A luta pela liberdade das mulheres, das pessoas LGBTQ+ e de outros grupos marginalizados sempre esteve na linha de frente das revoluções sociais, em especial nas décadas de 1960 e 1970, quando movimentos como o Stonewall Rebellion em Nova York trouxeram à tona as questões de classe, opressão e identidade sexual. O Partido dos Trabalhadores do Mundo (WWP) tem sido um dos principais defensores da inclusão dessas questões em sua luta anticapitalista e socialista, destacando-se pela promoção da justiça reprodutiva e pelos direitos das minorias. Ao abraçar uma perspectiva anti-imperialista e internacionalista, o WWP defende que a luta contra o capitalismo não é apenas uma questão nacional, mas sim um movimento global. A transformação do mundo exige a união das lutas de classe, buscando uma sociedade livre da exploração promovida pelo 1% mais rico.

Por sua vez, o Partido da Igualdade Socialista (SEP) e o World Socialist Web Site (WSWS) se destacam como uma voz influente no movimento socialista revolucionário. Esses grupos mantêm uma análise crítica do capitalismo mundial, não se limitando apenas aos Estados Unidos, mas abrangendo a realidade global. Embora o WSWS tenha uma abordagem muitas vezes cética em relação a outros movimentos de esquerda, especialmente aqueles que se concentram em questões específicas de identidade e não de classe social, sua análise é fundamental para entender as crises econômicas, sociais e ambientais que afligem o mundo atual.

O socialismo, conforme abordado nesses movimentos, não é apenas uma proposta de reforma ou de políticas públicas mais inclusivas, mas uma transformação radical da sociedade. Trata-se de uma mudança estrutural que visa acabar com a lógica de mercado e de lucro, substituindo-a por um sistema em que a produção seja voltada para as necessidades humanas e não para o ganho individual de uma pequena elite. A pedagogia pública para o socialismo não se limita ao ensino de teorias ou conceitos, mas visa criar uma conscientização profunda sobre as condições sociais e ecológicas que exigem uma mudança fundamental.

Dentro dessa transformação, o conceito de "ecosocialismo" surge como uma resposta à destruição ambiental exacerbada pelo capitalismo. A crise ecológica não é apenas uma consequência do modelo capitalista, mas uma parte intrínseca dele. O termo "ecosocialismo" reflete a urgência de abordar as questões ambientais dentro da luta socialista, reconhecendo que a preservação do meio ambiente e a luta contra a mudança climática são indissociáveis da luta contra o capitalismo. Ian Angus, um defensor dessa visão, argumenta que o capitalismo tem sido o principal responsável pela criação de uma ruptura metabólica entre a humanidade e a natureza, o que pode levar a um colapso ecológico irreversível se não forem tomadas medidas drásticas.

Para que o socialismo seja uma realidade, é necessário que se dê atenção a vários pontos críticos. A redistribuição de riqueza de forma mais igualitária, a democratização da economia e a garantia de que os bens e serviços sejam produzidos para atender às necessidades e não ao lucro são fundamentais. Além disso, a igualdade plena para todas as pessoas, independentemente de gênero, etnia, sexualidade, deficiência ou religião, deve ser uma premissa central. A luta contra o imperialismo, o colonialismo e o militarismo também são questões que devem ser enfrentadas no caminho para a construção de uma sociedade socialista.

Outro aspecto essencial é a questão ambiental. O socialismo, para ser viável no contexto atual, não pode se dissociar da luta ecológica. A mudança climática, a destruição dos recursos naturais e a poluição ambiental exigem que os movimentos sociais e políticos integrem essas questões em suas agendas. A preservação dos direitos das populações indígenas e a luta pelo acesso à água, à terra e ao ar limpos são questões que não podem ser ignoradas. O futuro socialista deve ser inseparável do futuro ecológico, pois sem um planeta saudável, as mudanças sociais e políticas serão incapazes de atingir seus objetivos mais amplos.

Por fim, para que o socialismo seja construído, não se trata apenas de derrotar o capitalismo, mas de criar uma nova ordem onde as bases da sociedade sejam redefinidas. Marx e Engels, em suas análises, não deixaram planos detalhados sobre como seria uma sociedade socialista, mas apontaram a necessidade de uma luta revolucionária que derrubasse o sistema capitalista. O que se sabe é que, uma vez que a classe trabalhadora conquiste o poder, será necessário decidir democraticamente como organizar essa nova sociedade, levando em conta as condições históricas e sociais específicas do momento.

A luta socialista, portanto, não é um objetivo isolado, mas uma parte de um movimento mais amplo que visa à criação de um mundo novo. É uma luta pela transformação radical das condições de vida, pela garantia de direitos e pela construção de uma sociedade onde a dignidade humana seja a base de todas as relações sociais, econômicas e políticas.

Qual o papel da exploração no capitalismo e a resposta socialista?

