O uso de templates de busca no Elasticsearch permite criar consultas dinâmicas e reutilizáveis que tornam o processo de pesquisa mais eficiente e seguro. Ao projetar um template de busca, podemos realizar consultas em um conjunto de campos específicos dentro de um índice, e agregar resultados com base em critérios como os diretores ou gêneros mais relevantes. A seguir, vamos explorar como construir e testar um template de busca, bem como os benefícios dessa abordagem.

Um template de busca é uma maneira de armazenar consultas complexas, permitindo que variáveis sejam inseridas dinamicamente durante a execução da consulta. O uso da linguagem de script Mustache, por exemplo, possibilita a substituição de parâmetros como o texto da consulta ({{query}}) e o número de resultados a serem agregados ({{agg_size}}), sem expor diretamente a sintaxe de consulta do Elasticsearch.

Primeiramente, é necessário obter o conjunto de dados de filmes para construir o template de busca. No repositório do GitHub, pode-se copiar o trecho de código necessário para adicionar o template de busca no Elasticsearch. Uma vez copiado, o código pode ser inserido na ferramenta Dev Tools | Console do Elasticsearch. O comando para adicionar o template é estruturado da seguinte maneira:

json
PUT _scripts/movies-search-template { "script": { "lang": "mustache", "source": { "query": { "bool": { "must": [ { "multi_match": { "query": "{{query}}",
"fields": ["title^4", "plot", "cast", "director"]
} }, { "multi_match": { "query": "{{query}}", "type": "phrase_prefix", "fields": ["title^4", "plot", "director"] } } ] } }, "aggs": { "genre_facet": { "terms": { "field": "genre", "size": "{{agg_size}}" } }, "director_facet": { "terms": { "field": "director.keyword", "size": "{{agg_size}}" } } }, "sort": [ {"release_year": "desc"} ],
"fields": ["title", "release_year", "director", "origin"],
"_source": "false" } } }

Este template realiza uma consulta com dois tipos de multi_match, o primeiro buscando o termo em múltiplos campos como title, plot, cast e director, sendo o campo title priorizado com um peso 4. O segundo multi_match procura por prefixos de frases no mesmo conjunto de campos, com a mesma priorização para o título. Além disso, a consulta inclui agregações por genre e director, permitindo listar os gêneros e diretores mais frequentes nos resultados da busca.

Após a criação do template, podemos testá-lo utilizando a API _render/template, que permite simular uma consulta com valores reais para os parâmetros. Um exemplo de como realizar essa simulação seria:

json
GET _render/template { "id": "movies-search-template", "params": { "query": "space", "agg_size": 3 } }

O retorno da consulta será uma versão expandida do template, substituindo as variáveis pelos valores fornecidos, permitindo ao desenvolvedor verificar a estrutura exata da consulta gerada. No exemplo acima, estamos buscando por filmes de ficção científica, com a agregação limitada a três resultados para cada categoria de gênero e diretor.

Uma vez testado, o template pode ser utilizado para consultas reais no Elasticsearch com o seguinte comando:

json
GET movies/_search/template { "id": "movies-search-template", "params": { "query": "space", "agg_size": 3 } }

A principal vantagem de usar templates de busca é a separação clara entre a estrutura da consulta e os parâmetros. Isso torna as consultas mais legíveis e fáceis de manter, além de permitir a reutilização de consultas comuns em diferentes aplicações ou índices. Outro benefício é a segurança: ao evitar que os usuários insiram diretamente consultas maliciosas, os templates ajudam a proteger o sistema contra injeções de código.

Além disso, a utilização de templates de busca também facilita a criação de interfaces dinâmicas, como motores de busca em websites ou aplicativos. É possível passar os parâmetros da consulta, como termos de busca ou filtros, diretamente para o template e obter os resultados de forma eficiente. Em dashboards dinâmicos ou relatórios, os templates podem ser usados para gerar visualizações com base em filtros aplicados pelos usuários.

