Os metilxantinas, como cafeína e teofilina, têm mostrado uma série de efeitos benéficos em neonatos com problemas respiratórios, particularmente aqueles que enfrentam apneia. Essas substâncias, ao serem administradas, afetam diversos aspectos do sistema respiratório e muscular, contribuindo para a melhoria do controle da respiração e da função dos músculos respiratórios. A seguir, exploramos os principais mecanismos através dos quais os metilxantinas atuam, com ênfase nas suas implicações clínicas.

A estimulação do centro respiratório é um dos efeitos primários mais estudados da cafeína e da teofilina. Ambas as substâncias aumentam a ventilação minuto, diminuem a pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2) e aumentam diversos índices de atividade neural respiratória. Pesquisas com animais e recém-nascidos demonstraram que, com a administração de teofilina, ocorre uma diminuição do limiar de CO2 e um aumento da sensibilidade a esse gás, fatores que são cruciais para o controle da respiração. Em estudos com recém-nascidos e gatos, a cafeína tem mostrado aumentar o fluxo inspiratório médio (volume corrente/tempo inspiratório), a pressão gerada após a oclusão das vias aéreas e a ventilação minuto. Esse efeito ocorre principalmente em doses adequadas, com uma resposta ventilatória ideal observada em doses de 10 mg/kg em recém-nascidos. A cafeína também interage com o CO2, facilitando uma ventilação mais eficiente em condições de isocapnia.

Além de sua ação central no controle respiratório, a cafeína e a teofilina também são conhecidas por melhorar a função muscular respiratória. A teofilina, por exemplo, aumenta a eficiência do diafragma, melhorando a contração muscular e reduzindo o tempo de recuperação de músculos fatigados. Esse efeito é particularmente importante para neonatos com apneia, uma vez que a fadiga dos músculos respiratórios é uma das causas principais dessa condição. O aumento da eficiência muscular pode, portanto, ser parcialmente responsável pelos efeitos anti-apneicos observados após a administração desses xantinas.

Além dos efeitos sobre a respiração e os músculos, os metilxantinas também influenciam outros mecanismos fisiológicos que podem contribuir para sua ação terapêutica. Entre esses fatores estão a liberação de catecolaminas, a melhoria na homeostase metabólica e alterações nos estados de sono. A elevação na taxa de metabolismo e nos níveis de catecolaminas pode resultar em uma melhor oxigenação e aumento do débito cardíaco. Além disso, mudanças na homeostase metabólica, como o aumento da glicose sanguínea, podem reduzir a frequência de episódios de apneia. O aumento na transmissão neuromuscular também está relacionado a uma melhora no tônus muscular, o que, por sua vez, favorece uma maior capacidade de oxigenação no neonato.

Outro mecanismo importante é a modulação dos receptores de adenosina. Os metilxantinas, como cafeína e teofilina, bloqueiam os receptores A1 e A2a de adenosina, substância com papel crucial no controle da respiração. A adenosina possui um efeito inibitório potente sobre a respiração, e a administração de xantinas pode reverter essa depressão respiratória, ao antagonizar os efeitos da adenosina. Isso sugere que parte da eficácia dos xantinas na redução da frequência de apneia no neonato pode ser explicada pela ativação do sistema nervoso central (SNC) mediada pelo bloqueio de adenosina.

No que se refere à farmacocinética dos metilxantinas, tanto a cafeína quanto a teofilina têm perfis de eliminação prolongados em recém-nascidos em comparação aos adultos, o que implica na necessidade de ajustes nas doses e no monitoramento terapêutico. A meia-vida da cafeína, por exemplo, pode ser de até 100 horas em recém-nascidos, muito mais longa do que a da teofilina, que é de cerca de 30 horas. Essa diferença no tempo de eliminação implica que a cafeína pode ser administrada em doses mais esparsas, ao contrário da teofilina, que exige um acompanhamento mais rigoroso dos níveis plasmáticos. Para a teofilina, as concentrações terapêuticas recomendadas são entre 5 e 15 mg/L, enquanto para a cafeína, elas variam entre 5 e 20 mg/L. Devido à variabilidade interindividual dos perfis farmacocinéticos, é crucial ajustar as doses com base nos níveis plasmáticos, garantindo, assim, a eficácia do tratamento.

