Considere uma variedade suave NN e um ponto pp em NN. Se (U,φ)(U, \varphi) for um gráfico coordenado ao redor de pp, então os vetores tangentes (e^1p,,e^np)(\hat{e}_1^p, \dots, \hat{e}_n^p) formam uma base de TpNT_p N, o espaço tangente da variedade NN no ponto pp. A base de TpNT_p N é chamada de base natural induzida pelo gráfico coordenado (U,φ)(U, \varphi). Se vv for um vetor tangente em pp, então podemos expressá-lo como uma combinação linear dos vetores da base natural:

v=v1e^1p++vne^np,v = v^1 \hat{e}_1^p + \dots + v^n \hat{e}_n^p,

onde v1,,vnv^1, \dots, v^n são números reais que correspondem às componentes do vetor vv em relação à base (e^1p,,e^np)(\hat{e}_1^p, \dots, \hat{e}_n^p).

Esses componentes podem ser calculados explicitamente em coordenadas locais. Por exemplo, dado um gráfico coordenado (U,φ)(U, \varphi), podemos expressar um vetor tangente vv da forma v=vixiv = v^i \frac{\partial}{\partial x^i} em coordenadas x=(x1,,xn)x = (x^1, \dots, x^n). A mudança de coordenadas ao redor de pp induz naturalmente uma mudança de base em TpNT_p N, que pode ser descrita pelas seguintes transformações:

vi=jAjiwj,v^i = \sum_{j} A^{i}_j \, w^j,

onde AjiA^{i}_j são os coeficientes da matriz jacobiana que transforma as bases antigas em novas bases. As componentes viv^i de vv nas novas coordenadas podem ser encontradas ao aplicar a inversa da matriz jacobiana associada à mudança de coordenadas.

Agora, consideremos a definição de diferencial de uma aplicação suave entre duas variedades NN e MM. Dada uma aplicação suave F:NMF: N \to M, o diferencial de FF em um ponto pNp \in N é o mapa F:TpNTF(p)MF_* : T_p N \to T_{F(p)} M, que envia um vetor tangente vTpNv \in T_p N para um vetor tangente F(v)TF(p)MF_*(v) \in T_{F(p)} M. A ação do diferencial de FF sobre uma função suave φ\varphi em TpNT_p N é dada por

F(v)(φ)=v(φF),F_*(v)(\varphi) = v(\varphi \circ F),

onde vv age sobre a função φF\varphi \circ F, ou seja, sobre a composição de φ\varphi com a aplicação FF.

O diferencial FF_* é uma transformação linear e pode ser representado por uma matriz, cujas entradas são os coeficientes da jacobiana de FF em coordenadas locais. A partir disso, podemos deduzir que o posto de FF_* corresponde ao posto da matriz jacobiana de FF. Se FF é uma imersão, então o posto de FF_* é igual à dimensão de NN, e a imagem de FF_* em cada ponto pp é um subespaço de TF(p)MT_{F(p)} M, isomórfico ao espaço tangente TpNT_p N.

Por fim, quando se considera uma imersão univalente F:NMF: N \to M, a imagem de FF_* no ponto pp pode ser identificada com o espaço tangente de um subvariedade M=F(N)M' = F(N) em MM. Assim, os vetores tangentes em TF(p)MT_{F(p)} M' podem ser vistos como imagens de vetores tangentes vTpNv \in T_p N sob FF_*.

Em termos geométricos, o espaço tangente em um ponto de uma variedade pode ser entendido como o espaço de todas as direções tangenciais à variedade naquele ponto. Este conceito se torna particularmente relevante ao estudar as propriedades locais das variedades, como a curvatura e a topologia, pois a estrutura do espaço tangente proporciona informações essenciais sobre como a variedade se comporta em torno de um ponto específico.

De maneira análoga, a noção de espaço tangente a uma curva suave em Rn\mathbb{R}^n pode ser vista como a direção da tangente à curva no ponto considerado. Para uma curva parametrizada α:URn\alpha: U \to \mathbb{R}^n, o vetor tangente vv à curva em α(t0)\alpha(t_0) é dado por v=dαdt(t0)v = \frac{d\alpha}{dt}(t_0), e é um vetor no espaço tangente à variedade Rn\mathbb{R}^n naquele ponto.

Além disso, é importante compreender que, em um contexto de imersões e difeomorfismos, o diferencial FF_* pode ser utilizado para estudar como as variedades se comportam localmente uma em relação à outra. Quando FF é um difeomorfismo, FF_* é um isomorfismo entre os espaços tangentes e, assim, preserva a estrutura geométrica da variedade.

Este entendimento dos vetores tangentes e diferenciais é fundamental não apenas para a teoria de variedades suaves, mas também para diversas áreas da matemática, como geometria diferencial, análise e física matemática, onde a noção de tangência é usada para descrever fenômenos locais, como movimento, curvatura e dinâmica em espaços curvos.

Como a Teoria Geométrica Local das Perturbações Singulares Descreve o Comportamento Assintótico de Sistemas Dinâmicos

Seja γ:RE\gamma : \mathbb{R} \to E uma curva suave tal que γ(0)=x\gamma(0) = x, e note que, uma vez que cada ponto de EE aniquila F(x,0)F(x, 0), por definição, temos F(γ(t),0)=0F(\gamma(t), 0) = 0 para todo tt. Ao diferenciar essa equação em relação ao tempo, obtemos ddtF(x,0)dγ(t)dt=0\frac{d}{dt} F(x, 0) \frac{d\gamma(t)}{dt} = 0. No instante t=0t = 0, temos ddtF(γ(t),0)t=0=0\left. \frac{d}{dt} F(\gamma(t), 0) \right|_{t=0} = 0, e isso, em razão da arbitrariedade da curva γ\gamma, demonstra que o vetor tangente TxET_x E está contido no núcleo de JxJ_x, o que implica que o zero é um valor próprio de JxJ_x com multiplicidade pelo menos pp.