A teoria da aculturação, tradicionalmente utilizada para estudar mudanças psicossociais resultantes do contato intercultural, encontra no turismo um laboratório natural e subutilizado. Apesar do vasto potencial, grande parte da literatura sobre turismo ignora ou aplica de forma limitada os modelos de aculturação existentes. Estudos recentes revelam que mais da metade das pesquisas nessa área não empregam qualquer modelo teórico de aculturação e, quando o fazem, majoritariamente optam pelo modelo psicológico de John W. Berry, sem desenvolver novas abordagens ou considerar outras dimensões relevantes.

O turismo, especialmente antes da pandemia de Covid-19, foi a forma mais comum de contato intercultural direto entre indivíduos. Ainda assim, psicólogos culturais e pesquisadores das relações interculturais demonstraram pouco interesse em analisar essas interações sob a perspectiva da aculturação. Ocorre, no entanto, que as trocas entre turistas e anfitriões são carregadas de significados, tensões, adaptações e transformações que se alinham de forma direta com os pressupostos da teoria da aculturação.

Essa teoria, ao ser aplicada ao turismo, exige uma abordagem que vá além do modelo clássico de Berry, incorporando dimensões quantitativas e qualitativas do contato intercultural, sua natureza recíproca e seu caráter dinâmico, tanto como processo quanto como resultado. A aculturação no turismo pode ser psicológica, social, física, cultural ou uma combinação dessas dimensões, afetando tanto os turistas quanto os residentes locais. O contato entre esses grupos não é unidirecional: envolve trocas que alteram percepções, práticas e até estruturas sociais de ambos os lados.

Conceitos como privação relativa, hipótese do contato e teoria integrada da ameaça – comuns na psicologia das relações intergrupais – são pertinentes para entender a complexidade dos encontros entre visitantes e anfitriões. O turista pode ser visto como portador de normas e valores que, ao colidir com a cultura local, geram tensões, mas também oportunidades para reconfiguração identitária e inovação cultural.

A aplicação sistemática da teoria da aculturação no turismo permitiria avanços teóricos e práticos: aprimorar estratégias de gestão de destinos, promover sustentabilidade social, reduzir impactos negativos do turismo de massa e fomentar experiências mais autênticas e significativas. O desafio reside em desenvolver metodologias que capturem essas dinâmicas de forma empírica e rigorosa, reconhecendo que a aculturação é tanto um fenômeno individual quanto coletivo.

Além disso, a escolha de um destino turístico não é neutra. O esforço que o indivíduo está disposto a realizar, tanto monetário quanto não monetário, está intimamente ligado às atividades disponíveis no destino. O conceito de “predisposição ao esforço” articula preço, tempo e atratividade das atividades como fatores centrais na decisão. Tais atividades não apenas motivam a escolha direta de um local, mas também moldam o comportamento do turista, influenciando o modo como se envolve com a cultura local.

As atividades, nesse sentido, são mais do que ofertas recreativas: são mediadoras culturais. Organizações que compreendem essa função simbólica e experiencial das atividades podem criar itinerários que respeitem a lógica de aculturação, otimizando o encontro intercultural. Hoje, com o uso de dados de mídias sociais móveis e conteúdos gerados pelos próprios usuários, torna-se possível analisar preferências e padrões comportamentais com grande precisão, o que fornece um novo instrumental metodológico para o estudo da aculturação no turismo.

É necessário, portanto, um olhar renovado, que incorpore as contribuições da Antropologia, da Psicologia, da Sociologia e dos Estudos Culturais para entender como o turismo opera como uma arena privilegiada de negociação identitária, adaptação recíproca e transformação cultural. Não se trata apenas de observar como turistas "se adaptam" ou como culturas locais "se defendem", mas de compreender os processos de hibridização, reinterpretação e ressignificação que emergem nesses encontros.

Importa também considerar as implicações éticas e políticas desses processos: como o turismo reproduz ou desafia desigualdades globais, como interfere na sustentabilidade das comunidades locais, e como pode ser repensado como uma prática intercultural crítica. O turismo, ao ser analisado sob a lente da aculturação, deixa de ser apenas um fenômeno econômico ou recreativo e passa a ser um espaço de encontros transformadores, nos quais se disputam sentidos, valores e formas de viver.

