Considere um sistema dinâmico cuja trajetória está limitada, ou seja, existe uma restrição superior para o valor da função z(t) ao longo do tempo. Suponha que, para um dado estado inicial (z(0), ε(0)) pertencente a um conjunto compacto K, a trajetória gerada permaneça confinada a este conjunto. Por definição, o conjunto limite de acumulação da trajetória, denominado ω-limite, não é vazio em razão dessa limitação. Como ε(t) tende a zero conforme o tempo t tende ao infinito, podemos considerar o subconjunto {(z, ε) ∈ ℝ^(n-r) × ℝ^r : ε = 0} e observar que qualquer ponto (z°, 0) pertencente ao ω-limite deve satisfazer as equações do sistema reduzido, onde a dinâmica de ε é anulada.

Essa observação implica que a trajetória z°(t) associada a (z°, 0) é uma curva integral do sistema reduzido z = f₀(z, 0), cujo limite para t → ∞ é o ponto de equilíbrio zero, dado que (0,0) é localmente assintoticamente estável. Portanto, existe uma vizinhança aberta Vi ao redor de (0,0) na qual toda trajetória que ali se inicia converge assintoticamente ao equilíbrio. Além disso, pelo fluxo do sistema, qualquer ponto suficientemente próximo do ω-limite será conduzido a Vi em tempo finito, garantindo assim a convergência assintótica da trajetória completa ao equilíbrio.

No contexto do controle por realimentação, a lei de controle pode ser expressa nas coordenadas originais como uma função que depende linearmente de ε, ajustada por um parâmetro k suficientemente grande. A estabilidade local assintótica do equilíbrio no sistema em malha fechada é garantida para valores de k acima de um limite crítico k*, e para pequenos valores do parâmetro ε, dependentes de k. Isso estabelece um regime semiglobal de estabilização, onde a escolha adequada dos ganhos de controle assegura não apenas a estabilidade local, mas também o comportamento limitado e a convergência das trajetórias iniciais dentro de um domínio maior.

A demonstração dessa propriedade passa pela construção de uma função de Lyapunov definida positiva e própria, W(z, ε), cuja derivada ao longo das trajetórias do sistema fechado é negativa nas fronteiras de um conjunto compacto suficientemente grande Ma. Assim, para k > k*, o sistema permanece confinado dentro deste conjunto e as soluções convergem para o equilíbrio.

É crucial compreender que a estabilização semiglobal obtida por meio desses argumentos não depende unicamente da estabilidade local do ponto de equilíbrio, mas da interação entre a limitação das trajetórias e a existência do ω-limite, que “puxa” as soluções para uma região onde a dinâmica simplificada é dominante. A convergência de ε(t) a zero age como um mecanismo de desacoplamento progressivo da dinâmica complexa para um sistema reduzido com comportamento estável conhecido.

Além disso, a análise assenta na regularidade do fluxo e na difeomorfia local das transformações temporais, que asseguram que pequenas variações iniciais levam a trajetórias que permanecem próximas e convergentes. Essa robustez topológica do sistema é fundamental para garantir que a lei de controle projetada opere efetivamente num conjunto ampliado de condições iniciais.

O entendimento dessa estrutura revela que a estabilidade e a limitação das soluções não são apenas propriedades locais, mas podem ser estendidas semiglobamente mediante a adequada escolha de parâmetros do controlador e a exploração das propriedades topológicas do sistema dinâmico e do seu fluxo. Isso possibilita o desenho de estratégias de controle mais eficazes, capazes de lidar com incertezas e perturbações dentro de um domínio maior do que aquele estritamente local ao equilíbrio.

Assim, a estabilização semiglobal apresenta-se como um conceito poderoso para sistemas complexos, onde a dinâmica é composta por múltiplas escalas temporais e onde a análise do comportamento assintótico das variáveis auxiliares (como ε) permite simplificar a investigação da estabilidade global do sistema controlado.

