Os resultados do congresso de escritores soviéticos foram evidentes. Acima de tudo, o evento selou a união entre os escritores soviéticos, onde muitos que anteriormente eram considerados vacilantes ou escritores não-partidários passaram a reconhecer o bolchevismo como a única ideia orientadora e militante na criação literária, aprendendo a pensar como a classe proletária os ensinava. Para Gorky, não havia dúvida de que o congresso teve uma influência benéfica sobre o futuro da literatura soviética.

Tanto o Primeiro Congresso de Escritores quanto o enorme trabalho realizado antes dele, especialmente a resolução histórica do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética de 23 de abril de 1932, "Sobre a Reorganização das Organizações Literárias e Artísticas", e as atividades do Escritório Organizacional chefiado por Gorky, que orientou a comunidade literária antes do congresso, podem ser vistos como a implementação prática das ideias de Lenin sobre a necessidade de direcionar o processo artístico e organizar seus resultados.

É essencial entender que, ao falar da eficaz direção da literatura e das artes, não se deve ignorar o caráter profundamente específico dessa esfera, um ponto ressaltado por Lenin. Não se deve recorrer a índices quantitativos ou noções utilitárias sobre a produtividade e eficácia das medidas adotadas. Seria tolice esperar que uma resolução, por mais correta que fosse, ou uma medida, por mais bem-sucedida, gerassem resultados imediatos na forma de novos livros, produções teatrais ou filmes. A pressa excessiva, a pressão, a aceleração e a impaciência são prejudiciais às políticas culturais, mais do que a qualquer outra esfera, e contrariam os princípios leninistas de orientação das artes.

Isso significa que não há critérios objetivos para julgar a eficácia dessa orientação? De forma alguma. Os critérios existem, mas são qualitativos e não podem ser reduzidos a indicadores superficiais ou externos. A arte de orientar a arte consiste, entre outras coisas, na realização profunda desse fato, na capacidade de olhar para o futuro, baseando-se nos fatores primários e não nas circunstâncias temporárias. Julgar a "eficiência" do artista não deve ser feito apenas com base nas suas ações atuais, mas também no seu potencial, priorizando esse último quando necessário. Lenin, por exemplo, ao discutir com Gorky a questão de escrever regularmente para a revista Proletary, reconheceu a importância da colaboração de Gorky na luta política, mas também mostrou sensatez ao afirmar que, se ele estivesse ocupado com uma obra importante, não seria sábio interrompê-lo com demandas menores.

Não são as longas listas de publicações ou o número de atividades organizacionais que podem ser consideradas evidências completas da eficácia da orientação sobre a literatura e as artes. Esses fatores, embora importantes, só ganham significado quando combinados com outros elementos que à primeira vista podem parecer menos palpáveis: criar uma atmosfera saudável para as atividades artísticas, um ambiente de firmeza ideológica e exatidão criativa, propiciar condições para o surgimento de novos talentos, instilar nos artistas um senso de responsabilidade, e aumentar a autoridade do artista na sociedade. Esses aspectos não podem ser calculados formalmente, mas são critérios reais e objetivos; sem eles, teríamos uma visão empobrecida e unilateral da eficácia da direção das artes.

Nos princípios do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, relacionados ao centenário de Lenin, está expresso que a abordagem leninista para os fenômenos e processos sociais se baseia na unidade orgânica entre objetividade científica e avaliação principista a partir da posição da classe trabalhadora. Essa metodologia fundamenta o trabalho do partido com a intelectualidade criativa e as normas leninistas para a orientação das atividades artísticas. Nenhum fator subjetivo, circunstâncias acidentais ou aspectos não relacionados aos princípios fundamentais poderiam alterar essa posição. Os princípios de Lenin sobre a literatura e a arte são indissociáveis, baseados nos interesses do povo, do partido, do Estado e da revolução. E é por isso que suas visões sobre a literatura e a arte formam um todo coeso, onde os princípios, formas, métodos e avaliações estão imbuídos de um espírito revolucionário e do entendimento de que a literatura e a arte fazem parte das preocupações do partido e do povo.

Com isso, a verdadeira questão sobre a "afinidade com o povo", frequentemente debatida e muitas vezes mal interpretada, ganha um novo sentido. Como observou Belinsky, a frase "afinidade com o povo" é simples à primeira vista, mas carece de uma definição precisa e clara. Essa falta de clareza no entendimento sobre o que significa essa afinidade com o povo é um problema recorrente, mesmo muito tempo depois das observações de Belinsky, e continua a gerar confusão. O verdadeiro sentido da afinidade com o povo, no contexto leninista, não se limita a uma simples verificação de palavras ou gestos, mas reflete a incorporação profunda das necessidades e ideais populares na criação artística. Para Lenin, a arte deve refletir as aspirações do povo, sem ser meramente utilitária, mas como parte do processo revolucionário.

