Nos sistemas não lineares interconectados, o fenômeno de sincronização é fundamental para o desempenho coletivo da rede. Este fenômeno pode ser ilustrado de maneira mais clara ao comparar diferentes abordagens para a sincronização, em que a principal diferença reside no fato de que, em alguns casos, uma trajetória de referência específica, representada pela curva em negrito, não é necessária. Nos problemas envolvendo sistemas não lineares, a ênfase técnica está frequentemente na dinâmica não linear, enquanto que, quando as dinâmicas não lineares assumem uma forma mais simples, o foco geralmente se desloca para a análise do comportamento da rede. Um exemplo clássico de tais dinâmicas simplificadas é dado pela equação (2.20), que incorpora dinâmicas lineares homogêneas como componente principal.

Para esses sistemas simplificados, a sincronização não se limita apenas à saída, mas se estende a todo o estado do sistema. Quando isso ocorre, o termo "consenso" passa a ser utilizado. O consenso, portanto, refere-se a uma situação em que todos os agentes de uma rede alcançam uma trajetória comum em seu comportamento, independentemente de seus estados iniciais. Esse fenômeno pode ser formalizado como segue:

Definição 2.11 (Consenso): Considere um sistema não linear interconectado da forma (2.20). O sistema em malha fechada, equipado com um controlador projetado, alcança consenso se as trajetórias de estado de todos os agentes, partindo de qualquer valor inicial, satisfizerem a condição limt[si(t)sj(t)]=0, i,jN\lim_{t \to \infty}[s_i(t) - s_j(t)] = 0, \ \forall i, j \in N.

Este conceito de consenso se baseia na dinâmica dos sistemas em rede, levando em conta não apenas a interação entre as variáveis dos agentes, mas também as incertezas que podem surgir devido a características não lineares e perturbações externas. Em um cenário ideal, em que as incertezas podem ser modeladas como não lineares homogêneas e bem definidas, as trajetórias de consenso podem ser obtidas por uma evolução dinâmica mais simples. Nesse contexto, a dinâmica do padrão se transforma na equação:

s˙0=As(s0)\dot{s}_0 = A_s(s_0)

onde AsA_s é a matriz que representa o comportamento dinâmico homogêneo do sistema.

No entanto, quando as incertezas assumem a forma de perturbações não lineares, essas devem ser removidas da dinâmica do padrão. Assim, a equação para a dinâmica do padrão se torna uma forma simplificada, onde As(s0)A_s(s_0) reflete apenas as contribuições determinísticas e não afetadas por essas incertezas externas. Este tipo de análise leva à definição de consenso dentro de um padrão, conforme apresentado pela Definição 2.12 (Consenso no Padrão):

Definição 2.12 (Consenso no Padrão): Considere um sistema não linear interconectado da forma (2.20). O sistema em malha fechada, equipado com um controlador projetado, alcança consenso no padrão descrito por s0(t)s_0(t) se existir uma trajetória s0(t)s_0(t) que satisfaça a equação de padrão (2.68), tal que as trajetórias de estado de todos os agentes, partindo de qualquer valor inicial, satisfaçam a condição limt[si(t)s0(t)]=0, iN\lim_{t \to \infty}[s_i(t) - s_0(t)] = 0, \ \forall i \in N.

A análise que segue leva em consideração o comportamento de sistemas com incertezas não lineares e propõe uma condição matemática para garantir que o consenso seja alcançado dentro de um padrão específico. Um critério que garante a obtenção de consenso mesmo na presença de perturbações não lineares é estabelecido no Lema 2.5. Este critério observa que, se o sistema não linear interconectado (2.20) com controlador atingir consenso, conforme a Definição 2.11, e satisfizer a condição

limt[(lTEs)g(s(t),w)+(lTBs)u(t)]=0, exponencialmente,\lim_{t \to \infty} \left[ (l^T \otimes E_s) g(s(t), w) + (l^T \otimes B_s) u(t) \right] = 0, \ \text{exponencialmente},

para um vetor lRNl \in \mathbb{R}^N com lT1=1l^T 1 = 1, então o sistema também alcança consenso no padrão (2.68) de acordo com a Definição 2.12.

