O processo de preparação de compósitos TiO2–grafeno é essencial para determinar as propriedades de condutividade do grafeno, além da eficiência de transferência de elétrons fotogerados entre o grafeno e o TiO2. Diversos métodos têm sido estudados para a redução do óxido de grafeno, sendo o método hidrotérmico um dos mais tradicionais, onde o grafeno é reduzido a altas temperaturas, na ausência de ar ou em atmosferas de gás inerte. No entanto, quando comparado ao método hidrotérmico, a irradiação com luz UV para a redução do óxido de grafeno tem se mostrado uma alternativa atraente devido à sua baixa demanda energética e à facilidade de controle do processo.

Kim et al. utilizaram um processo de oxidação em duas etapas para a síntese de óxidos de nanografeno (NGOs) controlados em tamanho, com dimensões inferiores a 50 nm. Após a preparação, esses óxidos de grafeno se auto-agrupam com nanopartículas de TiO2 para formar estruturas tipo núcleo–casca. O processo consistiu na adição de uma quantidade específica de P25 à solução de NGOs, que foi deixada em agitação por uma noite. Em seguida, a redução dos NGOs foi realizada por meio da irradiação com luz UV utilizando uma lâmpada de mercúrio de 200 W por 30 minutos.

Outro estudo, realizado por Mohamed et al., demonstrou a síntese de compósitos TiO2–RGO (grafeno reduzido) através de um processo fotocatalítico assistido por UV. No estudo, o óxido de grafeno foi misturado com nanopartículas de TiO2 em um solvente de etanol e irradiado com uma lâmpada de mercúrio de alta pressão de 250 W por 24 horas, sob condições ambientais e agitação magnética. Após a irradiação, a solução adquiriu uma coloração cinza escura, um indicativo claro de que o óxido de grafeno foi reduzido a folhas de grafeno.

Akhavan et al. seguiram uma abordagem semelhante, utilizando a irradiação UV para reduzir o óxido de grafeno e combiná-lo com nanopartículas de TiO2, observando que uma maior duração de exposição à luz UV poderia diminuir o conteúdo de carbono do grafeno reduzido e aumentar a quantidade de defeitos na superfície do grafeno. Isso sugere que a degradação das folhas de grafeno ocorre devido à ação fotocatalítica das nanopartículas de TiO2, o que torna essencial o controle preciso do tempo e das condições da irradiação UV para obter fotocatalisadores de alto desempenho.

O método assistido por micro-ondas também tem se mostrado uma alternativa vantajosa, especialmente pela sua capacidade de acelerar reações químicas em até mil vezes, em comparação com métodos convencionais. Liu et al. usaram essa técnica para sintetizar compósitos de RGO–TiO2 por meio da redução do óxido de grafeno em uma suspensão de TiO2. Em outro estudo, Pu et al. prepararam híbridos GO–TiO2 por um processo de combustão assistido por micro-ondas. A reação ocorreu em um forno micro-ondas doméstico (700 W), onde a solução precursor gelificada foi irradiada até que a combustão se iniciasse, formando os híbridos de GO–TiO2 com estrutura tipo espuma.

O método de ativação a vácuo tem se mostrado uma técnica simples e de baixo custo para a criação de defeitos de oxigênio na rede cristalina do TiO2, o que contribui para a redução do TiO2. Xing et al. prepararam nanofitas de grafeno dopadas com boro utilizando este método. Primeiramente, o óxido de grafeno e o H3BO3 foram misturados e secos a baixa temperatura, e a mistura resultante foi aquecida em um forno a vácuo a 300°C por 3 horas. Esse processo de ativação a vácuo criou um ambiente anóxico, o que favoreceu a remoção de átomos de oxigênio e a criação de defeitos na rede do grafeno. Com isso, foi possível capturar átomos de boro, embora o mecanismo exato de formação das nanofitas ainda não tenha sido completamente elucidado.

