O problema de controlar a postura de robôs móveis com restrições não-holonômicas, como o modelo de uniciclo, revela limitações estruturais ausentes em manipuladores robóticos. Estes últimos permitem leis de controle contínuas universais, enquanto sistemas não-holonômicos não admitem controladores contínuos que possam rastrear trajetórias arbitrárias. Essa impossibilidade não decorre de falhas de projeto, mas de propriedades fundamentais dos sistemas dinâmicos subjacentes, como evidenciado pelo teorema de Brockett. Por isso, regular a postura completa do robô exige leis de controle especificamente desenhadas, geralmente descontínuas ou dependentes do tempo.

Uma abordagem inicial útil é considerar a regulação cartesiana, ou seja, conduzir o robô até uma posição desejada no plano, sem impor restrições à orientação final. Essa versão simplificada possui aplicações práticas diretas. Por exemplo, um robô dotado de sensores distribuídos isotropicamente — como câmeras panorâmicas ou sensores ultrassônicos dispostos em anel — pode explorar o ambiente deslocando-se entre pontos de vista predefinidos, onde a orientação exata é irrelevante.

Assumindo, sem perda de generalidade, que a posição desejada é a origem, o erro cartesiano ep=(x,y)e_p = (-x, -y) pode ser reduzido aplicando a seguinte lei de controle:

v=k1(xcosθ+ysinθ),ω=k2(atan2(y,x)θ+π),v = -k_1(x \cos \theta + y \sin \theta), \quad \omega = k_2(\text{atan2}(y, x) - \theta + \pi),

com k1>0,k2>0k_1 > 0, k_2 > 0. O comando linear vv depende da projeção do erro sobre o eixo longitudinal do robô, enquanto ω\omega corrige a orientação em direção ao vetor de erro. Considerando a função de Lyapunov V=12(x2+y2)V = \frac{1}{2}(x^2 + y^2), sua derivada temporal é negativa semidefinida, indicando que a norma de epe_p é limitada. A convergência de V˙\dot{V} a zero implica que a projeção de epe_p no eixo do robô desaparece com o tempo, o que só é possível quando (x,y)(0,0)(x, y) \rightarrow (0, 0). Assim, garante-se a convergência do robô ao ponto desejado, independente da configuração inicial.

Para estender o controle à postura completa, incluindo orientação, reformula-se o problema em coordenadas polares. Define-se ρ=x2+y2\rho = \sqrt{x^2 + y^2} como a distância até a origem, γ=atan2(y,x)θ+π\gamma = \text{atan2}(y, x) - \theta + \pi como o erro angular entre o vetor posição e a orientação do robô, e δ=γ+θ\delta = \gamma + \theta como a direção absoluta do vetor posição. Nessas coordenadas, a cinemática do uniciclo torna-se: