O turismo é frequentemente visto como um campo onde os indivíduos podem escapar das normas rígidas e explorar comportamentos que, em um contexto diário, seriam considerados desviantes. A ideia de que o turismo oferece uma "zona autônoma temporária" (TAZ), onde as regras e convenções sociais podem ser suspensas, tem sido amplamente debatida na literatura acadêmica. Durante a viagem, os turistas podem engajar-se em práticas que, em outros contextos, seriam tidas como não normativas, como o uso de substâncias psicoativas, a exploração de serviços sexuais ou até vandalismo. Esses comportamentos, embora muitas vezes temporários e dissociados da rotina, não devem ser vistos apenas como desvios, mas como manifestações de um desejo de liberdade ou resistência às normas sociais dominantes.
O conceito de "desvio" em turismo é complexo e multifacetado. De acordo com o quadro teórico das subculturas, algumas atividades turísticas são consideradas desviantes não porque sejam inerentemente prejudiciais ou imorais, mas porque fazem parte de uma subcultura que desafia as convenções. Isso pode incluir práticas turísticas que envolvem a exploração de destinos exóticos ou marginalizados, ou a participação em festas e eventos que transgridem as normas sociais convencionais. Esses comportamentos são frequentemente impulsionados por um desejo de escapismo e de ruptura com a monotonia da vida cotidiana.
A questão do desvio no turismo também está intimamente ligada à questão da liminaridade, um estado intermediário em que os turistas se encontram enquanto estão longe de casa. Durante essa fase, os indivíduos podem adotar um comportamento que seria considerado inaceitável em sua vida normal. Em muitos casos, os turistas se sentem em liberdade para explorar identidades alternativas ou para praticar atividades que seriam vistas como tabus em suas culturas de origem. Este fenômeno é particularmente evidente em espaços turísticos como raves, festivais espirituais e parques de diversões, onde a suspensão das normas sociais cria um ambiente propício ao comportamento desviante.
Outro aspecto importante do turismo desviante é o seu papel como uma forma de resistência. Em contextos de subcultura, o turismo pode ser visto como uma plataforma para práticas que desafiam as normas dominantes. Através da viagem, indivíduos podem encontrar novas formas de expressão, criar novas identidades e, ao fazer isso, desafiar as expectativas que a sociedade tem sobre quem eles são ou como devem se comportar. Esse tipo de resistência, embora muitas vezes sutil e não intencional, pode desempenhar um papel significativo na forma como as pessoas se relacionam com sua identidade e com o mundo ao seu redor.
Por outro lado, a ideia de que o turismo seja exclusivamente um espaço para a subversão das normas sociais está sendo cada vez mais contestada. A normalização de certas atividades turísticas e o aumento da comercialização de destinos de "experiências extremas" questionam até que ponto o turismo ainda pode ser considerado um espaço genuíno de liberdade e transgressão. Ao mesmo tempo em que os turistas buscam libertar-se das restrições sociais, a própria indústria do turismo começa a regulamentar e organizar essas experiências de maneira a transformar o "desvio" em uma forma de consumo.
Além disso, o conceito de turismo desviante também está sendo ampliado para incluir comportamentos desviantes de trabalhadores que atuam no setor. Estudos têm demonstrado que, em ambientes turísticos, empregados podem adotar comportamentos que são considerados inapropriados ou subversivos, não apenas em relação aos turistas, mas também em suas relações de trabalho. Essa perspectiva amplia a compreensão do que é considerado desvio dentro do contexto turístico, sugerindo que a estrutura de poder dentro da indústria pode, de certa forma, reforçar ou desafiar as normas sociais.
No contexto das comunidades diásporicas, o turismo adquire uma nova dimensão. A ideia de "turismo da diáspora" se refere às viagens realizadas por pessoas que, embora morando fora de seus países de origem, mantêm um forte vínculo com suas raízes. Este tipo de turismo não está apenas relacionado ao lazer, mas também ao desejo de reconectar-se com a identidade cultural e histórica. As viagens podem incluir visitas a ancestrais, roteiros de migração ou lugares significativos para a história da comunidade diásporica. Para muitas dessas pessoas, o conceito de "lar" não se limita ao local onde residem, mas se estende às suas terras natais, que podem ser vistas como um refúgio emocional.