Isso implica que, mesmo diante de incertezas e perturbações, existe uma solução de consenso que assegura a convergência das trajetórias dos agentes para um padrão acordado, como descrito pela equação (2.68). A estabilidade do sistema é garantida pela estrutura dinâmica associada à matriz Laplaciana do grafo, que define as interações entre os agentes.

No que diz respeito ao comportamento da rede, a natureza das interações entre os agentes e os modelos de controle aplicados desempenham um papel crucial. Em sistemas lineares, quando as incertezas g(s(t),w)=0g(s(t), w) = 0, a condição para alcançar o consenso no padrão é automaticamente atendida. No entanto, em cenários com perturbações não lineares, a análise se torna mais complexa, exigindo uma abordagem cuidadosa para garantir a convergência das trajetórias ao padrão desejado.

É importante notar que o comportamento assintótico do sistema, ou seja, a convergência das trajetórias dos estados dos agentes para um padrão comum, é garantido sob certas condições que envolvem tanto a escolha adequada do controlador quanto a interação entre os agentes na rede. O controle adequado é vital para minimizar os efeitos das incertezas e garantir a estabilidade e o consenso dentro da rede.

Além disso, a rede como um todo pode ser analisada por meio de ferramentas da teoria dos grafos, como a matriz Laplaciana, que revela propriedades estruturais fundamentais da rede e determina a conectividade e a eficácia do processo de consenso. Compreender como essas propriedades se relacionam com a dinâmica do sistema pode fornecer insights valiosos sobre como projetar controladores mais eficientes e garantir a convergência das trajetórias de estado.

Como Homogeneizar Sistemas Não Lineares Heterogêneos com Perturbações Incertas

Neste capítulo, abordamos a homogenização de sistemas não lineares heterogêneos, com foco em sistemas de múltiplos agentes (MAS) sujeitos a dinâmicas não lineares e incertezas. Esses sistemas são descritos pela equação (5.1), onde as não linearidades estão associadas ao input por meio de Es=Bs\mathbf{E}_s = \mathbf{B}_s, resultando na forma:

s˙i=Aisi+Bi[gi(si,wi)+ui],iN.\dot{s}_i = A_i s_i + B_i [g_i(s_i, w_i) + u_i], \quad i \in \mathbb{N}.

Este modelo incorpora uma parte linear homogênea, similar à equação (2.17), com um termo não linear gi(si,wi)g_i(s_i, w_i), que representa uma perturbação dinâmica. A principal questão que se coloca é como aplicar um controlador que consiga lidar com as incertezas não lineares e ao mesmo tempo garantir que o sistema como um todo mantenha uma componente homogênea, preservando o consenso entre os agentes.

A homogenização é uma abordagem que visa equilibrar as não linearidades heterogêneas, tratando essas incertezas de forma que, no sistema de malha fechada, o comportamento homogêneo seja preservado. Isso não pode ser realizado através de uma simples anulação direta das não linearidades, devido à presença de incertezas nos termos não lineares.

No decorrer deste capítulo, exploramos como a técnica de homogenização pode ser aplicada a sistemas de primeira e segunda ordens. A primeira seção aborda os sistemas de primeira ordem, que têm uma dinâmica simples, caracterizada por integrais simples nos estados dos agentes.

