A transmissão de informação é um processo complexo, e para que a comunicação seja bem-sucedida, três problemas essenciais precisam ser resolvidos: técnico, semântico e de eficácia. O problema técnico refere-se à precisão na transmissão dos símbolos de comunicação, ou seja, como as informações são representadas de forma correta e sem distorções. O problema semântico está relacionado à interpretação da mensagem pelo receptor, de modo que o significado pretendido pelo emissor seja transmitido de maneira próxima ou idêntica à percepção do receptor. Por fim, o problema de eficácia se concentra no sucesso com que a mensagem recebida leva o receptor a uma ação desejada, ou seja, a capacidade da informação de gerar o comportamento pretendido.
Essa divisão da informação em três aspectos não é nova; ela remonta às teorias da década de 1950, com contribuições de autores como Shannon e Weaver. Desde então, outros pesquisadores têm tentado refinar e expandir essa classificação. Bates (2005, 2006), por exemplo, classifica a informação em três formas: a informação 1 (padrão de organização da matéria e energia), a informação 2 (padrão com significado) e o conhecimento (os estados mentais resultantes do processo de ser informado por um padrão com significado). Floridi (2011), por sua vez, apresenta três perspectivas para entender a informação: como realidade (padrões físicos que não são verdadeiros ou falsos), sobre a realidade (informação semântica, que pode ser qualificada como verdadeira ou falsa), e para a realidade (informações práticas, como instruções ou algoritmos).
Deacon (2017) também contribui para a teoria da informação com sua classificação em informação física, referencial e normativa, e Harms (2006) propõe uma divisão em três conceitos: estatística, semântica e física. Essa multiplicidade de classificações indica a complexidade do conceito de informação, o que nos leva à seguinte questão: será que precisamos de uma nova tentativa de esclarecer o conceito de informação?
Os conceitos apresentados por Bates e Linski (2010), que definem o conhecimento como um estado mental resultante do processo de ser informado, oferecem um ponto importante. Entretanto, o conhecimento não é o único resultado da informação. Além de alterar estados mentais, a informação também pode influenciar o comportamento do receptor. Floridi, com sua visão sobre a classificação estrutural, referencial e normativa da informação, forneceu uma inspiração significativa para a pesquisa atual, embora, como veremos, uma análise mais abrangente ainda seja necessária. A definição desses três aspectos de forma clara e precisa é essencial para entender a complexidade do processo comunicacional.
No entanto, a teoria da informação, quando construída a partir de uma base linguística como a proposta por Charles Morris, apresenta limitações. Linguagem, embora fundamental na comunicação, não deve ser vista como o único meio de transmitir informação. Os símbolos linguísticos são apenas um tipo de sinal que pode carregar informações. Além disso, o uso de termos como sintaxe, semântica e pragmática em estudos de informação pode nos levar a confundir os sinais linguísticos, que transmitem significados convencionais, com sinais naturais, que possuem significados inerentes. Isso pode obscurecer distâncias importantes entre os diferentes tipos de sinais e dificultar uma compreensão mais profunda da natureza da informação.
Para resolver essas limitações, a presente análise adota os termos propostos por Terrence Deacon: informação estrutural, referencial e normativa. Cada um desses termos refere-se a um aspecto distinto da informação e nos permite abordá-la de forma mais precisa e abrangente. A informação estrutural, por exemplo, refere-se ao padrão de sinais que transmite a informação, seja através de sinais visíveis, como palavras escritas, ou através de sinais eletrônicos, como mensagens digitais.
No caso da situação "A ♥ B", onde A tenta transmitir a mensagem "eu te amo" para B, o problema da informação estrutural surge quando o padrão de símbolos se distorce, tornando a mensagem incompreensível. Esse distúrbio ocorre devido à falha na realização física do padrão de sinais. Assim, a informação estrutural pode ser vista como a forma ou padrão que é manifestado fisicamente, mas que não se reduz a esses aspectos físicos. O padrão é realizado pelo meio físico, mas o próprio meio físico não é nem necessário nem suficiente para definir a informação. A informação estrutural é, portanto, uma abstração concreta, que se manifesta de forma específica, mas não depende exclusivamente de sua realização física.
Essa abordagem sobre a informação estrutural reflete um ponto importante da teoria da informação: ela não deve ser confundida com a própria realização física dos sinais. A informação não é determinada apenas pelos meios físicos através dos quais é transmitida, mas por um padrão que transcende o físico, estando relacionado ao que esse padrão representa e como ele é interpretado.