O turismo da diáspora tem se tornado uma área de crescente interesse no estudo do turismo, especialmente à medida que as comunidades migrantes se tornam mais diversas e dinâmicas. As experiências de turismos relacionados à diáspora variam conforme a história de migração, a relação com a pátria e os modos de integração na sociedade de acolhimento. Em alguns casos, esse tipo de turismo pode ser emocionalmente carregado, uma forma de lidar com a alienação e a saudade da terra natal. Em outros casos, pode se transformar em uma atividade mais voltada para o lazer, onde o vínculo com o passado é mais frouxo e as viagens se tornam uma oportunidade de redescobrir a herança cultural de maneira mais descontraída.
É importante reconhecer que, apesar das diferenças entre as diversas comunidades diásporicas, existe uma forte motivação subjacente ao turismo da diáspora: o desejo de manter uma conexão contínua com a origem, seja para preservar a memória histórica ou para reafirmar uma identidade cultural. Em termos de comportamento desviante, essa forma de turismo também pode representar uma forma de resistência, um meio de desafiar as expectativas da sociedade de acolhimento, reafirmando a importância do pertencimento a uma comunidade maior, além das fronteiras nacionais e culturais.
O turismo, nesse contexto, não é apenas uma prática de consumo, mas uma expressão de identidade e de resistência cultural, onde os desvios das normas sociais podem ser vistos tanto como uma fuga quanto como uma afirmação de uma vivência única e autêntica, longe das imposições da sociedade dominante.
Como as Imagens de Destinos São Formadas e Influenciam o Turismo
As imagens que formamos sobre destinos turísticos não surgem de forma aleatória, mas sim por meio de um processo complexo que envolve diferentes fontes e formas de interação. Essas imagens, por sua natureza, são suscetíveis a transformações ao longo do tempo, conforme as influências externas mudam e novas informações são adquiridas. A pesquisa sobre as imagens de destinos tem sido um campo fértil para estudos na psicologia do turismo e no marketing turístico. Contudo, entender como essas imagens são criadas, modificadas e como afetam o comportamento dos turistas exige uma análise detalhada das diferentes variáveis que compõem esse processo.
Um conceito fundamental na formação da imagem de um destino é a distinção entre as imagens "orgânicas" e "induzidas", introduzidas pela pesquisadora Claire A. Gunn em 1972. As imagens orgânicas são aquelas formadas a partir de fontes consideradas credíveis, como informações obtidas por meio de contatos pessoais ou experiências diretas com o local. Já as imagens induzidas provêm de fontes externas, como campanhas publicitárias e reportagens na mídia, e podem ser projetadas de forma estratégica para influenciar a percepção de uma localidade.
Esse processo de formação de imagens foi expandido para incluir um total de oito agentes formadores de imagem, com quatro mais próximos da categoria das imagens induzidas e três relacionadas ao campo orgânico. O estudo de Charlotte M. Echtner e J.R. Brent Ritchie em 1993 revelou um avanço metodológico significativo ao propor a "eliciação livre", uma técnica de pesquisa que vai além das tradicionais escalas de Likert. Essa abordagem busca identificar imagens mais sutis e complexas que não poderiam ser captadas por meio de perguntas estruturadas, permitindo uma compreensão mais profunda da imagem que as pessoas têm sobre um destino.
Além disso, a pesquisa empírica confirma que a imagem de um destino pode ser modificada, especialmente em sua dimensão afetiva, por meio da busca ativa de informações online. A crescente disponibilidade de plataformas digitais e o acesso à internet tornaram a busca ativa uma ferramenta poderosa na reconfiguração das imagens de destinos turísticos, levando a uma transformação das percepções mais rapidamente do que seria possível com métodos tradicionais. Contudo, mesmo imagens altamente positivas de destinos não se traduzem necessariamente em visitação ou aumento no gasto dos turistas, se os canais de acesso ao destino não forem acessíveis ou se o custo de visitação for elevado.
Em termos de impacto a longo prazo, pesquisas indicam que eventos de grande porte, como as Olimpíadas, podem gerar mudanças temporárias na imagem de um destino, mas essas modificações são, na maioria das vezes, efêmeras. A imagem de um destino tende a retornar ao seu estado original assim que o evento chega ao fim, caso não haja um esforço contínuo para manter a imagem modificada. Isso demonstra que a persistência da imagem depende não apenas da qualidade das campanhas de marketing ou da realização de eventos, mas também de uma estratégia de engajamento a longo prazo.
