A identificação com um grupo social muitas vezes não se baseia apenas na adesão a ideais compartilhados, mas também na percepção de um sucesso coletivo que resulta da oposição a um "outro" considerado inferior ou ameaçador. Esse fenômeno pode ser claramente observado em muitos movimentos populistas e fundamentalistas, onde a vitória de um grupo está intimamente ligada à derrota de outro. Um exemplo claro é a vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton, onde o sucesso de um lado não apenas reafirma a identidade do grupo vitorioso, mas também simboliza o fracasso do outro. Tal dinâmica é reforçada quando políticas que promovem normas conservadoras, como legislações homofóbicas ou misóginas, são implementadas, criando uma sensação de "restauração" do poder perdido. No entanto, essa vitória não é apenas um momento de triunfalismo, mas também um reflexo de uma realidade marcada pela ameaça. A identificação de um grupo com o sucesso é frequentemente acompanhada pela percepção de uma ameaça externa — seja real ou imaginária — que estimula o medo e, consequentemente, solidifica a solidariedade interna.
A ameaça percebida, seja de fora ou de dentro, serve como um combustível para a hostilidade. Para os populistas ou fundamentalistas, qualquer ameaça à identidade do grupo não é apenas uma questão política, mas uma questão existencial. Se não há uma ameaça real, uma imaginária é suficiente para intensificar a mobilização e justificar a hostilidade. Isso permite que os líderes dos movimentos identifiquem inimigos — de estrangeiros a traidores, de hereges a apóstatas — criando um ambiente de constante conflito e divisão. E se a ameaça for real, o sofrimento do grupo pode ser interpretado como uma validação de sua retórica: se o "mundo" os persegue, isso significa que estão cumprindo uma missão divina ou, no caso dos populistas, se defendendo contra uma conspiração de elites.
Essa construção de inimigos internos e externos é uma característica fundamental de muitas visões de mundo populistas e fundamentalistas, que se baseiam em um conjunto rígido de oposições. A relação entre os membros de um grupo é muitas vezes definida pela proximidade de suas crenças, enquanto o "outro" é visto como o antônimo moral e ideológico, que serve para destacar a pureza e virtude do grupo interno. A ideia de um "nós" homogêneo é fundamental para a formação de um sentido claro de identidade, onde qualquer divergência é vista como uma ameaça à coesão social do grupo. No extremo, isso pode levar à formação de um mundo dividido em categorias antagônicas: de um lado, os puros e corretos; do outro, os corrompidos e errados.
Um aspecto central dessas visões de mundo é a clareza com que as fronteiras sociais e morais são delineadas. Quando as linhas de divisão entre "nós" e "eles" são visíveis e nítidas, torna-se fácil afirmar quem pertence a cada grupo. A certeza sobre quem somos é, na verdade, uma certeza sobre o que devemos fazer e como devemos agir em um mundo que percebemos como hostil. As normas e valores dentro de cada grupo são claros, e essa previsibilidade oferece uma sensação de controle e de agência em um mundo que, para muitos, pode parecer cada vez mais incerto e fragmentado.
Além disso, ao adotar uma identidade social populista ou fundamentalista, as pessoas tendem a buscar certezas simples, um "bom senso" que promete vitória. No entanto, é importante destacar que essa certeza pode ser enganosa, pois é frequentemente alimentada por uma visão distorcida da realidade, onde as complexidades do mundo são simplificadas em termos binários e moralistas. O populismo e o fundamentalismo muitas vezes apelam para uma ideia de "retorno a valores antigos" ou "purificação do mundo", que é, na prática, uma busca por estabilidade em um cenário de crescente complexidade e mudança global.
Por fim, é necessário compreender que, para aqueles que se envolvem nesses movimentos, a batalha ideológica não é apenas uma questão de política ou poder, mas também de identidade e sobrevivência moral. A construção de um "inimigo" — real ou imaginário — não serve apenas para justificar ações políticas, mas também para reforçar um senso de unidade interna e de superioridade moral. Esses grupos, com suas fronteiras nítidas e seus ideais claramente definidos, oferecem uma resposta direta à incerteza que caracteriza o contexto contemporâneo, funcionando como um refúgio de identidade em tempos de crise.