Como a Metodologia e as Tecnologias Emergentes Redefinem a Pesquisa em Turismo e Hospitalidade?

A incorporação de tecnologias avançadas como o metaverso e a inteligência artificial está transformando não apenas a experiência turística, mas também os métodos de pesquisa na área de turismo e hospitalidade. O metaverso, por exemplo, permite a recriação virtual de eventos passados e a interação com avatares que representam influenciadores, marcas, moradores locais futuros e outros turistas por meio de hologramas. Essas experiências digitais podem ser armazenadas em sistemas de arquivos tecnológicos, atuando como memorabilia para recompensar clientes fiéis, tokens para acessar paisagens digitais turísticas, ativos comerciais ou até mesmo como preservação digital de recursos turísticos ameaçados.

Os gestores de destinos, eventos e recursos utilizam dados (bio) digitais extraídos desses ambientes para projetar, testar e otimizar infraestruturas e processos, monitorando fluxos de tráfego, aglomerações e consumo energético. A meta é maximizar a sustentabilidade, o desempenho e a qualidade da experiência dos stakeholders, promovendo o bem-estar coletivo.

A pesquisa em metaverso tem avançado rapidamente, mas ainda é predominantemente descritiva, focada em aplicações práticas para marketing e gestão de experiências. No entanto, é essencial que o estudo dessa área se expanda para analisar as disrupções e implicações ao longo da cadeia de valor do turismo, utilizando novas metodologias, dados (bio) e frameworks teóricos para compreender tanto os impactos positivos quanto negativos. Isso inclui questões econômicas como a monetização de recursos digitais, aspectos legais envolvendo segurança e privacidade, e elementos socioculturais relacionados à gestão das interações no metaverso e à fragmentação da propriedade digital.

No campo metodológico, entende-se que a metodologia não é apenas um conjunto de métodos, mas sim o estudo sistemático das práticas que podem ser aplicadas para responder a uma questão de pesquisa. Ela envolve o desenho e a combinação de métodos qualitativos e quantitativos, sendo imprescindível a descrição rigorosa das técnicas empregadas. Com o avanço da inteligência artificial, especialmente em técnicas de aprendizado de máquina e aprendizado profundo, torna-se possível extrair dimensões qualitativas de dados não estruturados e combiná-las com análises quantitativas tradicionais, o que amplia significativamente o espectro da investigação.

Historicamente, a pesquisa em turismo evoluiu em três grandes fases: inicialmente, predominância dos métodos quantitativos simples; depois, o crescimento dos métodos qualitativos e mistos; e, atualmente, a coexistência e integração entre abordagens quantitativas e qualitativas em virtude da complexidade do fenômeno turístico. Isso porque destinos turísticos funcionam como sistemas complexos e dinâmicos, onde os elementos interagem de maneira não linear e multifacetada, tornando insuficiente a aplicação isolada de métodos puros. Análises exclusivamente qualitativas podem levar a resultados contraintuitivos, enquanto abordagens quantitativas isoladas podem produzir dados sem interpretações relevantes.

Por essa razão, o uso de métodos mistos, que combinam técnicas qualitativas e quantitativas, é cada vez mais valorizado, permitindo compreender a complexidade inerente aos destinos turísticos e às experiências de hospitalidade. A crescente disponibilidade de dados digitais estruturados e não estruturados, aliada a algoritmos sofisticados, estimula abordagens inovadoras e criativas, abrindo espaço para novas formas de conhecimento e práticas de pesquisa.

A compreensão dos impactos dessas tecnologias e metodologias exige que o leitor reconheça a transformação profunda nas dinâmicas de propriedade, identidade e experiência turística proporcionada pela digitalização. É fundamental entender que a evolução metodológica acompanha a necessidade de captar a complexidade real do turismo contemporâneo, onde a interatividade, a sustentabilidade e a personalização são centrais. Além disso, é essencial considerar as implicações éticas, sociais e legais decorrentes da coleta e uso de dados digitais, pois elas moldarão o futuro da gestão turística e das pesquisas acadêmicas.

A reflexão crítica sobre as novas práticas tecnológicas e metodológicas deve levar à construção de um conhecimento que transcenda a simples aplicação de ferramentas, promovendo uma visão integrada e sistêmica do turismo como um fenômeno complexo, onde inovação, sustentabilidade e experiência do usuário são indissociáveis.