No entanto, é importante que o tratamento com metilxantinas não seja encarado como uma solução isolada, mas sim parte de uma abordagem multifacetada. É fundamental que os profissionais de saúde compreendam o equilíbrio entre os efeitos terapêuticos e os potenciais riscos associados, como a toxicidade por doses excessivas, que pode ocorrer devido à lentidão na metabolização dessas substâncias em neonatos. A monitorização cuidadosa dos níveis plasmáticos, especialmente da teofilina, deve ser parte integrante do tratamento, e ajustes baseados no acompanhamento contínuo são essenciais.

Além disso, deve-se considerar que, apesar de sua eficácia, os xantinas não resolvem as causas subjacentes dos distúrbios respiratórios neonatais, como a imaturidade pulmonar e as disfunções metabólicas. Por isso, o uso dessas substâncias deve ser sempre combinado com outras formas de suporte respiratório e cuidados neonatais, conforme o caso.

Como os Corticosteroides e os Bloqueadores Neuromusculares Afetam Pacientes Críticos

O uso de corticosteroides no tratamento de condições neuromusculares, como a miastenia gravis, e a gestão de sedação em ambientes críticos têm sido tópicos amplamente estudados e debatidos. A miastenia gravis é uma doença autoimune que afeta a transmissão neuromuscular, levando à fraqueza muscular progressiva. O tratamento convencional com corticosteroides, como a prednisolona, e a adição de medicamentos imunossupressores, como a azatioprina, têm mostrado benefícios, mas também impõem desafios no manejo a longo prazo, especialmente em pacientes críticos.

Estudos demonstram que o uso prolongado de corticosteroides pode ser eficaz na modulação da resposta imunológica, mas também aumenta o risco de complicações, como a osteoporose e o aumento da suscetibilidade a infecções. A combinação de corticosteroides com outros medicamentos, como os imunossupressores, pode proporcionar melhor controle da doença, mas essa abordagem deve ser cuidadosamente monitorada devido aos efeitos adversos no sistema imunológico e na função muscular.

A sedação e o bloqueio neuromuscular em unidades de terapia intensiva (UTI) também são temas cruciais no manejo de pacientes gravemente enfermos. A administração de sedativos e analgésicos, como o midazolam e a dexmedetomidina, juntamente com bloqueadores neuromusculares, pode ser necessária para garantir a segurança do paciente durante procedimentos invasivos ou para controlar sintomas em pacientes com doenças neuromusculares graves. No entanto, a escolha do agente sedativo e a dosagem devem ser feitas com cuidado, considerando os potenciais efeitos colaterais, como a depressão respiratória e a disfunção neuromuscular.

Estudos recentes indicam que o uso de sedativos e bloqueadores neuromusculares em pacientes críticos deve ser individualizado, levando em consideração a gravidade da condição, as comorbidades e a resposta do paciente ao tratamento. A administração de medicamentos como o sugammadex, que reverte os efeitos dos bloqueadores neuromusculares, tem sido cada vez mais comum para garantir uma recuperação mais rápida e segura da função muscular.

Além disso, os riscos associados ao uso prolongado de sedativos em crianças e neonatos são um ponto de preocupação. A administração de sedativos, como o propofol e o etomidato, pode levar a efeitos adversos no desenvolvimento neurológico, especialmente em pacientes pediátricos. Pesquisas mostram que a exposição prolongada a esses medicamentos pode estar associada a alterações na neurodesenvolvimento e ao risco de neurotoxicidade. Estudos em modelos experimentais indicam que substâncias como o etomidato podem causar apoptose neuronal em cérebros em desenvolvimento, resultando em déficits cognitivos e comportamentais a longo prazo.

A monitorização constante do nível de sedação e o uso de escalas padronizadas, como a Escala de Agitação e Sedação de Richmond (RASS), tornam-se ferramentas essenciais para garantir que a sedação esteja adequadamente ajustada às necessidades do paciente. Além disso, o uso de monitoramento contínuo de EEG, como o índice bispectral (BIS), tem mostrado grande eficácia em avaliar a profundidade da sedação em ambientes críticos, permitindo ajustes em tempo real.

O uso de medicamentos para o manejo da dor e da sedação deve ser complementado por estratégias para minimizar o estresse e o sofrimento dos pacientes, principalmente em ambientes pediátricos. As escalas de avaliação da dor, como a escala FLACC (Face, Legs, Activity, Cry, Consolability), são amplamente utilizadas para monitorar o nível de desconforto de crianças internadas em UTIs. Essas ferramentas ajudam os profissionais de saúde a ajustar o regime de analgésicos e sedativos, garantindo que o tratamento seja o mais eficaz e o menos prejudicial possível.

Entender os efeitos a longo prazo do uso de medicamentos em pacientes críticos é vital para um manejo adequado. O tratamento com corticosteroides e sedativos deve ser cuidadosamente monitorado, levando em consideração as características individuais de cada paciente, suas comorbidades e a resposta terapêutica. Além disso, a prevenção de complicações relacionadas ao uso de bloqueadores neuromusculares e sedativos, bem como a promoção de intervenções que minimizem os efeitos negativos a longo prazo, como a neurotoxicidade e o risco de distúrbios neuromusculares, devem ser prioridades no cuidado intensivo.

Quais são os cuidados e tratamentos essenciais para a dermatite atópica e infecções cutâneas?

É importante estar atento aos sinais e sintomas de hipercalcemia ao utilizar tratamentos tópicos como o calcipotrieno. Sintomas como fadiga, confusão, perda de apetite, dor de cabeça, náusea, vômito, constipação e aumento da frequência urinária devem ser monitorados com atenção. Caso algum desses sintomas se desenvolva, o tratamento com calcipotrieno deve ser imediatamente descontinuado e o prescritor deve ser contatado. A hipercalcemia associada ao calcipotrieno geralmente se reverte rapidamente após a interrupção do uso do medicamento.

O crisaborol, um inibidor tópico da fosfodiesterase-4 (PDE-4), é uma opção de tratamento de segunda linha para a dermatite atópica de leve a moderada. Seu uso está mais restrito devido ao custo e ao tempo limitado de mercado, desde que se tornou disponível nos Estados Unidos apenas em 2016. Ele se encaixa nas diretrizes da Academia Americana de Dermatologia de 2014, que recomendam hidratação com emolientes, hidratantes e corticosteróides tópicos (TCSs) como tratamento de primeira linha para a dermatite atópica. Os estudos clínicos demonstraram uma melhora significativa na avaliação global do investigador e na prurido (coceira) em pacientes tratados com crisaborol, comparado ao controle veicular. Uma vantagem desse medicamento é sua boa tolerabilidade em áreas faciais e intertriginosas (como as dobras de pele), o que o torna uma opção útil em pacientes com esses locais comprometidos. Crisaborol é aprovado para crianças com mais de 2 anos e para adultos com dermatite atópica de leve a moderada, proporcionando alívio dos sintomas associados.

O mecanismo de ação do crisaborol envolve a inibição da fosfodiesterase-4, uma enzima que, quando bloqueada, suprime a produção de citocinas e espécies reativas de oxigênio, desempenhando um papel essencial em várias cascatas inflamatórias. Esse mecanismo é o mesmo utilizado pelo medicamento oral apremilast (Otezla), indicado para psoríase, mostrando a importância dessa enzima em diversas condições dermatológicas. O crisaborol é amplamente ligado às proteínas no sangue (97%) e é metabolizado nos rins. O efeito adverso mais comum do crisaborol é a sensação de queimação ou dor no local da aplicação, especialmente nos lábios, mas geralmente é de intensidade leve a moderada e tende a desaparecer após 24 horas. Reações de hipersensibilidade, como urticária de contato, também foram observadas, e o uso prolongado tem mostrado uma quantidade mínima de efeitos adversos, tornando-o relativamente seguro a longo prazo.

Quando se trata de antibióticos tópicos, seu uso é essencial no tratamento de infecções superficiais de pele, como cortes, queimaduras e abrasões, para prevenir infecções bacterianas. Historicamente, as sociedades primitivas já usavam antimicrobianos derivados de animais, minerais e plantas para tratar infecções e promover a cicatrização. Hoje, os antibióticos tópicos são indicados principalmente para ferimentos menores e queimaduras, sendo importante escolher o tipo correto para cada situação. Para acne vulgar, os antimicrobianos tópicos podem ter uma eficácia reduzida devido ao aumento de cepas resistentes de Propionibacterium.