Como Modernidade e Movimentos Reacionários se Interrelacionam na Crise Existencial Global?
A crise de modernidade que enfrentamos hoje é multifacetada e profunda, não podendo ser compreendida ou resolvida a partir de uma única perspectiva. A complexidade das questões atuais exige uma nova narrativa integrativa, que inclua contribuições de vozes historicamente marginalizadas. Não podemos confiar exclusivamente nos sistemas sociais estabelecidos da modernidade, como a pesquisa acadêmica ou as políticas governamentais. Algumas dessas vozes podem vir dos movimentos reacionários atuais, como o populismo e o fundamentalismo, enquanto outras podem emergir de sistemas sociais de perfil relativamente baixo, como o setor voluntário, as religiões modernas, as artes, a educação e aqueles envolvidos em tecnologias inovadoras. Uma ferramenta como as assembleias de cidadãos, por exemplo, pode ser eficaz na integração dessas diversas contribuições, promovendo uma narrativa mais ampla e representativa do passado, do presente e do futuro.
Embora seja imperativo ouvir essas novas perspectivas, também é essencial mitigar os efeitos do populismo e do fundamentalismo. Tais movimentos representam uma ameaça ao futuro da sociedade global, mas de maneira indireta. As ameaças diretas, já amplamente reconhecidas, são evidentes e assustadoras: a crise climática e a destruição das espécies, que resultam em fome, doenças, falta de moradia e, eventualmente, extinção; o crescente aumento da desigualdade, tanto dentro quanto entre os estados-nação, que conduz a guerras e agitações sociais; e o desenvolvimento e possível uso de armas nucleares, cujas consequências podem ser devastadoras. Podemos afirmar, com justiça, que esses cataclismos em potencial foram parcialmente gerados por processos da própria modernidade, como a industrialização, o consumismo e o capitalismo desregulado. Contudo, é provável que somente dentro da modernidade, por meio de suas instituições, esses problemas existenciais possam ser abordados antes que seja tarde demais.
A ciência e a mídia, enquanto produtos da modernidade, têm sido fundamentais ao nos alertar sobre as realidades de nossa situação, apontando as mudanças necessárias para frear o caminho rumo à destruição global. Somente com a colaboração de todos os sistemas modernos será possível imaginar um futuro a longo prazo. O governo precisará regular o capitalismo de mercado livre; as religiões destacarão a importância de respeitar o mundo e todas as suas espécies, não apenas a humanidade; a mídia garantirá que a situação verdadeira seja completamente compreendida e que as medidas corretivas necessárias sejam amplamente divulgadas; a arte explorará narrativas que façam justiça emocional a essas realidades; e as organizações voluntárias e os movimentos de cidadãos exercerão pressão sobre os outros sistemas sociais. Somente a modernidade, com sua pluralidade de sistemas, pode enfrentar os problemas existenciais dos quais ela própria é parcialmente responsável.
Entretanto, movimentos reacionários, como o populismo e o fundamentalismo, que são abertamente hostis aos sistemas sociais modernos, são um obstáculo considerável para o cumprimento dessa tarefa crucial. Os reacionários podem ignorar, subverter ou até mesmo destruir as instituições modernas, tornando-as incapazes de tomar as ações radicais necessárias. Ou então, podem desviar a atenção e os esforços de questões reais, avançando suas próprias agendas. Eles também se veem como estando em uma crise existencial, prestes a perder sua nação ou sua religião.
Esses movimentos se caracterizam por uma contínua deslegitimação das instituições modernas, questionando sua veracidade e motivações. “As notícias são falsas”, “os juízes são inimigos do povo”, “as organizações internacionais fazem parte de uma nova ordem mundial sinistra”, “os cientistas são desnecessários e egoístas”, “o aquecimento global é um mito”, e “as instituições modernas são hostis às leis de Deus”. Além disso, os populistas e fundamentalistas, ao assumirem o poder, tentam tomar o controle dos sistemas modernos da sociedade, principalmente o sistema legal e a imprensa, nomeando apoiadores ou até familiares para cargos-chave. Eles revisam as decisões tomadas pelos líderes não-populistas com base em princípios ideológicos, desafiando reformas da saúde, aceitação de refugiados e acordos internacionais sobre desarmamento e mudanças climáticas. Além disso, atacam agências supranacionais como a ONU e a União Europeia.
