À medida que você avança em sua jornada de cura, é fundamental ter marcos para medir o seu progresso. Estes marcos, sejam eles comportamentais, emocionais ou mesmo relacionais, são essenciais para a construção de uma visão clara do que você está trabalhando para alcançar. Compreender aonde você quer chegar é crucial, seja um futuro mais equilibrado, um comportamento desejado ou uma sensação de bem-estar que você almeja incorporar.

Para isso, uma das questões principais a se perguntar é: onde você quer estar daqui a 12 meses? Como você quer se comportar e o que quer sentir nesse período? Quais relações significativas você gostaria de cultivar? Essas perguntas são fundamentais para traçar uma rota clara no processo de transformação, servindo como um guia para a mudança. Além disso, ao praticar EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares), entender seus objetivos de futuro será uma ferramenta importante para orientar o processo. Quando você se sentir pronto para se concentrar mais intensamente em uma imagem mais concreta de seu futuro, poderá utilizar exercícios como o "Futuro Eu", abordado no Capítulo 19.

Ao definir seus objetivos, não basta apenas visualizar o destino final. É necessário também identificar os passos e marcos ao longo do caminho. O simples ato de imaginar onde você gostaria de estar em 12 meses precisa ser complementado por ações mais curtas, como metas de 9, 6 e 3 meses. A construção dessas etapas menores oferece uma sensação de progresso e sucesso gradual, além de manter a motivação em alta. Cada pequeno marco funciona como um lembrete de que você está indo na direção certa.

Se o processo de estabelecer metas parecer intimidante, lembre-se de que está tudo bem começar pequeno. Às vezes, o primeiro passo é apenas ser capaz de identificar metas para si mesmo. Não há pressa, o mais importante é seguir o ritmo que seja adequado para você.

Outro aspecto crucial na mudança de comportamento é compreender os padrões que dominam sua vida. Todos nós temos comportamentos repetitivos — sejam eles saudáveis ou não — que moldam nossas reações e ações diárias. Identificar esses padrões é um passo fundamental na transformação. Há padrões prejudiciais, como a impulsividade (explosões de raiva ou decisões precipitadas), autossabotagem (como procrastinação ou abuso de substâncias), ou mesmo comportamentos evitativos, como o isolamento excessivo ou a busca constante de aprovação. Por outro lado, padrões saudáveis, como a prática regular de exercícios, meditação e o cultivo de relacionamentos significativos, também são indispensáveis para o equilíbrio e o bem-estar.

Reconhecer essas dinâmicas é o primeiro passo para mudar aquilo que não serve mais. No entanto, é fundamental entender que essas escolhas muitas vezes não são feitas de forma consciente ou deliberada. O que leva a comportamentos destrutivos pode estar relacionado ao desejo de se autoacalmar, evitar desconfortos emocionais, buscar aprovação ou suprir necessidades não atendidas durante a infância. Portanto, cada comportamento, por mais negativo que pareça, tem uma função. Essa função precisa ser compreendida e, por isso, é essencial parar de se julgar com severidade e olhar para seus comportamentos com empatia, reconhecendo que eles surgiram por motivos compreensíveis.

Entender os sintomas que acompanham essas escolhas é outro aspecto fundamental. Muitas vezes, a linha entre comportamento e sintoma é tênue, mas é importante saber que os sintomas são indícios de que algo mais profundo precisa ser tratado. Sintomas como ansiedade excessiva, dificuldades de concentração, sentimentos de despersonalização, insônia ou pesadelos frequentes, entre outros, são frequentemente relacionados a traumas não resolvidos. Estes sintomas podem, muitas vezes, ser confundidos com questões de saúde mental separadas, como transtornos de ansiedade, depressão ou TDAH. No entanto, a raiz desses sintomas pode ser o trauma, e o tratamento do trauma por meio do EMDR facilita a diferenciação entre os sintomas reais e os outros problemas subjacentes.