Outro ponto importante é que templates podem ser enriquecidos com valores padrão e condicionais. Por exemplo, se um parâmetro como end_date não for especificado, é possível configurar um valor padrão como "now", permitindo que a consulta seja executada com base em valores de data dinâmicos. O uso de condicionais, como {{#last_10y}}, possibilita incluir ou excluir partes da consulta conforme a necessidade, como exibir filmes lançados nos últimos 10 anos quando o parâmetro last_10y for verdadeiro.

Vale ressaltar que templates de busca podem ser armazenados em índices especiais, como o .scripts, ou em arquivos locais nos nós de dados do cluster. Esse armazenamento facilita a gestão e manutenção de consultas complexas em sistemas com grande volume de dados.

Com o tempo, é possível explorar mais funcionalidades dos templates, como a inclusão de operações de agregação mais avançadas, a definição de regras complexas para ordenação e a personalização de respostas com base nas necessidades do usuário.

Como Utilizar o Metricbeat para Coletar Dados de Apache Tomcat

No universo da observabilidade de infraestrutura, ferramentas como o Elastic Agent têm se tornado essenciais para a ingestão e análise de dados temporais. Contudo, em algumas situações, quando não há integração disponível para uma fonte de dados específica, as alternativas se tornam necessárias. Um desses casos ocorre quando é preciso monitorar métricas do Apache Tomcat, um servidor de aplicações amplamente utilizado em ambientes corporativos. Neste contexto, o uso do Metricbeat, uma das ferramentas da suite Beats, surge como uma solução eficiente. Abaixo, exploraremos como configurar o Metricbeat para coletar métricas do Apache Tomcat, utilizando o módulo Jolokia, e integrá-las ao Elasticsearch para análise.

Antes de iniciar a coleta de dados, é crucial garantir que o Apache Tomcat esteja instalado e funcionando corretamente. Para este exemplo, consideraremos a versão 9.x do Tomcat, que é amplamente utilizada no mercado. Além disso, será necessário instalar o Jolokia, um agente Java que oferece uma interface HTTP simplificada para monitoramento via JMX. O Jolokia permitirá que o Metricbeat acesse as métricas JMX do Tomcat, transformando-as em dados estruturados compatíveis com o Elastic Stack.

Preparando o Ambiente

Para configurar o ambiente de coleta, a primeira etapa é a instalação do Apache Tomcat 9. Existem diversas maneiras de fazer isso, mas uma das mais práticas é utilizar soluções em nuvem, como o Google Cloud Platform (GCP), que oferece uma instância pré-configurada do Tomcat 9, facilitando o processo. Caso prefira uma instalação em um ambiente autônomo, é possível seguir as orientações do guia oficial do Tomcat, disponível em seu site.

Após a instalação do Tomcat, será necessário instalar o Jolokia, que pode ser facilmente configurado no servidor de aplicações. A instalação do Jolokia oferece ao Metricbeat acesso às métricas JMX do Tomcat, o que é fundamental para o funcionamento do monitoramento.

Instalando e Configurando o Metricbeat

Com o ambiente preparado, o próximo passo é instalar o Metricbeat no sistema onde o Tomcat está rodando. O Metricbeat é um shipper de dados leve, projetado para coletar e enviar métricas para o Elasticsearch. Para instalá-lo em uma máquina Ubuntu, basta executar os seguintes comandos:

bash
curl -L -O https://artifacts.elastic.co/downloads/beats/metricbeat/metricbeat-8.12.2-amd64.deb sudo dpkg -i metricbeat-8.12.2-amd64.deb

Após a instalação, é necessário configurar o Metricbeat para se conectar ao seu cluster do Elasticsearch. Isso é feito editando o arquivo metricbeat.yml, localizado em /etc/metricbeat/. A configuração deve incluir as credenciais e o endereço do seu cluster Elastic Cloud:

yaml
cloud.id: "SEU_CLOUD_ID" cloud.auth: "metricbeat_setup:SUA_SENHA"

