O conceito de estética pós-digital, embora derivado das transformações no uso e percepção das tecnologias digitais, pode ser compreendido em diferentes dimensões e enfoques. O termo "pós-digital" designa um estado em que os aspectos digitais não são mais simplesmente representações ou ferramentas para um fim funcional, mas se tornam um campo expandido de práticas estéticas em si mesmas. O uso do termo "forma", dentro do contexto da estética pós-digital, implica uma organização dos elementos de um objeto ou representação que pode ser descrita como uma ordenação, um padrão ou uma configuração — o que se torna esteticamente significativo se for acessível à percepção. A estética emerge não apenas do conteúdo de um artefato, mas do modo como ele se apresenta, como sua forma é construída e percebida.

O termo "práticas estéticas" envolve a criação de artefatos mediáticos por meio de práticas localizadas de construção, muitas vezes impulsionadas pela intervenção humana. Entretanto, no caso de imagens geradas por inteligência artificial, a presença do toque humano na criação pode ser limitada, tornando esse processo de criação uma área controversa no campo da estética pós-digital. Mesmo assim, artefatos que não são criados diretamente por humanos, mas que ainda possuem uma forma estética, podem incitar uma percepção estética válida. Essas questões revelam que a estética pós-digital não é apenas uma questão de recepção passiva, mas também de produção e de práticas envolvidas na criação de novas formas de expressão visual.

Dentro dessa concepção de estética pós-digital, podemos distinguir quatro áreas principais que ilustram essa intensificação estética dos meios digitais. Primeiramente, um dos conceitos centrais é a "estética da falha" no contexto da música eletrônica, popularizada por Cascone, que se espalhou para outras áreas visuais, como as "estéticas de falha" associadas a distorções de imagem, falhas de hardware e gráficos retrô, particularmente visíveis em imagens com estética glitch ou em gráficos de 8 bits. Essa estética traz à tona o erro como um componente criativo e expressivo, redirecionando a falha tecnológica para uma forma estética.

Em segundo lugar, a transferência estética do digital para o não-digital tornou-se uma prática reconhecida, refletida nas noções de "nova estética" propostas por James Bridle, que consideram as irruptões do digital no mundo físico. Essa transferência implica uma fusão entre os mundos virtual e físico, onde elementos digitais começam a invadir o espaço físico de maneiras inesperadas, provocando novos sentidos estéticos e formas de interação.

Em terceiro lugar, a intensificação estética do não-digital envolve a priorização de tecnologias, práticas e artefatos não digitais em contextos onde as soluções digitais seriam mais convenientes. Por exemplo, o uso de câmeras analógicas em vez de câmeras digitais é uma escolha estética, uma maneira de rejeitar a instantaneidade da tecnologia digital em favor da lentidão e da tangibilidade do processo de captura não-digital.

Finalmente, a transferência estética do não-digital para o digital reflete-se na recriação de formas e conteúdos dos meios não digitais dentro do espaço digital. Isso pode ser visto na recriação de estéticas analógicas, como a simulação de texturas e efeitos visuais de filmes antigos ou mídias impressas dentro de ambientes digitais. O conceito de "remediação", como discutido por Bolter e Grusin, explora como as formas digitais podem imitar, modificar ou integrar as práticas e os conteúdos de mídias anteriores, criando um diálogo contínuo entre os modos de representação.

Ao considerar as representações mediáticas que emergem da estética pós-digital, é crucial entender como essas representações enfatizam sua própria materialidade, medialidade e forma estética. A distinção entre a forma estética das representações mediáticas e seu conteúdo representacional é fundamental. Algumas representações não chamam atenção imediata para sua própria estrutura ou materialidade, mas outras, especialmente aquelas que se destacam pela "hipermediacidade", aumentam a visibilidade dos processos de mediação. Bolter e Grusin propõem que os novos meios, ao remediar o conteúdo e a forma dos meios mais antigos, seguem uma lógica dupla entre "imediacy" (imediaticidade) e "hypermediacy" (hipermediaticidade). A primeira tende a esconder os sinais de mediação, criando uma transparência em que o conteúdo se torna o foco. A segunda, ao contrário, destaca os sinais de mediação e reforça a percepção da própria tecnologia envolvida na construção do conteúdo.