O que é um Atlas Completo em Variedades Suaves e como isso se Aplica a Exemplos Matemáticos?

Uma variedade suave é um tipo de espaço matemático que pode ser descrito localmente por funções contínuas e diferenciáveis chamadas gráficos ou cartas. Uma coleção de tais gráficos é chamada de atlas. Definimos um atlas completo como aquele que não pode ser contido propriamente em nenhum outro atlas. Mais precisamente, se AA for um atlas CC^\infty sobre uma variedade NN, existe um atlas completo único, denotado por XX^*, que contém AA. Esse novo atlas completo é formado pela coleção de todos os gráficos coordenados (U,φ)(U, \varphi), que são compatíveis com qualquer gráfico coordenado (UA,φA)(U_A, \varphi_A) de AA. Assim, o atlas XX^* é completo por construção e inclui todos os gráficos de AA.

Por exemplo, qualquer conjunto aberto URnU \subseteq \mathbb{R}^n é uma variedade suave de dimensão nn. Para essa variedade, um atlas AA pode ser formado com um único gráfico coordenado, que é simplesmente o próprio conjunto UU com a identidade como mapa coordenado. O atlas completo XX^* seria o conjunto de todos os gráficos coordenados compatíveis com este gráfico básico. Nesse caso, Rn\mathbb{R}^n se torna uma variedade suave de dimensão nn.

Em situações mais complicadas, pode-se definir múltiplos atlases completos em uma mesma variedade. Por exemplo, considere a reta R\mathbb{R}, e dois gráficos coordenados (R,φ)(R, \varphi) e (R,ψ)(R, \psi), onde φ(x)=x\varphi(x) = x e ψ(x)=x3\psi(x) = x^3. Aqui, os gráficos (R,φ)(R, \varphi) e (R,ψ)(R, \psi) não são idênticos, mas ainda podem ser usados para formar atlases completos distintos.

Outro exemplo envolve subconjuntos de Rm\mathbb{R}^m. Se definirmos funções reais A1,,AmnA_1, \ldots, A_{m-n} em uma região aberta URmU \subset \mathbb{R}^m, podemos construir um subconjunto NN de UU onde essas funções se anulam. Supondo que a matriz jacobiana das funções tenha posto mnm-n em todo ponto de NN, esse subconjunto NN é uma variedade suave de dimensão nn, que pode ser entendida como uma hipersuperfície suave. Um exemplo clássico de tal hipersuperfície é a esfera Sn1S^{n-1}, que é descrita pela equação A(x)=x12+x22++xn21=0A(x) = x_1^2 + x_2^2 + \ldots + x_n^2 - 1 = 0, representando uma esfera de raio 1 em Rn\mathbb{R}^n.

Além disso, é importante notar que qualquer subconjunto aberto NN' de uma variedade suave NN também será uma variedade suave. O conjunto de coordenadas de NN' é simplesmente a restrição dos gráficos coordenados de NN ao subconjunto NN'. A dimensão de NN' será a mesma que a de NN.

Outro exemplo fundamental envolve o produto cartesiano de duas variedades suaves MM e NN, com dimensões mm e nn, respectivamente. O produto cartesiano M×NM \times N é também uma variedade suave, com dimensão m+nm + n. A topologia do produto cartesiano é dada pela topologia produto, e o gráfico coordenado de M×NM \times N é formado pelo produto dos gráficos coordenados de MM e NN. Um exemplo importante disso é o toro T2=S1×S1T^2 = S^1 \times S^1, que é o produto cartesiano de dois círculos.

Por fim, as funções definidas em variedades suaves podem ser expressas localmente em coordenadas. Se AA for uma função real definida sobre uma variedade NN, a sua expressão local pode ser escrita como uma composição da função AA com as coordenadas locais. Da mesma forma, as funções entre variedades suaves, ou seja, os mapas suaves F:NMF: N \to M, podem ser descritas em coordenadas locais, o que facilita o estudo dessas funções. Quando dizemos que uma função FF é suave, estamos afirmando que ela pode ser expressa de maneira suave em coordenadas locais, o que significa que sua composição com as coordenadas de NN e MM é uma função CC^\infty.