Configuração do Módulo Tomcat e Jolokia

Uma das vantagens do Metricbeat é a disponibilidade de módulos que facilitam a coleta de métricas de diferentes serviços. Para coletar as métricas do Apache Tomcat, será necessário habilitar o módulo específico para Tomcat. Isso pode ser feito com o comando:

bash
sudo metricbeat modules enable tomcat

O arquivo de configuração do módulo Tomcat está localizado em /etc/metricbeat/modules.d/tomcat.yml, e em muitos casos, a configuração padrão já é suficiente, pois a coleta das métricas JMX será configurada no próximo passo.

Agora, é necessário habilitar o módulo Jolokia, que fará a coleta das métricas JMX do Tomcat. Para isso, execute o comando:

bash
sudo metricbeat modules enable jolokia

A configuração do módulo Jolokia é feita no arquivo /etc/metricbeat/modules.d/jolokia.yml. A parte mais importante da configuração é a seção jmx.mappings, onde você mapeia os atributos JMX para o Elastic Common Schema (ECS), que é um formato padronizado para dados de logs e eventos no Elastic Stack. Um exemplo de mapeamento para métricas de memória do Tomcat pode ser:

yaml
- module: jolokia metricsets: ["jmx"] period: 10s hosts: ["localhost"] namespace: "metrics" path: "/jolokia/?ignoreErrors=true&canonicalNaming=false" jmx.mappings: - mbean: 'java.lang:type=Memory' attributes: - attr: HeapMemoryUsage field: memory.heap_usage - attr: NonHeapMemoryUsage field: memory.non_heap_usage

Coletando e Visualizando as Métricas

Após configurar o Metricbeat e habilitar os módulos necessários, o próximo passo é configurar o Metricbeat para enviar os dados para o Elasticsearch e visualizar esses dados no Kibana. Primeiro, execute o comando abaixo para configurar os ativos necessários, como visualizações e dashboards:

bash
sudo metricbeat setup -e

Depois de configurar os ativos, inicie o Metricbeat com o seguinte comando:

bash
sudo service metricbeat start

A partir desse momento, o Metricbeat começará a coletar as métricas do Apache Tomcat e enviá-las ao Elasticsearch. No Kibana, você pode acessar o dashboard do Metricbeat para visualizar as métricas do Tomcat. Vá até Analytics | Dashboards e procure por "tomcat" para encontrar o dashboard relacionado. Esse dashboard exibirá informações detalhadas sobre o uso de memória, threads e solicitações globais, entre outras métricas importantes para a análise do desempenho do Tomcat.

Além disso, o Metricbeat também permite que você visualize métricas do sistema operacional, como uso de CPU e memória, através do módulo System, que é habilitado por padrão. Para acessar essas métricas, vá até Observability | Infrastructure | Hosts no Kibana.

Considerações Finais

O uso do Metricbeat para coletar métricas do Apache Tomcat, combinado com o módulo Jolokia, é uma solução poderosa e flexível para monitorar o desempenho de suas aplicações Java. Embora o Elastic Agent seja a solução preferencial para ingestão de dados no Elastic Stack, o Metricbeat ainda se mantém como uma excelente alternativa quando a integração direta não está disponível, como é o caso do Tomcat. Além disso, a capacidade de usar o ECS para padronizar os dados torna a análise e visualização no Kibana mais eficiente e intuitiva.

Além disso, é importante notar que, embora o uso de Metricbeat e Jolokia seja eficaz para coletar métricas do Tomcat, o processo de configuração e integração de dados pode variar de acordo com o ambiente de cada usuário. Por isso, é essencial garantir que todas as dependências estejam corretamente instaladas e configuradas, e realizar testes contínuos para validar a coleta de dados. A compreensão profunda do funcionamento do Metricbeat e dos módulos disponíveis pode ser a chave para uma implementação bem-sucedida de monitoramento e observabilidade.