Esse equilíbrio entre transparência e opacidade nas representações mediáticas torna-se central na estética pós-digital, pois as representações que enfatizam a hipermediacidade parecem ser mais propensas a provocar uma percepção estética, ao contrário de processos meramente funcionais ou pragmáticos. Quando o processo de mediação é amplificado e se torna visível, o espectador não apenas consome o conteúdo, mas também se torna consciente dos mecanismos por trás da sua construção, gerando uma experiência estética mais profunda.

Esses elementos tornam evidente que a estética pós-digital não pode ser reduzida a uma simples análise de falhas tecnológicas ou do erro. Pelo contrário, ela envolve um complexo jogo entre as formas digitais e não digitais, entre o conteúdo e a forma, e entre a percepção e a mediação. A estética pós-digital, em última instância, propõe um novo olhar sobre o papel da tecnologia na arte e na cultura contemporânea, convidando-nos a reconsiderar o que significa ser humano em um mundo cada vez mais mediado por máquinas e algoritmos.

Como a IA Transforma a Representação Visual: Análise das Imagens Geradas por DALL·E

As imagens geradas por inteligência artificial, como as produzidas pelo DALL·E, refletem não apenas o poder computacional por trás dessas tecnologias, mas também as complexidades da estética gerada digitalmente. Ao analisar as imagens de cavalos a galope produzidas pelo DALL·E, observa-se que, embora a variedade de representações seja limitada em termos de perspectivas, a estabilidade da forma do conteúdo representacional “cavalo a galope” é surpreendentemente consistente. As imagens criadas não apresentam erros óbvios, como representações incorretas do número de pernas ou de outros elementos anatômicos essenciais, mas mostram variações em relação ao ângulo de visão, com algumas imagens representando o cavalo a partir do lado direito ou esquerdo, enquanto outras mostram o animal mais de frente. No entanto, a ausência de imagens que representem um cavalo a galope de frente ou de costas é notável, destacando uma limitação na gama de perspectivas adotadas pela IA.

Este fenômeno pode ser interpretado metaforicamente como uma "noção" que a IA tem de como um cavalo a galope deve ser representado, levando em consideração uma longa história de representações artísticas que vão desde a abordagem não realista do "galope voador" até formas mais realistas popularizadas pelas fotografias de Muybridge. Ao escolher o cavalo a galope como conteúdo central para a análise das imagens geradas, não se ignora o potencial de distorções raciais ou de outros preconceitos nas representações, mas tais distorções parecem ter um papel menos saliente do que ocorreria caso a escolha fosse, por exemplo, "humanos correndo".

DALL·E, ao gerar imagens, amplifica, muitas vezes de forma inesperada, os detalhes, nuances, atmosferas e significados implícitos nas solicitações feitas pelo usuário. A IA pode criar imagens que superam as expectativas e os limites definidos pelos prompts iniciais, revelando complexidade visual que não foi explicitamente solicitada, mas que surge a partir da interpretação algorítmica do pedido. Essa "amplificação" do conteúdo visual é um aspecto fundamental dos geradores de imagens como DALL·E, Midjourney e Stable Diffusion. De certa forma, isso desafia a noção tradicional de autoria, pois o resultado final é uma criação que vai além da simples tradução do comando dado pelo usuário.

Ao considerarmos as imagens geradas por IA, é importante compreender que, embora se possa falar de um "estilo fotorealista" ou de uma estética visual digital, isso não implica necessariamente em um vínculo direto com a fotografia tradicional ou com a materialidade do processo fotográfico. Em vez disso, as imagens geradas por IA podem ser vistas como expressões de um "realismo de estilo" — uma simulação de aspectos visuais que evocam a fotografia, mas sem os mesmos sinais indexicais ou a mesma materialidade da fotografia analógica. Nesse sentido, a questão da "realidade" ou da "autenticidade" das imagens geradas por IA se torna mais fluida, pois a representação fotorealista não é mais um marcador de acesso direto à realidade, mas apenas uma escolha estilística que emula certos aspectos visuais.