5.1 Dinâmica de Primeira Ordem

Para sistemas com dinâmicas de primeira ordem, a equação (5.2) descreve o comportamento dos agentes com incertezas não lineares heterogêneas. Aqui, a função gi(si,wi)g_i(s_i, w_i) caracteriza as não linearidades dos agentes em presença de um vetor de parâmetros desconhecidos wiw_i, que pertence a um conjunto compacto WiW_i. O sistema também é equipado com uma rede de comunicação, conforme a equação (2.22), que deve satisfazer a suposição 2.1. A função gi(si,wi)g_i(s_i, w_i) é suavemente diferenciável, e sua derivada é limitada por uma função não linear di(si)d_i(s_i), dada por:

gi(si,wi)sidi(si),iN.\left| \frac{\partial g_i(s_i, w_i)}{\partial s_i} \right| \leq d_i(s_i), \quad i \in \mathbb{N}.

Quando wiw_i pertence a um conjunto compacto, existe uma função di(si)d_i(s_i) com um limite inferior positivo, o que é fundamental para garantir que as não linearidades não escapem ao controle. Esse comportamento é crucial para a formulação do controle de consenso, uma vez que o objetivo é obter um consenso global onde os estados sis_i de todos os agentes se igualem.

5.2 Protocolo de Controle e Homogeneização

No cenário em que as incertezas não lineares gi(si,wi)g_i(s_i, w_i) são removidas, um protocolo de consenso simples pode ser aplicado, como o ui=siu_i = -s_i, que é suficiente para garantir o consenso entre os agentes, conforme a seção 3.1. No entanto, a presença de incertezas exige um ajuste adicional no controlador para lidar com as não linearidades. O controlador ajustado é dado por:

ui=si+ξiϵi(si),ξ˙i=dϵi(si)sit,iN.u_i = -s_i + \xi_i - \epsilon_i(s_i), \quad \dot{\xi}_i = -d\epsilon_i(s_i) \frac{\partial s_i}{\partial t}, \quad i \in \mathbb{N}.

Esse controlador pode ser expresso de forma compacta como:

u=Ls+ξϵ(s),ξ˙=E(s)Ls,u = - Ls + \xi - \epsilon(s), \quad \dot{\xi} = - E(s)Ls,

onde ϵ(s)=col(ϵ1(s1),,ϵN(sN))\epsilon(s) = \text{col}(\epsilon_1(s_1), \dots, \epsilon_N(s_N)) é uma função não linear vetorial, ξ=col(ξ1,,ξN)\xi = \text{col}(\xi_1, \dots, \xi_N) é o vetor compensador, e E(s)E(s) é a matriz jacobiana associada a ϵ(s)\epsilon(s).

5.3 Condições para Consenso

Um teorema importante que regula a aplicação do controlador (5.9) para garantir o consenso no sistema fechado é expresso na seguinte condição sobre o parâmetro ρ\rho:

ρ>1+2PWLUλPFratio.\rho > 1 + 2 \|P W\| \|L U\| \lambda_P F_{\text{ratio}}.

Esse critério fornece as condições necessárias para que o sistema alcance o consenso, levando em consideração o comportamento dinâmico dos perturbadores não lineares.

A demonstração de estabilidade exponencial do ponto de equilíbrio col(ζ,δ)=0\text{col}(\zeta, \delta) = 0 é fundamental para garantir que, mesmo com as incertezas não lineares, o sistema será capaz de alcançar uma configuração estável de consenso.

Considerações Importantes

Além da homogeneização dos sistemas não lineares heterogêneos, é crucial compreender que a estabilidade do sistema em consenso não é garantida apenas pela simples presença de um controlador adequado. A análise das condições de estabilidade requer a consideração de diversos fatores, como a suavidade das funções não lineares, as características da rede de comunicação, e a interação entre as incertezas dos parâmetros wiw_i.

A abordagem de homogeneização que propomos não apenas ajuda a ajustar as dinâmicas do sistema para garantir o consenso, mas também enfatiza a necessidade de um controle dinâmico que responda adequadamente às perturbações. O sucesso da aplicação desse método está intimamente ligado ao correto balanceamento entre as partes homogêneas e não homogêneas do sistema, o que requer uma análise rigorosa dos parâmetros e do comportamento de cada agente dentro da rede.

