Os métodos para avaliação da atividade antibacteriana dos agentes, incluindo nanopartículas (NPs), são essenciais para o desenvolvimento de novos tratamentos e para a compreensão da interação entre os antimicrobianos e os microrganismos. Entre esses métodos, a diluição em caldo destaca-se como padrão-ouro para a determinação da concentração inibitória mínima (MIC) e da concentração bactericida mínima (MBC).

O método de difusão em ágar, embora amplamente utilizado, apresenta limitações significativas. Ele não distingue entre efeitos bactericidas e bacteriostáticos, nem permite a quantificação exata da concentração do agente antimicrobiano difundido, o que inviabiliza a determinação precisa da MIC. Ainda assim, observa-se uma correlação inversa entre o diâmetro da zona de inibição de crescimento bacteriano e a MIC: quanto maior a zona de inibição, menor a concentração do agente necessária para suprimir o crescimento bacteriano.

O método de diluição em caldo pode ser realizado por macrodiluição, utilizando tubos de ensaio, ou por microdiluição, em placas de microtitulação de 96 poços. A macrodiluição envolve volumes maiores (geralmente 1 mL de suspensão bacteriana e 1 mL do agente antibacteriano), enquanto a microdiluição emprega volumes reduzidos (tipicamente 50 μL de cada componente), sendo esta última atualmente a técnica de referência devido à sua maior eficiência, menor consumo de reagentes e possibilidade de análises em larga escala.

Para a preparação da suspensão bacteriana, utiliza-se inoculo ajustado à turbidez 0,5 na escala de McFarland, correspondendo aproximadamente a 1,5 × 10^8 UFC/mL. O meio de cultura deve ser adequado às necessidades do organismo em teste; por exemplo, para bactérias exigentes, recomenda-se o caldo Mueller-Hinton suplementado com sangue lizado e NAD. Após a incubação, a MIC é definida como a menor concentração do agente que inibe visivelmente o crescimento bacteriano, evidenciado pela ausência de turbidez.

A MBC, por sua vez, é determinada a partir do subcultivo das amostras incubadas, correspondendo à menor concentração capaz de reduzir a viabilidade bacteriana em 99,9%. A interpretação dos resultados requer controles rigorosos, incluindo poços para controle de crescimento (suspensão bacteriana sem agente), controle de esterilidade do meio e do agente, e, idealmente, o uso de um agente antibacteriano padrão para referência comparativa.

O método de microdiluição apresenta vantagens claras em relação à macrodiluição, como a menor demanda por espaço e reagentes, além de permitir maior número de réplicas com custo reduzido. Contudo, é importante atentar para limitações, como a dificuldade em detectar contaminação, avaliar a viabilidade do inóculo e o possível efeito inibitório de co-solventes utilizados nas soluções.

Outra técnica importante é o método time-kill, que oferece uma avaliação dinâmica da interação entre nanopartículas e microrganismos ao longo do tempo. Diferente da diluição em caldo, o time-kill mede a viabilidade bacteriana em múltiplos pontos temporais, possibilitando distinguir entre efeitos bacteriostáticos e bactericidas, e avaliando a cinética da ação antimicrobiana. Essa abordagem é especialmente valiosa para o estudo de agentes recém-sintetizados e combinações medicamentosas.

A correta execução dos métodos, acompanhada de rigorosos controles experimentais, é fundamental para garantir a validade dos resultados. A compreensão da relação entre MIC, MBC e os efeitos bactericidas ou bacteriostáticos auxilia na escolha adequada do agente e na previsão de sua eficácia clínica. Além disso, a padronização dos procedimentos segundo diretrizes reconhecidas, como as da CLSI e EUCAST, assegura a comparabilidade dos dados e a confiabilidade das avaliações.

