O Tomilho Marginal (T. S. Aureus-Marginatus), com suas folhas verde-sálvia e bordas esbranquiçadas, representa uma das formas mais elegantes dessa erva que, ao lado do Tomilho Serpyllum, uma variedade que reflete o brilho do sol em suas folhas, torna-se indispensável nos jardins. O Tomilho Marginal cresce em tufo, enquanto o T. Serpyllum se desenvolve como uma trepadeira lenhosa, que se espalha pela terra. Ambas as variedades, como todas as espécies de tomilho, têm uma necessidade essencial: a terra bem drenada. Nativas de solos secos e calcários, essas plantas podem ser facilmente desestabilizadas pelas chuvas de outono, que alteram seu ambiente ideal. Embora as sementes de T. Serpyllum sejam fáceis de encontrar, a aquisição de mudas é preferível. O Tomilho Herba-Barona, com seu perfume característico de alcarraza, é mais difícil de ser encontrado, mas vale a pena a busca. Frequentemente disponível através de produtores ingleses, essa variedade é uma das joias do jardim.

Quando o Tomilho floresce, sua presença no jardim é um verdadeiro deleite. A madeira espessa, as pequenas folhas e ramos delicados, e o forte aroma que exala ao ser aquecido pelo sol fazem dessa erva um elemento único. O Tomilho não é apenas uma planta para se olhar de cima; é necessário aproximar-se, observar sua beleza e refletir sobre sua escala reduzida. Suas raízes remontam ao mundo clássico, simbolizando as antigas tradições agrícolas, os deuses e a poesia. Em locais onde cresce, as sombras das imagens clássicas parecem se dissipar, permitindo que se revele uma paisagem quase mítica: a casa de campo com telhas romanas, a primavera cristalina e o Monte Soracte coberto de neve. Para os antigos gregos, o tomilho não era apenas uma planta comum; suas folhas secas eram usadas para criar chamas perfumadas em sacrifícios. Daí vem seu nome, derivado do verbo grego que significa "oferecer sacrifício".

A Menta de Maçã (Mentha Gentilis) é uma das ervas mais encantadoras da Nova Inglaterra, frequentemente encontrada nos antigos jardins de Maine. Pequena e ordenada, esta planta exala um aroma único. Sua aparência e sabor remetem à elegância discreta da arquitetura do século XVIII, que combinava linhas simples com refinamento social. A menta de maçã cresce em duas formas: uma com caules vermelhos e folhas verdes suaves, e outra com caules verdes e folhas variegadas de verde e marfim dourado. A forma mais simples cresce como pequenos arbustos de cerca de quinze centímetros, enquanto a variegada, mais forte e perfumada, se expande como um arbusto rasteiro. Ambas são perfeitas para adicionar a bebidas, especialmente quando um sabor suave de hortelã é desejado. Seu sabor, levemente semelhante ao do ruibarbo, é uma agradável surpresa. A menta de maçã precisa de sol e sombra e de um solo que não seque rapidamente. Embora não seja fácil de encontrar, vale a pena a procura. Durante o inverno, é possível cultivar a variedade variegada dentro de casa, como planta ornamental.

O Endro (Anethum Graveolens), embora seja amplamente reconhecido por seu nome, é pouco familiar para muitos em sua forma viva. É uma das plantas mais belas e elegantes que podemos cultivar, com suas folhas finas e delicadas, suas grandes umbelações de flores amarelas, e o caule que se desdobra em uma estrutura simples e graciosa. O endro cresce rapidamente e pode ser facilmente cultivado a partir de sementes. Os escandinavos, por exemplo, utilizam-no com frequência, especialmente na Finlândia, Suécia e Noruega, onde é cultivado em quase todas as fazendas. Suas sementes maduras são populares para temperar pães e fazer vinagre de endro. O endro também tem raízes profundas em antigas tradições religiosas, como símbolo de fertilidade e de forças primitivas, que perduram mesmo após a ascensão do cristianismo.