Além disso, é importante compreender que a suavidade de uma função ou de um mapeamento é independente da escolha das coordenadas locais. Isso implica que a suavidade de uma função entre variedades suaves é uma propriedade bem definida, independentemente das coordenadas locais utilizadas para sua expressão.

Por último, uma noção fundamental em geometria diferencial é a de difeomorfismo, que é um mapeamento suave, bijetivo, e cujas funções inversas também são suaves. Quando duas variedades suaves são relacionadas por um difeomorfismo, dizemos que elas são difeomórficas, ou seja, elas têm a mesma estrutura diferenciável, apesar de possuírem diferentes representações.

O estudo dessas variedades suaves, atlases completos, e mapeamentos suaves é fundamental para a compreensão das estruturas geométricas e das transformações entre diferentes espaços, sendo um dos pilares da geometria diferencial e topologia.

Como o Comportamento de um Sistema de Controle é Determinado pela Ação do Controle

No estudo dos sistemas de controle, a análise do comportamento do sistema sob a ação do controle uu é fundamental para entender como o sistema evolui ao longo do tempo. Para um sistema linear com matrizes AA e BB, o comportamento do sistema pode ser descrito pelas coordenadas x(T)x(T) no tempo TT. Essas coordenadas podem ser expressas pela equação xi(T)=exp(AnT)xi(0)+[exp(An(Tt))Ai2exp(A22r)dTz2(0)+T°^]x_i(T) = \exp(AnT) x_i(0) + \left[ \exp(An(T-t)) A_{i2} \exp(A_{22} r) dT z_2(0) + T * \hat{°} - \right], o que implica que a evolução do estado x2(T)x_2(T) não depende diretamente do controle uu, mas sim do tempo TT.

Porém, quando nos referimos a um ponto x0(T)x^{0}(T) alcançado no tempo TT a partir de um estado inicial x(0)x(0) com u(t)=0u(t) = 0 para todos t[0,T]t \in [0,T], o comportamento do sistema revela uma característica importante: qualquer estado alcançável a partir de x(0)x(0) tem a forma x0(T)+vx^{0}(T) + v, onde vVv \in V. Essa informação nos mostra que, para que um estado xx seja alcançável em TT, ele deve ter a forma mencionada, ou seja, x=x0(T)+vx = x^{0}(T) + v, sendo vVv \in V.

Entretanto, há uma condição adicional que torna essa caracterização não apenas necessária, mas também suficiente. Essa condição surge quando o subespaço VV é o menor subespaço que satisfaz certas propriedades de estabilidade e acessibilidade. Quando VV satisfaz essa condição, e considerando que V=Im(BAB...An1B)V = \text{Im}(B A B ... A^{n-1} B), o par (An,Bi)(A_n, B_i) torna-se um par acessível. Isso implica que, para cada estado xiRdx_i \in \mathbb{R}^d, existe um controle u(t)u(t) tal que o estado xix_i é alcançável através da ação do controle.

Assim, o comportamento do sistema se divide em subconjuntos de Rn\mathbb{R}^n da forma Sp={xRn:x=p+v,vV}S_p = \{ x \in \mathbb{R}^n : x = p + v, v \in V \}, onde cada ponto alcançável no tempo TT a partir de um estado inicial x(0)x(0) coincide exatamente com um desses subconjuntos. Geometricamente, esses subconjuntos podem ser descritos como planos dd-dimensionais paralelos a VV, o que nos dá uma visualização mais clara da estrutura do sistema e das possíveis trajetórias que ele pode seguir.

