A exposição ao lumefantrina está diretamente correlacionada à resposta ao tratamento da malária, sendo que concentrações plasmáticas ou sanguíneas de 200 ng/mL ou mais no sétimo dia após a dose inicial estão associadas a taxas de cura superiores a 98% em infecções sensíveis aos medicamentos, desde que a densidade de parasitas seja inferior a 135.000 por μL. Um estudo de análise agrupada de dados de pacientes individuais revelou que crianças entre 3 e 5 anos recebem doses medianas de lumefantrina menores em comparação com crianças mais velhas e adultos. Além disso, as análises multivariadas indicam que crianças entre 1 e 5 anos têm um risco maior de recrudescência, com as crianças abaixo do peso, entre 1 e 3 anos, apresentando o maior risco em comparação àquelas com peso dentro da faixa normal. Modelagens matemáticas que buscam otimizar o regime de tratamento para essa faixa etária sugerem que seria necessário prolongar o curso do tratamento para restaurar a eficácia total, o que, contudo, é uma medida impopular entre os responsáveis pelas políticas de saúde pública.

Uma formulação pediátrica dispersível de arteméter-lumefantrina (Coartem) está disponível, sendo que a cinética de absorção do lumefantrina é semelhante à de comprimidos esmagados. Em um estudo realizado com 625 crianças, as concentrações plasmáticas médias de lumefantrina foram de 6,3 (4,6) mg/L e 7,7 (5,9) mg/L após o tratamento com formulação dispersível ou comprimidos esmagados, respectivamente, com as áreas sob as curvas concentração-tempo correspondentes sendo 574 e 636 mg/h/L. Até dezembro de 2018, mais de 385 milhões de tratamentos com a formulação dispersível de arteméter-lumefantrina foram administrados em mais de 50 países. O uso total estimado (para todos os produtos) chega a mais de 500 milhões de tratamentos anuais. A nova formulação sólida dispersa de lumefantrina, que está em desenvolvimento e oferece maior biodisponibilidade oral, permitirá o uso diário único da medicação.

O lumefantrina é altamente ligado às proteínas plasmáticas (>99%), principalmente às lipoproteínas. Devido à alta variabilidade na absorção, as estimativas do volume de distribuição aparente são imprecisas. A metabolização do lumefantrina ocorre no fígado, onde ele é convertido ao metabolito ativo desbutil-lumefantrina, sendo que as concentrações plasmáticas desse metabolito estão correlacionadas com a eficácia do tratamento. A eliminação do fármaco ocorre principalmente pela bile, com excreção fecal, sem excreção renal significativa em humanos. A meia-vida terminal de eliminação do lumefantrina em pacientes com malária é de 3 a 4 dias.

O tratamento com arteméter-lumefantrina pode sofrer interações com a rifampicina e uma série de medicamentos antirretrovirais, o que pode afetar sua eficácia. Essas interações precisam ser levadas em consideração ao se tratar pacientes co-infectados com HIV, por exemplo, o que pode exigir ajustes no regime de medicação para garantir a efetividade terapêutica.

Além disso, o risco de falha terapêutica pode ser aumentado em crianças muito pequenas que têm maiores volumes de distribuição aparentes e eliminações mais rápidas dos fármacos, o que afeta diretamente a concentração plasmática da substância. Isso levou à atualização das recomendações de dosagem para crianças com menos de 25 kg, para garantir uma maior eficácia do tratamento com o DHA-piperaquina. Embora o piperaquina seja bem absorvido oralmente, as refeições ricas em gordura podem potencializar essa absorção. A eliminação do piperaquina em crianças com malária tem uma meia-vida média de cerca de 14 dias.

O regime de tratamento com artesunato-piperaquina, em particular, tem sido associado ao prolongamento do intervalo QT, um efeito comum entre os antimaláricos derivados de quinolina. Embora haja preocupações sobre o potencial proarritmogênico dessa combinação, estudos em larga escala não demonstraram um risco aumentado de morte súbita.

