A narrativa que emergiu durante a candidatura de Donald Trump foi emblemática de uma era de desconfiança em relação à política tradicional dos Estados Unidos. Para muitos, ele foi rotulado como “talvez o pior presidente na história dos Estados Unidos” (Twitter, 2 de agosto de 2016), mas o que o tornava fascinante era a forma como soubera capturar o descontentamento popular e transformar isso em um movimento. Sua denúncia das elites, que “manipularam nosso sistema político e econômico para benefício exclusivo delas” (Trump, 2016), encontrou ressonância no público que se sentia abandonado por uma classe política cada vez mais distante de suas realidades.
Trump criticava um sistema corrompido a um nível jamais visto antes, onde políticos aparentemente colocavam seus próprios interesses à frente do bem-estar nacional. Ele se posicionava contra o que chamava de falência moral e prática das instituições do governo, denunciando um sistema em que a justiça era negligenciada, a incompetência se espalhava e os líderes se vendiam por interesses corporativos. Para ele, o globalismo e a tolerância à diversidade, defendidos por uma elite intelectual e política, serviam apenas para proteger o bem-estar de uma pequena parcela da população, enquanto o povo americano sofria com o desemprego, salários baixos e comunidades marcadas pela violência e insegurança.
As acusações que Trump fazia às elites não eram inéditas, porém suas palavras estavam impregnadas de um fervor populista que as tornava particularmente atraentes. A ideia de um governo capturado pelos interesses especiais remonta à década de 1970, e a acusação de incompetência ou corrupção de políticos tem sido um tópico comum no discurso político americano. O que Trump fez foi unir esses elementos de maneira inovadora, criando uma narrativa que ressoava com várias camadas da sociedade americana. Ele acusava uma elite econômica de explorar os trabalhadores americanos em prol de acordos comerciais que favoreciam o livre comércio, ao mesmo tempo que se alinha com o populismo anti-governamental de Ronald Reagan. Mas Trump também adicionou uma dimensão cultural a sua retórica, atacando uma elite cultural que, segundo ele, impunha normas sobre como os americanos deveriam pensar, falar e agir, especialmente em questões relacionadas à raça e ao crime.
Ao longo de sua campanha, Trump não apenas se posicionou contra a classe política estabelecida, mas também se colocou como o representante legítimo do povo. Ele se autodenominou a voz dos “homens e mulheres esquecidos” do país, aqueles que, em sua visão, haviam sido ignorados e negligenciados pelas autoridades. Ele falou diretamente aos que sentiam que haviam sido abandonados pela política tradicional e, assim, foi capaz de galvanizar um apoio maciço de eleitores que viam nele a solução para seus problemas.
Em sua investida contra o que chamou de “elites corruptas”, Trump encontrou um terreno fértil de apoio entre os eleitores republicanos. Sua mensagem ressoava especialmente com aqueles que estavam desiludidos com o status quo, os que se sentiam traídos por um sistema político que favorecia os poderosos e não atendia às necessidades dos cidadãos comuns. A crítica feroz de Trump ao governo, ao sistema de comércio e à cultura dominante o ajudou a atrair não apenas a base republicana, mas também a segmentos da população que antes se sentiam excluídos da conversa política. Ele se via como um outsider, alguém fora do controle do Partido Republicano e, ao mesmo tempo, alguém capaz de enfrentar Hillary Clinton e o Partido Democrata com uma retórica de combate ao establishment.
No entanto, o populismo de Trump não se limitou à simples crítica às elites; ele se utilizou das redes sociais para construir uma relação direta com seus apoiadores, driblando a mídia tradicional e se apresentando como uma figura autêntica e fora do controle da política convencional. Através do Twitter, ele conseguiu mobilizar seu apoio de forma única, transformando suas mensagens em ferramentas de mobilização política e, ao mesmo tempo, criando uma imagem de combatente contra um sistema corrompido e caduco.
Esse fenômeno levantou uma questão importante: seria o apoio de Trump uma reação genuína contra um sistema político falido, ou seria uma forma de manipulação das massas? A questão que surge é até que ponto esse movimento populista representa uma verdadeira revolução política ou uma tentativa de desestabilizar ainda mais um sistema já fragilizado.
A campanha de Trump pode ser vista, de certo modo, como a expressão de uma revolução silenciosa, na qual aqueles que se sentiram à margem da política tradicional se uniram para apoiar um candidato que parecia falar sua língua. Contudo, esse apoio também veio com divisões profundas no tecido social dos Estados Unidos, uma vez que sua retórica polarizadora gerou um ambiente de confrontação que culminaria em uma crise política e social difícil de administrar.
Além disso, a ascensão de Trump não pode ser vista apenas como uma resposta de uma classe trabalhadora desiludida. O fenômeno também reflete as tensões geradas por mudanças globais, como a globalização, a imigração e a digitalização da política, que mudaram profundamente as dinâmicas de poder. Trump soube explorar essas tensões com maestria, utilizando-se de uma retórica de identidade e de exclusão que lhe garantiu uma base de apoio sólida e duradoura.
Em última análise, a ascensão de Trump não foi apenas uma questão de retórica populista. Foi também uma resposta a uma crise de representação política que afetava tanto a esquerda quanto a direita. As promessas de Trump de um retorno ao "sistema antigo" e sua crítica feroz às elites ajudaram a criar um movimento político que desafiou não apenas o Partido Democrata, mas também as próprias estruturas do Partido Republicano. Em um contexto onde a confiança nas instituições tradicionais estava em queda, Trump soube se posicionar como um outsider capaz de enfrentar um sistema que muitos viam como falido.
Como a Imagem de Trump se Solidificou: A Percepção de Autoritarismo e a Política Americana
Durante a sua campanha presidencial, Donald Trump projetou-se como um outsider do sistema político tradicional. Sua postura como alguém não vinculado a nenhum grupo político ou econômico se fortaleceu ao longo de sua jornada, especialmente por meio da retórica agressiva e uma imagem construí- da em contraste com as figuras políticas estabelecidas. Ao afirmar que poderia liderar o sistema político americano, Trump ofereceu uma ideia que, à primeira vista, não parecia excepcional; no entanto, ele parecia acreditar que sua vitória eleitoral lhe daria a autoridade necessária para subjugar todos os outros atores políticos. Esta postura ultrapassava a tendência normal dos presidentes de ampliar os poderes do Executivo. Trump, no entanto, parecia possuir um traço autoritário, intensificado pela admiração que expressava por líderes autoritários de outros países, como o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Embora alguns observadores apontassem para a sua compreensão superficial da Constituição, algo que não favorecia a ideia de que ele seria guiado pelos princípios estabelecidos pelo documento, Trump parecia propôr uma concentração personalizada de poder no escritório Oval, visando dominar o sistema político de maneira unilateral. Isso gerou uma ampla percepção de ameaça. Muitos políticos, inclusive dentro de seu próprio partido, alertaram para os impulsos autoritários do presidente. Alguns viam um risco real para as instituições democráticas dos Estados Unidos, considerando especialmente as garantias constitucionais de direitos individuais e os freios e contrapesos essenciais ao funcionamento do governo federal.
Embora esses temores tenham sido expressos, também houve um crescente debate sobre a reação da base de apoio de Trump, que parecia tolerar tais práticas autoritárias. Pesquisas sugeriram que os eleitores mais fiéis ao candidato poderiam até apoiar um comportamento que muitos observadores consideravam excessivo ou antidemocrático. O jornal The Economist chegou a alertar, com certa apreensão, que o sistema democrático americano poderia ter dificuldades em conter o autoritarismo emergente.
Em sua essência, a campanha de Trump também se baseava em uma retórica populista, prometendo uma ruptura com os poderes das elites, algo frequentemente associado a uma revolução política. No entanto, essa imagem de insurgente política levantava questões cruciais sobre as instituições políticas que ele poderia desafiar e como faria isso. No centro de sua visão estava uma presidência forte como motor de liderança, e várias de suas declarações indicavam uma intolerância frente à oposição, até mesmo dentro do próprio Partido Republicano.
Sua postura mais desafiadora também colocou em questão a capacidade de suas políticas, que em muitos casos seriam mais desafiadoras para a ordem tradicional do que as de outros presidentes. A estrutura da sua campanha sugeria que ele poderia atacar práticas políticas estabelecidas e romper com as normas. A crítica mais forte vinha do receio de que a figura de Trump fosse corroer as bases democráticas da nação, colocando em risco as instituições que sustentavam o sistema republicano.
No entanto, uma análise mais detalhada revela que, apesar de sua postura radical, Trump não trouxe um novo tipo de governo ou mudanças substanciais que indicassem uma ruptura total com o sistema político americano. A expectativa de uma revolução política se mostrou, em muitos aspectos, infundada. A eleição de Trump e suas primeiras ações como presidente refletiram mais as dinâmicas tradicionais do Partido Republicano do que qualquer insurgência ou novo tipo de política autoritária. Suas vitórias legislativas, por exemplo, foram mais alinhadas com a agenda conservadora clássica do que com qualquer tentativa de subverter as instituições democráticas.
O estilo de governo de Trump também refletiu uma certa continuidade, mesmo que ele tenha se destacado por sua postura menos convencional e muitas vezes confrontadora. No entanto, mesmo quando o discurso de Trump sugeria uma ruptura radical, suas ações no escritório oval não revelaram uma mudança tão drástica quanto seus apoiadores ou críticos previam. O que sua presidência representou foi uma combinação de impulsos autoritários e populismo, mas sem a concretização total de uma revolução política que subvertesse a democracia americana.
Como a Educação e a Renda Influenciaram o Voto em Trump nas Eleições de 2016?
A ascensão de Donald Trump na política americana em 2016 trouxe à tona uma série de questionamentos sobre os padrões de voto e as dinâmicas socioeconômicas que influenciaram o resultado das eleições. A narrativa de que Trump conquistou o voto da classe trabalhadora, em especial da classe trabalhadora branca, foi amplamente disseminada, mas ao examinar os dados mais profundamente, percebe-se que essa explicação simplista não é completamente precisa. A análise dos padrões de votação entre diferentes faixas de educação e renda revela uma história mais complexa e menos extraordinária do que se pensa.
Em comparação com Mitt Romney nas eleições de 2012, Trump não conseguiu um desempenho significativamente melhor entre os eleitores brancos como um todo. No entanto, ele obteve avanços consideráveis entre os homens brancos, especialmente os menos educados. As diferenças mais notáveis surgem quando se considera o nível educacional e a renda dos eleitores. Enquanto Romney perdeu votos tanto entre os eleitores mais e menos escolarizados, Trump teve um desempenho superior entre os menos escolarizados. Entre os eleitores que haviam completado, no máximo, o ensino médio, Trump superou Hillary Clinton por 5 pontos percentuais, representando uma mudança de 11 pontos em relação a 2012. Já entre aqueles com alguma experiência universitária, Trump teve um avanço de 9 pontos, vencendo Clinton por 8 pontos. No entanto, Trump perdeu entre os eleitores com diploma universitário, com uma queda de 9 pontos entre os graduados e 8 pontos entre os pós-graduados. Esse fenômeno sugere que a educação desempenhou um papel muito mais significativo do que a raça no comportamento eleitoral de 2016.
O padrão de votação com base na renda também evidenciou uma mudança interessante. Trump obteve um aumento significativo de 10 pontos percentuais no voto entre os eleitores com renda familiar inferior a $50.000, ao mesmo tempo em que perdeu uma proporção similar entre os eleitores com rendas superiores a $100.000. Isso corrobora a ideia de que Trump teve um apelo crescente entre eleitores de classes mais baixas, enquanto a classe média e alta se distanciava de seu discurso.
Embora esses dados pareçam sugerir que Trump teve um apelo especial à classe trabalhadora, especialmente aos homens brancos, é fundamental não cair na armadilha de uma explicação simplista. O aumento de 12 pontos no apoio a Trump entre os brancos não graduados é similar ao aumento de 10 pontos entre os não brancos não graduados, o que indica que a educação foi um fator mais importante do que a raça. Ou seja, a mudança no voto não foi exclusiva dos brancos ou de uma classe social específica, mas refletiu um fenômeno mais amplo, envolvendo diferentes grupos de eleitores com menos educação formal.
Além disso, estudos mais amplos indicam que a mudança no comportamento eleitoral de 2016 não foi tão excepcional quanto muitos imaginam. A tendência de distanciamento de eleitores com maior nível educacional em relação ao Partido Republicano já vinha ocorrendo há décadas. Eleitores brancos com diploma universitário, por exemplo, haviam se afastado do Partido Republicano muito antes da eleição de Trump. Ao contrário, a adesão ao partido entre os brancos não graduados vinha crescendo de forma constante, mas não de maneira tão pronunciada quanto muitos alegaram.
Outras análises, como a feita por Larry Bartels, indicam que a correlação entre os votos de 2012 e 2016 foi surpreendentemente forte, com uma continuidade nas preferências partidárias. A grande maioria dos eleitores republicanos de 2012 manteve seu apoio a Trump, enquanto a maioria dos eleitores democratas continuou a apoiar Clinton. Bartels conclui que, apesar da narrativa de uma mudança radical, o que ocorreu em 2016 foi, na verdade, uma continuidade dos padrões eleitorais familiares, com pequenas mudanças pontuais.
Por fim, um estudo de nível de condado que analisou os efeitos da desindustrialização na votação de Trump também reflete essa ideia. A pesquisa revelou que, embora as regiões mais afetadas pela perda de empregos industriais tenham mostrado uma maior adesão ao Partido Republicano, essa tendência não foi acelerada por Trump, mas sim parte de um processo gradual de longo prazo.
Essas evidências indicam que a coalizão de eleitores que levou Trump à vitória não foi tão excepcional quanto muitos sugerem. Ao contrário, ela pode ser vista como uma continuação das tendências observadas nas últimas décadas, com o Partido Republicano ganhando força entre os eleitores de classes mais baixas e menos escolarizados. O foco excessivo na "classe trabalhadora branca" pode, portanto, obscurecer uma realidade mais ampla sobre as dinâmicas sociais e educacionais que moldaram os resultados eleitorais de 2016. O que realmente importa, nesse caso, é entender que a educação, mais do que a raça ou a classe social isolada, foi o fator determinante nas mudanças de voto entre 2012 e 2016.
Trump: O Presidente Republicano Comum
A ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foi marcada por promessas de mudanças radicais. Como um outsider, disruptor, nacionalista, populista e insurgente, Trump se apresentou como a figura que desafiaria o establishment e romperia com as normas tradicionais de governança em Washington. No entanto, o que parecia ser uma revolução política transformou-se em uma presidência que, ao final, se revelou mais ordinária do que muitos esperavam. Ao invés de confrontar a velha ordem de forma decisiva, Trump acabou se alinhando a políticas e práticas que lembram em muitos aspectos um típico presidente republicano.
Ao longo de seu mandato, o discurso de Trump foi imerso em um anti-establishment que não se traduziu de forma substancial em mudanças práticas. Ao contrário, ele se encontrou muitas vezes imerso em disputas com as mesmas instituições e atores políticos que ele havia prometido desafiar. A promessa de "drenar o swamp" (drenar o pantano, em referência ao combate à corrupção e à elite política) revelou-se mais uma retórica do que uma realidade palpável. As suas reformas mais audaciosas, como as tentativas de mudanças nas leis de imigração, enfrentaram forte resistência das instituições, incluindo o judiciário e a própria burocracia governamental, que trabalharam contra os seus esforços. Em termos de resultados políticos, sua presidência teve poucos sucessos concretos e suas vitórias foram amplamente alinhadas aos interesses republicanos tradicionais.
