A dinâmica temporal de um reator nuclear é profundamente influenciada pela presença dos neutrons delayed, permitindo que sistemas de controle, como barras de controle, regulem sua operação de forma eficaz. Em uma situação crítica atrasada, os neutrons delayed possibilitam a operação de um reator em uma condição crítica atrasada e em uma condição subcrítica rápida. Todos os reatores de potência possuem mecanismos de segurança que evitam que o reator alcance a criticidade imediata, sendo projetados para operar sob condições de criticidade atrasada. No caso dos reatores PWR (Reatores de Água Pressurizada), a criticidade rápida ocorre quando βeff é inserido com reatividade positiva (i.e., keff ≈ 1.006 ou ρ = +600 pcm). É extremamente difícil inserir tal aumento de reatividade nos reatores de potência, especialmente durante a operação normal, quando a inserção de reatividade poderia fazer o núcleo do reator aquecer de forma excessiva.
A reatividade negativa oriunda dos coeficientes de temperatura do moderador e do combustível equilibra a inserção de reatividade positiva, pois a presença de feedback de reatividade proporciona tempo suficiente para que os mecanismos de controle reajam a inserções indesejadas de reatividade. Sob essa perspectiva, a existência de neutrons delayed é também crucial, pois permite que o feedback de reatividade tenha tempo para reagir a qualquer alteração não planejada no sistema.
Quando analisamos um sistema multiplicador infinito sem a presença de neutrons delayed, ou seja, com β = 0, o comportamento do reator muda significativamente. A reatividade não pode mais ser controlada da mesma forma, e o modelo simplificado de cinética de pontos deixa de ser eficaz. Para inserções de reatividade mais altas, onde há uma diferença significativa entre a produção de neutrons rápidos e atrasados, o modelo de cinética de pontos com neutrons delayed se torna inadequado, necessitando de um modelo mais preciso. A equação de cinética de pontos precisa, obtida a partir das equações gerais de balanço de neutrons, envolve equações diferenciais complexas que consideram a produção de neutrons rápidos e atrasados em cada geração.
A equação fundamental de cinética de pontos é representada por duas equações diferenciais: uma para a concentração de precursores Ci(t) e outra para a densidade de neutrons n(t). O termo de produção de neutrons rápidos no lado direito da equação de balanço é subtraído pela quantidade de neutrons da geração anterior, enquanto o termo de produção de neutrons atrasados depende da desintegração radioativa dos núcleos precursores. O modelo completo da cinética de pontos leva em consideração as diferentes gerações de neutrons e a absorção de neutrons, proporcionando uma descrição mais precisa do comportamento dinâmico do reator.
Quando a reatividade de um reator é zero, isso indica que o sistema está em estado crítico, ou seja, a quantidade de neutrons gerados é exatamente igual à quantidade de neutrons perdidos, mantendo a reação nuclear auto-sustentada e estável. Em estados subcríticos, a reação nuclear não é mais auto-sustentável, e o reator depende de fontes externas de neutrons ou de feedbacks térmicos para tentar manter o equilíbrio reativo. A reatividade é um indicador importante de quão longe o reator está de seu estado crítico, e pode ser usada para avaliar a segurança e estabilidade operacional de um reator.
Ao analisar a reatividade de um reator, é fundamental compreender os diferentes estados em que o reator pode se encontrar:
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Estado Crítico: Quando keff = 1, a reação nuclear é auto-sustentada e não há variações significativas na população de neutrons.
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Estado Supercrítico Atrasado: Quando keff > 1, mas a reatividade é menor que a exigida para o estado crítico imediato, os neutrons atrasados são necessários para compensar as perdas de neutrons rápidos.
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Estado Subcrítico Atrasado: Quando keff < 1 e a reatividade é negativa, a reação nuclear não pode se sustentar por si só, a menos que existam fontes externas de neutrons.
Esses estados são cruciais para a operação segura e eficiente de um reator nuclear. A correta previsão e controle da reatividade garantem que o reator opere dentro de limites seguros e eficientes, evitando cenários indesejados que possam comprometer a segurança e a produção de energia.