Os fundamentalistas, por sua vez, possuem uma gama mais diversificada de respostas. Alguns, como os amish e os haredim, buscam concessões do estado secular, limitando-se a cumprir suas obrigações legais mínimas. Outros, como a Direita Cristã Americana, utilizam as instituições democráticas para alcançar seus objetivos ideológicos, como restaurar a “família tradicional” e enfraquecer direitos de minorias, como feministas e grupos LGTB+. Já os “conquistadores do mundo” tratam essas instituições com desprezo, denunciando-as como o trabalho de um Satanás vingativo.
A crescente ameaça desses movimentos, especialmente quando os sistemas e instituições modernas têm dificuldades para lidar com as crises existenciais que enfrentam, exige uma reflexão profunda. A teoria da identidade social pode ajudar a compreender como esses movimentos funcionam psicologicamente, mas não fornece uma explicação para sua origem ou argumentos. O entendimento de como um movimento social opera é fundamental para identificar os pontos de vulnerabilidade dentro desse processo, ou seja, os momentos em que é mais suscetível ao fracasso. Identificar esses pontos de pressão pode contribuir para estratégias de oposição mais eficazes.
Esses pontos de pressão ocorrem frequentemente quando a experiência cotidiana dos adeptos do movimento entra em choque com elementos das narrativas defendidas. Contudo, é importante notar que nem toda incompatibilidade resultará na desfiliação do movimento ou na perda de credibilidade em geral. As narrativas reacionárias são elaboradas de forma a explicitar essas dificuldades, mantendo a fidelidade dos seguidores. Identificar esses pontos de fricção, no entanto, pode ser decisivo na formulação de estratégias eficazes de resistência a essas forças reacionárias.
Como a Tecnologia da Informação Afeta a Identidade Pessoal e Coletiva
A ascensão das tecnologias de informação não pode ser compreendida sem observar seu impacto profundo na formação e transformação da identidade, tanto individual quanto coletiva. Em uma era digital, onde a conectividade é global, e as plataformas sociais ditam o ritmo das interações humanas, as fronteiras entre o público e o privado se tornam cada vez mais fluidas. Nesse contexto, a identidade pessoal não é mais algo puramente interno, mas um fenômeno social, exposto e constantemente moldado pelas influências externas.
A identidade, tal como concebida nos sistemas modernos, não é estática. Ela é dinâmica e muitas vezes construída por meio das interações com as outras pessoas, com as instituições e com as narrativas predominantes. As redes sociais, por exemplo, oferecem um espaço onde os indivíduos buscam e constroem suas representações, mas também podem ser um terreno fértil para manipulação. O uso de informações, seja de maneira voluntária ou imposta, tornou-se um elemento central na maneira como as pessoas se identificam, se comunicam e se posicionam no mundo.
A tecnologia, ao facilitar o acesso à informação, também facilita a criação e a disseminação de narrativas que moldam a percepção da identidade. A questão da privacidade, por exemplo, tornou-se uma preocupação central. Em um mundo onde as redes sociais atuam como um espelho amplificado da sociedade, a exposição constante da vida privada traz consigo uma série de desafios sobre a autonomia e controle pessoal sobre a própria identidade. O indivíduo, que antes se construía no anonimato e na introspecção, agora é constantemente confrontado com um espectro de versões de si mesmo, publicamente avaliadas e avaliadoras.
Essa modificação na percepção de identidade está intimamente ligada ao fenômeno do fundamentalismo, que surge como uma reação ao que muitos percebem como a ameaça de uma identidade diluída, diluída pela globalização, pela modernidade e pelas rápidas mudanças culturais. O fundamentalismo, tanto religioso quanto ideológico, tenta afirmar um tipo de identidade pura, originária, que resiste à fragmentação promovida pela tecnologia. Em resposta, ele oferece uma narrativa que reivindica valores absolutos e não negociáveis, frequentemente sustentados por uma idealização do passado e um medo do futuro. Este processo de afirmação identitária muitas vezes se fortalece por meio da disseminação de informações simplificadas, por vezes distorcidas, que reforçam uma visão dualista de 'nós contra eles'.