Como Garantir a Estabilidade de Sistemas Alternados em Redes de Comutação?

A estabilidade de sistemas alternados é um tema central no estudo de redes de comutação, especialmente quando essas redes são usadas para controlar sistemas dinâmicos complexos. Neste contexto, a análise da estabilidade exige ferramentas matemáticas avançadas, além de uma compreensão profunda das condições necessárias para garantir que o sistema se comporte de maneira controlada e previsível ao longo do tempo.

Consideremos o sistema alternado descrito pela equação diferencial

z˙=Jσ(t)z+Bμ,\dot{z} = -J_{\sigma(t)} z + B \mu,

onde z(t)z(t) é o estado do sistema, μ(t)\mu(t) é o vetor de entradas, e BB é a matriz de controle constante. Este tipo de sistema é denominado "sistema alternado", em que a matriz Jσ(t)J_{\sigma(t)} muda com o tempo, dependendo de um sinal de comutação σ(t)\sigma(t). Os sistemas alternados podem ser caracterizados por uma coleção de subsistemas governados pela sequência de comutação σ(t)\sigma(t), e um estudo detalhado da estabilidade desses sistemas envolve analisar o comportamento de soluções para diferentes configurações de σ(t)\sigma(t).

A primeira condição importante para garantir a estabilidade de um sistema alternado é a condição de que a matriz Jσ(t)J_{\sigma(t)} seja semidefinida positiva. Ou seja, deve-se garantir que para todos os tempos tt, Jσ(t)0J_{\sigma(t)} \geq 0. Em termos de estabilidade, isso implica que a derivada do funcional V(t)=z(t)Tz(t)V(t) = z(t)^T z(t), que representa uma medida da energia do sistema, seja não positiva, ou seja, que

V˙(t)=2z(t)TJσ(t)z(t)0.\dot{V}(t) = 2z(t)^T J_{\sigma(t)} z(t) \leq 0.

Essa condição é suficiente para garantir que o ponto de equilíbrio z=0z = 0 seja estável no sentido de Lyapunov. No entanto, para que o ponto de equilíbrio não apenas seja estável, mas também atraente, é necessário um critério mais forte.

A condição de atratividade pode ser obtida se Jσ(t)J_{\sigma(t)} satisfizer uma condição adicional, que é representada pela desigualdade:

V(tk+1)θV(tk),k=0,1,2,,V(t_{k+1}) \leq \theta V(t_k), \quad \forall k = 0, 1, 2, \dots,

onde θ\theta é um número positivo menor que 1. Essa condição assegura que o sistema tenha uma taxa de convergência exponencial para o ponto de equilíbrio z=0z = 0. Em termos práticos, isso significa que a solução z(t)z(t) se aproxima rapidamente de zero, e o sistema atinge o equilíbrio de maneira eficiente. A atração exponencial do ponto de equilíbrio é uma característica desejada em sistemas controlados, pois ela garante que, independentemente do ponto de partida, o sistema eventualmente se estabilizará.

No entanto, a situação se complica quando o sistema alternado envolve entradas μ(t)\mu(t). Neste caso, é necessário estender a análise para considerar a influência dessas entradas no comportamento do sistema. A estabilidade assintótica do sistema alternado com entradas pode ser expressa como uma propriedade de estabilidade internacionalmente atraente (ISS), que é garantida se a seguinte desigualdade for satisfeita:

z(t)max{β(z(t0),tt0),γμ[t0,t]},\|z(t)\| \leq \max \left\{ \beta(\|z(t_0)\|, t - t_0), \gamma \|\mu[t_0,t]\| \right\},

onde β\beta é uma função de Lyapunov da forma KLKL (com comportamento exponencial) e γ\gamma é uma constante que depende das propriedades da matriz de controle BB. Esse resultado implica que, para um dado sinal de entrada μ(t)\mu(t), a solução do sistema permanece dentro de limites controlados, independentemente das flutuações do sinal de comutação σ(t)\sigma(t).