Portanto, ao trabalhar com a terapia EMDR, a primeira prioridade deve ser o tratamento do trauma. Uma vez que o trauma é reprocessado, fica mais claro se os sintomas remanescentes têm a ver com a saúde mental geral ou se ainda estão sendo sustentados por questões traumáticas não resolvidas. No decorrer do processo terapêutico, à medida que você começa a compreender mais profundamente seus padrões e comportamentos, torna-se possível implementar estratégias eficazes para mudar os padrões indesejados e fortalecer os hábitos saudáveis que promovem uma vida mais equilibrada.

Além disso, ao dar espaço para o autoexame e para a compreensão de si mesmo, você passa a reconhecer o papel vital que seus comportamentos e escolhas desempenham na construção da sua identidade. Mudanças profundas começam com a conscientização, seguida pela paciência e ação contínua para transformar esses padrões, criando um ciclo de autocrescimento que se retroalimenta positivamente.

Como Encerrar uma Sessão Incompleta de EMDR e Manter o Progresso Psicológico

O processo de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) é frequentemente complexo e pode deixar questões não resolvidas ao final de uma sessão. Reconhecer essas lacunas e lidar com elas de maneira segura é fundamental para a continuidade do trabalho terapêutico e para a preservação do bem-estar emocional do paciente. Portanto, é crucial implementar estratégias eficazes para fechar essas sessões de forma adequada, mesmo quando o processo não é concluído. Um dos métodos eficazes para esse fim é o exercício do Contêiner, uma prática que permite "guardar" temporariamente os materiais de uma sessão incompleta até que o terapeuta e o paciente possam retomá-los de maneira segura.

Ao terminar uma sessão de EMDR, é comum que o paciente se sinta emocionalmente sobrecarregado ou que tenha dificuldade em integrar todas as informações e experiências que surgiram durante o processo. A utilização de uma técnica como a do Contêiner oferece uma maneira estruturada de "guardar" esse material de forma segura, evitando que ele invada o cotidiano do paciente antes de ser completamente processado. O exercício envolve visualizar ou imaginar um objeto ou espaço seguro, como um cofre, uma caixa ou até mesmo um ambiente imaginário, onde o paciente pode "colocar" os pensamentos, emoções e imagens relacionadas ao trauma ou à situação trabalhada durante a sessão.

Para realizar o exercício, o paciente começa por se preparar, sentando-se de forma confortável e realizando algumas respirações profundas. A seguir, inicia-se a estimulação bilateral (movimentos oculares, batidas ou sons alternados), enquanto se visualiza o contêiner escolhido. Ao fazer isso, o paciente deve refletir sobre tudo o que foi trabalhado na sessão e decidir o que precisa ser armazenado temporariamente. Pode-se visualizar itens ou cenas específicas que surgiram, desde sentimentos intensos até imagens, crenças ou pensamentos desconfortáveis. O paciente então imagina fechando, trancando ou selando esse contêiner, garantindo que os materiais sejam mantidos de forma segura até que o momento adequado chegue para revisitá-los.

É importante que o paciente tenha paciência durante essa prática, permitindo-se o tempo necessário para organizar os elementos da sessão de forma eficaz. Caso haja dificuldade em focar ou em visualizar claramente os itens que precisam ser guardados, uma estratégia útil é imaginar que outra pessoa, como uma figura de apoio ou parte da equipe terapêutica, ajude a "guardar" esses materiais. Isso pode proporcionar uma sensação adicional de segurança e apoio durante o exercício.

Outro recurso valioso para quando uma sessão não é completamente resolvida é a técnica do "lugar tranquilo", que ajuda a restaurar um estado de calma e segurança no paciente. Ao final de uma sessão emocionalmente carregada, o paciente pode visualizar um lugar que o faça sentir-se seguro, calmo e relaxado, como uma praia, um espaço na natureza ou um local imaginário. Esse lugar serve como uma âncora emocional, proporcionando uma sensação de estabilidade enquanto o paciente se prepara para encerrar a sessão. Junto a essa visualização, é recomendável que o paciente crie uma frase ou mantra que represente esse lugar, como “Estou seguro agora” ou “Eu posso relaxar”.

Após visualizar esse espaço tranquilo, o paciente deve focar nas sensações sensoriais desse lugar, atentando-se aos detalhes do que vê, ouve, sente, cheira e até mesmo saboreia. Essa experiência sensorial é então absorvida no corpo do paciente, proporcionando uma sensação de relaxamento profundo. Com a continuidade da estimulação bilateral, a pessoa deve deixar-se imergir completamente nesse estado de paz, até que sinta que está novamente estabilizada emocionalmente.

Essas técnicas, tanto o Contêiner quanto o lugar tranquilo, não devem ser vistas como substitutas para o trabalho contínuo durante as sessões de EMDR, mas como complementos importantes para garantir que o paciente se sinta seguro e emocionalmente equilibrado, mesmo quando uma sessão não é concluída. Elas funcionam como estratégias temporárias de fechamento, criando um espaço para que o trabalho emocional incompleto seja armazenado de maneira controlada até que o terapeuta e o paciente possam retomá-lo.

É essencial entender que, apesar dessas práticas fornecerem alívio, o processo de EMDR deve ser continuado de forma cuidadosa e gradual. As "interrupções" ou "interrupções temporárias" no processo de reprocessamento não são fracassos, mas sim momentos em que o sistema nervoso do paciente pode precisar de mais tempo ou de mais recursos para processar as informações de maneira mais eficaz. A segurança emocional e a integridade mental do paciente devem ser priorizadas, e essas técnicas fornecem um caminho seguro para lidar com sessões incompletas, assegurando que o trabalho de reprocessamento possa ser retomado quando for o momento certo.

Como Trabalhar com Partes Infantis e Defensivas de Si Mesmo no EMDR

A prática de oferecer amor a si mesmo pode ocorrer a partir das profundezas da mente. Este exercício pode ajudar a construir seu senso de autovalor e autoaceitação, ao mesmo tempo que nutre as partes feridas internas de seu ser. Ao utilizar abordagens terapêuticas, como o EMDR, você se permite acessar camadas mais profundas de sua psique, promovendo não só o entendimento, mas também a cura das partes mais vulneráveis de sua personalidade.

A técnica de bridging back (retroceder) e bridging forward (avanço para o futuro) é uma das mais comuns dentro do EMDR. O bridging back é utilizado quando você se vê reagindo de uma maneira específica a algo ou quando uma reação intensa emerge. Nesse caso, retroceder é um processo que consiste em acessar momentos passados da sua vida para identificar a origem dos gatilhos e retrocessos que surgem no presente. O bridging forward, por sua vez, prepara você para situações futuras, antecipando possíveis medos, gatilhos ou dificuldades que possam surgir, oferecendo estratégias para lidar com eles. O trabalho com EMDR utiliza essas técnicas com frequência, especialmente quando se busca compreender o que causa as maiores fontes de sofrimento.

Para usar a técnica de bridging back no EMDR, você deve identificar uma perturbação ou problema atual. A partir disso, observe as sensações físicas, as emoções, crenças e imagens que surgem ao pensar sobre esse problema. Em seguida, imagine-se assistindo a essa perturbação como se fosse um filme, retrocedendo até um momento anterior em que você sentiu algo semelhante. Várias memórias podem surgir e você pode trabalhar com elas individualmente em uma sessão com seu terapeuta EMDR.

No caso do bridging forward, você deve identificar um medo ou preocupação futura e questionar o que parece ser o pior cenário possível. Após isso, é importante refletir sobre como você gostaria de reagir nesse cenário. A adição de estimulação bilateral pode ajudar a visualizar a forma como você gostaria de lidar com a situação. Essa técnica, aplicada no trabalho com EMDR, proporciona uma forma de focar no futuro, fortalecendo a resposta emocional a situações que possam ocorrer.