A exploração no capitalismo, de acordo com os marxistas, é um fato objetivo e estruturante do sistema. Para eles, a essência do capitalismo está na relação entre o capitalista e o trabalhador, onde o primeiro lucra com o trabalho do segundo, que, por sua vez, não se beneficia integralmente daquilo que produz. Este processo de exploração é inevitável e intrínseco ao funcionamento do sistema capitalista, pois a principal fonte de lucro dos capitalistas é a força de trabalho humana.

Em sua análise, Marx argumenta que a exploração resulta da extração de mais-valia do trabalho dos operários. O trabalhador, ao ser remunerado por um valor inferior ao que efetivamente produz, gera o lucro que será apropriado pelo capitalista. Esse processo, em essência, é a razão pela qual o capitalismo depende da exploração do trabalhador. Este fator não é apenas uma questão de ética ou moral, mas sim um princípio econômico que define as relações de classe na sociedade. Para Marxistas, a conscientização dessa exploração é o que pode levar à mudança: trabalhadores que reconhecem sua condição de explorados podem formar uma classe com potencial para transformar o sistema.

Porém, esse modelo de acumulação de capital está longe de ser estável. A dependência dos capitalistas da exploração do trabalho torna o capitalismo, por sua própria natureza, frágil e sujeito a crises. O capitalismo, em seu esforço incessante para aumentar os lucros, inova tecnologicamente, substituindo o trabalho humano por máquinas – o que é conhecido como a redução do trabalho vivo, ou "trabalho morto", como diria Marx. Esse avanço tecnológico, embora permita a produção mais barata e a redução de custos, acaba gerando uma queda na taxa de lucro. Isso ocorre porque a maior parte do valor gerado não vem mais do trabalho humano direto, mas da substituição de trabalhadores por máquinas, o que resulta em um fenômeno contraditório: mais investimento em tecnologia, mas uma queda proporcional no valor do trabalho.

Essa queda na taxa de lucro é uma tendência, não uma lei rígida. Em momentos de crise, os capitalistas buscam medidas para minimizar os impactos dessa queda. Isso inclui a intensificação da exploração dos trabalhadores: aumentam-se as jornadas de trabalho, diminui-se o tempo de descanso e se impõe uma vigilância mais rígida sobre as condições de trabalho. Além disso, a utilização de contratos temporários e o aumento do trabalho precário são estratégias comuns, onde os trabalhadores são empregados com baixos salários e em condições de extrema vulnerabilidade, muitas vezes sem direitos ou garantias trabalhistas.

O crescente descontentamento com o neoliberalismo e suas consequências para os trabalhadores em diversas partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos, torna-se evidente. Movimentos populares começam a questionar não apenas a eficácia do capitalismo, mas também a legitimidade das elites políticas que sustentam esse sistema. Em um cenário de crescente descrença nas instituições tradicionais, surgem novas ideologias e formas de liderança, muitas vezes radicalmente diferentes, como o caso de Donald Trump e o movimento alt-right.

A ascensão de Trump, como um representante de um tipo de capitalismo neoliberal sem um projeto político coerente, ilustra como a crise do sistema pode ser usada para justificar propostas que, paradoxalmente, não são uma solução, mas uma intensificação das desigualdades. A reação à globalização e à ordem neoliberal levou ao fortalecimento de grupos que, embora rejeitem as estruturas tradicionais do capitalismo, adotam formas de autoritarismo e xenofobia, como o alt-right. Este movimento, ao contrário de propor alternativas ao capitalismo, encontra no caos uma justificativa para sua agenda política.

Em momentos de crise e contradição, como o que o capitalismo atravessa, cresce a necessidade de um projeto que vá além da simples gestão das desigualdades. A alternativa socialista, que visa não apenas combater os excessos do capitalismo, mas superar suas contradições estruturais, se torna uma solução cada vez mais atraente para aqueles que buscam um modelo de sociedade mais justo e igualitário. A partir dessa análise, a pedagogia pública tem um papel central, pois, como afirmava Gramsci, todas as relações sociais são, de certa forma, pedagógicas. A educação, longe de ser apenas um campo formal de ensino, é um espaço de disputa ideológica e política, onde as ideias de emancipação e transformação social devem ser constantemente reforçadas.

O que pode ser extraído de todo esse processo de análise do capitalismo, então, é a percepção de que o movimento de mudança precisa ser amplo e multifacetado. Não se trata apenas de uma crítica econômica ou de uma análise das condições materiais, mas de um engajamento com as ideias, valores e práticas culturais que sustentam o sistema. Isso exige uma pedagogia radical, que consiga articular uma visão de sociedade além do capitalismo, buscando alternativas viáveis e transformadoras para um mundo cada vez mais desigual e fragmentado.

O fenômeno da alienação, amplamente discutido por Marx, ganha um novo contorno no século XXI, marcado pela massificação do consumo, pela tecnificação dos processos de produção e pelo fortalecimento de uma ideologia que coloca o indivíduo como responsável por seu próprio destino, desconsiderando as condições estruturais que moldam suas vidas. Porém, no meio dessa alienação crescente, surge também uma possibilidade: a de que os movimentos anti-capitalistas, baseados em uma crítica radical à ordem econômica e social vigente, podem emergir como a resposta necessária para uma sociedade que clama por alternativas ao atual modelo.