Nos últimos anos, novas abordagens de pesquisa têm incorporado técnicas avançadas, como a análise de redes sociais e a análise de sentimentos, para estudar a evolução da imagem de um destino por meio de conteúdos gerados por usuários, como blogs, fotos e resenhas online. Tais métodos não estruturados oferecem um rico conjunto de dados para estudar as imagens de destinos de forma mais dinâmica e realista. Porém, a eficácia dessas estratégias depende da credibilidade dos agentes que geram essas imagens e da sua penetração no mercado.
No futuro, a integração entre dados estruturados, como pesquisas de opinião, e dados não estruturados, como imagens e textos gerados por usuários, será crucial para o desenvolvimento de modelos mais sofisticados e eficazes de construção de imagem. O uso de inteligência artificial e aprendizado de máquina, por exemplo, pode ser um grande aliado para mapear e analisar as percepções de um público-alvo de forma mais personalizada e escalável. Isso permitirá um entendimento mais profundo das mudanças nas imagens de destinos turísticos, possibilitando intervenções mais precisas e eficazes.
Além disso, é importante considerar que as imagens de destinos não são apenas construídas por fontes externas ou informações objetivas, mas também são fortemente influenciadas pelos estados afetivos dos indivíduos. A forma como uma pessoa se sente ao planejar sua viagem, o contexto emocional do momento e até mesmo as expectativas culturais desempenham um papel fundamental na construção da imagem de um destino. Esses fatores subjetivos podem modificar radicalmente a percepção do turista sobre um lugar, dependendo de como ele se conecta emocionalmente com as imagens e histórias associadas a esse destino.
O conceito de "imaginários turísticos", introduzido por Noel B. Salazar, ressalta que as imagens de um destino são construídas dentro de um contexto cultural e social específico, e têm o poder de moldar comportamentos coletivos. Essas imagens, muitas vezes, transcendem o discurso explícito e se tornam parte das estruturas sociais compartilhadas, influenciando, assim, as decisões de viagem. As imagens construídas a partir de dicotomias simplificadas, como "norte-sul", "aqui-lá", "rico-pobre", moldam a percepção de destinos, criando narrativas que podem ser tanto sedutoras quanto limitantes.
Para o turista, é essencial entender que a imagem que ele tem de um destino pode ser tanto uma construção social quanto uma projeção pessoal, moldada por suas próprias expectativas e desejos. Além disso, a capacidade de modificar essa imagem, ao longo do tempo, está relacionada diretamente à forma como ele interage com as informações disponíveis, e como essas informações são processadas e internalizadas. Com a evolução das tecnologias digitais, os turistas têm agora o poder de acessar e modificar suas percepções de maneira mais ativa e rápida, tornando o processo de formação da imagem de um destino mais dinâmico e mutável do que nunca.
Como Parcerias e Arranjos Colaborativos Podem Impulsionar o Turismo Sustentável?
O turismo sustentável tem se tornado uma das grandes preocupações globais nos últimos anos. O crescimento constante do turismo tem gerado uma pressão significativa sobre os ecossistemas naturais e as comunidades locais, resultando em impactos ambientais, sociais e econômicos negativos. Nesse contexto, a implementação de parcerias e arranjos colaborativos dentro da indústria do turismo tem surgido como uma solução promissora para resolver questões complexas e criar oportunidades que não podem ser alcançadas individualmente. Ao unir esforços de diversos atores, esses modelos colaborativos buscam um equilíbrio entre os interesses conflitantes e as necessidades de diferentes partes envolvidas no setor do turismo.
Essas parcerias colaborativas surgiram em resposta à fragmentação dos atores envolvidos no turismo, que muitas vezes atuam de forma independente e sem coordenação. Em um cenário cada vez mais incerto e complexo, a colaboração entre diferentes entidades — governos, organizações da sociedade civil, indústrias e comunidades locais — tem sido reconhecida como um meio eficaz de atingir objetivos comuns, como a sustentabilidade ecológica e o desenvolvimento econômico equilibrado. Esses arranjos colaborativos não são apenas benéficos, mas essenciais para a criação de estratégias mais eficazes, que visam não só o crescimento do setor, mas também a preservação dos recursos naturais e a equidade social.
A sustentabilidade dentro do turismo depende, em grande parte, da capacidade de negociação e da disposição para fazer concessões entre os interesses variados e, muitas vezes, concorrentes das partes envolvidas. As metas globais de sustentabilidade, que se alinham com a Agenda 2030 da ONU, são complexas e exigem um esforço coletivo. As parcerias podem ajudar a equilibrar as dimensões econômica, social e ambiental do turismo, fornecendo uma plataforma para a troca de recursos e conhecimentos. Nesse contexto, atores de diferentes escalas geográficas, desde destinos locais até organizações internacionais, podem trabalhar juntos para resolver questões como a gestão de impactos ambientais, a promoção da inclusão social e a gestão sustentável de recursos.