O primeiro grande marco legislativo de Trump, a reforma tributária de 2017, exemplifica bem o perfil da sua administração. Embora tenha conseguido aprovar uma reforma fiscal significativa, os maiores beneficiários foram grandes corporações e os mais ricos da sociedade. Os cortes de impostos para as classes média e baixa foram temporários, com previsão de extinção até 2025. A promessa de uma redistribuição mais justa da riqueza não se concretizou. Essa reforma, embora significativa, não trouxe uma transformação profunda nas estruturas de poder em Washington; ao invés disso, ela foi um reflexo das políticas econômicas conservadoras que há muito tempo dominam a agenda republicana.
Além disso, as nomeações de Trump para a Suprema Corte, Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh, representaram mais uma continuação da tradição republicana de selecionar juízes alinhados com a ideologia conservadora. Ambos os indicados pertencem ao círculo das elites educacionais e sociais, com passagens por algumas das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos. Mesmo que esses juízes tenham sido apresentados como uma vitória para o movimento conservador, não há dúvida de que sua chegada à Suprema Corte não altera fundamentalmente a dinâmica do poder em Washington.
As tentativas de Trump de implementar políticas mais radicais e disruptivas foram frequentemente frustradas pela resistência do Congresso e de outras instituições. A incapacidade de conseguir avanços significativos em sua agenda legislativa, especialmente no primeiro ano de seu mandato, levantou questões sobre sua habilidade de transformar sua retórica populista em políticas concretas. Embora tenha mantido um estilo combativo e combativo durante sua presidência, a falta de mudanças profundas foi uma característica marcante de seu governo.
Ao analisar o governo de Trump, é crucial perceber que, mesmo com seu discurso e estilo desafiadores, ele não conseguiu concretizar uma transformação significativa na política americana. O que vimos foi um presidente que, muitas vezes, se alinhava mais com a velha guarda republicana do que com o anti-establishment que ele pretendia ser. Sua presidência, longe de ser uma revolução, se revelou um reflexo das estruturas de poder que ele alegava combater. Assim, é possível afirmar que Trump, no final das contas, foi um presidente republicano comum, cujas vitórias foram mais na forma do que no conteúdo.
Ao refletir sobre o legado de Trump, é essencial compreender que as mudanças que ele prometeu não ocorreram de maneira substancial. O sistema político dos Estados Unidos, em sua maioria, conseguiu resistir às tentativas de transformação radical. O que muitos poderiam ter esperado como uma revolução populista acabou sendo uma administração que, em muitos aspectos, se alinhou com as políticas tradicionais do Partido Republicano. E enquanto a retórica de Trump ainda ecoa, as mudanças estruturais que ele prometeu ficaram aquém das expectativas.
A Política Externa de Trump: Desprezo e Controvérsias
Durante os primeiros anos de seu mandato, Donald Trump demonstrou uma abordagem singular para a diplomacia internacional, que frequentemente gerou desconforto tanto entre aliados quanto adversários. A característica mais marcante de sua política externa foi o desdém com que tratou líderes mundiais, de uma maneira muitas vezes semelhante à forma como lidava com os participantes de seu programa de TV, The Apprentice. Sua postura agressiva e pouco convencional foi evidenciada não apenas nos encontros com inimigos tradicionais, como o líder norte-coreano Kim Jong Un, mas também com aliados próximos como o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e a primeira-ministra britânica, Theresa May.
Ao longo de sua presidência, Trump demonstrou uma total falta de interesse por certas regiões do mundo. Exemplos notáveis incluem sua atitude desrespeitosa durante encontros no G7 e G20, onde, por vezes, se retirava de discussões importantes ou falhava até em se familiarizar com questões geopolíticas básicas, como a situação na África. Em um desses encontros, ele chegou a confundir o nome de países, o que refletia não apenas ignorância geográfica, mas uma aparente indiferença pela importância dessas regiões nas dinâmicas internacionais.