Porém, a identidade é também construída através da interação com outras culturas e sistemas. A globalização, por um lado, facilita essa troca e, por outro, aumenta o temor da perda de identidade nacional ou cultural. A busca por uma identidade exclusiva se torna um mecanismo de defesa, muitas vezes canalizado por movimentos populistas que se utilizam das tecnologias de informação para criar um "inimigo comum", um alvo fácil para a frustração da massa. Essa polarização pode ser vista em múltiplos aspectos da vida pública, da política ao discurso religioso, onde os líderes buscam reforçar sua identidade e a de seus seguidores com base em uma retórica de exclusão.
A utilização das tecnologias da informação também tem implicações profundas nas instituições sociais e políticas. As narrativas institucionais, que antes eram controladas por elites políticas ou intelectuais, agora se espalham rapidamente por meio das redes sociais e outras plataformas digitais. Isso altera a dinâmica de poder, criando novas formas de influência e controle. Ao mesmo tempo, as instituições que deveriam servir à mediação e construção de uma identidade social comum, como escolas, universidades e governos, se veem desafiadas pela crescente desconfiança gerada pela circulação de informações falsas ou manipuladas.
Além disso, é necessário compreender o papel da tecnologia no reforço de uma identidade digital imediata, na qual o indivíduo, para afirmar sua presença no mundo, busca constantemente validação nas redes sociais. A construção dessa identidade digital não é mais uma questão apenas de escolha pessoal, mas algo que envolve uma série de interações externas, como o reconhecimento social e o algoritmo que dita o que deve ou não ser visível, influenciando diretamente a percepção de si e do outro.
A relação entre identidade e tecnologia também gera uma profunda transformação no conceito de liderança. Líderes populistas e religiosos, por exemplo, utilizam amplamente as redes sociais para fortalecer suas bases e para moldar as narrativas coletivas de seus seguidores. Em um mundo hiperconectado, as palavras e imagens desses líderes são amplificadas por um público que, muitas vezes, se vê atraído por promessas de segurança e pertencimento a uma comunidade que parece ter uma identidade fixa e imutável. Esse fenômeno de identidade coletiva é reforçado por uma comunicação que privilegia a emoção, muitas vezes apelando ao medo e à raiva como instrumentos de coesão.
As tecnologias de informação têm, portanto, um impacto significativo nas identidades individuais e coletivas, oferecendo ao mesmo tempo um vasto campo de possibilidades e desafios. Elas podem tanto contribuir para a formação de uma identidade mais aberta e conectada globalmente, quanto reforçar divisões e polarizações, aprofundando uma sensação de perda de controle sobre a própria representação social.
É fundamental que os leitores compreendam que as transformações na percepção de identidade não são fenômenos isolados, mas estão intrinsecamente ligados aos processos mais amplos de mudança cultural e política, aos quais a tecnologia oferece um meio poderoso de disseminação. A construção da identidade pessoal e coletiva em tempos de hiperconectividade exige uma vigilância crítica sobre como as informações são consumidas, processadas e compartilhadas, além de um constante exercício de reflexão sobre os valores que queremos manter diante da avalanche de dados e narrativas que nos cercam.
Populismo, Fundamentalismo e o Movimento Anti-Vacinação: Uma Reação Contra a Modernidade
O populismo e o fundamentalismo compartilham uma característica fundamental: ambos são movimentos sociais reativos, dirigidos por um descontentamento profundo com as instituições modernas e os valores que essas instituições representam. Para os populistas, os sistemas e as instituições sociais modernas são barreiras à implementação da vontade do povo. O governo, a classe política e as elites são vistos como responsáveis pela corrupção e pelo afastamento dos valores originais de uma sociedade justa e equitativa. Como afirma Donald Trump, um dos principais representantes do populismo moderno, a "Washington prosperou, mas o povo não compartilhou de sua riqueza". Para os fundamentalistas, a moderna sociedade liberal, com suas ideologias de liberdade, fraternidade e igualdade, é uma ameaça à fé e à ordem natural. Como argumenta o arcebispo Lefebvre, o liberalismo penetrando nas igrejas é o começo da destruição da verdadeira religião, uma ameaça aos valores fundamentais que essas pessoas acreditam serem a base do mundo.