Como Criar e Usar Pipelines de Ingestão no Elasticsearch: Um Guia Completo

No ecossistema do Elastic Stack, o Elasticsearch oferece funcionalidades poderosas que ajudam a manipular e transformar dados em tempo real. Um dos recursos mais importantes, mas pouco explorados, são os pipelines de ingestão. Eles permitem a transformação, enriquecimento e manipulação de dados enquanto estes são ingeridos no Elasticsearch. A simplicidade e eficácia dos pipelines de ingestão tornam o processo de ingestão de dados mais fluido, seja para dados estruturados ou não estruturados, como logs de servidores ou dados de sensores. Neste capítulo, exploraremos como criar e testar um pipeline de ingestão para otimizar a ingestão de dados em seu cluster Elasticsearch.

Criando um Pipeline de Ingestão

Para ilustrar a criação de um pipeline, vamos usar um exemplo prático, onde queremos gerar uma impressão digital (fingerprint) a partir de valores específicos nos logs de um servidor Apache. Antes de começarmos, é necessário ter um ambiente do Elastic Stack com Elasticsearch, Kibana e o Fleet Server configurado. Caso não tenha o ambiente configurado, recomenda-se seguir o guia de implantação do Elastic Stack no Elastic Cloud, disponível no Capítulo 1.

Para este exemplo, usaremos a integração Apache para coletar e monitorar logs de acesso e métricas do servidor web Apache, como visto no Capítulo 4. A seguir, apresentamos as etapas detalhadas para a criação de um pipeline de ingestão no Kibana:

  1. No Kibana, acesse Stack Management > Ingest Pipelines e clique em Create pipeline.

  2. Escolha New pipeline e forneça um nome para o pipeline, como apache-logs-custom. Também, forneça uma breve descrição sobre a finalidade do pipeline.

  3. No canvas de Processors, clique em Add a processor. Selecione Set e preencha o campo de nome com "description" e o valor com "computed hash for Apache access documents". Em seguida, clique em Add processor.

  4. Agora, adicione um Fingerprint processor. Selecione Fingerprint na lista de processadores e configure os parâmetros para que o campo host seja processado com o método SHA-512. Isso cria um identificador único para cada host, útil para deduplicação de dados ou verificação de integridade.

  5. Clique em Create pipeline para finalizar a criação do pipeline.

Testando o Pipeline de Ingestão

Após criar o pipeline, é importante testar sua funcionalidade para garantir que está processando os dados corretamente. Para isso, o Kibana oferece uma interface prática para validar os pipelines:

  1. Acesse Analytics > Discover e selecione o índice de logs logs-*.

  2. Aplique um filtro para visualizar apenas os logs de acesso do Apache, utilizando o filtro event.dataset: apache.access.

  3. Expanda o primeiro documento da lista para visualizar seus detalhes e copie os valores dos campos _index e _id. Esses dados são essenciais para realizar os testes no pipeline.

  4. Retorne à seção Ingest Pipelines e selecione o pipeline apache-logs-custom. Clique em Add documents para adicionar um documento ao teste do pipeline. Preencha os campos Index e Document ID com os valores copiados anteriormente e clique em Add document.

  5. Após adicionar o documento, clique em Run the pipeline para testar o processamento dos dados.

Ao rodar o pipeline, você deverá ver os campos que foram configurados, como description e fingerprint, no output de dados, confirmando que o pipeline está funcionando corretamente.

Como os Pipelines de Ingestão Funcionam

Os pipelines de ingestão no Elasticsearch são uma série de tarefas configuráveis, conhecidas como processadores, que atuam sobre os dados antes que eles sejam indexados. Cada processador tem uma função específica, como a adição de campos, a transformação de valores ou o cálculo de identificadores únicos (fingerprints). Ao configurar um pipeline, você define a sequência de transformações que os dados devem sofrer enquanto são ingeridos, o que pode ser especialmente útil para dados de logs, métricas ou qualquer outro tipo de dado em tempo real.