Uma das áreas em que essas parcerias têm mostrado um impacto significativo é na gestão de destinos turísticos. Organizações de gestão de destinos, como as DMO (Destination Management Organizations), podem alcançar maiores sucessos ao colaborar com outras organizações locais e internacionais. Essas colaborações podem assumir diversas formas, como campanhas de marketing conjunto, participação em processos de planejamento regional colaborativo e estudos de pesquisa conjuntos. As DMO, ao se envolverem em parcerias, podem obter vantagens estratégicas, como acesso a fundos, instalações compartilhadas, capital humano e maior expertise técnica. Com isso, o potencial de desenvolvimento sustentável de um destino pode ser ampliado de maneira significativa.
Além disso, a aplicação de parcerias no planejamento regional e no desenvolvimento de áreas rurais e periféricas tem mostrado resultados promissores. Regiões menos desenvolvidas frequentemente enfrentam desafios significativos, como a escassez de recursos financeiros e sociais, que dificultam o crescimento do turismo local. No entanto, ao se unir a parceiros de regiões mais desenvolvidas, essas áreas podem superar essas limitações, aproveitando as capacidades dos parceiros para fortalecer sua própria infraestrutura e potencial turístico. O compartilhamento de recursos e conhecimentos pode criar oportunidades que, de outra forma, seriam inacessíveis, permitindo que as regiões periféricas se integrem mais efetivamente ao mercado global de turismo.
Os arranjos colaborativos não se limitam apenas ao planejamento e à gestão de destinos turísticos. Eles também têm um papel importante na governança do turismo, especialmente à medida que o setor se torna mais globalizado e interconectado. A pandemia de Covid-19, por exemplo, demonstrou a importância de uma resposta coordenada entre diferentes atores para enfrentar crises globais. A crise econômica gerada pela pandemia levou ao surgimento de novas parcerias estratégicas, com a indústria do turismo colaborando com governos e organizações internacionais para mitigar os danos econômicos e sociais causados pela interrupção das viagens. Essa colaboração emergente é um exemplo claro de como parcerias podem ser usadas para não apenas resolver problemas imediatos, mas também para criar soluções de longo prazo para desafios globais.
O papel das parcerias no setor de turismo também está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento de uma economia colaborativa mais ampla. Essa economia, baseada em redes distribuídas de indivíduos conectados, visa não apenas a eficiência econômica, mas também a criação de valor social e ambiental. No turismo, isso se traduz em arranjos em que diversos stakeholders compartilham recursos e responsabilidades para atingir objetivos comuns. Tais parcerias podem abranger desde pequenas empresas locais até grandes organizações internacionais, com todos contribuindo para um modelo mais justo e sustentável.
Com o tempo, os arranjos colaborativos evoluem por meio de várias fases de desenvolvimento, começando pela criação de condições e motivações adequadas para sua formação, passando por estágios de organização, implementação e avaliação, e eventualmente transformando-se em alianças mais robustas e eficazes. Essa dinâmica adaptativa é crucial para garantir que as parcerias não se tornem obsoletas e que os objetivos de sustentabilidade e inovação sejam continuamente perseguidos.
O entendimento de que parcerias e arranjos colaborativos no turismo não são apenas uma tendência, mas uma necessidade para a construção de um futuro sustentável, deve ser central para todos os envolvidos nesse setor. A adaptação às mudanças globais, a resolução de problemas ambientais e sociais, e o aumento da competitividade e inovação em destinos turísticos dependem, cada vez mais, da capacidade de trabalhar de maneira colaborativa e integrada.
Como a Tecnologia e as Estratégias Nacionais Redefinem o Turismo na Periferia Europeia?
O avanço das tecnologias digitais alterou profundamente a forma como os turistas interagem com os destinos e constroem suas experiências. Hoje, não são mais apenas espectadores passivos; tornaram-se co-criadores ativos, moldando suas viagens com base em dados, aplicativos móveis e redes sociais. O Modelo de Adaptação Tecnológica é uma ferramenta amplamente adotada para compreender como os turistas utilizam sistemas de informação e de que maneira o comportamento deles é influenciado por ambientes digitais e redes sociais. Com a expansão do uso de tecnologias, a análise de big data surge como método fundamental para interpretar e prever comportamentos turísticos em um mundo em constante transformação.
