A estimulação bilateral auditiva é uma técnica fundamental no processo de EMDR (Desensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular). Consiste em sons alternados que são tocados de um ouvido para o outro, criando uma forma de estimulação auditiva bilateral. Essa técnica, geralmente utilizada com fones de ouvido, pode ser uma ferramenta poderosa para facilitar a integração de emoções e memórias associadas ao trauma. Para garantir que a estimulação funcione corretamente, é necessário que o som alterne entre os ouvidos de forma eficaz. Fones de ouvido com fio são preferíveis, pois tendem a transmitir melhor esse movimento, ao contrário dos modelos sem fio, que podem não ser tão eficientes.

Existem diferentes tipos de sons que podem ser utilizados para a estimulação bilateral. Sons como estalos de dedos, batimentos cardíacos e sinos suaves são apenas alguns exemplos. A escolha do som depende da experiência individual e do tipo de processamento emocional que se está buscando. É recomendado experimentar diferentes opções de som para encontrar aquela que mais ressoe com seu corpo e mente. Isso é especialmente importante, pois a resposta ao som pode variar de pessoa para pessoa e até de situação para situação.

Se você estiver realizando EMDR com a ajuda de um terapeuta, ele provavelmente fornecerá opções de sons ou ferramentas para você explorar. No caso de consultas virtuais, o terapeuta poderá compartilhar diferentes opções de sons ou indicar plataformas online onde você pode acessar uma variedade maior de opções auditivas. Uma dessas plataformas é o site www.bilateralstimulation.io, que permite que você escolha diferentes sons e ajuste a velocidade da alternância de acordo com sua necessidade. A partir disso, você pode testar a resposta do seu cérebro e observar como sua mente lida com a estimulação auditiva ao focar em uma memória positiva ou relaxante.

Ao praticar a estimulação bilateral auditiva, é importante dedicar alguns minutos a um exercício de introspecção. Pense em uma experiência recente que tenha trazido sentimentos positivos, como alegria ou conforto. Durante esse exercício, continue se concentrando nessa memória enquanto ouve o som alternado nos fones de ouvido. Após cerca de 30 segundos, pare o som e reflita sobre a experiência. A estimulação bilateral bem-sucedida deve permitir que você se concentre mais intensamente no sentimento positivo, sem que sua mente se distraia. Caso contrário, é possível que você precise ajustar o tipo de som ou o ritmo da estimulação para otimizar a experiência.

Além da estimulação auditiva, há também a estimulação tátil, que envolve o uso de toques físicos alternados entre o lado direito e o lado esquerdo do corpo. Essa forma de estimulação é frequentemente preferida por aqueles que se sentem mais à vontade com o toque físico. As formas mais comuns de estimulação tátil incluem o "abraço de borboleta", onde você cruza os braços sobre o peito e bate alternadamente com as mãos nos ombros, e o "tapping nas pernas", que consiste em tocar suavemente as pernas alternadamente com as mãos. Há também os "theratappers", dispositivos eletrônicos que emitem pulsos de vibração alternados entre as mãos, uma opção popular em sessões presenciais com terapeutas.

A estimulação tátil pode ser uma alternativa eficaz, especialmente para aqueles que buscam uma sensação de segurança e ancoragem no corpo. O uso de toques alternados pode ajudar a relaxar e aumentar a sensação de controle, facilitando o processo de reprocessamento de traumas. Para testar a eficácia da estimulação tátil, é recomendado que você pense em uma experiência positiva enquanto executa o toque alternado. Novamente, após 30 segundos, pare e observe como você se sentiu. Se você conseguiu se concentrar melhor na experiência positiva, isso indica que a estimulação tátil foi eficaz para você. Caso contrário, você pode experimentar outras formas de bilateralidade até encontrar a que mais contribui para o seu processo de cura.

Vale ressaltar que a estimulação bilateral não é uma prática nova. Ela está presente em diversas culturas e tradições terapêuticas, como o uso de tambores, danças e toques curativos. Essas práticas ancestrais já reconheciam os benefícios do movimento alternado para equilibrar o corpo e a mente. A integração desses métodos no EMDR permite que o cérebro e o corpo sejam estimulados de forma harmônica, ajudando no processamento de experiências traumáticas e promovendo o bem-estar geral.

Quando você integra a estimulação bilateral no seu processo de EMDR, seja auditiva ou tátil, o objetivo é criar um ambiente propício para o processamento emocional profundo e a diminuição do impacto dos traumas. Esse tipo de estimulação não só ativa áreas específicas do cérebro, mas também proporciona uma sensação de equilíbrio e presença no momento. Ao longo de todo o processo de EMDR, a estimulação bilateral atua como uma ferramenta constante para ajudá-lo a sentir-se mais centrado, relaxado e capaz de lidar com os desafios emocionais que surgem.