No caso de queimaduras pediátricas, a proliferação microbiana nas feridas pode retardar significativamente a cicatrização. Dentro de 48 horas após a lesão, as bactérias como Staphylococcus aureus, Corynebacterium e Streptococcus são as principais responsáveis pela infecção. Para queimaduras de primeiro grau, que não apresentam risco de infecção, os antimicrobianos não são necessários. Para queimaduras de segundo grau, o uso de bacitracina ou sulfato de polimixina B é eficaz. Já para queimaduras mais graves (segunda e terceira grau), o uso de sulfadiazina de prata ou mafenida acetato é recomendado para promover a cicatrização.

No tratamento da impetigo, uma infecção cutânea comum entre crianças e adolescentes, causada por Staphylococcus aureus e/ou Streptococcus pyogenes, o uso de antibióticos tópicos como mupirocina e ácido fusídico pode ser eficaz. A aplicação desses medicamentos é crucial para reduzir a propagação da infecção e diminuir a duração dos sintomas.

A escolha de antibióticos tópicos pode ser complexa, pois envolve vários tipos de formulações como cremes, pomadas, soluções e géis, cada um com indicações, efeitos colaterais e custos diferentes. O uso excessivo e prolongado de qualquer antibiótico tópico pode resultar em resistência bacteriana, tornando o tratamento menos eficaz. Por isso, os médicos recomendam a alternância entre diferentes agentes antimicrobianos e o uso de combinações para evitar resistência e melhorar os resultados terapêuticos. Em bebês e crianças, é necessário um cuidado ainda maior na escolha dos agentes, pois alguns antibióticos podem causar reações adversas severas.

Além disso, é essencial compreender que a resistência aos antibióticos tópicos é um problema crescente e, por isso, a aplicação deve ser feita de forma consciente e sempre conforme orientação médica, com o objetivo de minimizar os riscos e melhorar a eficácia do tratamento. A escolha do tratamento adequado depende não apenas do tipo de infecção, mas também da resistência local dos patógenos e da sensibilidade do paciente aos medicamentos.

Como a Farmacogenômica e a Quimioterapia Combinada Podem Impactar o Tratamento do Câncer Pediátrico

O uso de agentes quimioterápicos na oncologia pediátrica apresenta desafios significativos devido à variabilidade no metabolismo e na resposta terapêutica dos pacientes. Embora os fármacos quimioterápicos sejam eficazes no tratamento de diversas formas de câncer, sua administração requer um conhecimento profundo das interações genéticas e farmacológicas. A farmacogenômica, a área que estuda como as variações genéticas influenciam a resposta aos medicamentos, tem um papel crescente na personalização do tratamento oncológico, especialmente no contexto de crianças com câncer.

Embora o etoposídeo seja amplamente utilizado no tratamento de câncer infantil, estudos indicam que a sua depuração renal é influenciada pelo clearance de creatinina, mas não pela função hepática alterada. Isso sugere que, em pacientes com disfunção renal, a dose de etoposídeo deve ser reduzida, enquanto em pacientes com função hepática comprometida, ajustes de dosagem podem não ser necessários. Essa observação aponta para uma necessidade crítica de individualizar o tratamento com base em parâmetros específicos de cada paciente, principalmente quando se trata de crianças com sistemas metabólicos em desenvolvimento.

Outro aspecto relevante é o metabolismo dos alcaloides da vinca, que ainda é mal compreendido, apesar de sua utilização em oncologia pediátrica. Sabe-se que os caminhos enzimáticos CYP3A4 e CYP3A5 desempenham um papel na metabolização desses fármacos. No entanto, as variações genéticas nos enzimas metabolizadores de drogas, como o sistema P450 e as reações de conjugação, afetam diretamente a resposta ao tratamento. Polimorfismos genéticos, como os encontrados no gene TPMT (tiopurina metiltransferase), têm mostrado influências significativas na toxicidade dos medicamentos quimioterápicos. A descoberta de tais variações permitiu que, em 2004, a informação sobre o TPMT fosse incluída no rótulo dos medicamentos, ajudando a prevenir reações adversas graves.