A interpretação adequada desse conceito é fundamental para a compreensão de como a arte deve ser guiada e orientada, pois vai além da mera produção de obras; trata-se de criar uma cultura revolucionária que seja moldada pelos princípios do partido, alinhada aos ideais socialistas e ao impulso transformador da sociedade.

O Papel da Arte no Socialismo: A Visão Marxista e o Desafio da Produção Intelectual

A ideia de que a vida espiritual das pessoas deve ser submissa à vontade da maioria é um ponto que gera reflexões profundas sobre o rumo da sociedade sob o socialismo. A nova ordem, que propõe uma produção intelectual orientada pela coletividade, pode colocar em risco aqueles que mais se destacam na luta pelo desenvolvimento espiritual, como os mais arrojados artistas e cientistas. O regime proletário, por mais que ofereça mais liberdade para o desenvolvimento artístico e científico, pode sufocar a atividade espiritual que depende de meios sociais, criando um paradoxo.

Karl Kautsky, um dos mais influentes teóricos do socialismo, argumenta que, no campo da produção intelectual, a lei do valor não se aplica, tornando a sociedade indiferente à produção comparativa de obras artísticas, como poesias líricas ou tragédias. Para ele, o socialismo deveria avançar para um cenário de "comunismo na produção material, anarquismo na produção intelectual". Em outras palavras, ele acreditava que o socialismo se guiaria pela lógica dos fatores econômicos, independentemente dos desejos ou intenções do proletariado.

Esse ponto de vista reflete a tendência de vulgarização e revisão do marxismo que se consolidou na Segunda Internacional, onde se exagerava o papel das leis econômicas e se subestimavam, ou até rejeitavam, os objetivos políticos da luta. No livro Problemas do Socialismo e as Tarefas da Social-Democracia, Eduard Bernstein afirmou que "a ciência e toda a produção resultante do esforço espiritual devem ser tratadas como algo fora da esfera do partido". Assim, a arte era vista por muitos como uma questão secundária, ou até irrelevante para a construção do socialismo.

Na obra Reprodução e Desenvolvimento na Natureza e na Sociedade, Kautsky aborda a arte de uma perspectiva utilitarista, vinculando-a à capacidade do homem de diversificar suas percepções sensoriais e proporcionar prazer. A ideia de que a arte surge da necessidade de escapar da rotina e buscar sensações além da vida cotidiana está enraizada em uma visão economicista do desenvolvimento humano. Para Kautsky, as necessidades estéticas do proletariado crescem, mas são limitadas pelas condições econômicas da civilização, que abafam a sensibilidade estética tanto na classe trabalhadora quanto na burguesia. Essa visão, que subestima a capacidade criativa do proletariado, sugere que, após a revolução social, a classe trabalhadora não geraria novas formas de arte, mas apenas ampliaria o acesso à arte existente, monopolizada pela burguesia.

A questão da arte, portanto, se torna um reflexo das contradições sociais e econômicas. O proletariado, com o tempo, poderia ampliar seu consumo de arte, mas não necessariamente criaria uma "nova época da arte". A arte que surgiria após a revolução seria, em sua visão, uma extensão da arte burguesa, com o proletariado apenas adquirindo maior influência e acesso aos meios de produção artística.

Este ponto de vista foi amplamente contestado por Lenin em seu famoso artigo Organização do Partido e Literatura do Partido, escrito em 1905. Neste texto, Lenin articula pela primeira vez de forma clara e precisa a visão marxista sobre o papel e o lugar da arte na sociedade socialista. Para Lenin, a arte não poderia ser uma atividade isolada, desconectada das condições materiais e políticas. Ele critica veementemente as ideias reformistas de figuras como Bernstein e Kautsky, defendendo que o socialismo deveria ser acompanhado de uma direção científica e consciente da produção cultural.

A crítica leninista à "anarquia" cultural de Kautsky abre o caminho para uma compreensão mais profunda da arte como um campo político e ideológico. Lenin entende que a arte, longe de ser uma área à parte ou algo irrelevante, deve ser parte integrante da luta de classes, devendo, portanto, ser orientada pelo partido que representa os interesses do proletariado. Em sua visão, a arte tem uma função crítica e transformadora, capaz de moldar a consciência de classe e, portanto, de contribuir ativamente para a revolução socialista.

Contrariando a interpretação de que a visão de Lenin sobre a arte fosse algo restrito à Rússia de seu tempo, muitos estudiosos, como J. Barkan, demonstraram a influência duradoura do artigo de Lenin no desenvolvimento da crítica marxista e na formação de uma estética socialista em diferentes contextos. Mesmo após décadas, as ideias leninistas continuam a ser um pilar importante na compreensão da relação entre arte, política e economia.