Em relação ao sulfadoxina-pirimetamina (SP), uma combinação de dois inibidores sinérgicos da biossíntese de folato, a absorção dessas substâncias ocorre de forma eficaz após administração oral, com o pico de concentração sendo atingido após algum tempo. Essa combinação tem se mostrado eficaz, especialmente quando associada ao artesunato, no tratamento da malária.

É importante compreender que a variabilidade na farmacocinética de cada fármaco antimalárico pode afetar significativamente a resposta terapêutica, particularmente em populações pediátricas ou em pacientes com condições de saúde específicas, como a co-infecção pelo HIV. A personalização do tratamento, ajustando doses e regimes com base nas características individuais dos pacientes, é fundamental para garantir a eficácia e minimizar os riscos de falha terapêutica ou efeitos adversos.

Qual é o Papel dos Medicamentos no Tratamento do Ductus Arterioso Persistente em Neonatos Prematuros?

O ductus arterioso persistente (DAP) é uma condição comum em recém-nascidos prematuros, na qual uma abertura entre a artéria pulmonar e a aorta, que normalmente se fecha após o nascimento, permanece aberta. Esse fenômeno pode gerar complicações, como insuficiência respiratória e sobrecarga cardiovascular. O tratamento medicamentoso é frequentemente utilizado para promover o fechamento do ductus, com o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, a indometacina e o paracetamol, que são investigados com o objetivo de obter uma eficácia comparável e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos adversos.

Entre os AINEs, a indometacina é o mais estudado e tradicionalmente utilizado no tratamento do DAP em neonatos. Sua ação é bastante eficaz, promovendo o fechamento do ducto em até 90% dos casos com três ciclos de tratamento. No entanto, seu uso está associado a uma série de efeitos adversos, como falência renal, enterocolite necrosante e alterações hemodinâmicas cerebrais. Além disso, a resposta ao tratamento pode variar, especialmente em bebês prematuros de idade gestacional mais baixa, para os quais a produção de prostaglandina E2, responsável pela patência do ductus, tende a se reverter após 36 a 48 horas de terapia.

Os protocolos de dosagem da indometacina envolvem uma administração inicial de doses entre 0,1 e 0,25 mg por kg, a cada 12 a 24 horas. Apesar da eficácia, as terapias prolongadas podem aumentar o risco de leucomalacia periventricular, uma condição neurológica grave. O uso profilático da indometacina tem mostrado eficácia em reduzir a incidência de hemorragias intraventriculares graves em neonatos prematuros, mas não apresenta benefícios em longo prazo para o desenvolvimento neuropsicomotor dessas crianças. No entanto, em prematuros de extrema imaturidade (menos de 28 semanas), a indometacina pode ser considerada uma opção terapêutica, pois ajuda a reduzir a mortalidade, apesar de não afetar a taxa de desenvolvimento de displasia broncopulmonar.

Por outro lado, o ibuprofeno tem sido cada vez mais utilizado no tratamento do DAP devido ao seu perfil de segurança superior, com menos efeitos adversos renais e neurológicos em comparação com a indometacina. Estudos randomizados demonstraram que o ibuprofeno é tão eficaz quanto a indometacina no fechamento do ductus, mas com menos alterações hemodinâmicas no cérebro, nos rins e no mesentério. A dosagem de ibuprofeno para neonatos com menos de 29 semanas de gestação é otimizada com uma dose inicial de 20 mg por kg, seguida de 10 mg por kg a cada 24 horas por dois dias. A infusão contínua de ibuprofeno, administrada ao longo de 24 horas, mostrou-se mais eficaz na promoção do fechamento sustentado do ductus, com menos efeitos adversos gastrointestinais.

O ibuprofeno pode ser administrado tanto de forma intravenosa quanto oral, sendo que a administração oral tem mostrado um fechamento mais eficaz do ductus devido a uma elevação mais gradual nos níveis plasmáticos do medicamento. Embora os efeitos adversos gastrointestinais sejam praticamente inexistentes no tratamento com ibuprofeno, a preocupação com a osmolaridade das formulações orais em relação ao impacto no intestino prematuro ainda é um ponto a ser monitorado. Além disso, o uso de ibuprofeno retal tem se mostrado eficaz, principalmente em neonatos com baixo peso ao nascer, oferecendo uma alternativa prática quando outras vias não estão disponíveis.