O Burnet (Poterium Sanguisorba), embora pouco conhecido nos Estados Unidos, é uma erva bastante agradável e útil. Sua forma vigorosa, com folhas compostas e pequenas flores, o torna uma planta atraente para se ter no jardim. Os franceses o chamam de Pimprenelle e o utilizam tanto em campos secos, como planta forrageira, quanto em hortas, como tempero. A planta era bem conhecida pelos romanos, e Lord Bacon escreveu sobre suas qualidades. Suas folhas, com um gosto fresco e levemente de pepino, são ideais para misturar em saladas ou como complemento para outros temperos.

O Alecrim, uma das ervas mais veneradas, é um símbolo de lembrança e de carinho eterno. Originalmente uma planta mediterrânea, o Alecrim não se adapta facilmente ao clima das regiões mais frias, sendo necessário cultivá-lo em vasos para protegê-lo dos rigores do inverno. O cultivo do Alecrim em vasos, no entanto, é uma solução eficiente. Com podas regulares e cuidados com a drenagem, é possível ter um pequeno arbusto de alecrim em casa, que também pode ser colocado no jardim durante o verão. A planta necessita de solo bem drenado, muito sol e ventilação adequada, além de um uso cuidadoso da água. Algumas pedras calcárias no fundo do vaso ajudam a imitar o ambiente natural da planta.

A Borragem (Borago Officinalis) é outra erva que decora o jardim com suas flores em forma de estrela, de um azul profundo e quase místico. Sua cor simboliza a mente divina, e suas flores, com estames castanho-escuros no centro, são uma das mais belas criações da natureza. Embora suas folhas inferiores não sejam de grande valor, as folhas superiores, com um leve sabor de pepino, podem ser usadas para temperar bebidas. A Borragem tem sido valorizada desde os tempos antigos, mencionada por Plínio, e ainda hoje é cultivada tanto para fins decorativos quanto culinários.

O cultivo dessas ervas não apenas embeleza o jardim, mas também enriquece a culinária com seus aromas e sabores distintos. Para o jardineiro iniciante ou para o cozinheiro entusiasta, é essencial compreender que, apesar de cada uma dessas ervas ter suas necessidades específicas de cultivo, elas compartilham uma característica comum: todas necessitam de um solo bem drenado, luz adequada e cuidados constantes. Além disso, o valor simbólico dessas plantas, profundamente enraizado em culturas antigas, adiciona uma camada de significado à sua presença no jardim e na cozinha.

O Que Torna uma Planta uma "Erva"?

No crescente entusiasmo por plantas, surge uma confusão fundamental: o que, de fato, é uma "erva"? Hoje em dia, qualquer planta pode ser chamada de erva, desde uma cenoura até um Céreus noturno em flor, e muitas dessas plantas acabam sendo cultivadas nos jardins. Para a horticultura e a botânica, que se baseiam no uso consagrado pela versão King James da Bíblia, a classificação de "ervas" se aplica a todas as plantas que não são arbustos ou árvores. O dicionário define uma erva como "uma planta com um uso". Contudo, para os verdadeiros amantes das ervas, a palavra assume um significado mais profundo e vital. No contexto de um jardim, uma erva é uma planta cultivada e estimada tanto por sua beleza quanto por sua utilidade, e não simplesmente como um ornamento decorativo. Assim, embora o uso de uma planta tenha papel importante, ele não é o único fator determinante. Verdadeiras ervas são aquelas cujas qualidades não se limitam a um uso puramente funcional; a combinação de beleza e utilidade é o que as mantém vivas e relevantes.

A distinção é clara: vegetais, pseudo-vegetais e ervas medicinais, por mais que possuam funções específicas, não são "ervas" no sentido tradicional da palavra. Seu uso como alimento ou remédio não as eleva ao status de erva. Além disso, as chamadas variedades hibridas ou exóticas de ervas florais, aquelas que nunca foram realmente usadas como ervas, devem ser evitadas. Essas plantas, muitas vezes criadas para fins puramente estéticos ou comerciais, não fazem parte da tradição genuína das ervas. Mesmo que seu uso seja necessário por questões climáticas, seu caráter e aparência podem prejudicar a harmonia de um jardim de ervas. Um verdadeiro jardim de ervas é, portanto, mais do que uma simples coleção de plantas. Deve ser um espaço que preserve a essência das ervas, mantendo-as não apenas úteis, mas também integradas no contexto da beleza e da simplicidade.

