A relação entre a dose de isoniazida e a toxicidade hepática ainda não foi comprovada de forma conclusiva. O perfil farmacocinético da isoniazida depende da capacidade de N-acetilação, a qual é distribuída trimodalmente em fenótipos lentos, intermediários ou rápidos, de acordo com o genótipo da polimorfismo da N-acetiltransferase-2. Pessoas de origem europeia são aproximadamente 50% lentas acetiladoras, enquanto muitas populações asiáticas são cerca de 80% rápidas acetiladoras. As concentrações plasmáticas mais baixas observadas nos acetiladores rápidos têm mostrado ser menos eficazes em regimes de dosagem semanal, e há uma tendência nesse sentido mesmo com doses mais frequentes, já que a área sob a curva de concentração plasmática em função do tempo dividida pela concentração mínima inibitória (AUC/MIC) é o principal fator determinante da eficácia. A meia-vida nos adultos varia de 0,7 a 2 horas para acetiladores rápidos e de 2,3 a 3,5 horas para acetiladores lentos. Os tipos típicos são rápido (<2 horas) e lento (≥2 horas).
A isoniazida é amplamente excretada pela urina dentro de 24 horas, principalmente como metabólitos inativos. A excreção renal é independente do status de acetilador. As concentrações esperadas de isoniazida em crianças são semelhantes às dos adultos. Excelente penetração no líquor cerebrospinal tem sido demonstrada em crianças com meningite tuberculosa. Um perfil farmacocinético trimodal também é evidente nas crianças. A depuração é de 3,83 e 6,88 mL por minuto por kg, e a meia-vida é de 2,91 e 1,36 horas em acetiladores lentos e rápidos, respectivamente. O volume aparente de distribuição é de 0,83 L por kg e, como nos adultos, não é afetado pelo fenótipo de acetilação.
As crianças mais novas eliminam a isoniazida mais rapidamente do que as mais velhas em todos os três genótipos. Como um grupo, as crianças eliminam a isoniazida mais rápido e alcançam concentrações séricas significativamente mais baixas do que os adultos que recebem a mesma dose em mg por kg de peso corporal. Uma dose de isoniazida de pelo menos 10 mg por kg pode ser mais apropriada para acetiladores rápidos a fim de alcançar a concentração sérica recomendada de 1,5 mg por L. Nos estudos de profilaxia com isoniazida por 6 meses, apenas 1,9% das crianças desenvolveram tuberculose ativa dentro de um período de acompanhamento de 10 anos. Além disso, os estudos de eficácia do uso combinado de isoniazida com outros medicamentos de primeira linha em tratamentos de curta duração em crianças com tuberculose ativa mostraram resultados excelentes, com eficácia superior a 95% na tuberculose pulmonar e em linfadenite. Contudo, a eficácia contra meningite tuberculosa é menor, com aumento da mortalidade e sequelas para os sobreviventes.
Isoniazida inibe as enzimas do citocromo P450 (CYP) 2C19, CYP3A4, CYP2A6 e CYP2E1. O metabolismo da isoniazida pode ser prejudicado, levando a concentrações séricas elevadas e potencializando os efeitos de anticoagulantes como varfarina, a teofilina, o triazolam, o diazepam, e anticonvulsivantes como carbamazepina, fenitoína e ácido valpróico. Por outro lado, a administração concomitante de isoniazida reduz a eficácia de anestésicos como metoxiflurano, isoflurano, sevoflurano e enflurano. As concentrações de isoniazida aumentam com a administração concomitante de ácido aminosalicílico ou etionamida, o que, em teoria, pode levar a manifestações tóxicas. Na prática, essas combinações são incomuns. Já as concentrações de isoniazida podem diminuir com antiácidos, prednisona e prednisolona.
Isoniazida pode atuar como um inibidor da monoamina oxidase, levando a respostas excessivas a aminas pressoras. O risco de hepatotoxicidade aumenta com a administração concomitante de paracetamol e rifampicina, embora, no caso desta última, os benefícios superem os riscos. A isoniazida atravessa facilmente a placenta, mas não está associada a um aumento detectável em defeitos congênitos. Ela também é excretada no leite materno, mas a dose relativa para o bebê é de aproximadamente 1,2% da dose materna ajustada pelo peso, o que está abaixo do limite de preocupação de 10% para lactentes.