A busca por alternativas aos AINEs tradicionais levou ao estudo do paracetamol no tratamento do DAP. Embora o paracetamol tenha se mostrado eficaz em alguns estudos, particularmente em bebês de peso moderado a baixo, ele demonstrou ser menos eficiente em neonatos extremamente prematuros. A pesquisa revelou que o paracetamol pode ser uma opção mais segura, sem os efeitos adversos gastrointestinais típicos dos AINEs, mas com uma taxa de fechamento do ductus inferior à observada com indometacina e ibuprofeno. Em uma análise mais ampla, o paracetamol apresentou uma taxa de fechamento do ductus semelhante ao ibuprofeno e indometacina em prematuros moderados e tardios, mas seu uso em prematuros extremamente imaturos é limitado.

É essencial que o tratamento do DAP em neonatos prematuros seja individualizado, levando em consideração a idade gestacional, o peso ao nascer, as comorbidades e os riscos associados aos tratamentos. Embora o fechamento do ductus seja o objetivo terapêutico primário, os efeitos a longo prazo no desenvolvimento neuropsicomotor e nas funções orgânicas também devem ser cuidadosamente avaliados. Além disso, a utilização de medicamentos como ibuprofeno, indometacina e paracetamol exige um monitoramento rigoroso dos sinais vitais, com especial atenção às alterações renais, respiratórias e neurológicas.

Como os Impulsos Elétricos no Coração Geram Arritmias e Como Combatê-las

O funcionamento do coração depende da interação precisa de células especializadas que geram e conduzem impulsos elétricos. Entre essas células, as células marcapasso desempenham um papel fundamental na automação do ritmo cardíaco. O potencial de ação nas células de trabalho envolve várias fases, que permitem a contração ordenada do músculo cardíaco. Essas fases incluem a despolarização inicial (fase 0), a repolarização parcial (fase 1), a fase de platô (fase 2), a repolarização final (fase 3) e o potencial de repouso (fase 4). Nas células marcapasso, o ciclo é reduzido a três fases: a fase 4, que envolve a despolarização espontânea, a fase 0 de despolarização rápida, e a fase 3 de repolarização.

Nas células marcapasso, o potencial de ação inicia-se com uma lenta corrente de cálcio que torna a membrana mais positiva, até atingir o potencial limiar. Assim que esse limiar é atingido, os canais de cálcio voltagem-dependentes se abrem, permitindo que o cálcio entre na célula e provoque a despolarização. A fase 3 ocorre devido ao aumento da permeabilidade ao potássio e à inativação dos canais de cálcio, resultando na repolarização. A capacidade de despolarização espontânea das células marcapasso é o que lhes confere a habilidade de iniciar o ritmo cardíaco sem a necessidade de um estímulo externo.

Esse mecanismo de automação é essencial para o funcionamento do nó sinoatrial, que é o principal marcapasso do coração. Quando há alterações no ambiente celular, seja por estímulos vagais ou simpáticos, a taxa de disparo das células marcapasso pode ser alterada. A estimulação vagal diminui a taxa de disparo, enquanto a estimulação simpática a aumenta. A alteração da função marcapasso pode levar a arritmias, que são distúrbios do ritmo cardíaco causados por anomalias na formação, propagação ou estabilidade dos impulsos elétricos.

As arritmias podem se manifestar como bradicardia ou taquicardia. A bradicardia pode ocorrer por falha em iniciar um impulso, como ocorre na síndrome do nodo sinusal, ou por falha em propagar o impulso, como no bloqueio do nodo atrioventricular (AV). Já as taquicardias têm como principais mecanismos a reentrada, atividade disparada ou automaticidade anômala. A reentrada é o mecanismo mais comum de taquiarritmias, onde um impulso elétrico circula por uma via fechada, o que pode ocorrer por duas vias com velocidades de condução e períodos refratários desiguais. Esse é o caso da taquicardia reentrante atrioventricular (AVRT), onde o nodo AV é o caminho antegrada e uma via acessória é o caminho retrógrado. A taquicardia reentrante do nodo AV (AVNRT) é mais frequentemente associada a vias com condução lenta e rápida, sendo a via lenta o caminho antegrada e a via rápida o retrogrado.