Ao planejar um jardim de ervas, a ênfase não deve estar na quantidade ou na diversidade das coleções, mas na criação de um ambiente único, onde as plantas, com sua forma e perfume, proporcionem uma experiência sensorial e espiritual. A beleza deve ser o critério mais importante, e isso implica na criação de um espaço que seja menos sobre acumular raridades e mais sobre preservar a integridade e a função das ervas. Este tipo de jardim tem um caráter próprio, muitas vezes íntimo e secreto, e sua verdadeira magia está em sua capacidade de evocar uma sensação de paz e conexão com a terra.

Na tranquilidade das primeiras horas da manhã, quando a casa ainda não desperta, o jardim de ervas se revigora com a noite. As abelhas, com seu trabalho incansável, se dedicam às plantas, enquanto o Hyssop, o Orégano, o Manjericão e outras ervas se movem suavemente ao vento. A interação das abelhas com essas plantas é parte do encanto desse jardim, como se fosse um retorno ao "Idade de Ouro", onde a natureza se regozija em sua simplicidade e harmonia.

Os membros das famílias botânicas mais comuns, como Labiatae (família da hortelã) e Umbelliferae (família do aipo), dominam o repertório das ervas que conhecemos. A Labiatae é especialmente abundante na região mediterrânea e inclui plantas como a Menta, o Sálvia, o Manjericão, o Alecrim, a Lavanda e o Tomilho. Estas plantas são notáveis não só pela sua beleza e aromas, mas também pela sua utilidade. Suas flores, de estrutura peculiar, e o óleo volátil presente nas folhas, que exalam fragrâncias que atraem abelhas e outros polinizadores, são elementos essenciais para o sucesso do jardim. Por outro lado, a Umbelliferae, que inclui plantas como o Endro, o Dill, o Aipo e a Coentro, apresenta flores dispostas em umbela, um arranjo distinto e delicado que também atrai polinizadores.

Cultivar ervas é uma verdadeira aventura, e a coleta de sementes raras se torna uma tarefa quase mística. As sementes dessas plantas, muitas vezes difíceis de encontrar, podem ser adquiridas através de catálogos especializados, correspondências com outros entusiastas de ervas ou até mesmo em pequenas lojas de antiguidades. A raridade das sementes de ervas é parte de seu apelo, pois elas carregam consigo um senso de história e tradição que é difícil de capturar em plantas comuns ou comerciais.

A busca por essas ervas raras e exóticas, no entanto, não deve se sobrepor ao prazer de cultivar aquelas mais acessíveis, que também têm grande valor tanto estético quanto funcional. Uma boa variedade de ervas pode ser facilmente encontrada em muitos mercados, e muitos viveiros agora oferecem plantas e sementes de alta qualidade. Contudo, sempre há o desejo de redescobrir uma erva perdida, como a antiga Dittany, que os gregos antigos e os romanos usavam tanto, mas que desapareceu das culturas modernas. Talvez um dia, essas ervas esquecidas possam retornar, trazendo com elas uma nova energia para nossos jardins.

Finalmente, o simples ato de contemplar o jardim de ervas, de sentir o cheiro de suas folhas e observar as abelhas ao trabalho, pode despertar algo profundo em nós. A conexão com a terra, a sensação de paz e harmonia que o jardim de ervas proporciona, é algo que vai além da funcionalidade das plantas. É um lembrete da importância de preservarmos a beleza e a integridade da natureza, de buscar um equilíbrio entre a utilidade e o prazer estético. Um verdadeiro jardim de ervas é um santuário para a alma, um espaço que oferece não apenas uma cura física, mas também espiritual.

Qual o Significado das Ervas na Vida e no Jardim?

