O trauma no osso temporal pode resultar em lesões significativas nos sistemas auditivo e vestibular, com implicações que variam desde perda auditiva até disfunções vestibulares, que afetam o equilíbrio e a coordenação. As causas mais comuns de trauma no osso temporal incluem fraturas diretas e lesões secundárias causadas por impactos ou mudanças de pressão, como no caso de barotrauma. As sequelas podem ser complexas, envolvendo danos tanto a estruturas internas quanto nervosas, e o tratamento exige uma abordagem multifacetada, que inclui diagnóstico precoce, manejo cirúrgico adequado e reabilitação vestibular.
No contexto de fraturas no osso temporal, uma das condições mais desafiadoras é a lesão no nervo facial (nervo craniano VII). Aproximadamente 7% dos casos de fraturas no osso temporal estão associados a essa lesão. A avaliação da função do nervo facial é crucial e, frequentemente, é realizada utilizando o sistema de classificação House-Brackmann, que classifica a gravidade da paralisia facial. Lesões no nervo facial podem ser de natureza temporária ou permanente, e a recuperação dependerá de fatores como o tempo de início da paralisia e a severidade da lesão. A exploração cirúrgica do nervo é indicada em casos de paralisia facial grave e imediata, com boas taxas de sucesso, especialmente quando realizada por otologistas experientes.
Outro aspecto crítico é a presença de otorréia (secreção do ouvido), que, quando persistente e aquosa, pode ser indicativa de otorreia de líquor (CSF otorrhoea). Esta condição é uma complicação grave que ocorre frequentemente após traumas cranianos, em que o fluido cerebrospinal vaza do ouvido médio. A presença de líquor no ouvido pode ser confirmada por testes específicos, como a análise de β2-transferrina. Em alguns casos, a otorréia pode ser acompanhada de perda auditiva condutiva (CHL), e a decisão de realizar a exploração cirúrgica dependerá da gravidade dos sintomas e dos achados radiológicos.
O trauma pode também causar distúrbios no sistema vestibular, resultando em vertigem pós-traumática. A vertigem benigna posicional paroxística (BPPV) é uma das causas mais comuns de vertigem pós-traumática, causada pelo deslocamento de partículas otolíticas no canal semicircular posterior. O diagnóstico é frequentemente confirmado pelo teste de Dix-Hallpike, que pode revelar a presença de BPPV, podendo ser tratado com manobras de reposicionamento de partículas.
Em relação ao tratamento da vertigem pós-traumática, a reabilitação vestibular desempenha um papel fundamental. Mesmo em casos de lesões permanentes no sistema vestibular periférico, o cérebro tende a compensar a perda de equilíbrio por meio de adaptações centrais, auxiliadas por exercícios específicos de reabilitação. O uso de sedativos vestibulares pode ser útil inicialmente para controlar os sintomas, mas deve ser interrompido assim que possível, para que a reabilitação vestibular possa ser implementada de forma eficaz.
O barotrauma, outro tipo de lesão que afeta o ouvido médio, ocorre devido a mudanças rápidas de pressão, como no caso de mergulho ou durante voos. Quando a pressão no ouvido médio não se equaliza adequadamente, pode ocorrer uma lesão nos tecidos sensíveis da orelha média e interna, prejudicando a audição e o equilíbrio. O tratamento do barotrauma envolve manobras para equalizar a pressão, além de cuidados para prevenir complicações adicionais.
A lesão no nervo facial durante procedimentos cirúrgicos, como a exploração do osso temporal após um trauma, é uma preocupação significativa. Embora a incidência de lesões iatrogênicas (causadas por médicos) tenha diminuído com o uso de imagens pré-operatórias, ainda é essencial uma avaliação minuciosa da anatomia do nervo facial antes da cirurgia. Quando necessário, o nervo pode ser explorado para descompressão ou reparo, com a utilização de enxertos nervosos, como o nervo auricular, que é frequentemente considerado o melhor para o enxerto, devido à sua proximidade e acessibilidade.