A ototoxicidade induzida pelo cisplatina também está relacionada a variações genéticas, como aquelas observadas no gene XPC. Embora esses polimorfismos possam aumentar o risco de toxicidade, o ajuste de dose com base nessa variação não é recomendado atualmente. Por outro lado, a deficiência na enzima diidropririmidina desidrogenase (DPD), que afeta a metabolização do fluorouracil, pode resultar em toxicidade severa, levando a riscos elevados durante o tratamento. Da mesma forma, polimorfismos no promotor do gene UGT1A1 reduzem a glucuronidação do metabolito ativo do irinotecano, SN-38, aumentando a probabilidade de neutropenia. Tais descobertas destacam a importância da farmacogenômica no ajuste preciso da dosagem de medicamentos quimioterápicos, minimizando os efeitos adversos e aumentando a eficácia do tratamento.

No entanto, a farmacogenômica ainda é um campo em desenvolvimento, e muitos fármacos ainda carecem de dados suficientes para recomendações de dosagem específicas. As associações entre genes e medicamentos continuam a ser investigadas, e novas descobertas podem, no futuro, permitir uma personalização ainda mais refinada das terapias. Isso inclui a análise de variantes genéticas associadas à metabolização de outros medicamentos, como carboplatina, metotrexato, ciclofosfamida e irinotecano, que têm uma correlação moderada com a resposta ao tratamento, mas não possuem recomendações claras de ajuste de dosagem baseadas em variabilidade genética.

Quando se trata de quimioterapia combinada, a escolha de múltiplos agentes é uma estratégia que tem mostrado grande eficácia. Desde os primeiros dias do tratamento do câncer infantil, os tratamentos com múltiplos medicamentos demonstraram melhores resultados, tanto em termos de número de remissões quanto na sua duração. Isso está em consonância com o modelo de resistência a medicamentos de Goldie-Coldman, que sugere que a resistência a um único agente surge de uma mutação genética espontânea em uma célula tumoral. No entanto, a probabilidade de resistência a múltiplos fármacos simultaneamente é muito menor, uma vez que a chance de múltiplas mutações ocorrerem em uma única célula é o produto das probabilidades de cada mutação individual. Dessa forma, mesmo que uma célula ou subpopulação seja resistente a um dos medicamentos da combinação, outros agentes ainda devem ser eficazes.

Contudo, o modelo de Goldie-Coldman não contempla totalmente a resistência múltipla a drogas, que pode ocorrer devido à amplificação do gene mdr1, levando à resistência a uma vasta gama de agentes antineoplásicos, incluindo aqueles aos quais o tumor nunca foi exposto. Em geral, os fármacos escolhidos para combinações devem demonstrar atividade única contra o tipo de tumor para o qual a combinação está sendo planejada. Além disso, a seleção dos fármacos deve considerar a ausência de resistência cruzada entre os medicamentos, ou seja, os mecanismos de resistência dos tumores devem ser distintos para cada droga utilizada. Idealmente, esses agentes devem atuar sinergicamente, atingindo a mesma via biológica de diferentes maneiras.

Além disso, é fundamental que os fármacos escolhidos para a combinação apresentem toxicidades não sobrepondo-se, o que permitirá a administração de todas as substâncias nas doses máximas toleradas, sem aumentar significativamente os efeitos colaterais. No entanto, é importante lembrar que o desenvolvimento e a combinação de terapias devem ser orientados por um profundo entendimento da farmacologia clínica dos agentes anticâncer individuais.

Em pacientes pediátricos, a abordagem de dosagem com base na área de superfície corporal (BSA) é amplamente utilizada. No entanto, esta fórmula apresenta limitações, especialmente em crianças menores, onde as discrepâncias no crescimento e na função dos órgãos excretores tornam os cálculos imprecisos. Mesmo que se administre a mesma dose para todas as crianças, os parâmetros farmacocinéticos podem variar significativamente, com diferenças de até dez vezes na concentração do medicamento no organismo. Essa variabilidade reforça a necessidade de ajustar o tratamento conforme o desenvolvimento físico e metabólico de cada paciente, utilizando tecnologias cada vez mais sofisticadas para monitorar e ajustar a terapia.

Como a Osmolaridade e a Substituição de Eletrolitos Afetam os Cuidados Neonatais

A osmolaridade das soluções intravenosas (IV) é uma medida essencial para garantir a segurança e eficácia do tratamento de neonatos, principalmente em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN). Esta medida, expressa em mOsm/L, representa a concentração de partículas dissolvidas em uma solução e é crucial na escolha de fluídos para reposição hídrica e eletrólitos, levando em conta a necessidade específica do bebê e as possíveis interações com outros medicamentos administrados.