Esses pipelines ajudam a reduzir a necessidade de realizar processamento adicional após a ingestão dos dados. Com eles, você pode automatizar transformações como a normalização de dados, a remoção de informações sensíveis ou a adição de metadados úteis, tudo isso antes que os dados sejam armazenados no Elasticsearch. A flexibilidade dos pipelines permite que você atenda a uma ampla gama de casos de uso sem a necessidade de intervir manualmente.

Considerações Importantes ao Usar Pipelines de Ingestão

Os pipelines de ingestão são extremamente poderosos, mas também exigem uma configuração cuidadosa para garantir que os dados sejam processados corretamente. Um aspecto crucial ao usar esses pipelines é garantir que os processadores aplicados não alterem ou corrompam os dados originais de forma inesperada. Além disso, testar o pipeline antes de aplicá-lo ao conjunto de dados real é essencial para evitar erros ou falhas na transformação.

Outro ponto importante é a performance do pipeline, especialmente ao lidar com grandes volumes de dados. O processamento excessivo ou a adição de muitos processadores pode afetar negativamente a velocidade de ingestão, portanto, é fundamental encontrar um equilíbrio entre transformação de dados e desempenho.

Além disso, ao lidar com dados sensíveis, como informações pessoais ou financeiras, o uso de processadores de anonimização, como o Fingerprint processor, pode ser uma prática recomendada para proteger a privacidade dos usuários.

O uso de pipelines de ingestão pode ser uma estratégia poderosa para automatizar e otimizar a ingestão de dados em seu cluster Elasticsearch. Contudo, é importante entender profundamente como os processadores funcionam e como configurar o pipeline para que ele atenda perfeitamente às necessidades do seu caso de uso específico.

Como Instrumentar e Monitorar Sistemas com OpenTelemetry e Machine Learning

A integração e monitoramento de sistemas distribuídos requerem ferramentas robustas para identificar e responder rapidamente a incidentes. O uso do OpenTelemetry, em conjunto com técnicas de Machine Learning, oferece um conjunto poderoso de soluções para detectar anomalias e incidentes, além de otimizar o desempenho dos sistemas. O processo de instrumentação com OpenTelemetry envolve a coleta de dados de rastreamento, métricas e logs, essenciais para a análise do comportamento do sistema em tempo real. Estes dados, quando processados com técnicas avançadas de Machine Learning, podem fornecer insights valiosos sobre o funcionamento interno de sistemas complexos.

A instrumentação inicial de um sistema pode ser uma tarefa desafiadora, principalmente quando lidamos com grandes volumes de dados e múltiplas fontes de informação. No entanto, ao configurar adequadamente as ferramentas de rastreamento, podemos observar o fluxo de dados, identificar gargalos e até mesmo prever comportamentos antes que se tornem problemas significativos. O OpenTelemetry facilita a coleta desses dados ao fornecer um conjunto unificado de APIs e SDKs que podem ser integrados com diversas plataformas e sistemas de monitoramento.

Com a coleta de métricas e logs em tempo real, a próxima etapa é implementar um sistema de alertas eficaz. O uso de alertas configurados adequadamente permite detectar de forma imediata quaisquer incidentes que possam impactar a performance ou a segurança do sistema. No entanto, um sistema de alerta que dependa apenas de limiares fixos pode resultar em alarmes falsos ou em uma sobrecarga de notificações. A solução está no uso de algoritmos de Machine Learning, como a detecção de anomalias, que permitem ajustar automaticamente os limiares com base no comportamento histórico dos sistemas, tornando a análise mais precisa e eficaz.

Além disso, o OpenTelemetry, integrado a sistemas de Machine Learning, pode ser usado para criar modelos preditivos que analisam o comportamento do sistema ao longo do tempo. Por exemplo, é possível prever picos de tráfego ou falhas iminentes com base em padrões históricos de uso. Esta capacidade preditiva transforma a estratégia de monitoramento reativa em uma abordagem proativa, em que as equipes de TI podem intervir antes que o problema se torne crítico.