Além disso, a mesma metodologia de ativação a vácuo foi utilizada por Qiu et al., para a preparação de fotocatalisadores compostos TiO2–grafeno auto-dopados com Ti3+. O estudo mostrou que esse processo não só reduziu o óxido de grafeno, como também permitiu a dopagem autoevidente de Ti3+ no TiO2, além da incorporação das nanopartículas de TiO2 na superfície do grafeno. A pesquisa sugere que o método de ativação a vácuo é uma abordagem útil e promissora para a síntese de novos fotocatalisadores com alto desempenho.

É fundamental compreender que a eficiência de qualquer um desses métodos depende do controle preciso das condições experimentais, como a temperatura, o tempo de irradiação e as concentrações dos reagentes. Isso reflete diretamente no desempenho fotocatalítico dos compósitos TiO2–grafeno. Além disso, a escolha do método de preparação pode influenciar a formação e a distribuição dos defeitos na estrutura do grafeno, o que impacta tanto a condutividade elétrica quanto a eficiência na transferência de elétrons fotogerados. A avaliação e caracterização dos compósitos obtidos, como a difração de raios-X (XRD), é crucial para garantir a qualidade do produto final, proporcionando informações sobre a estrutura cristalina e os possíveis defeitos gerados durante o processo de preparação.

Como as Simulações de Dinâmica Molecular Impulsionam a Conjugação Bioquímica e o Estudo da Adsorção de Biomoléculas

O entendimento e a manipulação das interações moleculares entre biomoléculas e superfícies sólidas têm se mostrado de grande importância em áreas como biotecnologia e nanomedicina. Ao aprofundarmos nossos conhecimentos sobre esses processos moleculares, as oportunidades para criar métodos inovadores de bio-conjugação e identificar materiais seguros para combater pandemias virais tornam-se cada vez mais claras. A simulação de dinâmica molecular (MD) oferece uma janela para explorar as complexidades dessas interações a nível atômico, sendo uma ferramenta essencial para estudar a adsorção de biomoléculas em superfícies e as reações de conjugação bioquímica.

Recentemente, uma pesquisa publicada na revista Nature Communication introduziu uma abordagem inovadora para a bio-conjugação de nanopartículas. Esse estudo propôs um método universal para a conjugação de nanopartículas utilizando uma proteína de fusão recombinante, que combina de forma eficiente dois domínios distintos. A parte N-terminal dessa construção multi-dominante é composta pela glutatião S-transferase (GST), uma proteína amplamente presente tanto em eucariotos quanto em procariotos. A GST tem a notável capacidade de catalisar a conjugação da forma reduzida do glutatião a substratos xenobióticos, o que é fundamental para processos de desintoxicação celular. Neste estudo, a GST de Schistosoma japonicum foi ligada covalentemente a nanopartículas de ouro (GNPs) através de ligações ouro-enxofre. Por outro lado, o domínio C-terminal da construção é o SpyCatcher, derivado de Streptococcus pyogenes. Esse método foi validado ao demonstrar que o SpyCatcher pode ser imobilizado de maneira covalente sobre as GNPs sem perda de funcionalidade. A utilização de simulações de dinâmica molecular (MD) foi crucial para revelar os detalhes moleculares que governam a absorção de proteínas sobre a superfície de nanopartículas de ouro recobertas com moléculas de citrato.

As simulações de MD permitiram uma análise profunda das interações eletrostáticas entre as moléculas de citrato e as proteínas, facilitando a identificação das orientações das proteínas quando interagem com a camada de citrato. Embora o tamanho da nanopartícula (~40 nm de diâmetro) representasse um desafio para simulações em escala atômica, a aproximação da superfície da nanopartícula como uma superfície de ouro plana permitiu a realização de simulações detalhadas e representativas. O estudo mostrou que as cargas negativas das carboxiladas das moléculas de citrato interagiram com os resíduos de arginina na superfície da proteína, fornecendo informações valiosas sobre a orientação das proteínas e possíveis áreas de interação com a superfície nanomaterial.