Em relação à segurança em crianças, os acetiladores lentos estão mais propensos a várias toxicidades relacionadas à isoniazida. A intoxicação aguda está associada a toxicidade significativa e mortalidade, com os acetiladores lentos mais vulneráveis. Sintomas como náuseas, vômitos, hipotensão, leucocitose, hiperpirexia, dificuldades respiratórias, convulsões e coma podem ser observados em crianças. Além disso, acido metabólico, cetonúria, hiperglicemia, hipercalemia leve, excreção urinária aumentada de piridoxina, função hepática prejudicada e rabdomiólise já foram documentados. Por isso, é imprescindível que a isoniazida seja armazenada de forma segura, longe do alcance das crianças. A indução de convulsões pela isoniazida é atribuída ao efeito da substância sobre as concentrações de piridoxina, que afetam a formação e o catabolismo do ácido γ-aminobutírico. Para tratamento, recomenda-se administração de vitamina B6 (piridoxina), e altas doses intravenosas podem interromper as convulsões e até reverter o coma.
Neuropatias periféricas dependentes da dose ocorrem com maior frequência em acetiladores lentos. Embora incomuns e raras em crianças, elas podem ocorrer em pacientes desnutridos, cujas deficiências de vitamina B6 podem ser agravadas pela perda de piridoxal hidrazona devido à isoniazida. Os sintomas incluem formigamento, dormência, dor, fraqueza e rigidez nos membros. O uso diário de vitamina B6 pode prevenir esses efeitos. Além disso, a isoniazida pode aumentar as necessidades de piridoxina em crianças. A concentração de vitamina D no sangue é baixa durante o tratamento com isoniazida, mas retorna ao normal após a suspensão do medicamento.
É possível que ocorra disfunção hepática assintomática até doenças hepáticas graves com o uso de isoniazida em crianças. Fatores de risco incluem doenças tuberculose graves, doses elevadas de isoniazida e a administração concomitante com rifampicina. Com o uso de isoniazida isoladamente, a ocorrência é de 0,18% a 0,5%, muito inferior à observada em adultos. Existe um risco apreciável, mas baixo, de hepatotoxicidade com os esquemas de dosagem recomendados atualmente, sendo que os aumentos nas enzimas hepáticas geralmente são transitórios e se normalizam com a continuidade do tratamento. Acetiladores lentos provavelmente apresentam maior risco. Portanto, deve-se ter cautela em caso de doenças hepáticas preexistentes, com monitoramento regular das enzimas hepáticas. Em pacientes com insuficiência renal, a dose completa ainda pode ser administrada.
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Como os Medicamentos Inotrópicos e Vasodilatadores Apoiam a Função Cardíaca Neonatal
A função cardíaca dos neonatos, especialmente os prematuros ou os que sofrem de condições críticas, depende de intervenções farmacológicas precisas que visam otimizar a contratilidade miocárdica e a resistência vascular. A utilização de fármacos inotrópicos, vasodilatadores e suas combinações é essencial para o manejo de doenças cardíacas e circulatórias. Medicamentos como dobutamina, epinefrina, milrinona, levosimendan, nitroprussiato de sódio e óxido nítrico inalado são frequentemente empregados para estabilizar a função cardíaca e melhorar a perfusão dos órgãos vitais. A seguir, abordamos os mecanismos de ação e os efeitos hemodinâmicos desses medicamentos no contexto neonatal.
A dobutamina, um catecolamina sintética, exerce um efeito inotrópico positivo ao estimular os receptores β1 e β2, o que resulta em aumento da contratilidade miocárdica e da frequência cardíaca. A ativação dos receptores β1 promove a formação de AMP cíclico (cAMP), elevando a concentração de cálcio intracelular e, consequentemente, a força de contração do miocárdio. Além disso, a dobutamina possui uma ação mista, pois seu isômero negativo, ao atuar nos receptores α1, pode aumentar a resistência vascular sistêmica (SVR), enquanto o isômero positivo promove a vasodilatação. Este equilíbrio é crucial, especialmente em neonatos com disfunção miocárdica ou hipertensão pulmonar aguda, mas deve ser administrado com cautela em situações de hipotensão grave, onde o efeito vasodilatador pode ser prejudicial.
A epinefrina, outra catecolamina endógena liberada pelas glândulas suprarrenais, tem uma ação dose-dependente. Em doses baixas (0,01-0,1 μg/kg/min), estimula predominantemente os receptores β1 e β2, aumentando a contratilidade e a frequência cardíaca, além de promover vasodilatação periférica. No entanto, em doses mais altas, a ativação dos receptores α1 leva à vasoconstrição e ao aumento da pressão arterial, o que pode ser necessário em casos de hipotensão grave. A epinefrina é frequentemente utilizada em situações de emergência devido à sua ação rápida e potente.