Como o turismo no México se transformou e quais desafios enfrenta hoje?

O turismo no México é um fenômeno multifacetado que reflete a complexidade crescente do setor, uma realidade reconhecida por pesquisadores que exploram o tema com o auxílio de metodologias avançadas, como big data, inteligência artificial, e modelagens computacionais. Essa interseção entre abordagens quantitativas e qualitativas permite uma análise mais profunda e inovadora das dinâmicas turísticas, adequando-se à singularidade da atividade no país.

México, o 14º maior país do mundo em extensão territorial, detém uma posição estratégica entre recursos naturais e culturais que impulsionam seu setor turístico. O país é sétimo em número de chegadas internacionais, e conta com um acervo cultural e natural vasto e diversificado, o que o posiciona como um dos destinos mais importantes para o turismo global. A história do turismo mexicano remonta a tempos pré-hispânicos, com os aztecas já possuindo uma forma primitiva de hospedagem, os Coacallis, que serviam aos viajantes. O desenvolvimento turístico foi posteriormente fortalecido durante o período colonial e especialmente com iniciativas públicas e infraestrutura ferroviária nos séculos XIX e XX.

Ao longo do século XX, o Estado mexicano passou por transformações em sua política turística: de um controle estatal mais rígido à adoção de uma abordagem neoliberal nos anos 1980, que buscou maior participação do setor privado e diversificação das ofertas. Atualmente, a política turística do país está pautada em quatro princípios fundamentais: garantir um enfoque social e respeito aos direitos humanos, promover o desenvolvimento equilibrado das regiões turísticas, diversificar os mercados e estimular o turismo sustentável.

O México conta com infraestrutura robusta, com mais de 800 mil quartos de hotel e uma predominância de pequenas e médias empresas. Destinos consagrados como Cancún, Riviera Maya, Los Cabos, Acapulco, bem como cidades culturais como Oaxaca e centros urbanos como Cidade do México e Guadalajara, compõem o cenário diversificado. A indústria turística mexicana é responsável por uma fatia relevante do PIB, chegando a 8,7% em 2019, e suporta diretamente milhões de empregos, destacando-se a participação expressiva de jovens e mulheres.

Contudo, apesar do crescimento, o setor enfrenta limitações significativas. A mensuração do mercado doméstico ainda carece de dados confiáveis e integrados. Além disso, a persistência de problemas sociais, especialmente violência e insegurança em certas regiões, prejudica a imagem do país e sua atratividade internacional. A dependência de turismo de sol e praia, que representa cerca de 65% das chegadas, reforça a necessidade de diversificação tanto de produtos quanto de destinos, promovendo um equilíbrio que valorize os recursos naturais e culturais de forma sustentável.

A política de turismo envolve múltiplos atores: governos federal, estadual e municipal, além de iniciativas público-privadas. O enfraquecimento de organismos importantes para promoção e coordenação do setor, como o Conselho de Turismo e o Gabinete Turístico, sinaliza a necessidade de reestruturação institucional para manter a competitividade e inovação do México no cenário global.

Por fim, a consolidação do turismo mexicano depende de medidas que combatam a violência, promovam infraestrutura inclusiva e sustentável, e incentivem a diversificação de experiências turísticas. É imprescindível aumentar a competitividade dos destinos para elevar o gasto médio dos turistas internacionais, especialmente os que não residem na fronteira, fortalecendo assim o impacto econômico do setor.

É essencial compreender que o turismo no México não é apenas um setor econômico, mas um espaço complexo onde se entrelaçam cultura, história, políticas públicas, inovação tecnológica e desafios sociais. A compreensão profunda dessa teia de fatores é fundamental para qualquer análise séria do futuro do turismo mexicano.

Como o Turismo de Cultura Popular Está Moldando o Setor Turístico Globalmente?

O turismo de cultura popular emergiu como um fenômeno global, atraindo a atenção tanto de estudiosos quanto de turistas que buscam imersão em universos de filmes, música, esportes, videogames e outros produtos culturais massivos. Em essência, ele se distingue do turismo cultural, que tem um foco mais restrito na promoção e preservação de culturas locais. O turismo de cultura popular é orientado pela popularidade global e pelo crescente poder das mídias, que transformaram filmes, séries e eventos culturais em atrações que geram um grande fluxo de turistas.