Outro exemplo relevante do uso de simulações de MD foi o estudo realizado por Soloviev et al., que investigou a adsorção do domínio de ligação ao receptor (RBD) da proteína spike do vírus SARS-CoV-2 sobre nanopartículas de SiO2. Essa pesquisa ofereceu insights significativos sobre como as proteínas virais interagem com superfícies sólidas, além de ajudar a identificar materiais seguros para uso em situações de pandemia. Através das simulações de MD, foi possível prever as orientações possíveis do RBD na superfície de sílica, identificando os resíduos de aminoácidos que estavam mais próximos da superfície e, portanto, provavelmente mais envolvidos nas interações. Isso abriu novas possibilidades para o desenvolvimento de materiais seguros e eficazes em situações de risco viral, como no caso de uma pandemia de coronavírus.

Além disso, para aqueles interessados em explorar as simulações de dinâmica molecular em moléculas biológicas na presença de superfícies inorgânicas, há uma abordagem prática oferecida no capítulo de Roccatano, que detalha a preparação de simulações para peptídeos em interfaces com superfícies de ouro. Através dessa metodologia, os leitores podem aprender a simular interações de peptídeos antimicrobianos com superfícies de ouro usando o programa Gromacs, um dos mais populares para simulações MD. Esse tipo de estudo é essencial para entender como os peptídeos interagem com materiais nanostruturados, fornecendo dados importantes para o desenvolvimento de novos materiais bioativos.

As simulações de dinâmica molecular, portanto, desempenham um papel fundamental em diversas áreas da biotecnologia e da nanomedicina. Elas não apenas oferecem insights valiosos sobre como as biomoléculas interagem com superfícies sólidas, mas também podem ajudar a projetar métodos de bio-conjugação mais eficientes e a entender as propriedades funcionais de nanomateriais. À medida que as tecnologias de simulação continuam a evoluir, com avanços na capacidade de modelar interações moleculares complexas e simular sistemas de maior escala, o campo das simulações MD promete contribuir cada vez mais para o design e desenvolvimento de novas terapias e materiais.

O desenvolvimento contínuo da simulação MD também é impulsionado pelos avanços tecnológicos em poder computacional, especialmente o uso de GPUs de última geração, inicialmente desenvolvidas para a indústria de videogames. Isso permite simulações de sistemas moleculares com até 10^6 átomos, com tempos de simulação que podem alcançar várias centenas de nanosegundos. Em um futuro próximo, espera-se que a capacidade de simulação aumente exponencialmente, tornando possível estudar sistemas ainda maiores e mais complexos. Para que esses avanços sejam plenamente aproveitados, será essencial o desenvolvimento de novas metodologias de inteligência artificial para facilitar a análise dos grandes volumes de dados gerados durante as simulações.

Como as Impurezas e Compostos Interagem na Formação de Abrasivos Industriais: Uma Análise da Escória Oxisulfeto

A interação entre os diversos compostos presentes na escória oxisulfeto e os minerais que compõem abrasivos industriais é crucial para entender as propriedades e o comportamento desses materiais sob condições de uso intenso. Entre esses compostos, o sulfeto de cálcio (CaS) se destaca, tanto por sua presença nos processos de fusão quanto pelas suas propriedades físico-químicas que influenciam diretamente o desempenho dos abrasivos.

O CaS, com índice de refração N = 2,17, apresenta-se em cristais ou grãos de cor cinza claro ou amarelado quando observado sob luz refletida. Esses cristais possuem estrias paralelas ao plano (100) e baixo relevo. No contexto da escória oxisulfeto não quebrada, o CaS preenche as lacunas entre os cristais de α-Al2O3, podendo até interpenetrar com dissulfeto de titânio (TiS2) e ferroaleações. O CaS também se dissolve mal em água, formando hidrossulfeto de cálcio (Ca(SH)2), mas se dissolve facilmente em ácido clorídrico (HCl), mesmo a baixas temperaturas. Quando aquecido a 1000°C, o CaS se transforma em sulfato de cálcio (CaSO4), o que implica em uma modificação das suas propriedades mecânicas e térmicas, como observado nas mudanças no comportamento térmico da mistura abrasiva entre 775 e 900°C.