Porém, essa falta de "marcadores materiais" tradicionais não significa que as imagens digitais geradas não apresentem uma complexidade própria. A imersão no "realismo fotográfico" e o uso de estilos que buscam uma imediata legibilidade visual tornam-se características predominantes nas imagens produzidas. Este "realismo orientado pela imediacidade" (como foi chamado por Wilde) reflete uma cultura digital onde as imagens precisam ser compreendidas instantaneamente, sem a necessidade de decodificação das camadas técnicas por trás delas.

Portanto, ao interagir com sistemas de geração de imagens como o DALL·E, os usuários devem estar cientes de que a IA não apenas traduz suas intenções, mas também as transforma, ampliando o conteúdo visual de maneiras imprevisíveis. Isso levanta questões sobre a autoria, a autenticidade e o papel da inteligência artificial na criação artística. As representações geradas não são simples imitações de um dado visual, mas sim novas formas de expressão que podem desafiar nossas noções de realismo, representação e até mesmo de criação.

Além disso, ao observar a IA em ação, é crucial considerar as implicações mais amplas dessas tecnologias na produção de imagens e na forma como elas influenciam a percepção visual. O fato de as imagens geradas por IA frequentemente refletirem uma “realidade ampliada” – com detalhes e atmosferas que os usuários podem nunca ter considerado – aponta para uma mudança de paradigma na maneira como a arte visual e as representações digitais são concebidas e consumidas. Isso não só redefine os limites da criação digital, mas também desafia a noção de que a arte é exclusivamente uma expressão humana.

Como a Inteligência Artificial Está Transformando a Produção de Imagens e a Cultura Midiática

Nos últimos três anos, tecnologias como Midjourney e Stable Diffusion têm proporcionado uma nova era para a criação de imagens, utilizando inteligência artificial (IA). Essas ferramentas têm permitido não apenas a criação de imagens a partir de texto, mas também a modificação e aprimoramento de imagens já existentes, com integração de IA em diversas outras plataformas, como a suíte de programas de edição de imagens da Adobe ou os smartphones da Google. A cada semana, novas aplicações de IA generativa são lançadas ou anunciadas, como o gerador de imagens em movimento VEO2 da Google, que compete com o Sora da OpenAI, e o Janus-Pro-7B, modelo multimodal open-source baseado na plataforma de IA DeepSeek da startup chinesa. Esses avanços demonstram o ritmo acelerado com o qual a IA tem se infiltrado em várias áreas da cultura, da música à imagem, transformando a forma como interagimos com os meios e como esses meios moldam nossa percepção.

Tecnologias de IA generativa, como as ferramentas de texto-para-imagem (DALL·E, Midjourney, Stable Diffusion) e de texto-para-texto (ChatGPT, Claude, Gemini), embora inicialmente separadas em termos de seus resultados visuais e textuais, tornaram-se mais integradas com o lançamento do ChatGPT-3, em outubro de 2023. A integração do DALL·E 3 ao ChatGPT trouxe à tona a multimodalidade desses sistemas, de forma que as imagens geradas passaram a ser indissociáveis de sua base textual. Esta fusão transformou a IA em um elemento central da nossa cultura midiática atual, tornando-se comum a suspeita de que qualquer nova imagem ou vídeo possa ser gerado ou manipulado por IA, uma realidade que, de certa forma, “contamina” os resultados das pesquisas no Google, preenchendo-as com conteúdo não identificado como produzido por IA.

Essa situação tem implicações profundas para os criadores de conteúdo, como artistas e produtores de mídia, que veem o valor de seu trabalho ser alterado, muitas vezes em desvantagem, uma vez que os LLMs (modelos de linguagem de grande escala) utilizam sem consentimento dados gerados por esses criadores. A IA está agora no centro de uma discussão mais ampla sobre como as imagens, vídeos e músicas são produzidos, manipulados e consumidos. A facilidade com que imagens manipuladas ou geradas por IA podem ser criadas e disseminadas desafia a noção tradicional de "evidência visual", questionando nossa capacidade de discernir entre o que é real e o que é gerado artificialmente.