Para além do entendimento técnico, é crucial que o leitor reconheça que a inibição do crescimento bacteriano visível não necessariamente traduz a eliminação completa dos microrganismos, sendo a distinção entre bacteriostasia e bactericidismo essencial para a aplicação clínica. A avaliação conjunta de MIC e MBC fornece uma visão mais completa do potencial terapêutico do agente, especialmente em contextos onde a erradicação total do patógeno é crítica. Finalmente, a influência de variáveis como o meio de cultura, a concentração inicial do inóculo, e as condições de incubação devem ser consideradas para a interpretação adequada dos resultados e a extrapolação para aplicações reais.

Quais são os caminhos de síntese e as características gerais das nanopartículas microbianas?

A nanotecnologia microbiana tem sido uma área de grande interesse devido à sua capacidade de produzir materiais com propriedades fisicoquímicas e optoeletrônicas exóticas, aplicáveis em uma ampla gama de setores, incluindo a medicina, o meio ambiente e a indústria. Apesar dos avanços na pesquisa, ainda existe uma lacuna significativa no entendimento dos mecanismos celulares subjacentes que desencadeiam a síntese dessas nanopartículas (NPs). Pesquisadores têm trabalhado arduamente para compreender a maquinaria celular envolvida no processo de síntese, com o objetivo de criar um processo otimizado e personalizado para a produção de nanomateriais com características desejadas.

Sabemos que os mecanismos de formação de NPs variam entre os diferentes organismos, sendo que, em muitos casos, esses mecanismos são pouco compreendidos quando comparados a outros sistemas biológicos, como fungos ou plantas. No entanto, estudos realizados em Escherichia coli forneceram uma visão geral do processo em que as NPs são geradas. Essencialmente, os íons metálicos, que são a matéria-prima principal para a produção de NPs, podem ser capturados pelas células microbianas ou permanecem na superfície do micro-organismo na presença de enzimas, sendo reduzidos a NPs elementares.

Este processo de captura é geralmente mediado por forças eletrostáticas, com a ajuda de enzimas como as redutases, enzimas dependentes de NADH, que estão envolvidas tanto nas atividades celulares quanto na produção de nanomateriais. Quando as bactérias entram em contato com os íons metálicos, algumas estruturas celulares se tornam fundamentais para a síntese das NPs, sendo ativadas pela presença desses íons. A matriz extracelular de polissacarídeos, por exemplo, é uma interface biológica crucial, pois é responsável pela exclusão dos metais, impedindo sua interação com componentes celulares vitais, ao se ligar aos íons metálicos carregados positivamente antes que estes possam penetrar no interior da célula.

Além disso, as bactérias possuem mecanismos de transporte ativos, como as bombas de efluxo, que são essenciais para a síntese das NPs. Estas bombas, que funcionam como um sistema de transporte dependente de energia, são capazes de expulsar compostos tóxicos, incluindo íons metálicos, das células. Essas bombas podem ser ligadas ou não a ATPases e são altamente específicas para o cátion ou ânion que transportam. Por meio desses sistemas, as bactérias podem desintoxicar íons metálicos, seja por redução ou precipitação de íons metálicos solúveis em NPs metálicas não tóxicas e insolúveis.

As vias de síntese microbiana de NPs podem ser classificadas em dois grandes tipos: extracelulares e intracelulares, e muitas vezes ambas as rotas coexistem em processos simultâneos. A via extracelular é particularmente interessante, pois envolve a captura dos íons metálicos na superfície da célula, seguidos pela redução na presença de enzimas redutoras, sem a necessidade de exportar os íons metálicos ou NPs para fora ou para dentro das células. Dentro das vias extracelulares, existem quatro distinções principais: biomineralização, biosorção, complexação de metais e precipitação.

A biomineralização é o processo pelo qual as bactérias produzem minerais a partir dos sais metálicos presentes no ambiente, frequentemente formando materiais inorgânicos na parede celular, na parede externa da célula ou em áreas adjacentes. A biosorção, por sua vez, é a ligação rápida e reversível de íons metálicos às superfícies de biomoléculas produzidas pelos micro-organismos. Esse processo não depende do metabolismo celular e é amplamente utilizado para remover poluentes da água, especialmente aqueles difíceis de biodegradar, como metais pesados.

