A abordagem diferencial geométrica para sistemas de controle oferece uma perspectiva ampla e profunda, especialmente útil quando o espaço natural onde o sistema atua não é simplesmente ou um conjunto difeomorfo a ele, mas uma variedade suave arbitrária. Essa generalidade permite modelar sistemas complexos em contextos que ultrapassam a noção convencional de espaço euclidiano, essencial para o estudo avançado de controle, como acontece em muitas aplicações de engenharia e física.
Ao considerar um sistema de controle definido sobre uma variedade de dimensão , podemos expressá-lo formalmente pela equação diferencial
onde são campos vetoriais suaves em e . Aqui, não é apenas uma coordenada, mas um ponto da variedade, e a solução da equação é uma curva suave cuja derivada tangente em é dada pela soma dos campos vetoriais ponderados pelos controles .
Um exemplo paradigmático dessa formalização é o controle da orientação de um corpo rígido, como uma espaçonave. Para descrever sua atitude no espaço, adotam-se dois sistemas de referencia: um fixo inercial e outro fixo no corpo , ambos constituídos por tripletos ortonormais. A orientação do corpo é completamente representada pela matriz ortogonal , cujos elementos são os cossenos dos ângulos entre os vetores e . Esta matriz satisfaz e , garantindo que pertence ao grupo especial ortogonal , a variedade natural para representar rotações tridimensionais.
A transformação linear que relaciona as coordenadas de um vetor entre os sistemas e é dada por . Além disso, ao associar a um vetor a matriz antissimétrica,
o produto vetorial pode ser representado como . Isso é fundamental para expressar as equações do movimento de rotação do corpo.
Supondo que o corpo esteja rotacionando, a matriz evolui no tempo, e as velocidades angulares podem ser expressas tanto no referencial fixo quanto no referencial do corpo , denotadas por e , respectivamente. Para um ponto fixo no corpo, suas coordenadas no referencial do corpo são constantes, enquanto no referencial inercial variam de acordo com a rotação, obedecendo a .
Essa descrição é um exemplo claro de como a geometria diferencial, ao tratar variedades e campos vetoriais, fornece o aparato formal para modelar sistemas de controle em espaços que não são triviais, integrando conceitos como distribuições, integrais e a estrutura do grupo de rotações, essenciais para a análise e projeto do controle de sistemas físicos complexos.
Além do que foi explicitado, é importante compreender que a noção de variedade e a integrabilidade das distribuições determinam a possibilidade de se definir coordenadas locais que simplifiquem o sistema e permitam análises locais mais eficazes. A compreensão dos grupos de Lie, como , e seus álgebras de Lie associadas, é crucial para aprofundar o entendimento das dinâmicas de rotação e controle de corpos rígidos. Também vale destacar que a análise diferencial geométrica transcende o estudo local e permite o entendimento global das propriedades do sistema, possibilitando abordagens de controle que considerem topologias e características globais da variedade. Por fim, o domínio da linguagem geométrica auxilia na visualização intuitiva dos fenômenos, facilitando a elaboração de estratégias de controle mais robustas e eficientes.
A Regulação da Saída no Caso de Feedback de Erro: A Imersão e Suas Implicações
A imersão é um conceito fundamental na teoria de sistemas dinâmicos, especialmente quando se trata de problemas complexos, como a regulação de saída em sistemas com feedback de erro. O conceito de imersão, em termos simples, refere-se à capacidade de um sistema dinâmico ser "incorporado" em outro sistema que tenha propriedades especiais ou desejadas, como a observabilidade. Este processo é crucial quando se lida com sistemas não-lineares ou quando há necessidade de representar sistemas não-lineares em uma estrutura linear, o que pode facilitar a análise e a solução de certos problemas de controle.
Quando falamos sobre a regulação de saída em sistemas com feedback de erro, a imersão assume um papel central. O objetivo da regulação de saída é garantir que o comportamento de saída de um sistema se comporte de maneira desejada, independentemente de sua dinâmica interna. Para que isso seja possível, muitas vezes é necessário imergir o sistema em outro com características específicas, como a observabilidade ou a linearidade, o que pode tornar o problema mais tratável.
Por exemplo, qualquer sistema linear pode sempre ser imerso em um sistema linear observável. Esse é um resultado importante, pois a observabilidade de um sistema garante que todas as informações sobre o estado do sistema possam ser obtidas a partir de suas saídas. Em contraste, um sistema não-linear pode não ser observável diretamente, mas, sob certas condições, também pode ser imerso em um sistema linear observável, facilitando o controle e a análise do sistema não-linear original.
No caso da regulação de saída com feedback de erro, a imersão de um sistema autônomo no contexto do problema de regulação de saída torna-se uma condição necessária e suficiente para a solução do problema. Em outras palavras, se for possível imergir o sistema em um sistema com certas propriedades desejadas, como a linearidade ou a observabilidade, então a regulação de saída será viável. Esse processo de imersão implica que o sistema original, ao ser imerso em outro sistema, terá sua dinâmica adequadamente descrita e controlada dentro de um espaço de estados mais simples ou mais acessível.
A proposição 8.4.2 descreve um caso específico no qual um sistema não-linear pode ser imerso em um sistema linear observável, desde que certas condições sejam atendidas. Essas condições são baseadas nas propriedades da função de saída e de suas derivadas de ordem superior, que devem satisfazer determinadas relações de linearidade e dependência. Uma vez que essas condições são verificadas, é possível garantir que existe um vizinho do ponto de origem onde o sistema original pode ser imerso de maneira eficiente e funcional.
A proposição 8.4.3 vai mais longe ao estabelecer que a imersão de um sistema em um sistema linear observável é equivalente à condição de que o espaço de observação de tenha dimensão finita. Isso significa que, se o espaço de observação de um sistema não-linear tiver uma estrutura finita e bem comportada, o sistema pode ser imerso em um sistema linear observável, o que abre caminho para técnicas de controle e análise muito mais poderosas.
A partir disso, a teorema 8.4.4 apresenta uma condição crucial para a solução do problema de regulação de saída com feedback de erro. A solução para o problema existe se e somente se existirem funções específicas que atendem a um conjunto de condições envolvendo o mapeamento do estado e da entrada do sistema. Essas funções garantem que o sistema com feedback de erro possa ser imerso em um sistema que permita a regulação eficiente da saída.
Além disso, a prova fornecida para essa teorema mostra que, ao assumir que existe um controlador adequado, certas condições de estabilidade e detectabilidade devem ser satisfeitas para que a solução seja válida. Isso implica que a imersão não é apenas uma questão de representação matemática, mas também envolve garantir a estabilidade e a capacidade de detecção do sistema após a imersão.
Por fim, é importante entender que a imersão em sistemas com feedback de erro não se trata apenas de uma transformação matemática. Ela é uma ferramenta poderosa que permite lidar com sistemas complexos e não-lineares de maneira controlada e previsível. Através desse processo, é possível transformar problemas de regulação de saída aparentemente intratáveis em problemas mais simples, onde técnicas clássicas de controle podem ser aplicadas de forma eficaz.
A compreensão do processo de imersão e suas condições associadas, como as descritas nas proposições e teorema, é essencial para a solução de problemas avançados de regulação de sistemas. É fundamental que o leitor compreenda não apenas as condições matemáticas para a imersão, mas também as implicações práticas desse conceito para o controle de sistemas dinâmicos complexos.

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