A estrutura do USACBI (União dos Acadêmicos e Intelectuais Palestinos nos Estados Unidos) e sua filosofia de organização revelam princípios fundamentais que orientam as ações do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). A natureza fluida e não hierárquica de sua organização, em particular, oferece uma reflexão profunda sobre o funcionamento de movimentos sociais e sua adesão a valores antiautoritários, colaborativos e descentralizados.
Ao contrário de muitas organizações tradicionais, que seguem um modelo hierárquico rígido com líderes e subalternos claramente definidos, o USACBI adota uma abordagem onde o poder é distribuído de forma mais equitativa entre seus membros. Não existem cargos formais, e as decisões são tomadas por consenso, o que implica que cada membro tem o direito de expressar sua opinião sem que qualquer discordância seja desconsiderada. A prática do consenso exige que a maioria esteja de acordo com uma proposta, mas também que a oposição seja ouvida e resolvida de maneira respeitosa, ou a ação é adiada até que se chegue a uma resolução satisfatória para todos.
Esse sistema pode parecer complexo ou ineficaz à primeira vista, mas, na realidade, provou ser extremamente eficiente. Embora existam discussões e desacordos ocasionais, a maioria dos membros consegue chegar a um consenso através de um processo de diálogo contínuo e deliberado. A estrutura do comitê organizador do USACBI, que conta com aproximadamente 35 membros, é suficientemente grande para permitir que indivíduos se envolvam de maneira flexível e se concentrem em questões específicas sem comprometer a fluidez do trabalho coletivo. A participação ativa de diferentes membros, com níveis variados de engajamento, é uma característica que fortalece a democracia interna do movimento.
Além de sua estrutura não hierárquica, o USACBI e o movimento BDS têm uma clara orientação política e ética. Eles não buscam resolver injustiças por meio das instituições estatais tradicionais, como tribunais ou parlamentos, mas consideram essas entidades como obstáculos ao avanço da justiça. A escolha de não recorrer ao poder estatal reflete um compromisso com uma forma de resistência que prioriza a autonomia popular e a ação direta. O movimento, portanto, não se limita a defender os direitos dos palestinos em relação a Israel, mas se insere em um contexto mais amplo de lutas contra o neoliberalismo, o racismo institucional, a discriminação contra populações nativas e a defesa da liberdade acadêmica.
Essa abordagem política se reflete também nas práticas de boicote adotadas pelo USACBI, que incluem uma ampla gama de setores da sociedade palestina. A prioridade dada aos palestinos em relação à disseminação das narrativas do movimento é um exemplo claro dessa abordagem. Mesmo sem uma posição formal sobre soluções de dois estados ou um estado único, o movimento dá destaque à opinião dos palestinos, especialmente em relação ao direito de retorno dos refugiados palestinos, uma questão central na luta pela justiça e direitos humanos.
Ao se concentrar em questões de justiça social e autodeterminação, o movimento BDS se afasta das abordagens tradicionais de resolução de conflitos. Sua eficácia, como discutido por seus críticos e defensores, vai além da simples condenação das ações do estado israelense. BDS busca alterar as condições materiais de vida dos palestinos, afetados por violência estatal, discriminação econômica e política, marginalização e violação de direitos humanos. Sua meta final é terminar com essas condições e garantir os direitos fundamentais dos palestinos, incluindo o direito de retornar à sua terra e de viver com dignidade.
O impacto do BDS vai além de suas ações imediatas de boicote, atingindo também o campo discursivo, especialmente na América do Norte, onde a narrativa pró-Israel tem sido dominante. O movimento busca mudar a forma como a ocupação israelense é percebida e discutida globalmente, alterando as premissas e as “realidades” aceitas nas esferas pública e política.
Entender o BDS como uma campanha de resistência e não como um simples gesto moral ou simbólico é crucial para compreender seu alcance e objetivos. O movimento, ao mesmo tempo em que busca responsabilizar o estado israelense, também se insere em uma luta mais ampla por justiça social e autodeterminação. Ele coloca os direitos dos palestinos no centro de sua agenda, com um compromisso explícito de não se subordinar a agendas políticas ou partidárias, seja em Israel, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar. O BDS não visa a destruição de Israel, como frequentemente alegado por seus opositores, mas luta pela justiça e pelos direitos dos palestinos, que incluem o direito à autodeterminação, à liberdade e à dignidade.
Além disso, é fundamental perceber que o sucesso do BDS não depende apenas de seu impacto imediato sobre as políticas israelenses, mas também de sua capacidade de construir uma rede global de solidariedade que transcenda as fronteiras nacionais e se alinhe com outras lutas por justiça e igualdade. Isso inclui o apoio de movimentos de descolonização, a resistência ao neoliberalismo e a defesa dos direitos humanos em todas as suas formas.