A equação Inhour, derivada das equações de cinética de pontos, é outra ferramenta importante na análise da dinâmica de um reator nuclear. Esta equação relaciona a reatividade com o tempo de reação do reator, o período de operação e o fator de multiplicação efetivo. O uso da Inhour equation é particularmente útil para calcular mudanças na densidade de neutrons ao longo do tempo, considerando as contribuições tanto de neutrons rápidos quanto atrasados. Quando a reatividade é constante, a equação Inhour permite que a mudança na densidade de neutrons seja estimada com precisão, proporcionando uma visão clara da evolução do sistema ao longo do tempo.
Considerações importantes:
É essencial que o leitor compreenda que a dinâmica do reator é fortemente dependente de variáveis como temperatura do combustível, características do moderador e a constante de decaimento dos precursores. Mesmo pequenas variações nestas variáveis podem afetar drasticamente o comportamento do reator. Além disso, os sistemas de segurança, como barras de controle e feedback de temperatura, são fundamentais para garantir que o reator opere de forma estável, mesmo em situações inesperadas. A reatividade não deve ser vista apenas como um parâmetro físico, mas também como um indicativo de segurança operacional, que deve ser monitorado e controlado constantemente. A compreensão profunda da cinética do reator e do comportamento dos neutrons é crucial para qualquer engenheiro ou operador nuclear que deseje garantir o funcionamento seguro e eficiente de um reator.
Como os Termômetros Gamma (GT) Revolucionam a Medição do Nível de Resfriamento no Núcleo do Reator Nuclear
Os Termômetros Gamma (GT) desempenham um papel essencial no monitoramento de reatores nucleares, particularmente na medição direta do nível de resfriamento do núcleo. Tradicionalmente, a avaliação do nível de resfriamento do núcleo é feita com base em medições de temperatura e pressão externas ao reator, mas essa abordagem pode não refletir com precisão as condições reais dentro do núcleo. A necessidade de um método direto e preciso de monitoramento do nível de resfriamento gerou o desenvolvimento dos GTs, cuja aplicação tem se mostrado promissora na operação de reatores nucleares, especialmente em sistemas com resfriamento líquido.
Quando um GT é colocado no reator, ele detecta a temperatura diferencial entre termopares posicionados no limite da zona de detecção. Esta diferença de temperatura ocorre quando a água de resfriamento presente nas proximidades do termômetro é aquecida por um resistor localizado no próprio termômetro. Caso o nível de resfriamento do reator diminua, o aumento rápido na diferença de temperatura entre os termopares pode acionar um sistema de desligamento de emergência do reator, o que protege a estrutura e evita danos ao núcleo. Assim, a função primária do GT vai além da medição de temperatura, servindo como um monitor de segurança vital.
Os GTs são projetados para substituir as assemblies tradicionais de LPRM/TIP. Um conjunto típico de GT consiste em um tubo com múltiplos sensores e termopares, incluindo sete sensores no protótipo, e é complementado com quatro LPRMs. A calibragem dos sensores é feita através de um fio de aquecimento óhmico posicionado no centro do tubo do GT. Durante o processo de calibração, uma corrente conhecida é passada através do fio de aquecimento, e o aumento na resposta dos sensores é medido. Com a calibração adequada, o GT é capaz de realizar tarefas típicas de um TIP (Thermocouple Instrumentation and Power Shape Monitor), oferecendo dados cruciais para o sistema de monitoramento da planta e ajustando os LPRMs conforme necessário.
Além disso, a construção dos GTs segue padrões rígidos para garantir sua durabilidade e precisão. O tubo do núcleo e o tubo de jaqueta são feitos de aço inoxidável 316L, um material altamente resistente à corrosão e à radiação. O fio de aquecimento é composto por uma liga de níquel e cromo (Nichrome V), enquanto os termopares são feitos com materiais de alta precisão como Chromel e Alumel, com calibração do tipo K conforme os padrões internacionais. A pressão do gás de enchimento do termômetro é ajustada para garantir a estabilidade do sensor ao longo do tempo.
Os protótipos de GTs têm sido testados experimentalmente em algumas usinas nucleares BWR, com a última instalação ocorrendo na Unidade 2 de Laguna Verde em 2007. Durante os testes, foi desenvolvida uma infraestrutura específica, o Sistema de Aquisição de Dados do Termômetro Gamma (GT-DAS), que verifica o desempenho, a precisão e a longevidade dos sensores GT. O GT-DAS coleta dados operacionais dos termômetros e os compara com os dados de fluxos fornecidos pelos LPRMs adjacentes, permitindo avaliar a precisão dos sensores GT ao longo do tempo e garantir que sua vida útil atenda aos padrões esperados.