Além disso, é importante notar que, ao observar a interação entre o estado do sistema e a saída, pode-se fazer uma análise semelhante utilizando um subespaço WW de Rn\mathbb{R}^n, que deve ser invariante sob a ação da matriz AA e contido no núcleo da matriz CC. Isso resulta em uma decomposição do sistema, onde certos estados do sistema tornam-se indistinguíveis para a saída, ou seja, diferentes estados podem gerar a mesma saída, tornando-os indistinguíveis sob determinadas condições. Esse fenômeno ocorre quando o par (C2,A22)(C_2, A_{22}) é observável, o que garante que estados cujas diferenças estão em WW não podem ser distinguidos a partir da saída.

A partir dessas considerações, surge a ideia de uma partição do espaço de estados Rn\mathbb{R}^n em subconjuntos Sp={xRn:x=p+w,wW}S_p = \{ x \in \mathbb{R}^n : x = p + w, w \in W \}, onde os estados indistinguíveis entre si formam conjuntos de pontos associados a essas subpartições. Isso significa que, se a diferença entre dois estados não pertence a WW, então esses estados são distinguíveis a partir da saída, fornecendo uma maneira de identificar e separar diferentes comportamentos do sistema.

É importante também compreender que essa análise, ao ser generalizada para sistemas não lineares, exige uma adaptação das técnicas e uma consideração mais profunda das propriedades geométricas do sistema. O comportamento de sistemas não lineares pode ser mais complexo e menos intuitivo, mas as abordagens descritas aqui servem como uma base sólida para o estudo das decomposições locais em sistemas de controle. O conceito de acessibilidade e observabilidade é central para o entendimento de como os sistemas podem ser manipulados e monitorados para atingir certos objetivos em um ambiente controlado.

Como Alcançar o Grau Relativo por Meio da Extensão Dinâmica em Sistemas Não Lineares

Em sistemas não lineares, a análise do grau relativo e suas implicações para o controle são de grande importância. Quando se trabalha com um sistema de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO), a natureza interativa do sistema muitas vezes impede uma solução simples, pois a dependência entre as variáveis de entrada e saída pode tornar-se complexa. Para sistemas com grau relativo, o controle pode ser implementado de forma eficaz, mas para sistemas sem este grau, é necessário realizar transformações específicas.

O grau relativo de um sistema descreve a ordem das variáveis de saída que dependem diretamente das entradas do sistema. Em muitos casos, sistemas MIMO podem ser simplificados ou tornados não interativos com o uso de retroalimentação de estado, desde que se satisfazem certas condições, como o equilíbrio entre os graus relativos das variáveis. No entanto, nem todos os sistemas apresentam esse grau, e portanto, a aplicação de uma retroalimentação estática de estado não será suficiente para garantir que o sistema tenha um grau relativo definido. Este é o ponto de partida para a discussão sobre a utilização de retroalimentação dinâmica.

Uma das abordagens mais eficazes para sistemas sem grau relativo envolve a introdução de variáveis auxiliares dinâmicas. Isso permite que o sistema, inicialmente não interativo, seja transformado em um sistema linear e controlável. A retroalimentação dinâmica, que incorpora essas variáveis adicionais, pode modificar a estrutura do sistema, permitindo que ele tenha um grau relativo adequado. O uso dessa técnica pode ser ilustrado por meio de um exemplo simples, onde um sistema com duas entradas e duas saídas, que inicialmente não apresenta grau relativo, pode ser transformado em um sistema que o tenha.

Por exemplo, considere um sistema com duas entradas e duas saídas, definido em um espaço de quatro dimensões, onde as funções de saída são dadas por h1(x)=x1h_1(x) = x_1 e h2(x)=x2h_2(x) = x_2. Esse sistema não apresenta grau relativo, pois a matriz de controlabilidade, resultante da derivada das funções de saída em relação às variáveis de entrada, tem posto igual a 1 para todos os pontos do sistema. Isso ocorre porque as primeiras derivadas das saídas são influenciadas tanto pela primeira quanto pela segunda entrada, tornando-se impossível isolar os efeitos de cada entrada sobre as saídas.