Outro benefício do uso de Machine Learning nesse contexto é a capacidade de identificar padrões ocultos ou correlacionados entre diferentes fontes de dados que, isoladamente, poderiam passar despercebidos. A correlação entre logs de diferentes serviços ou métricas de diferentes partes do sistema pode revelar dependências que são essenciais para diagnosticar problemas complexos, como falhas em sistemas de microsserviços.

Para maximizar a eficácia da instrumentação e monitoramento, é crucial que a equipe esteja bem treinada não apenas para configurar as ferramentas, mas também para interpretar corretamente os dados gerados. A análise das métricas de rastreamento e a correlação entre diferentes fontes de dados exigem um entendimento profundo da arquitetura do sistema, dos fluxos de trabalho e dos padrões de tráfego. Sem uma interpretação adequada, os dados podem se tornar apenas números desconexos, sem oferecer valor significativo para a resolução de problemas.

Além disso, é importante considerar a escalabilidade do sistema de monitoramento. À medida que os sistemas crescem e se tornam mais complexos, a infraestrutura de monitoramento deve ser capaz de lidar com volumes maiores de dados e fornecer insights mais detalhados. Ferramentas como o Elastic Stack, em conjunto com OpenTelemetry, podem ser usadas para visualizar e explorar esses dados de forma mais intuitiva, criando dashboards e gráficos interativos que facilitam a identificação de problemas.

Em suma, a combinação de OpenTelemetry e Machine Learning representa uma abordagem moderna e eficaz para monitoramento e detecção de incidentes. Ao aplicar essas tecnologias, é possível não apenas identificar falhas e anomalias em tempo real, mas também antecipar problemas antes que afetem os usuários finais. A chave para o sucesso nessa área está na instrumentação cuidadosa dos sistemas e na interpretação inteligente dos dados gerados, garantindo que as equipes de TI possam agir de forma rápida e precisa.

Além disso, vale destacar a importância de uma estratégia de monitoramento contínuo e em tempo real, para que as empresas possam estar sempre um passo à frente em relação aos problemas que possam surgir. A adoção de soluções de Machine Learning também deve ser acompanhada de uma análise constante dos modelos, ajustando-os conforme as condições do sistema e os padrões de uso evoluem. O aprendizado contínuo a partir dos dados, tanto em termos de configuração de alertas quanto na melhoria de modelos preditivos, é fundamental para garantir a eficácia do monitoramento ao longo do tempo.

Como a Busca Híbrida Pode Potencializar Aplicações Avançadas de Pesquisa?

A busca semântica, especialmente no contexto de sistemas modernos como o Elastic Stack, exige uma análise cuidadosa das diferentes abordagens de modelos de vetores densos e esparsos. Ambos possuem características que podem ser vantajosas dependendo do domínio de aplicação e dos dados envolvidos. Modelos de vetores densos, por exemplo, frequentemente necessitam de ajuste fino ou até mesmo de um novo treinamento para se adaptarem corretamente a domínios específicos ou conjuntos de dados especializados. Por outro lado, os modelos esparsos, ao utilizarem técnicas de expansão de texto, conseguem se adaptar com mais facilidade a diferentes domínios sem a necessidade de customizações profundas.

O Elastic Stack, com seu modelo ELSER (Elastic Learned Sparse Encoder), oferece um exemplo claro de como os modelos esparsos podem ser aplicados para resolver desafios de busca semântica. Com uma escolha diversificada de modelos de incorporação de texto que são otimizados para textos em inglês, o ELSER consegue proporcionar uma busca semântica robusta de forma "pronta para uso", embora com algumas limitações, como a quantidade de tokens que pode processar. Em sua versão mais recente (v2), o ELSER oferece recursos adicionais como quantização para compressão de vetores, o que permite economizar memória ao realizar buscas mais rápidas. Contudo, ao lidar com campos maiores que o limite de 512 tokens, é necessário aplicar técnicas como chunking, que será abordado em uma seção posterior do livro.

