A história do AS/400, lançado pela IBM, é um exemplo notável de como as necessidades do mercado e os avanços tecnológicos podem convergir para a criação de uma solução inovadora que perdura por décadas. Quando a IBM começou a desenvolver o AS/400, o objetivo era unir as forças dos sistemas legados, como o System/36 e o System/38, ao mesmo tempo em que se aproveitava das capacidades de tecnologia emergentes. O AS/400 não era apenas uma atualização de sistemas anteriores, mas uma transformação, um novo tipo de arquitetura de sistemas empresariais.
A ideia de combinar as melhores qualidades de dois sistemas aparentemente opostos - o System/36, mais acessível e com melhor interface de usuário, e o System/38, com uma arquitetura mais sofisticada, mas com limitações em termos de entrada e saída - não surgiu do nada. As duas equipes, inicialmente céticas em relação às diferenças entre os sistemas, logo perceberam que poderiam integrar as melhores funcionalidades de cada um. Por exemplo, o System/36 possuía um processador inteligente que realizava operações de I/O de forma mais eficiente que o canal de I/O do System/38, enquanto o System/38 oferecia um ambiente de desenvolvimento de aplicativos mais avançado. A junção desses pontos fortes foi essencial para a criação do AS/400.
O resultado dessa fusão foi um sistema capaz de suportar uma ampla gama de aplicações empresariais, ao mesmo tempo em que oferecia maior flexibilidade e poder de processamento. A nova arquitetura não era apenas uma sobrecarga de capacidade, mas uma resposta direta às necessidades crescentes de maior memória e desempenho em um mundo cada vez mais orientado por dados. Na prática, o AS/400 combinava o melhor dos dois mundos: um ambiente amigável para o usuário com uma infraestrutura robusta de desenvolvimento.
Nos primeiros anos, o AS/400 era visto por muitos como uma solução que unia o melhor da informática empresarial, mas também enfrentava críticas de alguns especialistas que previam sua obsolescência. A indústria de TI, na época, acreditava que os sistemas deveriam ser renovados a cada seis anos, e muitos especulavam que o AS/400 não seria diferente. O ciclo rápido de inovações tecnológicas parecia indicar que o sistema logo seria superado por algo mais moderno. No entanto, a IBM teve um olhar de longo prazo, e a arquitetura do AS/400, com seus conceitos modulares e altamente escaláveis, provou ser extremamente resistente às pressões do mercado.
Ao longo dos anos 90, os sistemas AS/400 passaram por significativas melhorias, incluindo a introdução da arquitetura RISC (Reduced Instruction Set Computing), que representou uma nova etapa na evolução dos processadores. Essa mudança não foi apenas uma melhoria técnica, mas uma resposta direta à demanda por maior desempenho e eficiência. O AS/400 se adaptou a essas novas necessidades, preservando ao mesmo tempo a compatibilidade com os sistemas legados.
Em relação ao nome, a escolha do "AS/400" foi uma decisão estratégica. Antes de sua revelação, o projeto tinha o codinome "Silverlake", em homenagem a um pequeno corpo d'água em Rochester, Minnesota, onde a IBM desenvolveu o sistema. No entanto, o nome final foi decidido com base em uma convenção interna da IBM, que queria padronizar os nomes dos sistemas para promover uma imagem de unidade em toda a sua linha de produtos. Além disso, o nome "Advanced System/400" buscava refletir a natureza avançada da arquitetura, ao mesmo tempo em que fazia referência ao foco em soluções empresariais.
Além disso, o nome "AS/400" foi escolhido para refletir a ideia de um sistema modular e expansível. Ao contrário de outros sistemas da época, que tendiam a ser substituídos por novas versões com relativa rapidez, o AS/400 foi concebido para ter uma vida útil muito mais longa, com atualizações contínuas e uma estrutura que permitia a adição de novos recursos sem a necessidade de substituir a máquina inteira.
A longevidade e o impacto do AS/400 se devem em grande parte à sua arquitetura visionária, que o tornou não apenas um sistema de sucesso comercial, mas uma plataforma capaz de evoluir de acordo com as mudanças tecnológicas sem perder sua compatibilidade com as versões anteriores. Esta característica foi um fator chave para a sua sobrevivência em um mercado tão dinâmico e competitivo.
Adicionalmente, é importante que o leitor compreenda que o sucesso do AS/400 não se deve apenas à sua arquitetura técnica, mas também à sua capacidade de atender a um mercado diversificado. A IBM soube integrar as necessidades de pequenas e grandes empresas, tornando o AS/400 uma plataforma versátil, que se adaptava facilmente a diferentes setores e ambientes empresariais. O AS/400, com sua infraestrutura robusta e flexível, teve um papel crucial na transformação digital das empresas nas décadas seguintes.
Como a Evolução da Segurança no AS/400 Transformou a Gestão de Sistema
A segurança dos sistemas operacionais sempre foi um ponto central no desenvolvimento de qualquer plataforma, especialmente em ambientes corporativos de grande escala. No caso do AS/400, a introdução de diferentes níveis de segurança, como o nível 40 e 50, foi crucial para tornar o sistema robusto e confiável, atendendo às crescentes demandas de proteção e controle de acessos. No entanto, a história por trás dessa evolução é ainda mais significativa, pois revela as complexidades da relação entre os desenvolvedores, os fornecedores independentes de software (ISVs) e a própria IBM.