Como o Fascismo se Reflete na Política Contemporânea: Entre a Conspiração e o Nacionalismo

O fascismo, em sua expressão moderna, não se limita mais aos regimes militares ou a movimentos abertamente autoritários. Em vez disso, ele encontrou uma nova face na política contemporânea, especialmente com a ascensão de líderes e movimentos que, em nome da "restauração da grandeza" nacional, promovem a exclusão, a xenofobia e o preconceito. A interseção entre as ideologias de direita, a disseminação de fake news e o uso de memes como ferramenta de radicalização digital tornou-se uma das características mais marcantes desse fenômeno. Movimentos como o "alt-right", que surgiram de forma mais visível nas últimas décadas, se distanciaram das visões tradicionais de fascismo, mas não deixaram de abraçar suas raízes ideológicas.

A ascensão da direita populista não é um acaso, mas parte de uma lógica mais ampla de insatisfação com o status quo político e econômico. A crise do capitalismo, acompanhada de uma crescente desigualdade social, alimenta o medo de uma perda de identidade cultural. Esse medo é amplificado pela ideia de que a "guerra cultural", que envolve a luta contra a imigração, o feminismo, o movimento LGBTQ+ e o multiculturalismo, está destruindo as bases da sociedade ocidental tradicional. Em muitos países, a reação a essas mudanças tem sido o apoio crescente a partidos políticos que defendem um nacionalismo etnicamente homogêneo, com um claro desprezo por políticas de inclusão.

Na raiz desse novo fascismo está uma visão distorcida da história, onde figuras como Hitler e Mussolini são reinterpretadas e, muitas vezes, glorificadas. Movimentos de extrema direita, ao invés de rejeitar o passado fascista, tentam ressuscitar suas ideias, transformando-as em uma ideologia moderna que prega a pureza racial, o retorno a um "ideal patriótico" e a subordinação de grupos marginalizados. A figura do "God Emperor Trump" é um exemplo claro dessa tentativa de construção de uma figura carismática que representa um modelo de poder autoritário e exclusivista.

Esse novo fascismo não se manifesta apenas nas ruas ou em discursos explícitos. Ele se infiltra na cultura digital, especialmente nas redes sociais, onde memes, como o "Hail Trump", são usados como uma forma de propaganda política. Através de uma linguagem humorística e aparentemente inofensiva, ideias profundamente autoritárias são disseminadas de forma eficaz, atingindo principalmente jovens e indivíduos marginalizados que se sentem alienados pela sociedade contemporânea.

Além disso, a retórica fascista contemporânea se alimenta da ideia de uma conspiração global, onde grupos como os judeus, os imigrantes ou as elites políticas são retratados como inimigos invisíveis que controlam o destino das nações. Teorias da conspiração, como a do "holohoax" ou a de que uma grande "substituição racial" está em curso, alimentam um clima de desconfiança e hostilidade, que se reflete diretamente nas políticas de imigração de muitos países, especialmente nos Estados Unidos.

Entretanto, é fundamental compreender que o fascismo moderno não é apenas uma questão de extremismo político. Ele está intimamente ligado a um conjunto de valores culturais que buscam estabelecer uma hierarquia racial e sexual, baseada na superioridade branca e no patriarcado. A misoginia, o racismo e a homofobia são elementos centrais dessa visão de mundo, sendo frequentemente normalizados e até mesmo celebrados em espaços digitais e políticos.

Para que se compreenda de forma mais profunda esse fenômeno, é necessário também abordar o impacto das políticas neoliberais e da globalização. A crise econômica e a desindustrialização têm um papel crucial no surgimento de movimentos de extrema direita. Ao perderem seus empregos ou enfrentarem condições de vida precárias, muitas pessoas se voltam contra os outros, seja por meio do apoio a políticos populistas, seja pela adesão a grupos que prometem devolver-lhes a sensação de poder e identidade.

Além disso, um aspecto frequentemente negligenciado da ascensão do fascismo moderno é a relação estreita entre a classe trabalhadora e o apoio a tais ideologias. O fascismo não é apenas um movimento elitista, como muitos pensam, mas também uma resposta das camadas mais baixas da sociedade à perda de poder e prestígio. A figura do trabalhador "oprimido" que vê suas condições de vida se deteriorarem devido ao avanço de políticas neoliberais encontra no nacionalismo uma forma de reafirmar sua dignidade e pertencer a um projeto de grandeza.

Com isso, é crucial que, além de entender os sinais externos de fascismo — como o discurso de ódio explícito e a propaganda política —, se faça uma reflexão mais profunda sobre os fatores econômicos, sociais e culturais que alimentam essa ideologia. O fascismo não surge do nada; ele é alimentado por uma série de crises, reais ou percebidas, que minam a confiança das pessoas no sistema político e econômico.