Na natureza, existe um mistério fascinante envolvendo o crescimento das plantas. Elas são testemunhas silenciosas, carregadas de uma paixão muda e uma vontade verde que segue seu curso inabalável. O vento forte de um dia quente é contido pelas ervas, apenas as folhas mais altas se movem um pouco, tocadas pelas rajadas que passam. O sol, que sobe de sudeste para o sul, faz com que as abelhas, pretas e amarelas, continuem sua canção atemporal. São presenças antigas e belas, queridas por toda a humanidade, que se associam ao espírito humano de uma forma profunda. E ao caminhar entre as folhas dessas plantas, é possível sentir a conexão com o verde da terra, com o legado de uma sabedoria antiga.

A casa onde vivo faz parte de uma propriedade rural e é velha, pintada de vermelho típico das fazendas. Fica no meio de campos, numa colina que desce suavemente em direção ao lago que se estende ao fundo, com uma vista que se abre para outras fazendas e florestas distantes. No lado da casa que olha para o lago, há um pequeno pátio rústico, não pintado de vermelho, mas de branco, uma mudança de cor que é tradicional no campo. Esse espaço, rodeado por uma parede de pedras e por uma pequena plantação de cerejeiras, é o meu refúgio particular. Ele é uma homenagem à beleza rústica da paisagem, um lugar onde as plantas convivem em harmonia com o ambiente.

Entre as muitas plantas que cultivo, algumas delas merecem um destaque especial. As ervas ocupam um espaço único nesse jardim: são um pequeno universo de presença e vitalidade. A Balm, por exemplo, cresce em um grupo denso e verde, enquanto a Apple-Mint, com suas folhas variáveis, cria uma diversidade de formas interessantes. Também há a Bee-Balm, que floresce em cores branca e vermelha, e a Bergamot Mint, com sua elegância francesa, que adiciona um toque refinado ao ambiente. São ervas que, além de embelezarem o espaço, trazem com elas uma série de qualidades e aromas que transformam o simples ato de cultivar em algo encantador e fascinante.

Essas ervas são mais do que simples plantas no jardim. Elas têm uma vida própria e um caráter que só se revela com o tempo e o cuidado. Cada uma delas possui uma presença única e, ao ser cultivada, torna-se parte de algo maior – da natureza em si, e também de um entendimento profundo sobre a vida no planeta. Por exemplo, o Bálmio é conhecido por seu poder curativo, e o uso contínuo de suas folhas pode aliviar muitos males. Já o Bergamot Mint é um lembrete da sofisticação das tradições de cultivo europeias, com sua elegância inconfundível.

Na minha experiência, manter um número limitado de ervas é fundamental para apreciar sua verdadeira beleza e aprender com elas. Ao longo dos anos, percebi que não é necessário ter uma coleção extensa de plantas para alcançar a harmonia no jardim. As ervas, como seres vivos, merecem atenção, e é importante cultivá-las com a mesma dedicação e respeito que se dedicaria a um ser humano ou a qualquer outro ser da natureza.

O ideal é começar com algumas ervas que são representativas, essenciais, e deixar que o jardim cresça naturalmente a partir delas. A diversidade surgirá com o tempo, à medida que o jardineiro vai entendendo as necessidades do espaço e os ritmos da natureza. A busca por novas ervas deve ser um processo gradual e cuidadoso, e não uma corrida por ter o maior número possível de plantas. Com esse foco, é possível cultivar um jardim que traga prazer e satisfação, sem perder a conexão com o que realmente importa – o processo de crescimento e a troca de energia entre o ser humano e o ambiente.

O cultivo de ervas, em sua essência, é um ato de cuidado e de troca com a terra. As ervas trazem consigo um significado ancestral, representando uma conexão profunda com a natureza e com o próprio ser humano. Elas são mais do que simples adornos no jardim, elas são companheiras de vida. Cada folha que se desenrola, cada aroma que exala, é um lembrete de nossa capacidade de cultivar beleza e cura em nossas vidas. No final, não importa quantas ervas temos, mas sim a qualidade de nosso relacionamento com elas.