Como Trabalhar com as Partes Infantís do Seu Eu Interior: Expressando, Escutando e Curando

Quando a dor emocional e os traumas do passado afetam nosso presente, é possível que partes do nosso "eu" mais jovem, vulnerável, fiquem "congeladas", presas em um estado de sofrimento. Para curar essas feridas internas, é essencial primeiro reconhecer essas partes, dar-lhes uma voz e permitir que façam escolhas. No entanto, esse processo exige cuidado e paciência, já que trabalhar com essas partes pode ativar sistemas de proteção dentro de nós, que tentam evitar a dor emocional, o que pode tornar o trabalho mais desafiador.

Uma das primeiras etapas para acessar essas partes feridas de sua criança interior é um momento de introspecção. Pergunte a si mesmo: "Quantos anos tem essa parte de mim que ainda carrega dor?". Isso é importante, pois ajuda a estabelecer a idade emocional que essas partes podem representar. Muitas vezes, o tempo emocional de nossa criança interior não acompanha o cronológico, o que significa que, embora possamos ser adultos agora, em nosso interior ainda podemos sentir ou reagir como se tivéssemos a mesma idade emocional de quando o trauma ocorreu. Esse reconhecimento é o primeiro passo para curar.

O processo de dar voz e escolha ao seu eu ferido requer um ambiente de escuta ativa e empática. Muitas vezes, essas partes de nós não tiveram a oportunidade de se expressar quando eram mais jovens, especialmente em contextos de trauma ou dificuldades. O resultado disso é um sentimento profundo de que nossos pensamentos e sentimentos não importam. Portanto, a tarefa aqui é permitir que essa criança interna se expresse, seja por palavras ou por outras formas de manifestação. A chave é estar presente, disponível para ouvir e demonstrar interesse genuíno. Não tenha pressa. Às vezes, pode não surgir uma resposta imediata, e isso é perfeitamente válido. A criança interior precisa de tempo e espaço para se sentir segura, para que finalmente se permita expressar.

Esse processo não deve ser apressado. Cada interação com a criança interior deve ser conduzida com paciência. Além disso, não se deve forçar a criança interior a se abrir ou revelar algo que ela não esteja pronta para compartilhar. Em vez disso, é essencial oferecer afirmações positivas, acolhendo-a com carinho. Por exemplo, pode ser útil lembrar a parte ferida de que ela não é definida pela dor que carrega. Essa parte precisa sentir-se reconhecida e validada, o que pode envolver fornecer segurança emocional de que ela está protegida agora, no presente, e que as circunstâncias são diferentes.

Para facilitar esse processo, técnicas como a estimulação bilateral — uma prática comum na terapia EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular) — podem ser extremamente úteis. Essa técnica ajuda a reprocessar e integrar experiências traumáticas de forma mais eficaz. Durante a prática da estimulação bilateral, é importante respirar profundamente e estabelecer uma conexão clara com sua criança interior. Imagine a versão mais jovem de si mesmo, observe suas características e tente sentir como ela estaria naquele momento específico, seja em forma de imagem, pensamento ou sensações.

Outro passo fundamental nesse trabalho é permitir que a criança interior tenha escolhas. Ela precisa saber que sua voz importa, que tem o direito de decidir o que quer ou precisa. Isso envolve um processo de respeito mútuo, onde você dá à parte ferida a liberdade de escolher o que compartilhar e de tomar decisões sobre o que é necessário para sua cura. A confiança, nesse momento, é crucial. Se a criança interior perceber que suas necessidades não estão sendo respeitadas, ela provavelmente se fechará e o processo de cura será dificultado.

Em um exercício específico, o "exercício do eu amoroso", é possível direcionar atenção especial à criança ferida interior. A ideia é pensar nela com carinho e considerar o que você gostaria de oferecer a essa parte de si mesmo. Pode ser um gesto simbólico de amor ou um reconhecimento das qualidades que essa criança interior possui, como coragem ou resiliência. Ao fazer isso, é essencial que qualquer sensação negativa que surja seja tratada com cuidado, reconhecendo que a criança interior muitas vezes carrega uma carga emocional significativa, que talvez nunca tenha sido completamente compreendida ou expressa.

Além disso, é importante lembrar que essas partes feridas de nós não são estáticas; elas são parte de um processo contínuo de integração e cura. O que você faz hoje pode não ser suficiente para sanar tudo de imediato, mas ao longo do tempo, com paciência e consistência, você começará a perceber mudanças significativas. Esse processo não é sobre uma cura rápida, mas sobre permitir que as partes feridas se integrem de volta ao todo, para que você possa se sentir mais completo, mais inteiro.

Ao trabalhar com essas partes infantis do eu interior, também é importante "atualizar" a criança ferida com o conhecimento de que o tempo e a experiência se passaram. Isso significa ajudar a criança interior a entender que agora você é um adulto, que tem mais recursos, mais sabedoria e mais segurança emocional. Esse exercício de atualização é crucial para superar os estados de congelamento e estagnação causados pelo trauma.

Ao integrar e acolher essas partes feridas, você começa a criar uma relação mais profunda e saudável consigo mesmo, permitindo que essas partes do seu eu interior se libertem da dor e da angústia do passado. Esse processo de cura exige de você um compromisso com a autocompaixão e um desejo genuíno de se reconectar com essas partes mais vulneráveis e necessitadas de cuidado.