As espumas rígidas, sejam elas de PU (poliuretano) ou PIR (poliisocianurato), apresentam comportamentos reacionais e térmicos distintos que influenciam diretamente sua formação e propriedades finais. A reatividade e a estrutura celular dessas espumas são fundamentais para a obtenção de produtos de alta qualidade, com desempenho adequado para suas aplicações específicas, seja como material isolante térmico, seja em modelagem ou em aplicações que exigem maior resistência mecânica.

Durante a formação das espumas rígidas, a temperatura do núcleo da espuma (Tcore) e a superfície (Tsurface) variam ao longo do tempo. O processo de gelificação no núcleo, que ocorre quando a temperatura atinge um ponto específico (tgel), marca o início da conversão do polímero. Neste estágio, o polímero ainda está altamente reativo, o que leva à conversão completa do material. Quando a temperatura atinge o ponto máximo (Tmax), a espuma entra em um estado borrachoso, uma condição onde a temperatura excede a temperatura de transição vítrea (Tg∞). Com o tempo, à medida que o calor da reação é dissipado, a temperatura diminui. Quando ela ultrapassa o limite de Tg∞, a vitrificação do material começa, o que resulta em um aumento da dureza da espuma.

Este processo de vitrificação, no entanto, não é simples. Em espumas PIR, por exemplo, a formação de isocianurato, que ocorre principalmente nas etapas finais da reação, acelera a expansão da espuma. Esse fenômeno, denominado "segundo aumento" (second rise), ocorre quando o aumento repentino da taxa de reação acelera a expansão da espuma, o que pode resultar em defeitos como camadas de cisalhamento ou até mesmo rachaduras dentro da espuma. Essas camadas de células inclinadas, observadas no centro da espuma, diminuem a resistência à compressão do material, prejudicando suas propriedades mecânicas.

Além disso, a natureza da formação das células desempenha um papel crucial na qualidade da espuma rígida. Durante a expansão da espuma, as células crescem em tamanho e suas membranas tornam-se mais finas e menos estáveis. Se a formação de células abertas for excessiva, isso pode comprometer a eficiência térmica do material, uma vez que o ar, presente nas células abertas, possui uma condutividade térmica maior que o agente expansor usado. Manter um conteúdo elevado de células fechadas é, portanto, essencial para garantir boas propriedades de isolamento térmico. Para garantir a estabilidade das células, especialmente no caso de espumas com maior quantidade de água, é necessário um controle rigoroso da composição da mistura e das condições de processamento, evitando a destabilização excessiva das células.

No que se refere ao tamanho das células, ele depende de fatores como a nucleação durante a mistura e a perda de bolhas durante a expansão. A quantidade de núcleos gerados determina o tamanho das células, e, teoricamente, uma maior nucleação resultaria em células menores. No entanto, existe um limite prático para essa redução, que está relacionado ao aumento da pressão interna das bolhas e à distância entre elas, o que acelera a perda das bolhas e impede uma diminuição contínua do tamanho das células. Além disso, o aumento da taxa de reação e da viscosidade do líquido durante o processo estabiliza as bolhas e contribui para a diminuição do tamanho das células.

O comportamento anisotrópico das células também é uma característica importante. Nas espumas rígidas, as células tendem a se orientar na direção da expansão da espuma. Esse fenômeno, denominado anisotropia celular, influencia diretamente as propriedades mecânicas do material, como resistência à compressão e flexibilidade.

Portanto, para otimizar as propriedades das espumas rígidas e superar os desafios técnicos durante o processo de fabricação, é fundamental controlar vários parâmetros, como a quantidade de água e de agente expansor, a taxa de reação, e a nucleação. O controle desses fatores pode mitigar problemas como a vitrificação prematura, a formação de camadas de cisalhamento e a perda de propriedades mecânicas, garantindo um produto final com desempenho adequado para as necessidades específicas da aplicação.

Quais são as características e aplicações dos espumas termofórmáveis, viscoelásticas e de embalagem?