A complexação envolve a formação de compostos insolúveis e solúveis por meio da combinação de diferentes elementos metálicos, enquanto a precipitação se refere ao processo de sequestração extracelular de íons metálicos na forma de NPs, que ocorre nas áreas extracelulares dos isolados bacterianos. Durante a síntese extracelular, os íons metálicos são reduzidos por várias biomoléculas, como enzimas e proteínas, ou por componentes da parede celular, funcionando como transportadores de elétrons durante a redução dos metais.

O protocolo típico de síntese extracelular envolve o cultivo da cepa bacteriana em um meio apropriado, seguido por centrifugação e utilização do sobrenadante para a síntese das NPs. O sobrenadante é adicionado a reatores contendo os íons metálicos em concentrações adequadas e incubado por diferentes períodos. A mudança de cor da mistura reacional é frequentemente um indicativo da presença das NPs na solução, e a bioredução dos íons metálicos pode ser monitorada através da espectrofotometria UV-visível.

A síntese extracelular é preferida devido à sua simplicidade e custo-benefício, pois exige menos controle sobre as reações internas das células. Em contrapartida, a síntese intracelular exige que os íons metálicos penetrem na célula, onde a redução para formas elementares ocorre. Esse processo depende de enzimas intracelulares que interagem com grupos carregados positivamente, facilitando a redução dos íons metálicos. Quando observadas ao microscópio, as NPs sintetizadas intracelularmente são frequentemente encontradas no espaço periplasmático, na parede celular e nas membranas citoplasmáticas, resultantes da difusão dos íons metálicos através da membrana celular.

Para a síntese intracelular, fatores como a concentração da solução de íons metálicos, a temperatura e o tempo de incubação desempenham papéis significativos na regulação da forma e tamanho das NPs produzidas. Devido à complexidade do processo, a síntese intracelular requer etapas de processamento adicionais quando comparada à via extracelular, o que pode torná-la menos eficiente em termos de custo e praticidade.

Além das rotas de síntese mencionadas, é importante destacar que o ambiente de cultivo, a escolha do micro-organismo e a concentração dos metais podem influenciar diretamente nas propriedades finais das NPs. O entendimento das vias biológicas envolvidas na nanotecnologia microbiana permite o desenvolvimento de processos mais controlados e eficientes para a produção de nanomateriais com aplicações específicas, otimizando suas propriedades para uma gama cada vez maior de usos industriais e terapêuticos.

Como as Nanopartículas Podem Revolucionar a Detecção de Patógenos: Avanços e Aplicações em Biossensores

As nanopartículas, devido à sua grande área superficial, oferecem vastas possibilidades para a imobilização de biomoléculas, aumentando o número de locais de reação e, consequentemente, a eficácia de processos bioquímicos. Elas estão se tornando cada vez mais importantes em diversas áreas da biotecnologia, particularmente em imagens moleculares e diagnóstico. As aplicações atuais da nanobiotecnologia têm contribuído significativamente para o avanço da medicina, permitindo a detecção precoce de doenças, facilitando terapias orientadas por imagem e, ainda, proporcionando uma avaliação precisa da eficácia de tratamentos.

Uma das áreas mais promissoras das nanociências é o uso de nanopartículas em diagnósticos moleculares, que envolvem a visualização de patologias e o entendimento dos efeitos patofisiológicos de doenças, além de monitorar a resposta terapêutica. As nanopartículas podem ser empregadas para melhorar o acúmulo e liberação de agentes farmacológicos diretamente no local da patologia, o que melhora a eficácia do tratamento e reduz os efeitos colaterais ao limitar a localizações nos tecidos saudáveis. Este fenômeno é o que torna as nanopartículas tão valiosas para a aplicação terapêutica e diagnóstica, com destaque para a combinação dessas duas finalidades em nanopartículas terapêuticas e diagnósticas, conhecidas também como "teranósticas". Elas possibilitam, por exemplo, a quantificação e visualização da liberação de medicamentos, além da avaliação da eficácia terapêutica.