Ainda que o campo de estudos da mídia e da cultura tenha se debruçado sobre esses novos desafios trazidos pela IA, o desenvolvimento acelerado dessas tecnologias cria dificuldades para os métodos tradicionais da pesquisa acadêmica. O ciclo de desenvolvimento da IA avança tão rapidamente que, muitas vezes, as publicações acadêmicas já tratam de práticas ou tecnologias que, no momento de sua publicação, já são obsoletas. Essa velocidade de mudança gera uma tensão entre a tentativa de se compreender o presente e o risco de se tornar obsoleto, o que torna difícil qualquer tipo de análise que procure prever o futuro da IA de maneira precisa. Além disso, a rapidez com que novas capacidades da IA se tornam disponíveis também pode levar a uma idealização excessiva ou uma catástrofe tecnológica imaginada, sem uma análise crítica adequada.

Em uma perspectiva mais ampla, é fundamental destacar as continuidades e diferenças entre os geradores de imagem baseados em IA e as tecnologias anteriores de criação de imagens, como a fotografia digital e as edições realizadas com ferramentas como o Adobe Photoshop. A ideia de uma imagem digital desvinculada de uma relação direta com a realidade física não é nova; ela foi debatida extensivamente com a chegada da fotografia digital e das ferramentas de edição. O que mudou com a IA é a autonomia parcial que essas "máquinas não humanas" possuem para gerar imagens, sem qualquer intervenção humana direta, algo que já foi observado nos primeiros dias da fotografia não digital.

Outro aspecto importante é o uso de imagens geradas por IA em contextos manipulativos, como as fake news e os deep fakes. Esse fenômeno não é totalmente novo, pois remonta aos debates sobre “evidência visual” nas ciências documentais e outras áreas. No entanto, a facilidade com que essas tecnologias podem ser usadas para enganar o público é agora mais evidente e acessível a um número ainda maior de pessoas. A manipulação de imagens geradas por IA, em grande parte, desmantela a noção de que podemos confiar nos meios audiovisuais como representantes fiéis da realidade.

Portanto, é necessário um novo entendimento sobre como as imagens geradas por IA se relacionam com as tradicionais noções de estética midiática. Ao invés de encarar essas novas formas de mídia apenas como uma tecnologia isolada, é crucial pensar nelas como parte de uma paisagem mais ampla de comunicação. A estética da IA, quando aplicada a essas novas formas de mídia, pode ser vista como uma “aesthetics of media”, um conceito que visa conectar os estudos da mídia com os estudos críticos da IA. Isso nos leva a um entendimento mais complexo das tecnologias de IA, que não devem ser vistas apenas como aparelhos físicos, mas como componentes de um quadro social, político e cultural mais amplo.

Para compreender adequadamente o impacto da IA sobre a produção midiática, é necessário também uma abordagem mais abrangente sobre o que é “tecnologia”. A tecnologia não pode ser reduzida a uma mera ferramenta, mas deve ser vista dentro de um complexo contexto social, econômico e cultural, como observam diversos estudiosos contemporâneos. Ao investigar como as ferramentas de IA são desenvolvidas e utilizadas, é crucial compreender também os sistemas sociais e políticos que moldam suas aplicações e a forma como essas tecnologias impactam as comunidades e indivíduos ao redor do mundo.

A Realidade da Imagem Artificial: Reflexões sobre a Geração de Imagens com Inteligência Artificial

O debate sobre a natureza da imagem gerada por inteligência artificial (IA) se intensifica à medida que a tecnologia avança, desafiando noções preexistentes sobre percepção, realidade e autoria. Embora a IA possa ser projetada para criar imagens que imitam as condições do mundo físico, como sugere Liv Hausken, ela não nos permite "ver o mundo através delas" da mesma forma que uma fotografia ou uma pintura tradicional. Ao invés disso, essas imagens surgem como construções digitais, alimentadas por algoritmos e vastos bancos de dados, que podem ser indistinguíveis das representações visuais produzidas pela mente humana. No entanto, existe uma diferença fundamental: as imagens criadas por IA não têm a mesma carga de experiência sensorial, nem a mesma profundidade de interação que uma fotografia real, sendo mais um produto de simulação do que uma captura da realidade.