Além disso, em casos de lesão grave ao nervo facial, a reabilitação neurológica é um componente essencial do tratamento. O uso de esteroides orais nos primeiros dias após a lesão pode melhorar a recuperação, embora a recuperação espontânea seja frequentemente observada, especialmente em casos de lesão parcial ou menos severa. A abordagem interdisciplinar envolvendo otorrinolaringologistas, neurologistas e fisioterapeutas vestibulares pode ser crucial para uma recuperação completa do paciente.
Para um diagnóstico adequado e tratamento eficaz, a avaliação detalhada do paciente deve ser realizada utilizando audiometria, testes vestibulares e, se necessário, exames de imagem para avaliar a extensão da lesão. A combinação de terapias médicas, cirúrgicas e de reabilitação garante que a função auditiva e vestibular seja restaurada da melhor maneira possível, promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz.
Quais são as características e riscos das variações anatômicas e patologias dos seios paranasais observadas por imagens?
As células aéreas paranasais podem causar estreitamento do infundíbulo, afetando a drenagem sinusal e predispondo a quadros infecciosos e inflamatórios. Um exemplo clássico é a célula de Onodi, que representa uma célula etmoidal posterior pneumatizada que invade o seio esfenoidal, deslocando-o para baixo e medialmente. Sua presença aumenta significativamente o risco de lesão do nervo óptico durante procedimentos cirúrgicos endoscópicos funcionais nos seios da face (FESS).
Outra alteração importante é o pneumossinus dilatans, caracterizado pela aeratação excessiva e dilatação dos seios paranasais, acompanhada de afinamento das paredes ósseas, o que pode favorecer complicações ou dificuldades cirúrgicas.
A sinusite aguda, detectada por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), manifesta-se por espessamento difuso da mucosa sinusal e nível ar-água, indicando acúmulo de secreção inflamatória. Na sinusite crônica, observa-se espessamento persistente da mucosa, além de esclerose e espessamento das paredes ósseas. A densidade das secreções pode variar conforme o teor proteico. Já a sinusite fúngica revela áreas centrais de alta densidade na TC, reflexo da presença de fosfato e sulfato de cálcio nos hifas fúngicos, que aparecem como sinais de baixa intensidade na RM. A espessura e a esclerose óssea são consequências da inflamação crônica.
Nos casos de sinusite fúngica invasiva, geralmente em pacientes imunocomprometidos, observa-se rápida extensão da infecção para a mucosa, corrente sanguínea, ossos e tecidos adjacentes. Essa forma clínica afeta não só os seios, mas também a cavidade nasal, órbita e crânio. Na TC ou RM com contraste, áreas de espessamento nodular da mucosa e opacificação sinusal com material de alta densidade são comuns. A destruição óssea focal, com infiltração dos tecidos moles vizinhos, é evidenciada nas imagens contrastadas.
Complicações graves da sinusite aguda incluem periostite orbital, que pode evoluir para abscesso subperiosteal, meningite, abscessos cerebrais e trombose do seio cavernoso. A imagem de contraste é fundamental para avaliação dessas extensões, revelando áreas de realce periférico e diminuição da perfusão em tecidos afetados.
Cistos de retenção mucosa são achados comuns e geralmente assintomáticos, apresentando-se como áreas arredondadas e bem definidas, de densidade fluida, frequentemente nos seios maxilar e esfenoidal. Os pólipos coanais originam-se do antro maxilar e se estendem pelo infundíbulo para a cavidade nasal e nasofaringe, assemelhando-se a cistos de retenção, mas com maior potencial obstrutivo.
A polipose sinonasal manifesta-se na TC como múltiplas massas polipoides envolvendo os seios paranasais e cavidade nasal, frequentemente com remodelamento ou erosão óssea, especialmente em células etmoidais de longa duração. A RM contrastada é indicada para investigar suspeita de invasão craniana ou orbital, mostrando massas de baixa intensidade em T2 e realce pós-contraste.