A combinação de trabalhar com o passado e com o futuro ajuda a identificar as partes de você que estão presentes

Como Suavizar os Protetores Internos e Introduzir Novas Soluções para Respostas Reativas

À medida que buscamos compreender e lidar com nossas partes internas protetoras, um dos primeiros passos é entender que essas partes têm um papel importante na nossa sobrevivência emocional e física. Muitas vezes, essas partes reativas se formam em resposta a experiências traumáticas ou situações adversas, com o intuito de nos proteger, mas com o tempo, essas respostas podem se tornar automáticas e, em alguns casos, limitadoras. A chave para a cura está em reconhecer essas partes e, ao invés de ignorá-las ou reprimir suas respostas, oferecermos a elas a oportunidade de se transformar e evoluir.

Por mais que as partes protetoras possam parecer rígidas ou até excessivas em suas reações, elas estão, de alguma forma, tentando ajudar. Elas não surgem por acaso, mas como uma tentativa de enfrentar uma ameaça ou risco, seja real ou percebido. No entanto, ao aprofundarmos nossa compreensão, podemos perceber que essas reações podem ser suavizadas e transformadas, permitindo-nos viver de maneira mais equilibrada.

É comum que as partes protetoras resistam à compaixão. Quando começamos a oferecer compaixão a essas partes, elas podem reagir com resistência, pois têm medo do que aconteceria se deixassem de proteger. Essas emoções de resistência são importantes, pois indicam que essas partes temem perder sua função de defesa. Portanto, se você sentir resistência, o melhor a fazer é se perguntar: o que essas partes temem que aconteça se aceitarem a compaixão? Esta curiosidade e abertura para explorar esses medos muitas vezes podem trazer à tona emoções que indicam um processo de cura em andamento.

Entre as emoções que podem surgir nesse processo, há várias que indicam que a mudança está ocorrendo. Sentir-se reconhecido e cuidado é uma das primeiras reações positivas. Pode surgir também uma sensação de luto, uma tristeza profunda pelo peso das cargas que essas partes tiveram de carregar ao longo da vida. No entanto, mesmo que essas emoções tragam à tona sentimentos intensos, elas representam um avanço. Elas nos mostram que estamos permitindo que nossas partes internas sejam vistas e compreendidas pela primeira vez de maneira genuína, sem julgamento. Isso, por sua vez, facilita o processo de cura.

É essencial entender que essas reações e mecanismos de proteção não definem quem somos. Eles apenas contam a história de tudo o que tivemos que enfrentar. Muitas vezes, as reações protetoras são formadas em momentos de grande vulnerabilidade, sem que tenhamos aprendido maneiras mais saudáveis de lidar com nossas emoções. Validar essas partes internas significa reconhecê-las, sem culpá-las, e entender que elas estavam fazendo o melhor que podiam, dadas as circunstâncias.

Outro ponto importante a ser compreendido é como essas respostas protetoras podem ser aprendidas a partir das influências ao nosso redor. Desde a infância, estamos expostos ao comportamento e reações de aqueles que nos cercam. Muitas vezes, imitamos esses comportamentos, incorporando não apenas os gestos, mas as emoções e crenças de quem nos influenciou. Isso não significa que copiamos as ações de forma consciente, mas que, como uma estratégia de sobrevivência, tentamos nos conectar com os outros, especialmente em momentos de vulnerabilidade. Assim, muitas vezes, nossas respostas reativas não são apenas reflexos de nossas próprias experiências, mas também de modelos que fomos expostos, como pais, cuidadores ou figuras de autoridade.

A diferença entre "imitar" e "carregar" a energia de outra pessoa está na forma como essas respostas são internalizadas. "Imitar" significa reproduzir comportamentos observados, enquanto "carregar" envolve incorporar as características emocionais ou comportamentais de outra pessoa de maneira mais profunda. Esse processo de internalização pode ser um fator importante na formação de nossas reações automáticas.