Diferentemente do turismo tradicional, que está muitas vezes vinculado à autenticidade e à história de um lugar, o turismo de cultura popular se articula em torno de “tribos” de fãs que consomem conteúdos globais, impulsionados pela mediatização e pela globalização. Um exemplo claro disso é a transformação de locais associados a filmes como "Twilight" ou séries como "Game of Thrones" em destinos turísticos, onde a busca por autenticidade e conexão com o universo ficcional se mistura com o desejo de viver experiências imersivas e sensoriais que vão além da simples observação.

A popularização desse tipo de turismo não pode ser dissociada da crescente relevância da mídia digital e das redes sociais. Estas plataformas não apenas promovem destinos, mas criam uma rede dinâmica de interação entre os turistas, os locais e os próprios produtos culturais. Por meio de discussões, imagens e vídeos compartilhados, os fãs se tornam agentes ativos na promoção do destino, influenciando a demanda e até mesmo ajudando a moldar o perfil do turista que visita esses locais.

Os fãs, com seu entusiasmo e lealdade, são, em muitos aspectos, os principais condutores do turismo de cultura popular. Eles não são apenas consumidores passivos; frequentemente, eles se veem como parte de uma comunidade global, com identidades compartilhadas que transcendem as fronteiras geográficas. Ao viajar, eles buscam se conectar com outros fãs e fortalecer seu vínculo com o objeto de sua adoração. A demanda por experiências autênticas, que capturam a essência do que foi retratado na mídia, gera um mercado turístico específico, que envolve desde visitas a locais de filmagens até a participação em eventos temáticos ou na compra de produtos relacionados.

Este fenômeno reflete uma mudança no comportamento do turista contemporâneo, que busca, cada vez mais, não só o turismo de lazer, mas também experiências que tragam significado e engajamento emocional. Ao contrário do turismo convencional, em que o foco é a exploração física de um local, o turismo de cultura popular envolve uma interação mais profunda, muitas vezes acompanhada por uma fusão entre o real e o imaginário, o físico e o digital. Essa convergência resulta em uma forma de turismo que é tanto emocional quanto interativa, com um forte componente de "turismo de consumo cultural".

Ainda assim, a rápida expansão do turismo de cultura popular apresenta desafios e questões éticas. Por um lado, a massificação do turismo pode colocar em risco a autenticidade e a integridade de determinados locais e tradições. Por outro, o impacto das grandes multidões de turistas pode prejudicar a experiência daqueles que buscam uma imersão genuína, além de gerar sobrecarga nos recursos naturais e culturais locais. O turismo de cultura popular, com sua capacidade de atrair grandes públicos, exige uma gestão cuidadosa para equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação do patrimônio cultural e ambiental.

Além disso, é fundamental considerar que o sucesso do turismo de cultura popular não está apenas em sua capacidade de atrair turistas, mas também em como ele transforma a identidade do destino. Ao se tornar o cenário de uma obra cultural popular, uma cidade ou região pode experimentar um renascimento econômico, social e até mesmo cultural, uma vez que os habitantes locais, os governos e os empresários locais têm a oportunidade de se envolver ativamente na criação de um mercado turístico inovador e diversificado.

Por fim, ao tratar do fenômeno do turismo de cultura popular, é essencial que se reconheça sua natureza multifacetada. Ele não é apenas sobre a viagem para locais populares de filmes ou séries; trata-se de um ecossistema mais amplo, onde fãs, mídia, locais e turistas se conectam por meio de práticas culturais compartilhadas, criando um ciclo contínuo de consumo, experiência e expressão. A verdadeira compreensão desse fenômeno envolve um olhar atento às interações entre esses diferentes atores, assim como às transformações culturais e sociais que ele gera.

Como as fronteiras internacionais influenciam o desenvolvimento do turismo e a colaboração transfronteiriça?