Mucoceles, comuns nos seios frontal e etmoidal, são coleções expansivas de fluido que causam afilamento e erosão das paredes ósseas adjacentes. A presença de fluido proteináceo pode resultar em sinal alto nas imagens T1 ponderadas, com realce periférico em estudos com contraste, o que ajuda a distingui-los de tumores que apresentam realce difuso.
Granulomatose com poliangiite (Granulomatose de Wegener) caracteriza-se por vasculite necrosante granulomatosa sistêmica, envolvendo vias respiratórias e rins. Nas cavidades nasais, nodulações de tecido mole podem provocar perfuração do septo nasal, visível na imagem.
Tumores benignos como osteomas, habitualmente localizados nos seios frontal e etmoidal, aparecem na TC como lesões ósseas bem definidas, homogêneas e densas, protrusas para o lúmen sinusal. Hemangiomas nasais dividem-se em capilares, mais frequentes na região anterior do septo nasal, e cavernosos, mais comuns na parede lateral e cornetos, ambos com realce característico ao contraste.
Fibromas ossificantes se apresentam como lesões fibrosas expansivas, com bordas ossificadas na TC, e sinal variável na RM, dificultando a diferenciação de outras lesões fibrosas, como a displasia fibrosa.
Papilomas invertidos surgem como massas unilaterais originadas da parede lateral do nariz, muitas vezes com padrão “cerebriforme” em RM T2. Estendem-se para os seios maxilar e etmoidal, podendo ser difíceis de distinguir de secreções retidas na TC sem contraste.
O neuroblastoma olfatório (estesioblastoma) desenvolve-se a partir do epitélio olfatório, apresentando forma de halter ou “dumb-bell”, envolvendo a base do crânio e o assoalho da cavidade nasal. O exame com contraste é fundamental para delimitar extensão e destruição óssea.
Lesões malignas, como carcinomas espinocelulares, mostram comportamento agressivo e invasivo, com destruição óssea e possível invasão de tecidos adjacentes.
A compreensão detalhada dessas variações anatômicas, sinais radiológicos e manifestações clínicas é essencial para o diagnóstico preciso e planejamento terapêutico adequado. A interpretação criteriosa das imagens permite identificar complicações graves, evitar danos iatrogênicos durante intervenções e distinguir processos benignos de malignos. Além disso, reconhecer a coexistência de múltiplas condições, como inflamação crônica associada a alterações estruturais, influencia diretamente o prognóstico e manejo clínico.
É importante que o leitor compreenda que a análise radiológica isolada não substitui a correlação clínica e, quando indicado, exames complementares, como exames endoscópicos e biópsias, devem ser utilizados para confirmação diagnóstica. A abordagem multidisciplinar entre radiologistas, otorrinolaringologistas e outros especialistas é imprescindível para o tratamento efetivo das doenças dos seios paranasais.
Abordagens Cirúrgicas e Terapias Adjuvantes no Tratamento de Tumores Sinonais
O uso de sistemas de neuronavegação é recomendado, e a presença de dois cirurgiões facilita a utilização de múltiplos instrumentos simultaneamente. No entanto, existem limitações no uso de endoscopia, especialmente quando o tumor invade estruturas adjacentes. Nessas situações, as técnicas endoscópicas podem ser combinadas com abordagens abertas. Uma abordagem tradicionalmente utilizada é a maxilectomia total, que é realizada através de uma incisão Weber–Ferguson (Figura 14.7). O procedimento de rinotomia lateral oferece excelente acesso para a maxilectomia medial. Outras opções incluem a desmobilização facial e a manobra de "maxillary swing", que são descritas como alternativas viáveis.
Em casos de envolvimento da base do crânio anterior, é frequentemente recomendada uma abordagem craniofacial em colaboração com a neurocirurgia. Esta estratégia é particularmente benéfica para tumores como o adenocarcinoma e o neuroblastoma olfatório, que frequentemente afetam essa região.