As soluções intravenosas mais comuns, como a solução salina normal (NS) em diferentes concentrações, dextrose em água (D5W), e suas combinações, possuem osmolaridades variáveis, que afetam diretamente a transferência de líquidos entre os compartimentos do corpo e podem influenciar a dinâmica da pressão sanguínea, o funcionamento renal e o equilíbrio ácido-base. Por exemplo, uma solução 0,9% de NS tem uma osmolaridade de 308 mOsm/L, enquanto uma solução Dextrose 10% em água pode alcançar 505 mOsm/L. Isso reflete o número de partículas de soluto, como sais, açúcares ou outros compostos, presentes na solução.

A substituição de eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio, magnésio e fosfato, é outro aspecto fundamental nos cuidados neonatais. Neonatos, especialmente os prematuros, têm requisitos diários específicos de cada um desses minerais, que devem ser administrados de maneira precisa para evitar desequilíbrios que podem levar a complicações graves. A quantidade de cada eletrólito administrada depende de vários fatores, como a idade gestacional, peso e condição clínica do bebê.

A administração de potássio, por exemplo, deve sempre ser diluída, especialmente em prematuros, para evitar o risco de toxicidade. Os níveis de potássio devem ser monitorados de perto, pois flutuações podem resultar em arritmias cardíacas graves. A infusão deve ser feita lentamente, monitorando-se continuamente o paciente para detectar quaisquer sinais de distúrbios cardíacos.

O magnesio também é um mineral vital, e sua substituição é frequentemente necessária em casos de hipomagnesemia, com doses que variam de 25 a 50 mg/kg. A administração de magnésio deve ser feita com cuidado, pois doses elevadas podem levar a hipotensão ou depressão respiratória. Em situações de hipomagnesemia severa, a infusão intravenosa deve ser realizada lentamente, com monitoramento rigoroso da pressão arterial e dos sinais vitais.

O cálcio, essencial para a função muscular e a coagulação sanguínea, também requer reposição cuidadosa. O cálculo da dosagem para neonatos depende do nível de cálcio sérico e da necessidade clínica. As soluções intravenosas contendo cálcio não podem ser administradas junto com fosfato devido ao risco de formação de precipitados que podem causar danos teciduais severos. O cálcio também deve ser monitorado de perto, uma vez que uma infusão rápida pode induzir arritmias e bradicardia.

Quando se trata de fosfato, a reposição é mais desafiadora. Os neonatos frequentemente apresentam níveis mais altos de fosfato sérico devido à maior capacidade de reabsorção tubular proximal. No entanto, é fundamental seguir um protocolo rigoroso ao administrar fosfato intravenoso, uma vez que doses excessivas podem levar à redistribuição rápida para compartimentos intracelulares ou ossos, resultando em hipocalcemia.

O sódio, um dos eletrólitos mais críticos no contexto neonatal, deve ser corrigido cuidadosamente. A hiponatremia, por exemplo, exige uma reposição gradual para evitar alterações neurológicas graves, como edema cerebral. O cálculo da reposição envolve a diferença entre o sódio desejado e o atual, multiplicado por um fator de correção que leva em consideração o peso do paciente. A administração de soluções hipertônicas, como a solução salina a 3%, deve ser restrita a situações de emergência, pois pode causar danos adicionais aos vasos sanguíneos e ao sistema respiratório.

Os cuidados com a osmolaridade das soluções e a reposição de eletrólitos não devem ser vistos isoladamente. Essas práticas exigem um acompanhamento constante, levando em consideração a resposta clínica de cada paciente e os possíveis efeitos adversos das terapias. O profissional de saúde deve estar ciente das especificidades dos neonatos, como a diferença na capacidade renal e as variações fisiológicas, que podem alterar a forma como os eletrólitos são metabolizados e excretados.

Além disso, é importante lembrar que a substituição de eletrólitos nunca deve ser tratada como uma solução padrão. Cada neonato é único, e o tratamento deve ser personalizado com base nas suas necessidades individuais. A monitorização rigorosa de todos os parâmetros relevantes, incluindo os níveis de eletrólitos no sangue, a função renal e o comportamento clínico do paciente, é essencial para evitar complicações.