Além do mais, o GT-DAS é capaz de monitorar múltiplas assemblies de GTs, fornecendo dados valiosos sobre a performance do sensor e sua interação com os sistemas de monitoramento do reator. A calibração precisa dos sensores GT é vital, pois qualquer falha na detecção do nível de resfriamento pode resultar em sérios danos ao núcleo do reator. Isso torna os testes e o monitoramento constantes do GT essencial para a operação segura de reatores nucleares de próxima geração, como o ESBWR, que utiliza o sistema AFIP (Advanced Fuel and Instrumentation Program) para gerar dados de calibração.
Em um nível mais técnico, a utilização do GT envolve uma integração com sistemas de monitoramento mais amplos, como o 3DM-GT data-logger, que se comunica com o PLC do GT-DAS e com o sistema de monitoramento de nêutrons (NMS). Esse sistema permite uma coleta de dados precisa e contínua, necessária para garantir que os parâmetros de operação do reator estejam dentro dos limites seguros.
O desenvolvimento do GT é resultado de décadas de pesquisas sobre detectores de nível de líquido, um componente crucial para a operação eficiente de reatores de resfriamento líquido. Tradicionalmente, a determinação do nível de resfriamento tem sido uma tarefa desafiadora devido às condições extremas dentro do reator. A introdução de sensores como os GTs representa uma evolução significativa na forma como os reatores nucleares podem ser monitorados e controlados, reduzindo o risco de falhas e aumentando a segurança geral da planta.
Além disso, a capacidade de utilizar um sensor como o GT para monitorar diretamente o nível de resfriamento sem ocupar espaço adicional dentro do núcleo do reator é um avanço técnico importante. Isso proporciona uma solução mais compacta e eficiente para a detecção e monitoramento do nível de resfriamento, sem comprometer a segurança ou a performance do reator.
É importante destacar que o uso do GT vai além da simples medição do nível de resfriamento. Ele desempenha um papel integral em sistemas de proteção diversificados, fornecendo dados essenciais para a adaptação do poder do reator e monitorando a distribuição de calor no núcleo. A implementação de soluções como os GTs não apenas aprimora a eficiência operacional, mas também contribui significativamente para a segurança e confiabilidade dos reatores nucleares no futuro.
Como Funciona um Reator Nuclear: O Processo de Fissão e Controle
O reator nuclear é uma máquina projetada para iniciar e gerenciar reações nucleares de fusão ou fissão. Originalmente conhecido como "pilha atômica", ele serve a uma variedade de propósitos, incluindo a geração de eletricidade em usinas nucleares e a propulsão marinha. Em um reator, um fluido de trabalho, como água ou gás, absorve o calor gerado pela fissão nuclear e o utiliza para acionar turbinas a vapor, que, por sua vez, podem alimentar geradores elétricos ou impulsionar hélices de embarcações. De forma teórica, o vapor gerado por usinas nucleares pode também ser aproveitado para aquecimento distrital ou em processos industriais.
Os reatores nucleares não são utilizados apenas para a geração de energia. Certos tipos de reatores têm a capacidade de criar plutônio de grau bélico ou isótopos para uso industrial e médico. De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em 2021 existiam 220 reatores de pesquisa e 437 reatores nucleares em operação em todo o mundo.
A transformação da energia liberada pela fissão nuclear ocorre através de um processo em que o núcleo de um átomo de urânio-235 absorve um nêutron e se divide em dois ou mais núcleos menores, liberando nêutrons livres, radiação gama e energia cinética. Esse processo de divisão é o que chamamos de reação nuclear em cadeia, que, se não for controlada, pode resultar em uma explosão catastrófica, como no caso de uma bomba nuclear. No entanto, em um reator, a taxa dessa reação é muito mais lenta do que em uma arma nuclear.
Para controlar essa reação em cadeia, o reator utiliza barras de controle compostas por materiais que absorvem nêutrons, como boro ou cádmio, que atuam como "venenos" de nêutrons. O posicionamento dessas barras dentro do núcleo do reator pode diminuir ou aumentar a quantidade de nêutrons disponíveis para continuar a fissão. Quando as barras de controle são inseridas no reator, a quantidade de nêutrons que causam fissão diminui, reduzindo, assim, a produção de energia. Por outro lado, sua remoção permite que mais nêutrons estejam disponíveis, o que aumenta a taxa de fissão e, consequentemente, a potência do reator.