Quando o AS/400 foi inicialmente lançado, muitos fornecedores de software que trabalhavam com o sistema estavam insatisfeitos com a falta de acesso à internals (informações e funções internas do sistema), o que dificultava o desenvolvimento de novas soluções e inovações. Os ISVs queriam acesso a informações mais detalhadas sobre objetos internos do sistema, como os cabeçalhos de fita, o que, até então, só podia ser feito manipulando diretamente objetos do sistema, uma abordagem que não era ideal nem para a IBM nem para os desenvolvedores.
Foi então que a IBM, atendendo às pressões dos ISVs, criou centenas de APIs, que nada mais eram do que novas instruções MI (Machine Interface), projetadas para fornecer aos desenvolvedores as informações necessárias sem comprometer a integridade do sistema. Esse movimento foi fundamental para aumentar a abertura do AS/400, permitindo que os fornecedores externos pudessem desenvolver suas soluções de maneira mais eficiente, mas sem abrir mão da segurança e da integridade do sistema. Essas APIs tornaram-se uma espécie de "meio-termo" entre a abertura do sistema e a segurança.
Apesar da abertura promovida pelas APIs, a IBM ainda tinha que lidar com um dilema maior: o que poderia ser liberado para os desenvolvedores sem comprometer a segurança e a estabilidade do sistema? O desafio estava em garantir que mudanças no sistema operacional não afetassem a funcionalidade das aplicações desenvolvidas pelos ISVs, mantendo o AS/400 seguro e eficaz. Essa necessidade de encontrar um equilíbrio entre segurança e abertura levou à introdução do conceito de "estados do sistema" e "estados do usuário" em versões subsequentes do OS/400.
No nível 40 de segurança, que foi introduzido na versão V1R3 do OS/400, a IBM estabeleceu um controle ainda mais rigoroso sobre os acessos. Para entrar no sistema, o usuário precisava se autenticar, sendo que o uso de instruções MI bloqueadas foi amplamente restrito a programas do sistema, não podendo ser executadas por programas de usuários. Esse modelo não só aumentou a segurança, mas também garantiu que as operações internas do sistema fossem mais protegidas de acessos indevidos. A introdução de uma camada de segurança que separava o "estado do sistema" do "estado do usuário" foi um marco no design do sistema, criando uma proteção adicional contra vulnerabilidades.
Essa abordagem de segurança foi posteriormente aprimorada com a introdução do nível 50, que foi certificado como compatível com o padrão de segurança C2 do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Esse nível de segurança passou a atender a requisitos mais rigorosos, como auditoria de acessos e controle detalhado de recursos do sistema. A adoção do padrão C2 não foi apenas uma exigência governamental, mas também uma tendência crescente entre empresas que buscavam um nível de segurança que fosse não apenas robusto, mas também certificado por uma autoridade externa.
O padrão C2 de segurança estabelece que os sistemas devem garantir a proteção de recursos por meio de controles de acesso, permitindo que o proprietário de um recurso determine quem pode acessá-lo. Além disso, os sistemas devem ser capazes de monitorar e auditar o uso desses recursos. Esse nível de segurança, agora implementado no AS/400, transformou o sistema em uma solução robusta para empresas que precisavam de garantias de integridade e proteção em ambientes sensíveis.
No coração dessa evolução, encontramos o conceito de "perfil de usuário", que é um objeto essencial no OS/400 e no sistema MI. O perfil de usuário identifica cada indivíduo ou processo dentro do sistema, armazenando informações essenciais sobre sua autoridade, objetos acessíveis, privilégios especiais e configurações de segurança. Essa estrutura não apenas gerencia a segurança no nível individual, mas também permite que o sistema controle de maneira detalhada o acesso a recursos específicos.
O perfil de usuário também define a classe de usuário, que determina o nível de acesso a recursos do sistema. Com as cinco classes de usuários disponíveis no AS/400, a IBM permitiu uma personalização precisa das permissões de acesso, ajustando o sistema para as necessidades de diferentes tipos de usuários. A classe de usuário é um fator essencial na implementação de uma segurança eficaz, pois garante que os usuários não obtenham mais permissões do que aquelas necessárias para o desempenho de suas funções.
Ao olhar para essas mudanças, vemos que a segurança no AS/400 não foi apenas uma questão técnica, mas também uma questão de adaptação às necessidades do mercado e aos padrões de segurança governamentais. A IBM conseguiu encontrar um equilíbrio entre fornecer aos desenvolvedores a flexibilidade necessária para inovar e ao mesmo tempo proteger a integridade do sistema. Essa abordagem se mostrou eficaz ao longo dos anos, e o AS/400 se tornou um dos sistemas mais seguros e confiáveis disponíveis no mercado.
O sistema de segurança do AS/400 é um exemplo de como a evolução das tecnologias de TI deve ser feita com cuidado e planejamento, levando em consideração não apenas as necessidades de inovação, mas também os aspectos cruciais da proteção e da responsabilidade.

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