A compreensão de como essas partes protetoras se formam e funcionam abre espaço para a introdução de novas soluções. Não se trata de "remover" essas partes, mas de oferecer-lhes a possibilidade de mudar. Como essas partes foram forçadas a manter crenças rígidas e expectativas pesadas, ao ampliarmos a compreensão sobre sua origem, damos a elas a capacidade de escolher novas formas de reagir. Oferecer alternativas e soluções a essas partes não significa desprezá-las, mas dar-lhes novas opções que podem trazer mais equilíbrio ao nosso sistema emocional.

Isso implica também um processo de autocompaixão, onde, ao invés de ver essas partes como falhas ou negativas, reconhecemos seus esforços para nos proteger. Quando somos capazes de oferecer soluções novas e mais adaptativas para nossas reações, criamos espaço para que essas partes internas respondam de maneira mais equilibrada. Elas, então, não precisam mais reagir de forma extrema, pois têm novas formas de lidar com os desafios.

É importante notar que, ao trabalhar com essas partes protetoras, não devemos esperar resultados imediatos. O processo de transformação leva tempo e, muitas vezes, requer um trabalho contínuo. No entanto, ao praticar o reconhecimento e a validação dessas partes, abrimos caminho para a cura. Cada exercício que realizamos nos permite substituir antigas reações automáticas por novas maneiras de responder e agir, que são mais saudáveis e adaptáveis.

Neste processo, o objetivo não é "eliminar" partes de nós mesmos, mas abraçá-las e permitir que evoluam. Quando essas partes sentem que não serão descartadas, elas ficam mais abertas à mudança. O trabalho constante de validar e oferecer novas soluções ajuda a criar um ambiente interno mais harmonioso, onde nossas respostas podem ser mais conscientes e menos reativas.

Este processo de transformação não é algo que acontece de uma vez. Exige paciência, prática e uma compreensão profunda de nós mesmos. Ao fazer isso, podemos continuar a aprender e a crescer, encontrando maneiras mais saudáveis de reagir e de nos relacionar conosco e com o mundo à nossa volta.

Como o EMDR Pode Ajudar no Tratamento do Trauma

O trabalho real e profundo com as vulnerabilidades é desafiador, mas necessário para superar as influências negativas criadas por experiências traumáticas. Ao optar por confrontar esses aspectos da sua psique, você tem a chance de se libertar desses efeitos e finalmente começar a viver a vida que deseja. Para aqueles que tendem a evitar esse tipo de trabalho vulnerável, é importante notar que essa fuga também pode ser uma resposta ao trauma. Ao reconhecer isso, você pode começar a se preparar para uma jornada de cura verdadeira.

Em busca de soluções para o tratamento de traumas, muitos se deparam com uma abordagem que pode ser menos convencional, mas altamente eficaz: o EMDR. A Desensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular (EMDR, na sigla em inglês) não é apenas uma das opções mais rápidas e eficientes, mas também uma das mais pesquisadas e baseadas em evidências no mundo para tratar o trauma e outros distúrbios mentais. A criação do EMDR, conforme indicado por sua fundadora, Francine Shapiro, em uma edição recente do seu livro Eye Movement Desensitization and Reprocessing (2019), marca a relevância e a eficácia dessa abordagem.

Se você sente que está preso a padrões repetitivos em sua vida, ou não consegue superar crenças e comportamentos problemáticos, saiba que não está sozinho. Esses bloqueios são comuns para aqueles que passaram por traumas. Embora a terapia tradicional de fala possa ter seus méritos, muitas vezes não é suficiente para desbloquear as profundas correntes emocionais que mantêm o indivíduo preso em experiências passadas. O EMDR se distingue por sua abordagem única.

Embora o nome do método possa parecer um tanto técnico — Desensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular —, o processo é, na verdade, simples para o cliente. A ideia de movimentos oculares pode parecer estranha ou até mística, mas o EMDR é, na verdade, fundamentado na neurobiologia, com vasto respaldo de pesquisas que atestam sua eficácia terapêutica. O objetivo do EMDR é ajudar o cérebro a funcionar de maneira mais adaptativa, processando e acessando memórias e crenças associadas a experiências passadas, permitindo que você integre informações mais úteis e positivas.