O Ti2S, por sua vez, cristaliza-se em forma de lâminas basais com clivagem perfeita ao longo do plano (0001), apresentando uma coloração bronze com brilho metálico. Estudos de raios-X revelam que o Ti2S se cristaliza no sistema trigonal, com parâmetros de rede específicos que o caracterizam. Suas seções sob luz refletida têm uma coloração amarela-rosada e são altamente reflexivas, com baixo relevo. O Ti2S, com um peso específico de 4,68 e uma microdureza de 620 kg/mm², é não magnético e insolúvel em ácidos e álcalis. A conversão do Ti2S para rutilo (TiO2) ocorre a 900°C, o que provoca uma expansão significativa do volume e uma redução da densidade específica de 4,7 para 4,2, fenômeno que contribui para a excepcional expansão térmica observada no material abrasivo.

A combinação de Ti2S com outros compostos, como o TiC (carbeto de titânio), CaS e Ti3O5, resulta em uma formação que pode ser observada em grãos de abrasivos industriais, onde o Ti2S frequentemente aparece revestido por um filme amarelo de rutilo. Este tipo de estrutura contribui para as características do abrasivo, como a sua durabilidade e resistência ao desgaste.

Além disso, outro composto importante nas escórias oxisulfeto é o nAl2S3.mAl2O3, um mineral que se cristaliza ao lado do corindo (α-Al2O3) e se caracteriza por um índice de refração maior e birrefringência. Esse composto se forma pela dissolução do corindo no sulfeto de alumínio e tende a ser indesejável, pois reduz o conteúdo de corindo na escória e leva à decomposição da mesma.

O ferroaleação, um dos componentes metálicos predominantes, forma uma solução sólida de silício no ferro α e é comumente associado ao corindo. A ferroaleação se apresenta na escória como lentes dispersas entre os cristais de corindo. Sob luz refletida, a ferroaleação aparece branca ou amarelada e possui alta refletividade e baixo relevo. Quando a ferroaleação é tratada termicamente, ocorre sua oxidação, especialmente a 600°C, o que resulta na formação de um filme de óxido sobre os grãos de ferroaleação. Este processo pode modificar a aparência do grão, tornando-o opaco e escuro, com variações de cor que dependem do estágio de oxidação.

Essas transformações na ferroaleação influenciam a estrutura dos abrasivos, pois os grãos oxidam e se aglutinam facilmente com outros compostos, como o Ti2S e o corindo, formando agregados granulares que são típicos dos grãos abrasivos industriais. A oxidação da ferroaleação também pode causar a precipitação de partículas dispersas de óxido ferroso, que se aderem aos grãos de corindo, coloração-os de laranja ou marrom, podendo até tornar os grãos opacos, afetando as suas propriedades ópticas.

Outro componente relevante são os inclusões de grafite, antracito e pirita de ferro (FeS2), que frequentemente ocorrem nas ferroaleações. O grafite tende a se formar em agregados foliados ou estelares, com baixo relevo, preenchendo os espaços entre os cristais de corindo. O antracito aparece sob forma de seções irregulares e alongadas, com refletividade moderada, e é geralmente queimado durante o processo de fusão. A pirita de ferro, por sua vez, é reconhecida por sua cor amarela e a presença de clivagem distinta, com seções que se caracterizam por uma forte divisão ao longo do plano (111).

Em um contexto industrial, é importante entender como essas impurezas e compostos afetam não apenas as propriedades óticas dos abrasivos, mas também suas propriedades mecânicas e térmicas. O comportamento térmico de materiais abrasivos que contêm Ti2S e ferroaleações oxidadas é particularmente relevante em condições de alta temperatura, onde a expansão térmica pode ser um fator limitante. As variações nas características do material, como a dureza, resistência ao desgaste e durabilidade, estão diretamente relacionadas à composição e às impurezas presentes.

Além disso, a interação entre esses compostos não é puramente física; ela também envolve processos químicos complexos, como a oxidação, a dissolução e a precipitação de novas fases, que podem alterar as propriedades dos abrasivos e, portanto, influenciar a sua eficácia em processos industriais de corte e moagem.