O avanço das tecnologias de imagem molecular, particularmente no campo in vivo, tem demonstrado a importância da combinação de diagnóstico com terapêutica. As nanopartículas permitem a visualização de processos biológicos a nível celular e molecular, tornando-as essenciais para o desenvolvimento de terapias personalizadas e mais eficientes. No diagnóstico, a principal função das nanopartículas é possibilitar a detecção de patógenos e outros alvos biológicos com alta sensibilidade, melhorando a precisão do diagnóstico e permitindo intervenções mais rápidas.

Além disso, as nanopartículas também desempenham papel crucial na detecção de patógenos através da identificação de marcadores específicos na superfície desses agentes. Esses marcadores, como glicoproteínas, lipoproteínas e carboidratos, estão expostos ao meio extracelular, o que facilita o acesso das nanopartículas a esses alvos, sem a necessidade de atravessar membranas biológicas complexas. Esse aspecto fundamental tem sido amplamente explorado pela nanotecnologia, que utiliza essas interações de alta especificidade para desenvolver sondas de diagnóstico baseadas em anticorpos.

Um dos avanços mais significativos na detecção de patógenos foi a utilização de biossensores, que se destacam em relação aos métodos convencionais pela sua alta sensibilidade, simplicidade, rapidez e seletividade. Biossensores são dispositivos que convertem informações químicas em sinais mensuráveis, sendo compostos por um bioreceptor, que reconhece o alvo específico, e um transdutor, que converte o sinal em uma forma quantificável. Dependendo do tipo de transdutor utilizado, os biossensores podem ser classificados em várias categorias, como biossensores colorimétricos, fluorescentes, eletroquímicos e SERS (espalhamento Raman amplificado por superfície).

Os biossensores eletroquímicos são especialmente valiosos para a detecção de patógenos devido à sua rapidez e capacidade de realizar análises sem a necessidade de processos complexos de preparação de amostras. As nanopartículas oferecem vantagens notáveis para esses biossensores, como uma maior área de superfície, atividade eletrocatalítica e propriedades eletrônicas únicas que favorecem a interação com os alvos patológicos. Além disso, as nanopartículas podem ser modificadas para apresentar diferentes características, como carga elétrica e tamanho, permitindo uma adaptação precisa às necessidades do diagnóstico.

Diversos tipos de patógenos têm sido identificados por biossensores baseados em nanopartículas. A detecção de Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Salmonella e muitos outros organismos patogênicos tem sido realizada com sucesso utilizando diferentes tipos de nanopartículas, como ouro (AuNPs), prata (AgNPs), óxido de ferro (Fe3O4) e carbonato de prata (AgNCs). Esses biossensores têm demonstrado alta eficiência em diferentes tipos de amostras, desde alimentos até amostras clínicas, destacando-se como uma alternativa eficiente e de baixo custo em comparação aos métodos tradicionais de diagnóstico.

A sensibilidade dos biossensores também pode ser melhorada com o uso de técnicas como o SERS, que permite uma detecção mais precisa ao amplificar as características vibracionais das moléculas alvo, melhorando a identificação de patógenos mesmo em baixas concentrações. Outras abordagens, como o uso de nanotubos de carbono (CNTs) e materiais híbridos, têm expandido ainda mais as possibilidades de detecção, proporcionando resultados rápidos e confiáveis.

A crescente utilização das nanopartículas em biossensores representa uma verdadeira revolução na maneira como as doenças são detectadas e tratadas. Ao integrar os avanços da nanotecnologia com a biomedicina, os pesquisadores estão criando ferramentas mais eficazes e personalizadas para o diagnóstico e tratamento de doenças infecciosas. Essas tecnologias também têm o potencial de transformar a medicina preventiva, tornando as intervenções mais precoces e menos invasivas, o que pode melhorar significativamente os resultados terapêuticos e a qualidade de vida dos pacientes.