Além disso, o reator nuclear depende de sistemas de resfriamento para dissipar o calor gerado pela fissão. Esse resfriamento é fundamental para evitar que o reator superaqueça e entre em colapso. Em muitos reatores, como os reatores de água pressurizada (PWR), o fluido de resfriamento é fisicamente separado da água que será convertida em vapor para acionar turbinas. Já os reatores de água fervente (BWR) têm o sistema de resfriamento diretamente em contato com a água que será vaporizada.
A energia produzida pela fissão nuclear é imensamente mais eficiente do que a obtida pela queima de combustíveis fósseis. Um quilograma de urânio-235 libera cerca de 19 bilhões de calorias, o que equivale a cerca de 2,7 milhões de quilos de carvão. Essa diferença de eficiência é um dos principais motivos pelos quais a energia nuclear é considerada uma alternativa para reduzir a dependência de fontes de energia não renováveis.
Outro fator relevante é a existência de nêutrons retardados. Durante a fissão, não apenas nêutrons "imediatos" (prompt) são liberados, mas também nêutrons que são emitidos de forma retardada, um fenômeno que ocorre com certos isótopos fissionáveis. Esses nêutrons retardados são importantes para o controle da reação em cadeia, pois ajudam a manter a reatividade do reator em níveis estáveis, permitindo que o reator alcance um estado crítico de forma controlada. A quantidade e o comportamento dos nêutrons retardados são cruciais para evitar uma aceleração descontrolada da reação em cadeia, que poderia resultar em um acidente nuclear.
Além disso, em situações de emergência, reatores nucleares possuem sistemas automáticos e manuais para interromper o processo de fissão. Se houver uma detecção de falhas nos sistemas de monitoramento, esses dispositivos são capazes de acionar um desligamento imediato do reator, interrompendo a reação nuclear em cadeia e prevenindo possíveis acidentes graves. Esses sistemas de segurança são projetados para garantir que, mesmo em circunstâncias extremas, o reator possa ser controlado de maneira eficaz e segura.
Em termos de física nuclear, a compreensão do comportamento dos nêutrons, do controle de reatividade e do gerenciamento do calor gerado pela fissão são essenciais para o funcionamento eficiente e seguro dos reatores nucleares. Os reatores nucleares operam em uma "zona de criticidade", onde a quantidade de nêutrons retardados e imediatos é cuidadosamente balanceada para manter a reação em cadeia estável. O controle preciso da quantidade de nêutrons dentro do reator é o que determina a potência gerada e, portanto, a produção de energia.
A eficiência e segurança dos reatores nucleares dependem da constante vigilância e do ajuste meticuloso de diversos parâmetros. Cada pequeno erro no controle da reatividade pode ter consequências catastróficas. No entanto, os avanços tecnológicos e a implementação rigorosa de protocolos de segurança têm contribuído para que a energia nuclear seja uma fonte cada vez mais segura e confiável para a produção de energia em grande escala.
Como a Fluxo de Neutrons Afeta a Reatividade de Reatores Nucleares
O comportamento dinâmico dos reatores nucleares envolve fenômenos complexos que afetam diretamente a produção de energia, a estabilidade operacional e a segurança do sistema. Um dos principais fatores que influencia esses processos é o conceito de feedback de reatividade, que descreve como as mudanças no perfil de voids (vazios) dentro do núcleo do reator alteram a reatividade e, consequentemente, a potência gerada. Esse feedback é notavelmente sensível à fração de void (coeficiente de void), sendo que, conforme os voids aumentam ao longo do canal de combustível, esse efeito de reatividade pode se manifestar de forma retardada, o que pode até tornar a configuração do reator instável. Nesses casos, o fluxo de nêutrons no reator pode começar a flutuar de maneira significativa.
A análise do fenômeno de instabilidade de fluxo tem avançado consideravelmente, especialmente no contexto dos reatores da família LWR (Reator de Água Leve), que inclui tanto os reatores BWR (Reatores de Água em Ebulição) quanto os PWR (Reatores de Água Pressurizada). Esses tipos de reatores enfrentam desafios semelhantes quando se trata de compreender e gerenciar a instabilidade do fluxo, que pode ter implicações severas para a operação do reator.
A densidade de fluxo de nêutrons, ou fluxo de nêutrons, é um parâmetro central na física dos reatores. A intensidade do fluxo de nêutrons refere-se ao número de nêutrons que se movem em todas as direções através de uma área transversal definida durante um intervalo de tempo específico. Esse valor é frequentemente calculado como um produto da densidade de nêutrons (quantidade de nêutrons por unidade de volume) e a velocidade dos nêutrons, refletindo a distância total que os nêutrons percorrem durante esse intervalo de tempo.
Em termos práticos, o fluxo de nêutrons é essencial para determinar a taxa de reação do reator (RR), ou seja, a quantidade de interações nucleares que ocorrem em um dado volume de combustível por segundo. A interação entre os nêutrons e o material combustível gera a energia térmica que alimenta o processo de geração de eletricidade. Para entender como essa interação ocorre, é fundamental compreender a relação entre o fluxo de nêutrons e a seção de choque microscópica do material combustível, que determina a probabilidade de uma reação ocorrer ao longo da trajetória do nêutron.
A taxa de fissão, por exemplo, é um dos processos mais importantes no contexto da geração de energia nuclear. Cada reação de fissão libera uma quantidade considerável de energia, geralmente na ordem de 200 MeV (megaelétrons-volts) por fissão, o que pode ser usado para calcular a potência térmica do reator. Sabendo a quantidade de nêutrons presentes no sistema, é possível estimar quantas dessas interações de fissão ocorrem por segundo em um dado volume de combustível.
Por exemplo, em um reator térmico típico alimentado por urânio enriquecido, onde o combustível contém cerca de 2% de urânio-235, é possível calcular a potência de saída do reator e o fluxo de nêutrons correspondente, levando em conta o número total de reações de fissão e a energia liberada por cada fissão. Ao utilizar a fórmula de energia liberada por fissão e a densidade atômica do urânio-235, conseguimos calcular o fluxo médio de nêutrons no núcleo do reator, que pode ser utilizado para estimar a produção de energia.
Outro exemplo relevante ocorre em reatores que utilizam combustível MOX (Mistura de Óxidos), que contém uma mistura de urânio e plutônio. Nesses reatores, o fluxo de nêutrons e a reatividade são afetados pela composição específica do combustível, que pode ter uma proporção variável de plutônio. O processo de reciclagem de plutônio e a utilização de MOX combustível trazem complexidades adicionais na análise de fluxo e reatividade, especialmente considerando que o plutônio-239, que é fissionável, apresenta características diferentes em comparação com o urânio-235.
Além disso, um aspecto crucial na análise de fluxo de nêutrons é a diferença entre o fluxo de nêutrons e a intensidade do nêutron. Enquanto o fluxo de nêutrons refere-se ao número de nêutrons que cruzam uma área transversal em todas as direções, a intensidade do nêutron descreve o número de nêutrons movendo-se em uma direção específica. A intensidade do nêutron é, portanto, um parâmetro vetorial, enquanto o fluxo de nêutrons é uma quantidade escalar.
Para os engenheiros e operadores de reatores nucleares, compreender esses conceitos e sua interdependência é fundamental para a operação segura e eficiente de um reator. O controle da reatividade, a gestão da flutuação do fluxo de nêutrons e a análise das condições de estabilidade do reator são essenciais para otimizar a produção de energia enquanto se minimizam os riscos de instabilidade.
Um ponto importante a ser considerado é que a estabilidade do reator depende não apenas do controle do fluxo de nêutrons, mas também de como o sistema de refrigeração e a dinâmica de combustível interagem com as mudanças no fluxo de nêutrons. O design do reator, a escolha do material combustível e os métodos de resfriamento podem todos influenciar de maneira significativa os fenômenos de instabilidade e feedback de reatividade.
Qual será o futuro da energia nuclear? Desafios e soluções para o fechamento do ciclo de combustível
O futuro da energia nuclear passa por desafios técnicos, econômicos e de segurança que demandam soluções inovadoras. A busca por sistemas nucleares de próxima geração foca em questões cruciais como a gestão de resíduos radioativos, a eficiência do ciclo de combustível e a minimização dos custos de construção. Muitos países optam por armazenar os resíduos nucleares em depósitos geológicos, onde os avanços tecnológicos estão criando soluções mais seguras e eficazes. Exemplos de sucesso, como o depósito de Yucca Mountain nos Estados Unidos, bem como as iniciativas na Finlândia e na Suécia, demonstram o potencial desse método para resolver o problema do descarte de resíduos.