A atividade disparada ocorre quando a célula se despolariza durante ou após um potencial de ação anterior, o que pode levar a potenciais de ação adicionais. As despolarizações que acontecem na fase 2 ou 3 (despolarizações precoces) ou após a repolarização completa (despolarizações tardias) podem gerar batimentos adicionais. Isso resulta em extrasístoles, que são contrações irregulares do coração.

A automaticidade anômala é outra causa importante de arritmias. Nesse caso, células que não são normalmente marcapasso adquirem a capacidade de despolarizar espontaneamente durante a diástole (fase 4 do potencial de ação), alcançando o limiar e gerando impulsos. Isso pode ser observado em arritmias como a taquicardia ectópica atrial, taquicardia ectópica junção e ritmo idioventricular acelerado.

O tratamento farmacológico das arritmias baseia-se em três princípios principais: redução da velocidade de condução, redução da automaticidade das células marcapasso e prolongamento dos períodos refratários. Os medicamentos antiarrítmicos possuem um índice terapêutico estreito, o que implica uma sobreposição significativa entre os efeitos terapêuticos e os efeitos pró-arrítmicos. Além disso, interações medicamentosas podem afetar a metabolização de outros fármacos, tornando doses terapêuticas potencialmente tóxicas. A função dos órgãos e os níveis de eletrólitos também devem ser monitorados ao administrar esses medicamentos.

O sistema de classificação de Vaughan-Williams é o mais utilizado para classificar os medicamentos antiarrítmicos. Ele divide os fármacos em quatro classes: bloqueadores de canais de sódio, bloqueadores dos receptores β-adrenérgicos, medicamentos que prolongam a repolarização e bloqueadores de canais de cálcio. A escolha do medicamento antiarrítmico depende da condição médica do paciente e do tipo de arritmia. O tratamento deve sempre ser individualizado, buscando a maior eficácia com o menor risco de efeitos adversos.

Para arritmias difíceis de controlar com um único medicamento, podem ser usados tratamentos combinados. No caso de prematuros, os princípios do tratamento permanecem os mesmos, mas a cautela é essencial devido ao risco de complicações hemodinâmicas, interações medicamentosas e metabolismo hepático e renal imaturo. O controle cuidadoso da dose e a monitorização contínua são imprescindíveis para garantir a segurança dessa população.

Quais são os riscos e implicações dos medicamentos fitoterápicos na saúde, especialmente em crianças e gestantes?

O Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para Monitoramento Internacional de Medicamentos em Uppsala, Suécia, registrou mais de 5.000 relatos de reações adversas suspeitas associadas a medicamentos fitoterápicos. Nos Estados Unidos, houve um aumento de 46% nas exposições relacionadas a suplementos alimentares reportadas aos centros de controle de intoxicações entre 2000 e 2012, com 70% dos casos envolvendo crianças menores de seis anos. Uma análise de eventos adversos relacionados a suplementos dietéticos em crianças, reportados à FDA, indicou que produtos destinados à construção muscular, aumento de energia e perda de peso apresentam quase três vezes mais risco de resultados graves em comparação com vitaminas.

Dentre os efeitos adversos associados a fitoterápicos, alguns são bem documentados, embora muitos se baseiem em estudos animais ou in vitro. Exemplos incluem arritmias cardíacas fatais relacionadas ao Aconitum, insuficiência renal pela Aristolochia, hepatotoxicidade pelo chaparral e comfrey, hipertensão e acidentes vasculares cerebrais induzidos por ma huang, anemia aplástica pelo pokeroot e efeitos carcinogênicos atribuídos ao sassafrás. Em crianças, os efeitos adversos relatados vão desde doenças hepáticas fatais causadas por alcaloides pirrolizidínicos em chás, depressão do sistema nervoso central, até anomalias como o desenvolvimento excessivo de folículos ovarianos e ginecomastia em meninos pré-púberes devido à exposição a produtos tópicos com óleo de lavanda ou tea tree.