No entanto, a aplicação de nanopartículas em biossensores para a detecção de patógenos não é isenta de desafios. A segurança dos materiais utilizados, a biocompatibilidade e a eficácia a longo prazo são questões que precisam ser cuidadosamente avaliadas. Embora os avanços sejam promissores, a nanotecnologia ainda precisa superar obstáculos significativos, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de nanopartículas com características mais específicas para cada tipo de patógeno e à criação de métodos de produção em larga escala.

Como a Nanotecnologia Está Revolucionando a Detecção de Patógenos: Avanços e Aplicações

A detecção precoce de patógenos é um passo fundamental para evitar a propagação de infecções e garantir tratamentos rápidos e eficazes. Ao longo dos anos, as técnicas convencionais, embora confiáveis, mostraram-se limitadas quando se tratava da detecção de patógenos em seu estado fisiológico ativo. Nesse contexto, a nanotecnologia tem emergido como uma alternativa promissora para superar essas limitações, oferecendo métodos mais rápidos, sensíveis e específicos para a identificação de agentes patogênicos.

Uma das inovações mais relevantes é o desenvolvimento de biossensores baseados em nanopartículas (NPs), como os nanopartículas de ouro (AuNPs) e nanopartículas magnéticas (MNPs), que têm mostrado grande potencial em várias aplicações. Biossensores amperométricos baseados em nanopartículas de ferro (Fe3O4@SiO2) conjugadas com anticorpos específicos, por exemplo, foram utilizados para a detecção de Brettanomyces bruxellensis no vinho, apresentando limites de detecção (LOD) de 5 cfu/mL (Villalonga et al., 2019). Da mesma forma, sensores associados a nanopartículas de ouro e DNA, como o biossensor amperométrico Fe2O3@Au, têm se mostrado eficazes na detecção de E. coli, com um LOD similar (Li et al., 2011).

Uma abordagem ainda mais sofisticada envolve o uso de aptâmeros conjugados a transdutores como nanotubos de carbono de parede simples (SWCNT), criando sensores em tempo real para detectar E. coli O157:H7 em misturas bacterianas, proporcionando resultados rápidos e precisos (Zelada-Guillén et al., 2010). A nanotecnologia também está avançando para a detecção de patógenos alimentares, como o uso de biossensores potenciométricos associados a nanofibras para detectar E. coli em sucos de laranja em menos de uma hora (Shaibani et al., 2018).

No caso da pandemia de COVID-19, a nanotecnologia desempenhou um papel crucial na detecção rápida do SARS-CoV-2. Sensores baseados em grafeno e nanopartículas de ouro (AuNPs) são capazes de detectar RNA viral em amostras de swab nasal e saliva com uma sensibilidade significativamente maior do que as técnicas convencionais. Esse tipo de sensor gera sinais elétricos que são analisados em tempo real, proporcionando uma detecção extremamente sensível e eficiente (Alafeef et al., 2020).

Além dos sensores amperométricos, outras plataformas de detecção, como os biossensores eletroquimioluminescentes, que combinam características eletroquímicas e fotoluminescentes, têm sido empregadas para identificar patógenos alimentares. Por exemplo, o biossensor baseado em nanorods de ZnO associado ao Ru(bpy) 21 3+ foi desenvolvido para detectar E. coli O157:H7 em amostras com um LOD de 143 cfu/mL (Zhou et al., 2018). A combinação dessas tecnologias aumenta a sensibilidade e a especificidade da detecção, permitindo a identificação de patógenos em misturas complexas com maior precisão.