Uma parte crucial para entender a dinâmica do sistema alternado é a análise da matriz de transição de estados Φ(t,τ,σ)\Phi(t, \tau, \sigma), que descreve como o estado do sistema evolui ao longo do tempo. Em particular, para um intervalo de tempo [tk,tk+1)[t_k, t_{k+1}), a evolução do estado é dada por:

Φ(t,t0,σ)z0+t0tΦ(t,τ,σ)Bμ(τ)dτ.\Phi(t, t_0, \sigma) z_0 + \int_{t_0}^{t} \Phi(t, \tau, \sigma) B \mu(\tau) d\tau.

Essencialmente, esta expressão permite calcular como o estado do sistema evolui considerando a entrada e a sequência de comutação. Uma propriedade importante da matriz de transição Φ(t,t0,σ)\Phi(t, t_0, \sigma) é que, em muitos casos, ela pode ser usada para garantir que a solução do sistema permaneça estável, mesmo com a presença de entradas externas.

Para a maioria dos sistemas alternados, a matriz de transição de estados pode ser estudada através das propriedades das matrizes Π(t,tk)\Pi(t, t_k), que representam as transições entre diferentes intervalos de tempo. Esse estudo permite garantir que, mesmo com mudanças rápidas no comportamento do sistema devido à comutação, o estado do sistema não se desvia de maneira indesejada.

Por fim, a análise da estabilidade de sistemas alternados exige uma abordagem holística, que considere tanto as condições sobre as matrizes de comutação quanto as propriedades das entradas e das transições de estado. Quando todos esses fatores são cuidadosamente considerados, é possível garantir que o sistema seja não apenas estável, mas também atraente, com uma convergência exponencial para o ponto de equilíbrio. Isso é essencial para muitas aplicações em redes de comutação, onde a estabilidade e a rapidez de resposta são cruciais.

Como Projetar Reguladores Feedforward para Sincronização em Sistemas Multi-Agentes

Em sistemas dinâmicos com múltiplos agentes, uma questão central é alcançar o consenso ou a sincronização das variáveis de estado entre os agentes. Este conceito é fundamental para uma variedade de aplicações em engenharia, como redes de sensores, sistemas distribuídos e controle de robôs cooperativos. O desafio consiste em projetar controladores que não apenas garantam a estabilidade do sistema, mas também assegurem que as variáveis dos agentes se alinhem de acordo com um comportamento desejado, apesar de distúrbios ou variações externas.

A dinâmica dos sistemas de agentes pode ser descrita de forma compacta pela equação:

ξ˙=(INAξ)ξ(LL)y\dot{\xi} = (I_N \otimes A_\xi) \xi - (L \otimes L) y

onde ξ\xi é o vetor de estados dos agentes e LL é a matriz de Laplace associada à topologia de comunicação entre os agentes. Para sistemas dinâmicos sob controle de consenso, uma condição chave para garantir a convergência para um consenso desejado é que a matriz AξA_\xi seja Hurwitz, ou seja, todos os seus autovalores têm parte real negativa. Sob essa condição, o erro de consenso entre os agentes tende a zero exponencialmente ao longo do tempo.

A solução para sistemas perturbados, como é comum em sistemas reais, é mais complexa, mas ainda pode ser abordada com as técnicas de controle adequadas. Um exemplo disso é quando se introduz um distúrbio periódico no sistema, representado por uma função sinusoidal dependente do tempo:

δ(t)=diag(a)sin(ωt+ϕ)\delta(t) = \text{diag}(a) \sin(\omega t + \phi)

Nesse cenário, a magnitude do erro residual de consenso pode ser caracterizada pela norma ζ||\zeta||, e a convergência do erro para zero pode ser garantida se o distúrbio for projetado de forma que decaia exponencialmente ao longo do tempo.