Por vezes, os efeitos traumáticos ficam presos em um ciclo repetitivo, porque o cérebro não sabe como processá-los adequadamente. Isso resulta em crenças negativas sobre nós mesmos, respostas emocionais e corporais intensas, pensamentos intrusivos e outras manifestações que se tornam automáticas quando somos desencadeados por estímulos. O EMDR interrompe esse ciclo, desassociando os padrões traumáticos que o cérebro e o corpo criaram, e promovendo o acesso a pensamentos mais adaptativos, emoções e crenças mais saudáveis.

O aspecto dos movimentos oculares no EMDR refere-se à estimulação bilateral, que é uma abordagem suave e não invasiva. Isso pode envolver sons ou toques, e é projetado para engajar o cérebro de forma similar ao processo que ocorre durante o sono REM (movimento rápido dos olhos), fase na qual o cérebro processa grande parte das experiências do dia. O EMDR permite que o cérebro realize esse processamento de maneira consciente, o que ajuda a resolver crenças e padrões emocionais que, de outra forma, ficariam "presos" durante o sono.

No campo da saúde mental, o EMDR se destaca não apenas no tratamento do PTSD (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) e de outros traumas, mas também na resolução de uma gama de distúrbios mentais. Estudos demonstram sua eficácia no tratamento de problemas como depressão, ansiedade, uso de substâncias, distúrbios de controle de impulsos e muito mais.

Quando se busca verdadeira cura e respostas eficazes para superar os impactos de eventos traumáticos, o EMDR se apresenta como uma solução notável. As memórias, os pensamentos e as emoções negativas associadas a experiências traumáticas podem ser deslocados do primeiro plano da mente para outras áreas do cérebro, permitindo que você recupere o controle e retome a vida que deseja.

Uma característica fundamental do EMDR é sua diferença em relação às terapias tradicionais. O EMDR coloca você no centro de seu próprio processo de cura, permitindo que você se conecte com sua experiência de uma forma que outras abordagens terapêuticas não conseguem. Embora compartilhe algumas semelhanças com a teoria da hipnose, o EMDR não exige que você entre em um estado de transe, ao contrário, você está totalmente consciente durante o processo.

Esse método permite que pensamentos e memórias confusas ou negativas sejam transformados em insights mais positivos e significativos. O melhor de tudo é que, ao contrário de outras abordagens terapêuticas, você não pode "errar" ao fazer EMDR. O terapeuta, capacitado e experiente, guiará você por esse caminho de maneira personalizada, adaptada ao seu caso específico.

Além de melhorar aspectos emocionais e cognitivos, o EMDR também pode levar a benefícios físicos. Muitos relatam sentir-se mais saudáveis, mais fortes e mais energizados após o tratamento. A redução de ciclos recorrentes de pensamentos e comportamentos, assim como a eliminação da necessidade de reviver os detalhes perturbadores dos eventos traumáticos, traz uma sensação de liberdade que poucas outras terapias conseguem proporcionar.

O EMDR se destaca, também, por seus resultados duradouros. Embora o processo não seja uma solução rápida, muitas pessoas experimentam melhorias significativas após poucas sessões, com resultados que perduram por meses ou até anos. Contudo, a chave para o sucesso reside no compromisso do paciente e na parceria com um terapeuta qualificado.

Ao longo da sua jornada terapêutica, ao começar a trabalhar com o EMDR, é importante perceber as mudanças que começam a ocorrer em sua vida cotidiana. O controle sobre pensamentos e emoções se torna mais tangível, os gatilhos diminuem e uma sensação de maior domínio da vida se instala. Muitos que passam por esse processo ficam impressionados com o poder curativo do EMDR.

Escolher o terapeuta adequado é um passo essencial nesse processo. A experiência e a formação específica em EMDR são fundamentais para garantir que o tratamento seja conduzido de maneira eficaz e segura. Não basta ser um profissional da saúde mental; é crucial que o terapeuta tenha treinamento adequado em trauma e EMDR, pois isso fará toda a diferença na qualidade e nos resultados da terapia.