As espumas termofórmáveis (TF) pertencem ao grupo das espumas termoformáveis, amplamente utilizadas em aplicações de baixo peso, onde é necessário cobrir grandes áreas. Essas espumas são produzidas a partir de formulações que contêm uma grande quantidade de água para alcançar densidades baixas, polióis de cadeia curta para proporcionar rigidez e, opcionalmente, polióis moldados para suavizar a espuma. O PMDI (Polimetileno diisocianato) é comumente utilizado como isocianato. As espumas TF são produzidas em um processo de espuma em bloco ou “slabstock”, cortadas em folhas de aproximadamente 1 a 2 cm de espessura. Um composto em camadas é gerado, no qual a folha de espuma é intercalada com uma camada de reforço, como, por exemplo, manta de vidro, e um tecido decorativo. A folha é então cortada no tamanho desejado e termoformada na forma desejada a cerca de 130°C.

No caso das espumas viscoelásticas, estas são divididas em espumas viscoelásticas pneumáticas (PVE) e espumas viscoelásticas químicas (CVE). Ambas possuem um comportamento similar em termos de relação dureza-densidade, como as espumas flexíveis, mas exibem uma alta capacidade de amortecimento. A recuperação da forma após deformação é relativamente lenta, com um tempo de recuperação de cerca de 10 segundos. A espuma PVE, em sua forma pura, é uma espuma de células fechadas com janelas microporosas. O efeito viscoelástico é causado pela movimentação restringida do ar através das membranas microporosas durante a deformação, sendo um comportamento pseudo-viscoelástico que não depende da temperatura, mas sim da respirabilidade da espuma. Já a espuma CVE, de células abertas, ao ser deformada, comporta-se como uma mola amortecida, com a deformação e recuperação retardadas. Este efeito viscoelástico é obtido por meio de modificação do polímero, alterando sua temperatura de transição vítrea para que o valor máximo do fator de perda se posicione entre -10 e +10°C, fazendo com que a espuma se torne mais macia e elástica à medida que a temperatura aumenta, e mais rígida e amortecedora à medida que a temperatura diminui.

Essas propriedades tornam as espumas viscoelásticas ideais para a produção de colchões, travesseiros e produtos ortopédicos, como as espumas utilizadas nas camadas superiores de colchões de alto conforto, que geralmente são combinadas com uma base de espuma convencional ou de alta resiliência. Espumas viscoelásticas são produzidas principalmente por processos “slabstock” para os colchões e travesseiros, enquanto produtos ortopédicos são moldados.

No que se refere às espumas para embalagens, as espumas flexíveis e semi-rígidas de poliuretano são amplamente utilizadas em aplicações de embalagem protetora. Elas funcionam como absorvedores de impacto, protegendo objetos embalados de danos ao entrar em contato com a resistência durante o movimento ou a queda. As espumas de bloco podem ser personalizadas para absorção de impacto e forma específica, sendo frequentemente escolhidas para produtos menores, mais leves e mais sensíveis a choques. As espumas de PU são oferecidas em uma faixa de densidade de 12 a 30 kg/m³ e podem ser cortadas para moldar aplicações de embalagem específicas. O formato de espuma em bloco pode ser contornado para encaixar os objetos nas ranhuras recortadas, e a parte superior e inferior são protegidas com folhas de espuma.

As espumas convolutas, ou em forma de caixa de ovos, são uma solução de embalagem composta por placas de PU com picos e vales regulares e repetitivos. Elas são geralmente usadas em pares, com uma camada superior e outra inferior, mantendo os itens firmemente posicionados durante o manuseio e o transporte. Já a embalagem foam-in-place envolve uma tecnologia onde a resina de espuma de poliuretano é injetada em um saco plástico, e a espuma em expansão envolve o objeto, preenchendo o contêiner externo. A formulação da espuma pode ser ajustada para obter as propriedades desejadas de dureza e densidade, com densidades tão baixas quanto 5 kg/m³.

Em termos de aplicações específicas, as espumas viscoelásticas são comumente usadas em áreas como colchões ortopédicos, almofadas, cadeiras ergonômicas e, em geral, produtos que exigem conforto e alívio de pressão. O comportamento de relaxamento de estresse e a capacidade de adaptação das espumas viscoelásticas à forma do corpo humano fazem delas uma escolha ideal para esses produtos.

As espumas para embalagens têm um papel essencial em garantir a integridade de produtos sensíveis ao longo de suas viagens, tanto em termos de choque quanto de vibração. A inovação nas fórmulas e no processo de produção das espumas tem permitido avanços significativos, tanto no desempenho quanto no custo, sendo fundamentais para setores como o eletrônico, o automotivo e o de transporte em geral.