Além de seus ataques verbais, Trump se destacou pela relutância em criticar publicamente o presidente russo, Vladimir Putin, em contraste com sua postura agressiva em relação a outros líderes mundiais. Essa relação amistosa gerou sérias dúvidas sobre suas intenções, especialmente à luz das acusações de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. As investigações sobre o envolvimento de Moscovo nas eleições americanas, que alegaram uma campanha de espionagem cibernética massiva, lançaram uma sombra sobre a presidência de Trump. A recusa em confrontar Putin sobre essas questões e a simpatia manifestada por Trump em várias ocasiões em relação ao líder russo tornaram-se um ponto de conflito tanto dentro do Partido Republicano quanto entre seus opositores.
As investigações sobre a interferência russa, como a que foi conduzida por Robert Mueller, também aumentaram a tensão política interna nos Estados Unidos. A investigação levou a várias prisões e condenações de membros da campanha de Trump, como Paul Manafort e Michael Flynn, além de intensificar a crítica pública à postura de Trump em relação à Rússia. A recusa do presidente em reconhecer ou lidar de forma eficaz com essas acusações colocou-o em rota de colisão com muitas figuras do governo, inclusive com o FBI e outras agências de inteligência.
Ao mesmo tempo, Trump não hesitou em criticar duramente países aliados dos EUA, como no caso da cúpula do G7 em 2018, onde insultou Trudeau, chamando-o de "desonesto e fraco", ou durante sua visita ao Reino Unido, quando fez declarações polêmicas sobre as negociações do Brexit e elogiou seu rival político Boris Johnson, sugerindo que ele seria um “ótimo primeiro-ministro”. Essa abordagem inconsistente e muitas vezes caótica fez com que líderes internacionais se perguntassem sobre a verdadeira estratégia dos EUA sob a liderança de Trump.
A política externa de Trump, caracterizada por uma falta de diplomacia tradicional e um foco agressivo nos próprios interesses dos EUA, não se limitou apenas a palavras. Suas ações, como a retirada dos EUA de acordos internacionais importantes, como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e o acordo nuclear com o Irã, reforçaram a impressão de que ele estava buscando uma reconfiguração drástica da ordem internacional. Essa postura não passou despercebida no cenário global e gerou uma série de reações que abalaram a confiança dos aliados históricos dos EUA.
Importante para compreender a natureza da política externa de Trump, é o fato de que, em grande parte, ele foi motivado por uma ideologia nacionalista, que enfatizava a ideia de "América Primeiro". Esse conceito, que ele usou como slogan durante sua campanha eleitoral, permeou sua abordagem em todos os aspectos de sua presidência. Para Trump, os interesses dos EUA deviam vir antes de qualquer preocupação com a diplomacia multilateral ou com a preservação de alianças estratégicas de longa data.
Além disso, a postura de Trump revelou uma confiança inabalável em sua própria intuição, como ele próprio afirmou repetidamente, desconsiderando conselhos de experientes diplomatas e de membros do próprio Partido Republicano, que o viam como uma ameaça à segurança nacional. A rejeição das normas estabelecidas na política externa, a falta de apreço pelas complexidades das relações internacionais e o abandono das tradições diplomáticas foram fatores que marcaram seu governo e cujas repercussões ainda reverberam nos anos seguintes.
Para o leitor, é essencial perceber que a política externa de Trump não foi apenas uma série de declarações controversas e ações impensadas. Ela refletiu uma mudança profunda na maneira de os EUA se relacionarem com o mundo, ao focar exclusivamente em interesses nacionais imediatos e em um estilo de liderança autoritário e imprevisível. Isso pode ser interpretado como um reflexo do crescente sentimento nacionalista não só nos Estados Unidos, mas em várias partes do mundo, e que questiona a eficácia e o valor das alianças internacionais tradicionais.
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