A Colonização e a Despossessão: Uma Análise de Jackson e Jabotinsky
Tanto Andrew Jackson quanto Ze'ev Jabotinsky desempenham papéis complexos em narrativas históricas que articulam a inevitabilidade da remoção e destruição dos povos indígenas para garantir o progresso de projetos coloniais. Embora suas abordagens e contextos históricos sejam distintos, ambos compartilham uma visão profundamente enraizada em um determinismo histórico, onde a violência e a subordinação de povos originários são apresentadas como necessárias para a construção de uma ordem superior, muitas vezes disfarçada de civilização.
Jackson, ao justificar a remoção forçada dos povos nativos dos Estados Unidos, não apresenta um argumento concreto, mas faz uso de abstrações messiânicas. A ideia central é que a extinção dos indígenas é uma consequência natural, não da agressão, mas da trajetória gloriosa da civilização americana. Essa visão encontra ressonância na ideologia de Jabotinsky, que projetou um futuro para o Estado de Israel baseado em uma espécie de "limpeza étnica", onde os palestinos eram, para ele, um obstáculo ao avanço da civilização israelense, sendo inevitavelmente destinados à resistência, mas de forma que não se oponha à lógica colonizadora.
Ambos, em sua análise, se baseiam na ideia de que os povos indígenas, apesar de suas razões legítimas para resistir à colonização, são incapazes de progredir no contínuo histórico da modernidade. Jackson e Jabotinsky tratam os povos nativos como seres imutáveis, presos a um passado distante e fora da linha do tempo do progresso que eles próprios definem. Esta imutabilidade é vista como uma razão para sua falta de adequação à modernidade, e, assim, o colonizador se justifica em sua superioridade civilizatória. Esta visão é expressa com uma confiança absoluta sobre a inferioridade e a incompreensão do outro, baseando-se em uma psicologia colonial que rejeita a complexidade cultural e histórica do nativo.
O raciocínio de ambos também revela uma dependência de um tipo de messianismo implícito, onde a intervenção colonial é uma ação divinamente ordenada para cumprir um destino histórico. No entanto, essa intervenção exige violência. Tanto para Jackson quanto para Jabotinsky, a criação de uma nova ordem moderna requer o deslocamento forçado de povos indígenas, uma violência legítima e necessária para a construção de um novo homem, cujas qualidades e capacidades emergem da grandiosidade do conflito armado. A violência, nesse contexto, é apresentada não apenas como aceitável, mas como essencial para a realização de uma civilização superior.
Outro ponto comum é o uso de mitologia histórica como justificativa. A história contada por Jackson e Jabotinsky é, de fato, uma construção mitológica, onde as ações dos colonizadores são interpretadas como parte de um destino histórico inevitável e os indígenas, destituídos de suas próprias histórias, são vistos apenas através da lente da necessidade de sua remoção. O próprio conceito de história para eles é revisionista, um conjunto de fantasias que precisa ser concretizado através de ações concretas de colonização e limpeza étnica.
Esses discursos não surgem de uma realidade objetiva, mas de uma construção ideológica que desumaniza os povos nativos. Ao buscar entender Jackson e Jabotinsky através da lente da descolonização, podemos recuperar uma versão dos indígenas que, embora ausente de suas palavras, está sempre presente nas entrelinhas de suas justificativas e visões de mundo. Esses indígenas não são seres reais, mas invenções das mentes colonizadoras, uma projeção das necessidades do colonizador de reafirmar sua própria identidade por meio da subordinação do outro.
Embora a experiência de colonização de Jackson e Jabotinsky tenha ocorrido em contextos e épocas distintas, o projeto de destruição e deslocamento de povos indígenas e a justificativa para isso compartilham elementos fundamentais. A remoção forçada de nativos, seja na América com o Ato de Remoção ou na Palestina com a Nakba, foi uma ação respaldada por uma ideologia de progresso, onde o sacrifício dos povos originários era visto como um requisito para a ascensão de uma nova ordem geopolítica. A violência, no entanto, não era apenas física, mas também simbólica, pois visava apagar a identidade e a história dos nativos, substituindo-os por uma nova narrativa que glorificava o colonizador.
Importante é entender que tanto em Jackson quanto em Jabotinsky, a violência e a subordinação são partes de um projeto maior de construção da modernidade, onde o espaço geográfico e humano é reconfigurado para atender às ambições coloniais. Esse processo de destruição não é pontual, mas se estende ao longo do tempo, em um ciclo contínuo de negação da humanidade do outro. O impacto desses discursos e ações reverbera até os dias atuais, pois as ideias e as justificativas de ontem ainda moldam as dinâmicas coloniais modernas.
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