Ambos os movimentos, populismo e fundamentalismo, estão profundamente marcados por uma nostalgia por um passado que percebem como mais puro e simples do que a complexidade da modernidade globalizada. Eles sonham com uma época em que as coisas eram mais claras e as normas, mais rígidas. Essa visão idealizada do passado é um reflexo do desejo de restaurar uma identidade cultural ou religiosa perdida, reduzindo assim a ansiedade e a incerteza geradas pela rápida transformação do mundo contemporâneo. No caso do populismo, há uma visão de uma era dourada em que todos compartilhavam valores comuns, centrados na família, na nação e na comunidade local. Para os fundamentalistas, o anseio é por uma volta ao modelo da Igreja primitiva ou ao califado, que seriam as formas mais autênticas de organização social e religiosa.
O movimento anti-vacinação surge como uma extensão dessa reação contra as instituições modernas. Ele compartilha com o populismo e o fundamentalismo uma desconfiança nas autoridades e uma visão de que as elites, neste caso representadas pela indústria farmacêutica e pelas autoridades de saúde, manipulam o público em benefício próprio. O movimento, como outros movimentos reativos, envolve uma forte narrativa de conspiração, onde as grandes corporações e as organizações governamentais são acusadas de estarem envolvidas em uma trama para esconder os danos causados pelas vacinas e para coagir os cidadãos a aceitá-las. Este fenômeno, como outros aspectos do populismo e fundamentalismo, apela a um senso de vitimização, onde o indivíduo é visto como alvo de um sistema opressor.
No entanto, os anti-vaxxers também apresentam uma visão romântica de um passado mais simples e natural, no qual as doenças eram tratadas de forma mais direta e a saúde era mantida sem a intervenção de produtos farmacêuticos. Esse retorno à natureza, ou à "pureza" do passado, é um tema central, tanto para os movimentos fundamentalistas quanto para os populistas. A hesitação em relação às vacinas é, portanto, não apenas uma rejeição às descobertas científicas, mas também uma reação a uma sociedade que se vê como excessivamente tecnológica e desumana.
É importante compreender que o que une esses movimentos é, essencialmente, um medo profundo do futuro e uma rejeição à complexidade e à diferenciação que caracterizam a modernidade. Ao invés de abraçar os avanços tecnológicos e sociais, eles buscam uma simplificação, uma volta a tempos onde as respostas eram claras e as estruturas sociais e religiosas eram vistas como puras e inquestionáveis. Ao invés de olhar para o futuro com esperança e idealismo, como fazem os progressistas, eles olham para o passado com um desejo nostálgico e reativo, buscando um retorno a um estado de pureza que acreditam ter sido perdido.
Além disso, os populistas e fundamentalistas não se limitam a uma visão passiva do passado. Eles se veem como heróis de uma missão de restauração, como figuras que desafiam o sistema e as instituições estabelecidas. Para os populistas, esses heróis são os "verdadeiros" representantes do povo, aqueles que falam a verdade e expõem a corrupção das elites. Para os fundamentalistas, os heróis são os profetas que, inspirados por Deus, revelam as falácias das religiões modernas e a necessidade de um retorno às raízes da fé.
Embora esses movimentos compartilhem essa reação contra a modernidade, é crucial entender as diferentes formas pelas quais eles se manifestam. O populismo tende a ser mais focado em questões políticas e econômicas, enquanto o fundamentalismo está mais relacionado com a religião e com a moralidade. No entanto, ambos compartilham um antagonismo em relação ao que consideram ser o "establishment" e suas influências nocivas sobre a sociedade.
Além disso, é necessário perceber que a reação contra a modernidade não é um fenômeno isolado. Ele é alimentado pela percepção de que as instituições modernas, como os governos democráticos e as grandes corporações, não estão mais servindo aos interesses do povo, mas sim aos interesses de uma elite global. Esse sentimento de alienação é o que dá força a esses movimentos e os torna tão poderosos, pois apelam a uma grande quantidade de pessoas que se sentem marginalizadas ou desiludidas com as promessas não cumpridas da modernidade.

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