Esses avanços em nanotecnologia têm trazido benefícios significativos para a detecção de patógenos, especialmente quando comparados às metodologias tradicionais. As técnicas convencionais, que dependem de métodos como cultivo microbiológico ou PCR, embora eficazes, enfrentam desafios em termos de tempo de resposta e capacidade de detectar microrganismos viáveis em seu estado fisiológico. As novas tecnologias, baseadas em nanopartículas e sistemas de transdução avançados, não só superam essas limitações, mas também oferecem uma gama mais ampla de aplicações, desde a detecção de doenças alimentares até vírus respiratórios como o SARS-CoV-2.

O futuro da detecção de patógenos está intimamente ligado ao aprimoramento contínuo dessas tecnologias baseadas em nanotecnologia. A combinação de diferentes tipos de sensores, como biossensores ópticos, magnéticos e piezoelétricos, junto a técnicas de amplificação como a amplificação por deslocamento cruzado, promete uma detecção ainda mais sensível e específica. A redução significativa dos limites de detecção (LOD) e a possibilidade de realizar testes em tempo real são apenas algumas das vantagens que essas inovações podem trazer para a área de diagnóstico médico e alimentar.

A evolução dessas tecnologias não só irá melhorar a detecção de doenças infecciosas, mas também revolucionará a forma como os testes são realizados em ambientes de ponto de atendimento (POC), permitindo que os resultados sejam obtidos rapidamente e com um alto grau de precisão. A nanotecnologia, portanto, oferece não apenas uma solução mais eficiente, mas também uma revolução na forma como abordamos o diagnóstico e a prevenção de doenças infecciosas no futuro.

Como as Nanopartículas Coloidais de Prata e Ouro Melhoram a Espectroscopia Raman de Superfície Ampliada para a Detecção de Bactérias

A utilização de nanopartículas coloidais de prata (Ag) e ouro (Au) para obter sinais de Espectroscopia Raman de Superfície Ampliada (SERS) de bactérias tem se tornado uma das abordagens mais preferidas na pesquisa microbiológica. As nanopartículas podem ser de natureza monometálica ou bimetálica, com as bimetálicas podendo assumir arquiteturas de núcleo-revestimento ou de liga. Três métodos principais são empregados para a obtenção dos sinais SERS de bactérias usando nanopartículas coloidais: o método intrínseco, o método extrínseco e a mistura direta de bactérias e colóides.

No método intrínseco, as nanopartículas são formadas dentro das células bacterianas. Normalmente, as células bacterianas são lavadas em uma solução de sal metálico, como o nitrato de prata. Após a remoção do excesso de sal, um agente redutor adequado, como o boridreto de sódio, é adicionado. Estudos realizados por Efrima e Zeiri utilizando este método intrínseco revelaram sinais SERS fracos. Isso se deve ao fato de que as nanopartículas se dispersam uniformemente pela célula, com uma preferência pela circunferência celular, mas sem formar agregados, o que resulta em sinais fracos e esparsos devido à ausência de hotspots.

O método extrínseco, por outro lado, envolve a formação de nanopartículas coloidais de prata ou ouro diretamente na superfície da célula bacteriana. Diferentemente do método intrínseco, as células bacterianas são inicialmente imersas em uma solução de agente redutor (como o boridreto de sódio). Após a lavagem para remover o excesso do redutor, as células são tratadas com sais metálicos, como o nitrato de prata ou o ácido cloroáurico, resultando na formação de colóides metálicos na parede celular. Este processo cria um filme rugoso sobre a célula bacteriana que serve como um sítio eficiente para a nucleação das nanopartículas. O estudo de Zeiri et al. com as bactérias E. coli e Bacillus megaterium demonstrou que, embora as bactérias gram-negativas e gram-positivas possuam composições de parede celular distintas, as assinaturas SERS obtidas apresentaram características semelhantes, sugerindo que os sinais SERS são originados de um conjunto específico de moléculas presentes na parede celular.