Para contornar isso, pode-se buscar uma maneira de "adiar" o impacto da entrada u1u_1 nas saídas. Uma estratégia seria introduzir um sistema dinâmico auxiliar que permite que o impacto da entrada u1u_1 apareça somente em derivadas de ordem superior das saídas, de modo que as entradas se tornem independentes. A solução mais simples seria fazer com que u1u_1 se igualasse à saída de um sistema de integração, ou seja, u1=v1u_1 = v_1, sendo v1v_1 uma nova variável de entrada. Isso cria um novo sistema composto que, através da introdução de variáveis auxiliares, consegue obter o grau relativo desejado.

Ao fazer essa transformação, o sistema original é modificado de tal forma que a interação entre as entradas e as saídas passa a ser controlada de maneira mais eficiente. O sistema resultante, embora mais complexo devido à introdução de novas variáveis, permite que a análise de controle seja realizada de forma mais simples e direta, pois agora é possível tratar o sistema com as mesmas técnicas que seriam aplicadas a um sistema linear de grau relativo.

A análise desse tipo de retroalimentação dinâmica é crucial para compreender como sistemas não lineares podem ser manipulados para atingir comportamentos desejados. Além disso, é importante destacar que, mesmo com essa transformação, o controle do sistema continua a depender da modelagem precisa e da correta implementação dos algoritmos de controle. Isso inclui não apenas a definição das retroalimentações apropriadas, mas também o entendimento de como essas modificações afetam a estabilidade e a resposta dinâmica do sistema.

Em resumo, a introdução de retroalimentação dinâmica e a manipulação do grau relativo de um sistema podem facilitar a implementação de estratégias de controle que são, de outra forma, impossíveis ou excessivamente complexas. Ao permitir a transformação de um sistema não linear em um sistema linear ou parcialmente linearizado, essas técnicas aumentam significativamente a aplicabilidade dos métodos de controle em sistemas de múltiplas entradas e múltiplas saídas.

Como Estender as Soluções Locais para Sistemas Não Lineares com Controle Global

A transformação de um sistema não linear em um sistema linear equivalente (possivelmente após uma mudança de coordenadas no espaço de estados), o processo de estabilização assintótica local de um ponto de equilíbrio dado (para aqueles sistemas não lineares cujo comportamento dinâmico nulo possui um ponto de equilíbrio assintoticamente estável nesse ponto) e a independência de certas saídas em relação a certos insumos (como nos problemas de desacoplamento de distúrbios e controle não interativo) são questões centrais no campo do controle de sistemas não lineares. Como já foi destacado em várias partes do texto, todos os procedimentos apresentados nestes capítulos têm caráter local, ou seja, levam ao projeto de leis de feedback que são definidas apenas em uma vizinhança de um ponto de equilíbrio dado. Este fato levanta a questão de como essas metodologias de design podem ser estendidas para gerar soluções globais para os problemas de design mencionados.

Para simplificar, e também por questões de espaço, vamos considerar inicialmente o caso de sistemas de entrada única e saída única (SISO). Como discutido no Capítulo 5, a análise da situação mais geral de um sistema de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO) não é conceitualmente mais difícil, embora envolva uma notação mais complexa. Assim, começamos esta seção abordando o problema de derivar a versão global da transformação de coordenadas e da forma normal, que foram introduzidas na Seção 4.1.