Por outro lado, a milrinona, um inibidor seletivo da fosfodiesterase 3A, apresenta um efeito inotrópico positivo e também reduz a resistência vascular sistêmica e pulmonar, sendo útil no manejo de neonatos com insuficiência cardíaca congestiva ou hipertensão pulmonar persistente. Da mesma forma, o levosimendan, um sensibilizador de cálcio, melhora a contratilidade cardíaca e promove a vasodilatação, sendo benéfico em situações de choque ou insuficiência cardíaca grave, com a vantagem de não provocar aumento significativo da pressão arterial.
Os vasodilatadores, como o nitroprussiato de sódio e o óxido nítrico inalado, são utilizados principalmente para reduzir a resistência vascular pulmonar (PVR), o que pode ser crucial em neonatos com hipertensão pulmonar persistente. O nitroprussiato de sódio libera óxido nítrico (NO), estimulando a produção de GMP cíclico, resultando em vasodilatação tanto na circulação sistêmica quanto na pulmonar. O óxido nítrico inalado, de forma semelhante, é eficaz na diminuição da PVR, promovendo a melhora da oxigenação e da perfusão pulmonar.
Esses medicamentos devem ser escolhidos com base nas características clínicas do paciente, como a presença de hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca ou vasodilatação excessiva. Cada fármaco possui indicações específicas e efeitos variáveis dependendo da condição clínica do recém-nascido. A monitorização cuidadosa da função cardíaca e da pressão arterial é essencial para evitar efeitos adversos, como taquicardia, arritmias ou instabilidade hemodinâmica.
Além disso, a escolha do tratamento farmacológico deve levar em consideração o estado de desenvolvimento dos receptores adrenergicos no recém-nascido, que podem variar entre prematuros e recém-nascidos a termo. Por exemplo, em prematuros, a expressão dos receptores α1 é mais pronunciada, o que pode resultar em uma resposta atenuada à vasodilatação induzida pela dobutamina, fazendo com que seja necessário ajustar a dose ou até considerar terapias combinadas com vasopressores mais potentes, como a noradrenalina ou a vasopressina.
Além disso, é fundamental entender que a escolha do fármaco deve ser baseada em uma análise detalhada do quadro clínico do neonato. Fatores como o tipo de doença cardiovascular, a presença de hipertensão pulmonar, o estado de perfusão e a função renal devem ser cuidadosamente avaliados. A eficácia dos inotrópicos e vasodilatadores não se limita a apenas um aumento imediato na pressão arterial ou no débito cardíaco; os efeitos a longo prazo, incluindo a prevenção de danos a órgãos vitais e a manutenção da homeostase hemodinâmica, são igualmente importantes.
Como Gerenciar Medicamentos e Terapias em Neonatos com Necessidades Especiais
O manejo terapêutico de neonatos, especialmente os que enfrentam complicações decorrentes de intervenções cirúrgicas ou condições clínicas graves, exige um cuidado meticuloso no uso de medicamentos. A administração de fármacos nesta faixa etária requer um conhecimento preciso sobre os efeitos colaterais, as doses seguras e as interações medicamentosas que podem ocorrer em um organismo tão sensível e em desenvolvimento. A seguir, discutem-se diversos medicamentos utilizados em neonatos com condições específicas, suas características e os cuidados necessários.
Lorazepam, conhecido pela marca Ativan, é amplamente utilizado no tratamento de crises epilépticas, particularmente em casos de status epiléptico. A dosagem recomendada é de 0,05 mg/kg por via intravenosa (i.v.), administrada lentamente ao longo de 2 a 5 minutos. No entanto, devido à presença de álcool benzílico em sua formulação, o uso de Lorazepam deve ser cauteloso, especialmente em bebês prematuros, devido ao risco de toxicidade e mioclonia. O medicamento deve ser diluído com água estéril antes da infusão, e é importante que seja administrado por uma linha intravenosa dedicada, pois pode haver problemas de compatibilidade com outros medicamentos. Além disso, deve-se ter cuidado redobrado em caso de disfunção hepática, dado que a metabolização do fármaco pode ser alterada.