Além disso, observou-se que o SERS obtido pelo método extrínseco difere significativamente dos espectros Raman normais. Em particular, o pico de fenilalanina está ausente nos espectros SERS utilizando excitação de 514 nm, e os espectros revelam uma semelhança com os espectros Raman do flavin, indicando uma interação entre as nanopartículas de prata e o anel isoaloxazínico do flavin adenina dinucleotídeo. As diferenças nas assinaturas SERS entre os métodos intrínseco e extrínseco estão principalmente relacionadas à posição das nanopartículas em relação à bactéria, com o método extrínseco proporcionando uma melhor formação de hotspots.

O método mais comumente utilizado para adquirir espectros SERS de bactérias é a mistura direta das nanopartículas coloidais com as bactérias. Este método é preferido por sua simplicidade e aplicabilidade prática, sendo especialmente adequado para aplicação em campo. As nanopartículas e as bactérias podem ser usadas como uma suspensão ou depositadas em um substrato plano. No estudo realizado por Zhou et al., o SERS das bactérias foi obtido pela mistura de nanopartículas de prata (NPs) com as bactérias. As nanopartículas não encapsuladas foram sintetizadas utilizando cloridrato de hidroxilamina. Quando misturadas com as bactérias e um agente agregante como o NaCl, os sinais SERS observados eram mais fracos e diferentes dos obtidos pelo método extrínseco. Isso pode ser atribuído à seletividade na amplificação dos metabólitos liberados pela célula, em comparação com os picos de flavina observados no método extrínseco.

Outra variável importante na aplicação do método de mistura de nanopartículas coloidais com bactérias é o uso de agentes de encapsulação. As nanopartículas encapsuladas, como as de citrato, podem se ligar fraco à célula bacteriana, mas quando ligantes com afinidade mais forte são aplicados, esses ligantes podem deslocar as nanopartículas do substrato e alterar os sinais SERS observados. O uso de NPs encapsuladas pode permitir uma melhor interação com a membrana lipídica ou a parede celular bacteriana, o que resulta em espectros SERS diferentes dos obtidos pelo método extrínseco.

Um exemplo mais recente do avanço nessa área é o trabalho de Prakash et al., que desenvolveram substratos bimetálicos de prata e ouro com carga positiva para obter assinaturas bacterianas. Este tipo de substrato tem mostrado maior eficiência na amplificação dos sinais SERS devido à presença de múltiplos hotspots. As nanopartículas bimetálicas, além disso, apresentam maior energia de plasmonização localizada e maior disponibilidade de hotspots, em comparação com as nanopartículas monometálicas, devido ao aumento das propriedades ópticas intrínsecas.

Esses avanços são importantes, pois a capacidade de obter sinais SERS reprodutíveis e distintos para diferentes espécies bacterianas é crucial para aplicações práticas, como a detecção e identificação rápida de patógenos. No estudo mencionado, foram utilizados três tipos de bactérias (E. coli, S. typhimurium e B. subtilis) como sondas para os experimentos de SERS, e os dados obtidos permitiram discriminar com sucesso as espécies bacterianas por meio de análise multivariada.

Além disso, a construção de substratos específicos, como os substratos de nanofios ou estruturas 2D/3D com gaps controlados na escala nanométrica, tem mostrado ser uma estratégia eficaz para a amplificação dos sinais SERS. Esses substratos plasmonicos são projetados para criar ambientes de alta intensidade local, conhecidos como hotspots, que permitem a detecção de sinais mais fortes e mais reprodutíveis, mesmo em pequenas quantidades de amostras bacterianas.

Em suma, a utilização de nanopartículas coloidais de prata e ouro, seja por meio dos métodos intrínsecos, extrínsecos ou pela mistura direta de bactérias e nanopartículas, tem se mostrado uma abordagem promissora para a detecção eficaz de bactérias por meio de SERS. No entanto, os métodos mais eficientes dependem de uma série de fatores, incluindo o tipo de nanopartículas utilizadas, a metodologia de preparação e a interação específica entre as nanopartículas e a célula bacteriana.