No entanto, a utilização disseminada da energia nuclear no futuro exigirá um uso mais eficiente dos espaços de armazenamento, levando em consideração o fechamento do ciclo de combustível. Enquanto alguns países encerram o ciclo do combustível por meio da reciclagem, a maioria ainda adota o ciclo único, onde o combustível usado não é reciclado. A reciclagem do combustível nuclear, especialmente a recuperação de urânio e plutônio, oferece a possibilidade de gerar mais energia e reduzir a necessidade de mineração e enriquecimento de urânio. Além disso, a reciclagem pode diminuir os riscos de proliferação nuclear, desde que seja realizada sem separar o plutônio, o que reduz o potencial de fabricação de armas nucleares.
Porém, embora a reciclagem tenha benefícios claros, ela ainda é considerada economicamente inviável devido à abundância de urânio a preços baixos e estáveis. No futuro, à medida que os custos do ciclo aberto aumentarem em relação ao ciclo fechado, a reciclagem poderá se tornar a solução preferencial. A reciclagem também oferece vantagens significativas, como a redução do volume de resíduos radioativos de alto nível, tornando-os menos perigosos e mais adequados para o descarte definitivo. Além disso, certos metais pesados de longa duração, que representam um grande desafio, podem ser transformados em formas menos problemáticas através de designs específicos de reatores.
Outro desafio crucial para a expansão da energia nuclear é o custo econômico. Em muitos países, a geração de energia nuclear já compete com fontes tradicionais, como gás natural, carvão e petróleo. No entanto, os custos elevados de construção de usinas nucleares, aliados à necessidade de melhorias nos processos de licenciamento e segurança, ainda são obstáculos significativos. Para as novas usinas, a pesquisa e o desenvolvimento (P&D) serão essenciais para reduzir os custos de capital e o tempo de construção. As tecnologias de reatores de nova geração, como os Reatores Rápidos de Fissão (Gen-IV) e os Pequenos Reatores Modulares (SMRs), oferecem promissores avanços, mas demandam investimentos consideráveis em pesquisa para serem viáveis economicamente.
Apesar desses desafios, a energia nuclear tem um bom histórico de segurança e baixo impacto ambiental. No entanto, para garantir sua aceitação pública, será necessário aumentar a transparência no desenvolvimento de novas tecnologias e demonstrar de forma clara os avanços nas técnicas de segurança. A confiança pública na segurança da energia nuclear é um dos pilares para o sucesso dessa fonte de energia no futuro. Isso inclui o desenvolvimento de sistemas de segurança visíveis e inquestionáveis, bem como a implementação de melhores práticas em países que possuem infraestrutura nuclear.
Além disso, é imperativo criar um quadro internacional robusto para proteger os materiais físsil usados nas operações civis nucleares, garantindo que não haja desvio de materiais para fins ilícitos. Embora as usinas da geração atual possuam estruturas de segurança eficazes contra ataques terroristas, a evolução das tecnologias de combustível nuclear e a vigilância de materiais devem ser desenvolvidas com resistência ainda maior à fabricação não declarada ou ao desvio de materiais nucleares.
O futuro da energia nuclear também está intrinsecamente ligado à sua adaptação às novas ameaças, como ataques terroristas. As novas gerações de sistemas nucleares serão projetadas com defesas físicas ainda mais eficientes, diminuindo a vulnerabilidade das instalações a ameaças externas. A cooperação internacional no desenvolvimento dessas tecnologias, como demonstrado pelo Fórum Internacional de Geração IV (GIF), acelerará a criação de soluções viáveis para os sistemas nucleares do futuro. A pesquisa conjunta de países com experiência na construção e operação de reatores nucleares será fundamental para superar os desafios técnicos e econômicos que surgem na busca por um sistema nuclear mais seguro, eficiente e sustentável.
Além disso, é crucial que o processo de desenvolvimento e implementação das tecnologias de Geração IV seja conduzido de forma transparente e colaborativa, aumentando o envolvimento público e a aceitação social. A transparência no processo de pesquisa e desenvolvimento também será um fator chave para fortalecer a confiança pública e promover a aceitação generalizada das novas soluções nucleares.

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