Uma vantagem adicional do modelo ELSER é a sua capacidade de realizar buscas multimodais, o que significa que ele não se limita apenas a textos, mas pode lidar com imagens, áudio, vídeo e outros tipos de dados. Isso permite que ele seja eficaz em uma variedade maior de domínios, mas a adaptação a diferentes idiomas, como o português, pode exigir alguns ajustes adicionais, uma vez que o modelo foi inicialmente projetado com o inglês como foco.

Outra característica interessante do ELSER é sua capacidade de combinar técnicas de busca tradicionais com abordagens mais modernas. A combinação de busca esparsa com técnicas tradicionais, como BM25 (um algoritmo clássico de ranking), permite criar uma aplicação de busca híbrida, que integra as melhores qualidades de ambas as abordagens. Ao fazer isso, é possível obter resultados de busca mais precisos, onde o modelo não apenas encontra correspondências exatas de palavras-chave, mas também entende o contexto semântico da consulta, ampliando assim a relevância dos resultados apresentados.

A criação de uma aplicação de busca avançada começa com a implementação de buscas semânticas tanto com vetores densos quanto esparsos, mas o verdadeiro poder vem quando essas duas abordagens são combinadas em um único modelo. No caso do Elastic Stack, isso é feito ao ajustar parâmetros de reforço para cada tipo de busca, permitindo que as duas metodologias trabalhem juntas de forma equilibrada. A busca híbrida é, portanto, a chave para se alcançar um desempenho ideal em cenários que exigem alta precisão e relevância.

Uma vez configurado o sistema, é possível observar o impacto direto dessa busca híbrida na precisão dos resultados. Em um exemplo prático, ao pesquisar por uma consulta como "história de amor e uma joia a bordo de um navio cruzando o Atlântico", uma aplicação híbrida, que combine os pontos fortes da busca lexical (por palavras-chave exatas) com a busca vetorial (que leva em conta o significado semântico da consulta), pode facilmente priorizar filmes como Titanic, que, mesmo com uma pontuação inicial mais baixa na busca por vetores, se encaixa perfeitamente com o contexto da pesquisa.

É importante notar que a aplicação de buscas híbridas não se limita apenas ao uso de vetores densos e esparsos. O Elastic Stack permite também realizar buscas de vetores com K-NN (k-Nearest Neighbors), que utiliza o conceito de similaridade de vetores para encontrar itens relacionados, ao invés de depender unicamente de correspondências exatas de palavras. Essa flexibilidade aumenta ainda mais a adaptabilidade do sistema a diferentes tipos de consultas e dados.

Além disso, a busca híbrida pode ser particularmente útil em ambientes que exigem resposta em tempo real, como em aplicativos de pesquisa na web ou em sistemas de recomendação, onde a experiência do usuário depende da precisão e da velocidade dos resultados. Embora a busca de vetores densos, por exemplo, possa exigir mais memória RAM para armazenar grandes quantidades de dados vetoriais, o uso de índices HNSW (Hierarchical Navigable Small World) em vez de índices tradicionais de Lucene pode permitir um desempenho mais rápido e eficiente na busca.

Outro ponto que deve ser considerado é a necessidade de adaptabilidade contínua do sistema à medida que o volume de dados cresce ou que novas fontes de dados são incorporadas. A técnica de quantização mencionada anteriormente, por exemplo, é uma resposta a essa necessidade, permitindo que os vetores sejam compactados sem perder a qualidade da busca. Isso se torna essencial para garantir que o sistema se mantenha eficiente mesmo com o aumento da escala.

No entanto, a busca híbrida e o uso de ELSER não são isentos de desafios. O principal obstáculo, como mencionado, é a limitação na quantidade de tokens que o modelo pode processar. Portanto, ao lidar com documentos grandes ou muito complexos, será necessário adotar estratégias para dividir esses documentos em partes menores ou aplicar outros mecanismos de pré-processamento que garantam que a busca semântica não perca qualidade.