O Sulfato de Magnésio é utilizado em neonatos com hipomagnesemia, com a dosagem variando de 25 a 50 mg/kg por dose intravenosa, administrada a cada 8 a 12 horas. Este fármaco deve ser infundido lentamente ao longo de 2 a 4 horas, e sua administração deve ser cuidadosamente monitorada para evitar a superdosagem, não ultrapassando 1 mEq/kg/h. A compreensão dos valores de dose e a capacidade do organismo do neonato para metabolizar o magnésio são cruciais para evitar complicações, como a toxicidade.
Os Triglicerídeos de Cadeia Média (MCT), encontrados no óleo MCT, são frequentemente utilizados em neonatos prematuros, ajudando a fornecer uma fonte adicional de calorias. É importante destacar que os MCT não fornecem ácidos graxos essenciais, pois contêm apenas gorduras saturadas. Sua administração deve ser feita com cuidado, pois o excesso de calorias pode prejudicar o equilíbrio nutricional da criança. A dosagem usual é de 0,2-0,3 mL por alimentação, a cada 3 horas, o que equivale a aproximadamente 7,7 calorias por mL.
A Cefepima, um antibiótico de amplo espectro, também tem seu papel na terapia neonatal. No entanto, a administração deste medicamento exige precisão, pois ele é frequentemente restrito por critérios institucionais e pode necessitar de aprovação por um especialista em doenças infecciosas. A cefepima é eficaz no tratamento de infecções por patógenos aeróbicos gram-negativos e gram-positivos, mas seu uso deve ser monitorado de perto, especialmente em casos de comprometimento renal, ajustando-se a dosagem conforme necessário.
Em relação ao tratamento da Síndrome de Abstinência Neonatal, a metadona pode ser administrada em doses que variam de 0,05 a 0,2 mg/kg, com intervalo de 12 a 24 horas, dependendo da condição clínica. Devido à meia-vida prolongada da metadona, a descontinuação do tratamento deve ser feita de forma gradual, com redução de 10% a 20% da dose semanalmente. A metadona também interage com outros medicamentos, como carbamazepina, fenitoína e rifampicina, que podem acelerar seu metabolismo, precipitando sintomas de abstinência.
O uso de Methylprednisolona (Solu-Medrol) no tratamento de quadros de asma grave em neonatos exige atenção, pois este medicamento só pode ser administrado na forma de succinato de sódio intravenoso. Além disso, os neonatos prematuros devem ser monitorados durante o uso de corticosteróides, pois esses medicamentos podem interferir na maturação pulmonar e no processo de desmame ventilatório.
O Metoclopramida (Reglan) é um agente utilizado para aumentar a motilidade gástrica e é administrado em doses de 0,1 mg/kg a cada 6 horas, por via intravenosa ou oral. No entanto, seu uso deve ser restrito em neonatos devido ao risco de reações extrapiramidais, como discinesia tardia e cistónia. Este medicamento atua como um antagonista potente dos receptores de dopamina, o que pode interferir na função neurológica.
Em relação ao tratamento antifúngico, o Micafungin é utilizado para tratar infecções fúngicas graves e resistentes, especialmente em neonatos com sepse persistente ou fungemia. O Micafungin pode ser administrado em doses de 10 mg/kg/dia intravenosamente, mas, assim como outros antifúngicos, deve ser monitorado quanto a possíveis efeitos adversos no sistema hematológico e hepático.
Além disso, a administração de analgésicos e sedativos, como a morfina, deve ser feita com extrema cautela, principalmente em neonatos com síndrome de abstinência neonatal. A morfina é frequentemente administrada em doses que variam de 0,05 a 0,2 mg/kg a cada 4 horas, sendo fundamental o monitoramento rigoroso de sinais vitais, como depressão respiratória e saturação de oxigênio.
Finalmente, outros fármacos como a Nistatina, Octreotide, Omeprazol, e Naloxona também desempenham papéis importantes no tratamento neonatal, seja no controle de candidíase oral, hipoglicemia persistente, refluxo gastroesofágico ou depressão respiratória induzida por opioides. O uso desses medicamentos deve sempre ser realizado sob supervisão médica especializada, garantindo que cada intervenção seja feita de acordo com as necessidades clínicas específicas do neonato.
Ao tratar neonatos, é imprescindível considerar o estágio de desenvolvimento do organismo e as respostas fisiológicas que podem ser muito diferentes das observadas em crianças mais velhas ou adultos. A administração de medicamentos, especialmente em contextos críticos, exige atenção redobrada às dosagens, interações e efeitos colaterais. Além disso, a monitorização contínua dos sinais vitais e da função dos órgãos é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

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