A inteligência artificial, com suas redes neurais profundas e modelos de aprendizado de máquina, pode gerar imagens que imitam estilos artísticos, ou até mesmo criar imagens "fotográficas" que parecem ser de uma realidade concreta, mas que, na verdade, não têm um análogo físico. Essas imagens, portanto, desafiam a nossa compreensão do que constitui "verdadeiro" ou "real". A IA oferece um espaço onde a distinção entre o "real" e o "simulado" se torna cada vez mais turva, levando à pergunta: até que ponto essas representações visuais podem ser confiáveis? Ou, mais crucialmente, até que ponto elas devem ser utilizadas para representar o mundo?

Por um lado, o potencial de criar novas formas de arte e narrativa visual é vasto, já que as ferramentas de IA permitem uma manipulação criativa das imagens em uma escala antes inimaginável. Por outro lado, isso levanta questões sobre a autoria e a autenticidade, uma vez que as imagens geradas pela IA não têm uma "mão humana" por trás delas. Se uma imagem gerada por IA evoca emoções ou impressões profundas, ela é menos "real" do que uma obra de arte feita manualmente? Ou estamos, talvez, deslocando a nossa ideia de autenticidade para algo que transcende o processo humano, reconhecendo que a "criação" pode ser mais sobre o produto final do que sobre a técnica utilizada?

A capacidade de a IA gerar imagens também traz à tona preocupações sobre a manipulação visual e a disseminação de desinformação. Em um mundo onde as "deepfakes" e outras manipulações visuais estão cada vez mais presentes, distinguir o real do falso torna-se uma tarefa complexa. A IA não só replica imagens existentes, mas também cria novas imagens de situações e cenários que nunca existiram. Isso tem implicações significativas para a ética da informação e o consumo crítico de imagens na era digital.

Outro ponto importante é a transformação no campo da estética. A IA, por sua natureza, desafia os paradigmas tradicionais da arte e do design, propondo uma nova forma de criação onde a máquina não é apenas uma ferramenta, mas um colaborador ativo no processo criativo. Isso pode mudar não só a forma como as imagens são produzidas, mas também como elas são percebidas e avaliadas. Se o valor estético de uma obra de arte antes estava fortemente vinculado ao processo de criação humana, agora surge a possibilidade de uma "arte" que é essencialmente criada por algoritmos sem uma intervenção humana direta.

Nesse contexto, é necessário refletir sobre como essas imagens geradas por IA influenciam o público e as expectativas culturais. Ao criar imagens que podem ser tão convincentes quanto aquelas feitas por artistas humanos, estamos, de certo modo, alterando a forma como o público consome e interage com as imagens. Além disso, a IA, ao gerar imagens baseadas em padrões e dados, também reflete e amplifica os preconceitos e estereótipos presentes nas fontes que alimentam os algoritmos. A própria ideia de "imagens justas" e "imagens imparciais" se torna um desafio, pois a IA não é neutra, mas sim uma construção de dados culturais e sociais que têm suas próprias falhas e limitações.

A questão, então, é como os espectadores devem navegar nesse novo campo de representações visuais. A experiência visual que a IA proporciona é fundamentalmente diferente de qualquer outra forma de representação. Não devemos apenas questionar a autenticidade ou a verdade de uma imagem gerada, mas também o impacto dessas imagens no entendimento do que é real. A responsabilidade dos criadores dessas imagens e a capacidade do público para discernir entre o real e o artificial serão decisivas para o futuro da arte visual e da comunicação digital.

Finalmente, é importante reconhecer que a tecnologia de geração de imagens com IA está longe de ser apenas uma moda passageira. Ao contrário, ela está remodelando profundamente as práticas artísticas, culturais e até sociais. A IA não apenas altera a maneira como vemos e criamos imagens, mas também desafia os nossos conceitos de identidade, autoria e verdade no mundo digital. Entender esses processos, suas implicações e o papel da IA na construção da realidade visual será crucial para qualquer discussão futura sobre o papel da tecnologia na arte e na sociedade.