Regulação Feedforward e Sincronização

Um dos métodos mais eficazes para alcançar a sincronização de sistemas multi-agentes é o uso da técnica de regulação feedforward. A regulação feedforward visa projetar entradas específicas para os agentes de forma que suas saídas se alinhem com trajetórias desejadas de um modelo de referência. Em termos práticos, isso implica garantir que o erro de sincronização de cada agente ii se aproxime de zero, ou seja:

limtereg(t)=0,iN\lim_{t \to \infty} e_{\text{reg}}(t) = 0, \quad i \in \mathbb{N}

Para realizar esse objetivo, cada agente requer um controlador de sincronização que é composto por duas partes fundamentais: a compensação feedforward uffiu_{ffi}, que usa o estado do modelo de referência σi\sigma_i, e o termo de estabilização ustbiu_{stbi}, que resolve problemas de estabilidade. A principal questão é determinar esses dois componentes de forma que a regulação exata e a sincronização sejam alcançadas.

Transformação de Coordenadas e Controladores

A partir de um modelo de referência, podemos introduzir uma transformação de coordenadas para simplificar a dinâmica dos sistemas de agentes. Se definirmos zi=xihi(σi)z_i = x_i - h_i(\sigma_i), a dinâmica do sistema pode ser transformada de forma a facilitar o controle. A nova dinâmica para cada agente ii pode ser expressa como:

z˙i=Φizi+Ψifi(zi,σi)+Ψiustbi\dot{z}_i = \Phi_i z_i + \Psi_i f_i(z_i, \sigma_i) + \Psi_i u_{stbi}

onde fi(zi,σi)f_i(z_i, \sigma_i) é uma função não linear que representa o comportamento do sistema em relação ao estado ziz_i e ao modelo de referência σi\sigma_i, e ustbiu_{stbi} é o termo de controle responsável pela estabilização do sistema.

A chave para garantir a sincronização entre os agentes é garantir que os erros zi(t)z_i(t) se anulem com o tempo. Isso é expresso pela condição:

limtzi(t)=0,iN\lim_{t \to \infty} z_i(t) = 0, \quad i \in \mathbb{N}

Quando essa condição é atendida, todos os agentes atingem a sincronização desejada, ou seja, suas variáveis de saída convergem para um comportamento comum, conforme determinado pelo modelo de referência.

Exemplo de Aplicação de Distúrbios Externos

Para ilustrar a aplicação prática dos conceitos discutidos, considere um modelo de referência perturbado. Se o distúrbio é introduzido como uma função exponencial decrescente:

δ(t)=diag(a)sin(ωt+ϕ)e0.1t\delta(t) = \text{diag}(a) \sin(\omega t + \phi)e^{ -0.1t}

isso garante que o erro de consenso, representado pela norma ζ(t)||\zeta(t)||, decaia exponencialmente até zero, como mostrado nos resultados das simulações. O perfil dos erros de consenso para este tipo de distúrbio mostra que a sincronização pode ser alcançada mesmo na presença de variações externas, desde que o controle adequado seja aplicado.

Teorema de Sincronização em Sistemas Feedforward

Um resultado importante, demonstrado no Teorema 11.3, é que, para o sistema de agentes descrito, a sincronização das saídas pode ser alcançada se os controladores de estabilização forem projetados de forma adequada. Isso implica a escolha correta de parâmetros no controlador feedforward, especificamente os ganhos KK, LL e AξA_\xi, de modo que o sistema de controle resultante seja capaz de estabilizar os erros de sincronização zi(t)z_i(t) e garantir a convergência para zero. A abordagem proposta assegura que, no longo prazo, todos os agentes se comportem de forma sincronizada.

Além disso, a escolha dos parâmetros KK pode ser feita de maneira a garantir que a matriz Φi+ΨiK\Phi_i + \Psi_i K seja Hurwitz, o que garante a estabilidade assintótica do sistema. Com isso, a dinâmica do erro de consenso será controlada, e os agentes poderão operar de forma sincronizada, alcançando o comportamento desejado.