A definição mais clara de informação estrutural, portanto, deve considerar três propriedades fundamentais: (a) é o padrão ou diferença manifestada pelo meio físico; (b) é realizada fisicamente, mas a realização física não é nem necessária nem suficiente para sua definição; (c) é uma abstração concreta, que transcende a realidade física para representar um padrão que carrega um significado.
Além disso, é importante entender que a informação não está restrita ao âmbito de comunicação verbal ou simbólica. Ela se estende a todas as formas de organização e estruturação de dados e sinais, e a forma como esses sinais são interpretados pode variar conforme o contexto e a capacidade do receptor em entender e agir sobre a informação. A análise da informação estrutural, referencial e normativa permite uma compreensão mais completa do papel fundamental da informação em nossas interações cotidianas e em nosso entendimento do mundo.
Onde está a Informação no Mundo Físico?
A informação não é um simples produto arbitrário de sinais eletrônicos, como muitas vezes se imagina ao tratar de comunicação ou processamento de dados. Embora os sinais eletrônicos, códigos e sequências de símbolos sejam frequentemente considerados veículos de informação, devemos estar atentos para não limitar nossa compreensão do que constitui informação apenas aos veículos físicos. O conceito de "Str", ou estrutura, nos leva a uma reflexão mais profunda: onde quer que haja uma quebra de simetria ou mudança de estado, há Str, e a informação se manifesta em formas mais complexas do que simples sinais físicos.
Por exemplo, os estados agitados das partículas fundamentais, uma explosão de raios gama vinda de um sistema estelar distante ou até mesmo a fumaça ou a nuvem escura que observamos no céu, são todos exemplos de Str. Em outras palavras, onde houver uma diferença de estado, seja no microcosmo das partículas ou no macrocosmo do universo, há uma estrutura informacional subjacente que não depende diretamente da presença de um sinal físico ou de uma relação material entre eventos. Embora os processos físicos possam ser responsáveis pela materialização da informação, o Str que eles carregam é mais complexo do que a simples relação causal entre as partes.
A relação entre Str e o meio físico que o sustenta não é direta nem unívoca. Enquanto as propriedades físicas realizam a informação — como, por exemplo, as sequências de símbolos "Eu te amo", que podem ser expressas de diferentes maneiras, seja através da voz, tinta no papel ou sinais elétricos — a informação não se limita a essas manifestações. Str depende dos processos físicos, mas não se reduz a eles. Esse ponto é crucial: a informação não se identifica com os eventos físicos que a geram, embora dependa desses processos para ser expressada.
Em relação a isso, vale notar que um evento físico por si só não garante que uma relação informacional seja estabelecida. Por exemplo, dois eventos, E1 e E2, podem ter uma relação física se houver uma conexão material ou energética entre eles. No entanto, no âmbito de Str, esses eventos têm uma relação informacional se a forma ou padrão de E1 puder ser detectado em E2. O exemplo clássico da campainha de uma porta ilustra bem isso. A campainha, ao tocar, transmite a informação sobre a chegada de um visitante, mas o processo físico envolvido na produção do som (o movimento de peças metálicas, a passagem de eletricidade, etc.) não é o que nos transmite a informação relevante. O som é apenas um meio físico que revela um evento informativo, mas a relação causal entre os eventos físicos não é suficiente para determinar o que a informação realmente significa.
Além disso, a ideia de que toda sequência causal de eventos físicos gera Str nos leva a uma questão importante. O Str gerado por um evento não é determinado pelo evento físico em si, mas por outros eventos que estão ausentes. O exemplo do alarme de uma caldeira é elucidativo: se a pressão da caldeira ultrapassa o limite de segurança, o alarme é acionado. Contudo, quando o alarme não toca, isso também carrega uma mensagem — a pressão está abaixo do limite de segurança. Assim, a ausência de um evento físico também pode ser informativa.
Outro ponto essencial é que, embora qualquer evento físico possa gerar Str, a sequência de eventos por si só não determina qual Str é relevante ou significativo. A relação causal entre os eventos não nos explica diretamente o que está sendo comunicado. De fato, a única coisa que realmente importa em qualquer cadeia de eventos é a informação que ela transmite, não os detalhes dos processos físicos pelos quais ela é veiculada. O som da campainha é informativo por si só, independentemente das complexidades físicas que o produziram.
Há uma corrente filosófica, o pan-informacionalismo ou digitalismo, que propõe que toda a realidade seja composta de informação. No entanto, essa visão se revela problemática. Se a informação fosse equivalente ao Str, não seríamos capazes de distinguir entre eventos físicos e a informação que eles carregam. Além disso, a informação possui uma característica única: a intencionalidade. Ela sempre se refere a algo, e esse algo é distinto da forma ou do padrão que transporta a informação. Em outras palavras, a sequência de símbolos que transmite uma mensagem (como "Eu te amo") não é a própria mensagem — ela é apenas o meio físico que a transmite.
