensor de Deformação em Condições de Esforço Planar

O cosseno do ângulo entre as linhas AB e AC é dado por cosβ₀ = 3/13, o que resulta em um ângulo de β₀ = 33,69°. Já o cosseno do ângulo entre as linhas A′B′ e A′C′ é calculado com base na fórmula: cos(β) = 1 · λ(e₁)λ(n) [ ] { } . = √(1 [ 2 − √3 1 0 ]) 1,5 13 (2) (9/13) −1,5 2,25 √2 13 = 0,7071. Portanto, β = cos⁻¹(0,7071) = 0,7845, o que nos dá um ângulo β = 45°. Esse resultado é evidente a partir do esboço da configuração deformada. A mudança no ângulo entre as linhas AB e AC devido à deformação é de 45° - 33,69° = 11,31°, que corresponde à diferença na rotação das duas linhas, 56,31° - 45° = 11,31°. A diferença é causada pelo cisalhamento.

O exemplo anterior mostra que as equações 4.13 e 4.18 são meios simples de realizar a geometria euclidiana usual em uma configuração deformada, utilizando apenas o conhecimento da geometria da configuração de referência e do gradiente de deformação ou do tensor de deformação lagrangiano. Esse método simplificado de cálculo é útil para a análise de estruturas deformadas sem a necessidade de realizar medições complexas ou transformações geométricas complicadas.

Em figuras como a 4.6, é possível perceber que a orientação dos quadrados na configuração de referência altera como os quadrados deformados se comportam. Nesta seção, será analisado como essa orientação afeta os componentes do tensor de deformação E. Vamos iniciar com uma deformação que ocorre no plano (x, y) sem deformação na direção z, ou seja, uma condição de esforço planar. O estado de deformação, caracterizado pelo tensor de deformação E, não depende do sistema de coordenadas, assim como um vetor v existe independentemente de um sistema de coordenadas. Quando estabelecemos um sistema de coordenadas, podemos descrever o tensor em termos de seus componentes relativos a esse sistema. Por exemplo, ao escrevermos [ ] { ε E} = xx εxy εxy εyy, os componentes εxx, εxy e εyy referem-se às coordenadas (x, y) mostradas na Figura 4.13 à esquerda.

Esse sistema de coordenadas possui vetores base {e₁, e₂}, que apontam ao longo dos eixos x e y. Podemos também definir um sistema de coordenadas diferente, (a, b), com vetores base {ê₁, ê₂}, como ilustrado no lado direito da Figura 4.13. O sistema de coordenadas (a, b) é rotacionado no sentido anti-horário por um ângulo θ em relação ao sistema (x, y). Os vetores base no sistema (a, b) podem ser expressos em termos dos vetores base no sistema (x, y) como:

ê₁ = cos(θ) e₁ + sin(θ) e₂
ê₂ = −sin(θ) e₁ + cos(θ) e₂

Além disso, podemos expressar os vetores base rotacionados em termos dos vetores base padrão como ê₁ = QTe₁, ê₂ = QTe₂, onde Q é o tensor de rotação ortogonal com componentes dados por [ ] { cos(θ) sin(θ) } Q = { −sin(θ) cos(θ) }. Os componentes de Q são também os cossenos dos ângulos entre os vetores base, ou seja, Qᵢⱼ = êᵢ · eⱼ, conforme definido na Eq. 1.36.

Com essa relação entre os vetores base, também podemos relacionar os componentes do tensor de deformação nos dois sistemas de coordenadas. O tensor de deformação pode ser expresso nos sistemas de coordenadas transformados da seguinte forma:

εaa = ê₁ · E ê₁,
εab = ê₁ · E ê₂,
εbb = ê₂ · E ê₂

Esses componentes possuem interpretações físicas com base nas equações 4.11 e 4.18. Em particular, εxx e εyy representam as deformações ao longo dos eixos x e y, respectivamente, e εxy está relacionado à mudança no ângulo entre as linhas originalmente ao longo dos eixos x e y.

A transformação dos componentes de deformação de um sistema de coordenadas para outro é feita utilizando as equações de transformação, que podem ser resumidas como:

εaa = εxx cos²(θ) + 2εxy sin(θ) cos(θ) + εyy sin²(θ)
εab = (εyy − εxx) sin(θ) cos(θ) + 2εxy cos²(θ) − sin²(θ)
εbb = εxx sin²(θ) − 2εxy sin(θ) cos(θ) + εyy cos²(θ)

Essas equações permitem calcular os componentes de E no sistema de coordenadas (a, b) a partir dos componentes de E no sistema (x, y). Naturalmente, os componentes representam o mesmo tensor de deformação E, mas seus valores dependem do ângulo θ. Quando θ = 0, temos εaa = εxx, εab = εxy, e εbb = εyy, ou seja, os componentes no sistema original.

Outra consideração importante são os invariantes do tensor de deformação. Todos os tensores têm invariantes, que são funções dos componentes do tensor que não dependem do sistema de coordenadas. Para o problema planar representado pelas equações de transformação de deformação, essas funções não dependem de θ. Um exemplo de invariante é o traço do tensor, dado por:

εaa + εbb = εxx + εyy = tr(E)

Esse valor não depende de θ, pois os termos intermediários se cancelam e os termos externos são multiplicados por 2 cos²(θ) + sin²(θ), o que resulta em 1, de acordo com a identidade trigonométrica pitagórica. O determinante do tensor também é invariável, como pode ser mostrado por:

2εaaεbb − ε²ab = εxx εyy − εxy = det(E)

Além disso, funções de invariantes também são invariantes. Por exemplo, a função R(E) = ½ tr(E)² − det(E) é um invariante importante que será utilizado para construir o círculo de Mohr posteriormente.

A equação 4.19 mostra que os componentes de deformação dependem do ângulo θ, o que levanta a questão: existem valores de θ que levam aos maiores ou menores valores dos componentes? Para encontrar esses valores de θ, podemos derivar a equação para εaa(θ), igualá-la a zero e resolver para θ. O resultado mostra que o ângulo θp, onde a deformação εaa atinge seu valor máximo ou mínimo, é dado por:

tan(2θp) = 2εxy / (εxx − εyy)

Esse ângulo é chamado de ângulo principal e é crucial para determinar as condições de máxima e mínima deformação em um material. Em resumo, o estudo do comportamento dos componentes do tensor de deformação e suas transformações sob diferentes sistemas de coordenadas é essencial para entender como as deformações se propagam em materiais sob esforço planar.