Os fitoterápicos muitas vezes são consumidos em doses próximas à faixa tóxica e por períodos prolongados, o que aumenta o risco de toxicidade. Além disso, até recentemente, o relato de efeitos adversos por parte dos fabricantes e distribuidores desses produtos não era obrigatório, diferentemente do que ocorre com medicamentos convencionais. Essa subnotificação é agravada pelo fato de que usuários de fitoterápicos tendem a buscar menos a orientação médica em caso de reações adversas, comparado ao uso de medicamentos convencionais.

Em 2006, uma emenda à Lei de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos dos EUA (FD&C Act) tornou obrigatório o reporte de reações adversas graves associadas a suplementos dietéticos à FDA, equiparando-os a medicamentos de venda livre, além de exigir instruções claras para relato nos rótulos.

Interações medicamentosas com fitoterápicos podem ser graves e incluem desde hipocalemia causada por aloe em combinação com digoxina ou diuréticos, até aumento do risco de sangramentos quando ervas como alho, gengibre, ginkgo e feverfew são associadas a anticoagulantes como a varfarina. A erva de São João (St. John’s wort) induz enzimas metabolizadoras de medicamentos, reduzindo a eficácia de ciclosporina, o que resultou em rejeição aguda cardíaca em receptores de transplante. Também há risco de síndrome serotoninérgica quando combinada com antidepressivos, além de toxicidade aumentada com lítio e inibidores da ECA. A interação entre fitoterápicos e fármacos pode alterar profundamente o metabolismo e a eficácia dos medicamentos convencionais, implicando riscos que frequentemente são ignorados.

A segurança do uso de fitoterápicos na gravidez e lactação é ainda mais preocupante. Cerca de 26 ervas são indicadas para uso restrito durante a gestação e 11 são contraindicadas durante a lactação. Muitas dessas recomendações baseiam-se em dados anedóticos e estudos limitados. Fitoterápicos abortivos, emenagogos, estimulantes do sistema nervoso e laxantes estimulantes podem causar danos severos ao feto. O uso da erva blue cohosh para induzir contrações uterinas perto do parto já resultou em casos fatais de toxicidade neonatal, incluindo insuficiência cardíaca e encefalopatia. Algumas práticas tradicionais recomendam o uso de chás e fitoterápicos para “fortalecer” gestantes ou facilitar o parto, embora os riscos para mãe e bebê sejam pouco estudados e potencialmente graves. A Sociedade de Teratologia recomenda que suplementos dietéticos não sejam considerados seguros para gestantes a menos que sua segurança seja comprovada por métodos científicos rigorosos, e que os produtos carreguem avisos claros sobre a falta de evidências em gestação.

Um exemplo emblemático é o uso da equinácea, a erva mais popular nos Estados Unidos, cuja eficácia e segurança carecem de ensaios clínicos controlados e de alta qualidade. A equinácea é consumida em diversas formas, mas sua popularidade não deve ser confundida com a inexistência de riscos ou ausência de efeitos adversos.

Além dos dados já expostos, é fundamental compreender que a percepção comum de que “natural” é sinônimo de “seguro” é uma falácia perigosa. O uso indiscriminado e autônomo de fitoterápicos pode resultar não só em toxicidade direta, mas também em complicações decorrentes de interações medicamentosas e da substituição de tratamentos convencionais eficazes, especialmente em doenças graves como o câncer. A ausência de regulamentação rigorosa e a subnotificação de eventos adversos dificultam a avaliação real do risco-benefício desses produtos.

É imprescindível que o leitor reconheça a complexidade do uso de fitoterápicos, compreendendo que a segurança desses produtos está condicionada à avaliação científica criteriosa, ao acompanhamento médico e à regulação adequada. O consumo consciente deve considerar que, embora fitoterápicos possam oferecer benefícios, eles não estão isentos de riscos significativos, que variam conforme a idade, estado fisiológico, condição de saúde e interação com outros medicamentos.