A arte, para Lenin, deve ser subordinada aos princípios do socialismo. Não se trata de submeter a liberdade criativa dos artistas, mas de orientar a produção artística de acordo com os objetivos de transformação social. A arte não deve ser uma atividade dissociada da luta de classes, mas sim um instrumento de conscientização e mobilização popular. Nesse sentido, a arte não só reflete a realidade social, mas também pode moldá-la, ajudando a formar uma nova sociedade.

Ao refletir sobre essas questões, é essencial lembrar que a arte nunca foi neutra; ela sempre esteve, de alguma forma, ligada aos interesses das classes dominantes ou, em períodos revolucionários, àqueles que buscam mudar as estruturas de poder. A arte é uma ferramenta poderosa de transformação, mas sua utilização dentro de uma sociedade socialista exige uma compreensão clara de seu papel e de sua relação com as condições materiais, sociais e políticas.

A Relação Entre Estruturas Poéticas e Contextos Históricos: A Crítica da Abordagem Estruturalista

A análise estruturalista da poesia frequentemente negligencia a complexidade histórica e filosófica que fundamenta a produção literária. O problema central é que muitas vezes a obra literária é tratada como um conjunto de categorias gramaticais sem vida, desprovidas de contexto ou de uma trajetória histórica própria. Este enfoque estrutural reduz a poesia a um exercício técnico de conformidade com normas estilísticas e formais, ignorando o profundo entrelaçamento de significados, temas e influências culturais que moldam o trabalho do poeta. Este erro metodológico se reflete em muitas das abordagens mais influentes do estruturalismo, especialmente nas análises de Lotman, que, embora reconheça o valor da perspectiva sincrônica, falha ao incorporar a dimensão histórica no processo de interpretação dos textos.

Ao analisar as primeiras poesias de Pasternak, por exemplo, Lotman foca na estrutura interna do texto, tratando a poesia como uma sequência de modelos estéticos autossuficientes. Ele argumenta que as poesias do autor se formam a partir de um conjunto básico de componentes — o "eu", a "natureza" e a "mulher" — com os quais qualquer modelo social ou cósmico pode ser construído. No entanto, essa perspectiva ignora as nuances de significado e os valores sociais e históricos que estão imbricados nas escolhas poéticas de Pasternak. A poesia de Pasternak, como a de muitos poetas, não se encaixa facilmente nesse esquema rígido; ela transborda, sendo um fenômeno vivo que não pode ser confinado a tais estruturas simplistas.

Este tipo de análise também se reflete na maneira como a crítica estruturalista aborda os manuscritos de Pushkin. A violação das normas literárias e a subversão das tradições estéticas são vistas como elementos-chave da produção poética. No entanto, essa abordagem tende a desconsiderar outros aspectos fundamentais, como o sistema filosófico do poeta ou as condições históricas em que sua obra foi criada. A crítica é frequentemente mais voltada para a violação das convenções estéticas do que para a exploração de como essas convenções refletem uma visão de mundo mais ampla ou respondem a questões sociais e políticas de seu tempo.

Ao lidar com as obras de grandes poetas, como Pushkin ou Pasternak, a crítica estruturalista, muitas vezes, fica limitada ao plano sincrônico, estudando as relações internas do texto sem levar em consideração sua evolução, o contexto histórico ou o processo criativo que leva à formação final do poema. Embora Lotman tente dar um passo na direção da análise diacrônica ao discutir a "gênese do texto poético", sua abordagem ainda se limita a uma análise de variações de textos dentro de uma série literária fechada, sem explorar adequadamente o impacto das mudanças históricas e sociais sobre a construção do sentido na poesia.

A crítica que visa superar o "anti-historicismo" do formalismo, como ocorre na obra de Tynyanov e Jakobson, propõe que cada sistema sincrônico possui seu passado e seu futuro, sugerindo que as relações entre os elementos literários devem ser analisadas à luz de suas transformações ao longo do tempo. No entanto, as propostas de evolução literária de Tynyanov ainda mantêm a ideia de uma série literária fechada e imutável, o que limita a real compreensão dos processos de mudança na literatura. A transição de uma concepção estática para uma mais dinâmica, que reconhece a luta e a substituição de formas literárias, representa um avanço, mas é um passo modesto, ainda dentro de uma estrutura rigidamente formalista.

Portanto, é essencial entender que a análise da poesia, e da literatura em geral, não pode se limitar a uma leitura técnica ou formalista das estruturas internas dos textos. É necessário que os críticos literários reconheçam as dimensões históricas, filosóficas e culturais que influenciam a criação poética. A obra literária deve ser vista como um organismo vivo, imerso em um contexto histórico e social específico, e não apenas como um conjunto de regras ou formas estéticas a serem violadas ou subvertidas. Assim, uma abordagem mais holística, que integre a análise sincrônica e diacrônica, se revela crucial para uma verdadeira compreensão da poesia e da literatura como um todo.