A complexidade das fronteiras internacionais apresenta desafios e oportunidades singulares para o desenvolvimento do turismo, sobretudo em regiões onde as divisões políticas coincidem com áreas de relevância natural ou cultural. Países como a Bósnia e Herzegovina, situados na península dos Balcãs, ilustram claramente essa dinâmica. Após um longo período de conflito e instabilidade durante a década de 1990, que culminou com o Acordo de Dayton em 1995, a estrutura política atual do país é marcada por entidades administrativas divididas e um mosaico de competências ministeriais que regulam o turismo em diferentes níveis. Essa fragmentação exige uma cooperação cuidadosa e coordenada para promover o turismo, que representa uma parcela crescente do Produto Interno Bruto — em 2019, foi responsável por 10,5% do PIB, com mais de 1,6 milhão de visitantes, dos quais a maioria são turistas internacionais.

A proximidade das fronteiras com países vizinhos, como Croácia, Sérvia e Montenegro, impulsiona uma dinâmica transfronteiriça que favorece o intercâmbio cultural e a promoção conjunta de patrimônios históricos e naturais, resultando em iniciativas como parques de paz transfronteiriços. Contudo, a constante evolução das fronteiras políticas demanda estudos aprofundados sobre os processos de "debordering" e "rebordering" — isto é, a flexibilização e a revalorização das fronteiras — que influenciam a mobilidade humana e o desenvolvimento turístico. O turismo, portanto, não é apenas uma atividade econômica, mas um vetor de transformação social e política, que requer políticas integradas e sensíveis às especificidades locais.

Em paralelo, o exemplo da Botswana, na África Austral, revela um cenário distinto, mas também marcado pela importância das relações territoriais e pelo aproveitamento estratégico de recursos naturais para o turismo. Embora seja um país de grandes extensões territoriais e baixa densidade populacional, Botswana aposta em sua riqueza em biodiversidade e áreas protegidas, como o Delta do Okavango e o Parque Nacional Chobe, para atrair turistas especializados em safáris e ecoturismo. O crescimento da indústria turística, que contribuiu com 3,8% do PIB em 2017, é resultado de políticas iniciadas nos anos 1990, que identificaram a natureza como o principal ativo turístico. Todavia, a concentração dos investimentos e do desenvolvimento turístico em regiões específicas evidencia a necessidade de diversificação regional e de maior envolvimento das comunidades locais para garantir a sustentabilidade e o impacto socioeconômico positivo.

Outro ponto crucial para países com fronteiras significativas é a infraestrutura, que muitas vezes limita o pleno desenvolvimento do turismo internacional. No caso da Bósnia e Herzegovina, investimentos recentes em aeroportos e rodovias facilitaram a chegada de turistas e a mobilidade interna, aspectos fundamentais para a integração regional e a consolidação do país como destino turístico. Já em Botswana, a proximidade geográfica com outros polos turísticos da África Austral e a relativa estabilidade política se apresentam como vantagens competitivas, embora ainda existam lacunas no desenvolvimento educacional na área do turismo, com carência de programas avançados de formação acadêmica.

Além do crescimento econômico, é essencial compreender que o turismo em regiões fronteiriças é um agente de transformação social e cultural. Ele pode promover o entendimento intercultural, contribuir para a preservação do patrimônio e fortalecer a coesão comunitária, mas também pode gerar tensões se não for gerido de forma participativa e inclusiva. O papel das redes sociais e das plataformas digitais na promoção desses destinos tem se mostrado decisivo para aumentar a visibilidade e atrair um público diversificado, mesmo na ausência de estratégias integradas estatais robustas.

A pesquisa futura deve aprofundar-se em como as políticas neoliberais e as dinâmicas globais afetam as colaborações transfronteiriças, especialmente em contextos pós-conflito ou em países em desenvolvimento, onde a governança do turismo ainda enfrenta desafios estruturais. Também é importante analisar os impactos ambientais e sociais decorrentes do turismo, buscando modelos que valorizem a sustentabilidade e a equidade, e que promovam o fortalecimento das economias locais sem comprometer a identidade cultural e a integridade ambiental das regiões envolvidas.

Compreender essas interações complexas entre fronteiras, turismo e desenvolvimento socioeconômico exige uma visão interdisciplinar, que considere não apenas aspectos econômicos, mas também históricos, políticos, culturais e ambientais. É fundamental reconhecer que o turismo transfronteiriço tem o potencial de ser uma ponte entre povos, fomentando a paz e a cooperação, desde que suas estratégias sejam construídas de forma colaborativa e sensível às realidades locais e regionais.