O conceito de Str, portanto, não pode ser confundido com o de informação. Embora o Str seja uma forma de estrutura potencialmente informacional, ele não é em si informação. Se pensarmos que informação se reduz a uma forma, um padrão, uma diferença ou uma estrutura, seríamos levados a concluir que a própria noção de informação seria redundante. Na verdade, a informação é algo que transcende os eventos físicos, sendo um fenômeno que não pode ser explicado apenas em termos de padrões físicos.
A questão que se coloca então é: onde se situa o Str no mundo físico? A longo tempo, a filosofia se ocupou dessa questão, especialmente no que diz respeito às ideias platônicas sobre formas e estruturas. O Str pode ser visto como algo que não pertence ao mundo físico da mesma maneira que um triângulo ou um círculo, mas como uma abstração que depende da interpretação do observador. No entanto, isso leva a uma questão fundamental: como a mente humana consegue produzir ou perceber essas estruturas?
Deacon propõe o conceito de "restrição" para resolver essa dificuldade. A restrição é entendida como a redução das possibilidades de variação de uma propriedade, uma diminuição das opções disponíveis para um objeto ou evento. De acordo com essa abordagem, o Str surge da eliminação de diferenças, do aumento da semelhança entre os elementos em questão. O Str, então, é uma forma de organização ou estrutura que emerge da imposição de limitações, e é tanto abstrato quanto real, sem se reduzir completamente ao físico ou ao mental. Assim, ao falar de Str, estamos nos referindo a algo que é real na medida em que é percebido e interpretado pelos observadores, mas que não se identifica totalmente com o mundo físico.
Como as Teorias dos Jogos de Sinalização Explicam a Comunicação e a Convenção Linguística?
A comunicação bem-sucedida depende de convenções estabelecidas entre as partes envolvidas, mas quando se trata de jogos de sinalização, a convenção formulada é insuficiente para explicar a complexidade das convenções linguísticas e suas implicações. Isto ocorre porque o modelo dos jogos de sinalização não leva em consideração a natureza semiótica da convenção, a qual implica uma dualidade essencial: a convenção do veículo do signo e a convenção da relação referencial. A teoria dos jogos de sinalização aborda apenas uma parte dessa dualidade, focando no veículo do signo (ou legisign), mas negligenciando a parte referencial, que é fundamental para uma comunicação eficaz. Sem essa compreensão, surgem mal-entendidos mútuos, e é preciso um entendimento mais profundo do modelo semiótico para explicar esses casos de falha na comunicação.
Dentro dessa perspectiva semiótica, a teoria dos jogos de sinalização de Lewis e Skyrms ajuda a modelar as interações de sinalização entre os emissores e os receptores. Um jogo de sinalização simples envolve três elementos principais: o emissor, os sinais e o receptor. O emissor é capaz de perceber o estado do mundo e enviar sinais ao receptor, mas não pode realizar atos por conta própria. O receptor, por sua vez, não pode perceber o estado do mundo, mas é capaz de realizar atos em resposta aos sinais recebidos. A razão pela qual o emissor envia sinais ao perceber o estado e o receptor realiza atos ao receber os sinais está no fato de que ambos compartilham um interesse comum. As estratégias do emissor (fS) consistem em mapear os estados do mundo para os sinais, enquanto a estratégia do receptor (fR) é mapear os sinais para os atos, de modo que os estados possam ser coordenados com os atos. Essa coordenação resulta em um F (função informacional), onde a informação dos estados do mundo é transmitida do emissor para o receptor de maneira eficaz.
Em um jogo de sinalização simples, existem duas possíveis condições do mundo (S1 e S2), dois tipos de sinais disponíveis (M1 e M2), e dois tipos de atos possíveis (A1 e A2). Os sinais, no início, não carregam nenhum conteúdo predefinido, ou seja, não existem relações estabelecidas entre os estados e os sinais (fS), nem entre os sinais e os atos (fR). O problema, então, é como os atos podem responder adequadamente aos estados do mundo. A solução proposta pelos jogos de sinalização é a comunicação por meio do envio de sinais, onde a informação dos estados é transmitida de maneira coordenada entre o emissor e o receptor. Se o ato realizado pelo receptor for apropriado ao estado, ambos os jogadores recebem um payoff (recompensa) máximo; caso contrário, não há payoff para nenhum dos jogadores.