Neste contexto, a sofisticação crescente da tecnologia e o surgimento do chamado "turismo inteligente" (smart tourism) não apenas ampliam as opções para o turista moderno, mas oferecem também oportunidades concretas para fomentar comportamentos mais responsáveis, regenerar destinos desgastados e sustentar o futuro da atividade turística em áreas tradicionalmente marginalizadas no cenário global.
A Bielorrússia é um caso paradigmático. Localizada no Leste Europeu e dotada de uma geografia plana com vastas áreas pantanosas, o país ocupa uma posição periférica no mercado mundial de turismo — com apenas 0,004% de participação em 2016, segundo dados oficiais. Apesar de ter conquistado soberania política em 1991, após o colapso da União Soviética, sua economia mantém estruturas socialistas: cerca de 80% da indústria e 75% do setor bancário permanecem sob controle estatal. Além disso, a dependência estratégica da Rússia no fornecimento de energia a preços inferiores ao mercado global reforça uma posição geoeconômica vulnerável.
Com uma população de 9,4 milhões de habitantes, a Bielorrússia ainda tenta se posicionar como destino turístico relevante. A Estratégia Nacional de Desenvolvimento do Turismo 2035 estabelece como objetivo a transição do país da periferia para a semiperiferia do turismo global, dobrando sua participação relativa. Para isso, políticas como a implementação de programas de isenção de visto foram adotadas, incluindo a possibilidade de estadias de até 30 dias sem visto, para quem entra pelo Aeroporto Nacional de Minsk, e acesso livre a cidades como Grodno e Brest por meio de agências certificadas.
Essas medidas se articulam com esforços estruturais mais amplos. Desde 2000, quatro programas nacionais de desenvolvimento turístico promoveram a modernização da infraestrutura, ações de marketing territorial e fortalecimento da cooperação internacional. A adesão à Organização Mundial do Turismo (OMT), em 2005, foi outro marco nesse processo. O turismo, embora ainda minoritário na economia — representando apenas 2,2% do PIB em 2016 —, tem demonstrado crescimento gradual. Em 2019, foram registrados 11,8 milhões de chegadas, sendo que mais da metade dos visitantes hospedados eram bielorrussos, seguidos por russos e, em menor grau, turistas de outros países.
A rede de ensino também se adaptou para sustentar essa transformação, com programas de formação desenvolvidos em cooperação com projetos da União Europeia, como o TEMPUS. Universidades bielorrussas oferecem cursos de Gestão em Turismo Internacional, Economia e Gestão da Indústria Turística e Hospitalidade, criando uma base de capital humano preparada para os desafios de um setor em transição.
Ainda assim, obstáculos persistem. A herança da catástrofe de Chernobyl ainda marca profundamente o sudeste do território, limitando a atratividade de algumas regiões. Além disso, a imagem internacional da Bielorrússia, afetada por questões políticas e geopolíticas, influencia diretamente o fluxo turístico estrangeiro. No entanto, o país dispõe de atrativos significativos, como os complexos históricos de Mir e Nesvizh, o parque nacional Belovezhskaya Pushcha e o Arco Geodésico de Struve — todos reconhecidos como Patrimônio Mundial da UNESCO. Minsk, capital planejada sob diretrizes do urbanismo socialista, também representa um polo turístico singular.
O futuro do turismo bielorrusso dependerá da capacidade de integrar inovação tecnológica, estratégias de soft power e reformas estruturais internas. A implementação de soluções digitais baseadas em inteligência artificial, realidade aumentada, sistemas de gestão inteligente de fluxo turístico e análise preditiva de comportamento poderá posicionar o país como um exemplo de transformação da periferia em novo polo de atração turística regional.
Para além do que foi abordado, é essencial que o leitor compreenda que o verdadeiro desafio da Bielorrússia — e de outros países em posição semelhante — não reside apenas em aumentar números de chegadas ou receitas turísticas, mas em transformar o turismo em uma ferramenta de reposicionamento geoeconômico e reconstrução simbólica. Isso exige não apenas investimento em infraestrutura ou marketing, mas uma mudança de paradigma na forma como o turismo é pensado: de uma atividade econômica periférica para um instrumento estratégico de projeção internacional, regeneração territorial e inovação social.
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