Considere um sistema de entrada única e saída única descrito pelas equações:

x˙=f(x)+d(x)u\dot{x} = f(x) + d(x)u
y=h(x)y = h(x)

onde f(x)f(x) e d(x)d(x) são campos vetoriais suaves e h(x)h(x) é uma função suave definida em Rn\mathbb{R}^n. Suponhamos, como de costume, que f(0)=0f(0) = 0 e h(0)=0h(0) = 0. Um sistema é dito ter grau relativo uniforme rr se ele tem grau relativo rr em cada ponto xoRnx^o \in \mathbb{R}^n. Isso significa que as diferentesiais dh(x),dLfh(x),dLrfr1h(x)dh(x), dL_fh(x), dL_rf^{r-1}h(x) são linearmente independentes em cada ponto xRnx \in \mathbb{R}^n. Portanto, o conjunto Z={xRn:h(x)=Lfh(x)==Lfr1h(x)=0}Z^* = \{x \in \mathbb{R}^n: h(x) = L_f h(x) = \dots = L_f^{r-1} h(x) = 0\}, que é não vazio dado que f(0)=0f(0) = 0 e h(0)=0h(0) = 0, é uma subvariedade suave e embutida de Rn\mathbb{R}^n, de dimensão nrn - r.

Em particular, cada componente conectada de ZZ^* é uma variedade integral máxima da distribuição (não singular e involutiva) Z=span{dfh,dLfh,}Z^* = \text{span} \{d_f h, dL_f h, \dots\}. Essa subvariedade ZZ^* é o ponto de partida para a construção de uma versão global da transformação de coordenadas considerada na Seção 4.1.

Proposição 9.1.1: Suponha que o sistema (9.1) tenha grau relativo uniforme rr. Defina os campos vetoriais f(x)=f(x)+g(x)a(x)f(x) = f(x) + g(x)a(x), g(x)=g(x)ϕ(x)g(x) = g(x)\phi(x), e considere os campos vetoriais Ti=(1)i1adr1f(x)T_i = (-1)^{i-1} \text{ad}_{r-1} f(x) para 1ir1 \leq i \leq r. Suponha que esses campos vetoriais sejam completos. Então, ZZ^* é conexo. Além disso, a mapeamento suave Φ:Z×RrRn\Phi : Z^* \times \mathbb{R}^r \to \mathbb{R}^n é um difeomorfismo global. O mapeamento Φ\Phi transforma o sistema original em um sistema descrito pelas equações z˙=f0(z),y=g(z)\dot{z} = f_0(z), \, y = g(z), onde zz representa as novas variáveis de coordenadas.

Este resultado é importante, pois, quando um sistema possui grau relativo uniforme, a implementação de uma lei de controle globalmente definida pode ser realizada através de um feedback global. Esse feedback tem a forma:

u=Lrfr1h(x)u = -L_rf^{r-1}h(x)

E, ao aplicar esse feedback, o sistema é transformado de acordo com uma nova representação, onde a dinâmica é descrita por um sistema linearizado globalmente, caso r=nr = n. Caso contrário, o sistema permanece não linear, mas com um controle não interativo mais simplificado.

Adicionalmente, se os campos vetoriais (9.2)(9.2) comutam, a nova representação assume uma forma especial, na qual as equações do sistema apresentam menos interações e o controle se torna mais intuitivo. Isso proporciona uma maneira eficiente de projetar leis de controle para sistemas não lineares, mantendo a estrutura do sistema simplificada e ao mesmo tempo garantindo estabilidade assintótica.

Se o grau relativo do sistema for menor que nn, a subvariedade ZZ^* se torna a maior subvariedade suave de h1(0)h^{ -1}(0) tal que, em cada ponto xZx \in Z^*, existe uma função de controle u(x)u^*(x) que torna a dinâmica tangente a ZZ^*, o que facilita a análise de estabilidade e controle.

Para o leitor, é crucial entender que, embora as soluções globais sejam viáveis para sistemas com grau relativo uniforme, o desafio de implementar essas soluções depende da precisão com que os campos vetoriais são definidos e da capacidade de manipular essas novas coordenadas no espaço de estados. Além disso, é importante observar que, em sistemas não lineares complexos, a mudança para um sistema de coordenadas linearizado pode simplificar o controle, mas não elimina a necessidade de uma análise cuidadosa da estabilidade e da observabilidade do sistema globalmente.