A dinâmica do jogo de sinalização pode ser representada em uma matriz de payoff, onde os jogadores escolhem suas estratégias em relação aos sinais recebidos e aos atos realizados. O conceito de equilíbrio de Nash, que é central nesta teoria, indica que uma estratégia de sinalização é eficiente quando nenhum jogador tem incentivo para mudar unilateralmente sua estratégia, uma vez que isso levaria a um payoff pior. No contexto dos jogos de sinalização, Lewis chamou esses equilíbrios de sistemas de sinalização, sugerindo que, quando um jogo de sinalização atinge um equilíbrio de Nash estrito, o sinal enviado pelo emissor transmite a informação do estado.
Os jogos de sinalização, embora eficazes para explicar a transmissão de informações, também levantam questões sobre como escolher entre sistemas de sinalização igualmente eficazes. Como, então, as partes envolvidas em um jogo de sinalização escolhem qual sistema adotar? Para Lewis, que usou a teoria da escolha racional, a manutenção do equilíbrio não é um problema, pois ambos os jogadores sabem que o sistema de sinalização escolhido é um equilíbrio estrito de Nash. A seleção do sistema de sinalização, no entanto, pode ser influenciada por acordos prévios, precedentes ou fatores de saliência, como sugerido por Schelling.
Porém, Skyrms, em sua crítica à abordagem de Lewis, aponta que essas soluções não resolvem completamente o problema do círculo vicioso que Quine havia identificado. A questão principal é: de onde vem o conhecimento comum entre os jogadores? Como eles sabem que este conhecimento é comum? A comunicação prévia é necessária para que esse conhecimento comum se estabeleça, mas essa comunicação pressupõe a existência de sistemas de sinalização com os quais transmitir informações. Isso leva de volta ao ponto inicial. Além disso, a saliência de um sistema de sinalização é um fator psicológico que não está totalmente integrado à estrutura dos jogos de sinalização e, portanto, não pode ser simplesmente adotado como uma solução ad hoc para o problema.
Skyrms propõe uma explicação evolutiva para a emergência de sistemas de sinalização. De acordo com sua abordagem baseada na teoria dos jogos evolutivos, os indivíduos interativos aprendem espontaneamente a sinalizar, e as espécies evoluem seus próprios sistemas de sinalização. Usando a dinâmica de replicadores para modelar o jogo de sinalização simples, Skyrms descobriu que uma das duas estratégias de sistemas de sinalização sempre prevalece na população, sugerindo que os sistemas de sinalização são estratégias evolutivamente estáveis. Uma estratégia de sinalização é considerada estável evolutivamente se, contra qualquer outra estratégia, ela proporciona um payoff superior quando jogada contra si mesma ou se ambas as estratégias proporcionam payoffs iguais quando jogadas contra si mesmas, mas a estratégia alternativa resulta em um payoff maior quando jogada contra ela.
Além de compreender as nuances dos jogos de sinalização e das convenções que eles envolvem, é fundamental considerar que esses modelos, apesar de teóricos, oferecem uma estrutura valiosa para entender como os seres humanos e outras espécies podem ter desenvolvido e continuam a desenvolver suas formas de comunicação ao longo do tempo. A emergência e a estabilidade dos sistemas de sinalização não são apenas questões de lógica e matemática, mas também de evolução e adaptação social. As convenções linguísticas e os sistemas de sinalização que usamos não são dados de uma vez por todas, mas resultam de interações contínuas e da evolução cultural.
Como a Teoria dos Jogos Evolutivos e a Semiótica Se Relacionam na Interpretação dos Sinais?
A teoria dos jogos evolutivos e a semiótica oferecem perspectivas distintas sobre a interpretação dos sinais, especialmente no que se refere à forma como a referência é estabelecida. Na teoria dos jogos evolutivos, a referência é considerada a um nível populacional, sendo intersubjetiva, o que significa que os sinais têm uma "função apropriada" ou uma "função estabilizadora", como descrito por Millikan. Em contraste, a semiótica foca no nível individual, tratando a referência como resultado de um processo interpretativo. Esse enfoque semiótico coloca a ênfase na interpretação pessoal dos sinais, um aspecto frequentemente negligenciado pela abordagem evolutiva.
Uma das questões fundamentais dessa abordagem evolutiva é que ela assume que o passado determina a função apropriada de um sinal. No entanto, um sinal geralmente se refere ao presente, e as forças evolutivas, como a seleção natural, apenas impõem restrições que limitam as formas de interpretação dos sinais. Essas restrições precisam cumprir sua função apropriada, ou seja, contribuir para a manutenção e a autogeração de teleodinâmica, o que é fundamental para a sobrevivência de um sistema dinâmico. Assim, mesmo que a competência mínima necessária envolva a seleção natural e o aprendizado por tentativa e erro, o processo de interpretação semiótica está em jogo. No caso da seleção natural, isso envolve a interpretação operacional que contribui para a autossustentação e autogeração da teleodinâmica. No aprendizado por tentativa e erro, a interpretação precisa ser mais refinada, envolvendo formas de interpretação de ordem superior.
Para que os participantes em um jogo de sinais cheguem a um equilíbrio de sinalização e o mantenham, eles devem possuir pelo menos competência interpretativa para reconhecer o tipo de sinal e distingui-lo de outros tipos. Isso pode ser exemplificado pelo modelo de autogênese sensível, discutido anteriormente, no qual um ponto de ligação atua como um indicador de um ambiente rico em substratos. Essa competência indicativa é alcançada quando a superfície sensível do autógeno é capaz de distinguir entre os substratos necessários e outros irrelevantes, realizando uma interpretação operacional ao ligar-se aos substratos corretos e não aos outros.
Esse ponto de ligação, embora inicialmente não convencional, pode se tornar convencional ao longo do tempo. Imaginemos uma versão do autógeno cujos sinais não dependem diretamente dos substratos envolvidos na catálise recíproca, mas sim dos produtos gerados por uma reação química específica. Nesse caso, a superfície sensível ao produto gerado pela reação pode, eventualmente, estabilizar sinais que, embora sujeitos a leis químicas, tornam-se convencionais, à medida que a seleção natural favorece a ligação com certos produtos, que se tornam sinais arbitrários e convencionais.
A teoria dos jogos evolutivos, juntamente com abordagens como a biosemântica de Millikan, pode, portanto, explicar a convencionalidade dos veículos de sinalização, mas não das relações representacionais em si. Esta distinção é claramente observada no comportamento animal, como no estudo de Seyfarth et al. (1980), que demonstraram que os macacos vervet possuem três tipos distintos de gritos de alarme para três predadores diferentes: uma águia no céu, um leopardo e uma cobra no chão. Esses gritos não são determinados de antemão, mas se desenvolvem a partir das interações entre emissor e receptor. Esse comportamento pode ser explicado em termos de convencionalidade, mas, novamente, a convencionalidade se aplica ao veículo de sinal, e não à relação referencial.
Quando os sinais de um animal, como os gritos de alarme dos macacos vervet, se tornam convencionais, isso não implica que sua função referencial tenha se tornado convencional. Pelo contrário, os sinais continuam a servir como índices que são contingentes com a presença do predador. Essa distinção entre convencionalidade dos sinais e da relação referencial é crucial para entender como as falhas de comunicação podem ocorrer em jogos de sinalização. A teoria dos jogos de sinalização de Lewis-Skyrms não pode explicar totalmente esses mal-entendidos, mas isso pode ser esclarecido através do conceito de "recentralização" da referência simbólica, como discutido em capítulos anteriores.
As relações referenciais podem ser estruturadas de forma hierárquica. A representação simbólica depende de maneira assimétrica da representação indexical, que, por sua vez, depende da representação icônica. Quando um símbolo não pode ser interpretado como tal, ele pode ser interpretado como um índice ou até mesmo um ícone, resultando em uma diminuição da competência interpretativa. Um exemplo clássico dessa dinâmica pode ser encontrado na história do "Combate Mágico", onde o açougueiro, ao ver os gestos de um taoista, os interpreta como símbolos, porque são semelhantes a gestos que ele usava em sua prática cotidiana. No entanto, ele não consegue interpretá-los simbolicamente, porque desconhece a rede simbólica taoista. Assim, ele os interpreta como gestos indicativos das intenções do taoista, utilizando sua própria experiência para "recentralizar" o significado desses gestos dentro de sua rede simbólica.
Este processo de interpretação, que ocorre no nível individual, é algo que a teoria dos jogos evolutivos não pode capturar, pois ela ignora a complexidade do processo interpretativo no nível da mente individual. A teoria de Lewis-Skyrms, apesar de oferecer uma compreensão valiosa sobre os sinais, não explica completamente o comportamento humano e animal, pois não considera as nuances interpretativas que acontecem fora da estrutura evolutiva. A prática linguística cotidiana, em que constantemente ajustamos e reinterpretamos os significados dos sinais com base em contextos particulares, é um exemplo claro de como a semiótica se aplica no nível individual e não pode ser completamente explicada pelos modelos evolutivos.
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