A preservação da órbita é um tema controverso. Quando o tumor invade a periosteum periorbital e afeta a gordura peri-orbital e/ou os músculos extraoculares, a exenteração orbital pode se tornar necessária. Qualquer tentativa de preservação da órbita deve ser cuidadosamente equilibrada com o risco de ressecação subótima. O uso da radioterapia adjuvante, com doses variando entre 60 e 70 Gy, continua a ser o principal tratamento após a cirurgia e deve ser administrado idealmente dentro de seis semanas, quando necessário. No entanto, pode estar associado a complicações como falha de cicatrização, danos orbitais (em até um terço dos pacientes), radionecrose cerebral e osteorradionecrose. O uso da radioterapia de intensidade modulada (IMRT) reduz a toxicidade fora do campo alvo.
Recomenda-se a reconstrução após ressecação, que pode incluir o auxílio de próteses para projetar obturadores que preencham o defeito cirúrgico, especialmente após maxilectomias. No caso de envolvimento de linfonodos cervicais, que ocorre em menos de 10% dos casos na apresentação inicial, a dissecção eletiva de pescoço para um pescoço N0 pode ser desnecessária. A evidência de doença nodal cervical exigirá tratamento adicional, que pode ser realizado durante a cirurgia primária ou dentro do campo da radioterapia.
Os carcinomas de células escamosas são os tipos mais comuns de cânceres sinonais, com a maioria originando-se da parede nasal lateral ou do seio maxilar. Tumores que afetam o septo nasal têm um prognóstico particularmente ruim devido à vascularização dessa área e sua posição mediana; em alguns casos, pode ser necessário realizar uma rinectomia total para aumentar as chances de cura (Figura 14.8). A ressecação local com reconstrução por retalhos, como o retalho nasolabial, pode ser suficiente em algumas situações (Figuras 14.9–14.12). A quimiorradioterapia complementa a ressecação cirúrgica dos cânceres sinonais de células escamosas.
O carcinoma undiferenciado sinonasal (SNUC) é uma subcategoria altamente agressiva dos carcinomas escamosos, com um comportamento muito mais invasivo. A quimioterapia baseada em platina (geralmente cisplatina) tem demonstrado melhorar a sobrevida dos pacientes, especialmente quando combinada com a radioterapia, e pode aumentar a qualidade de vida em até 10%.
O carcinoma adenocístico é um tumor de crescimento lento e indolente, que pode afetar os seios nasais e as cavidades nasais. Embora esse tipo de tumor tenha um curso geralmente mais favorável, ele exige ressecção craniofacial seguida de radioterapia adjuvante, especialmente nos casos mais avançados. Além disso, é importante notar que o carcinoma adenocístico é frequentemente relacionado à exposição a poeiras de madeiras duras e de couro, além de outros carcinógenos como níquel, cromo e solventes inalados.
Melanomas mucosos malignos, embora raros, podem ocorrer nas cavidades nasais com uma apresentação clínica de massas polipoides hemorragicas, frequentemente agressivas e com metástases distantes. Apesar de sua raridade, esses tumores podem ser gerenciados com medidas locais, como ressecação ou vaporização a laser, e o encaminhamento para um centro especializado em melanoma é indicado para avaliação do uso de quimioterapia.
Em termos de classificação do câncer, o sistema TNM para cânceres de seios maxilares e etmoidais continua sendo uma ferramenta essencial para estadiamento e para planejamento do tratamento. O estágio tumoral e o envolvimento linfonodal são fatores cruciais na escolha da abordagem terapêutica, que pode variar de ressecação local a tratamentos combinados, incluindo radioterapia e quimioterapia.
É importante que os médicos tratantes estejam atentos às variações anatômicas e ao tipo específico de tumor para adaptar o tratamento de forma individualizada. O prognóstico dos pacientes depende em grande parte da precisão do diagnóstico, da agressividade do tumor e da extensão do envolvimento local e regional. A escolha do tratamento deve considerar não apenas a sobrevida, mas também a qualidade de vida pós-tratamento, uma vez que muitas dessas abordagens têm implicações significativas nas funções físicas, estéticas e psicossociais dos pacientes.
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