As lesões da cavidade auditiva e das vias respiratórias superiores, incluindo a cavidade nasal e os seios paranasais, são frequentemente detectadas por meio de exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM). Esses exames permitem não só a visualização das estruturas anatômicas, mas também a avaliação das condições patológicas que podem afetar essas regiões. Entre as lesões mais comuns, destacam-se o glômus timpânico, o glômus jugulare e outros tumores no ângulo cerebelopontino, além das anomalias nasais e de seios paranasais.

O glômus timpânico é uma massa de tecido mole que se localiza no promontório coclear, frequentemente observada em imagens de TC pós-contraste, como uma lesão lobulada que pode causar erosão óssea. Quando maior, essa lesão pode invadir a cavidade do ouvido médio, afetando os ossículos auditivos e a parede óssea. Os exames de TC, tanto pré quanto pós-contraste, são essenciais para identificar a extensão dessa lesão. Lesões maiores que erodem para a fossa jugular são indistinguíveis do glômus jugulare e são denominadas glômus jugulotimpanico. A RM, embora útil, é recomendada apenas em casos em que as lesões ultrapassam a cavidade do ouvido médio, devido à sua capacidade superior de avaliar a extensão para além das estruturas ósseas.

Já o glômus jugulare preenche o forame jugular e pode causar erosão de suas margens, uma característica crucial observada em exames de TC. Sua extensão para outras áreas, como o ouvido médio e o canal hipoglosso, é visível nas imagens de RM, que exibem uma melhora homogênea e intensa no pós-contraste, além de sinais de erupção óssea nas estruturas adjacentes. Em alguns casos, pode ser difícil distinguir entre essas lesões e outras condições, como os meningiomas, que também aparecem como massas bem definidas com intensificação de contraste.

Os meningiomas, tumores que surgem das meninges, frequentemente se localizam nas regiões próximas ao ângulo cerebelopontino. São vistos como lesões arredondadas e homogêneas nas imagens de RM, com uma típica aparência de "sal e pimenta" nas imagens ponderadas por T1, devido à presença de focos de hemorragia e pequenos vasos sanguíneos dentro da lesão. Esses tumores podem se estender para o canal auditivo interno, comprimindo nervos cranianos e até o tronco encefálico em casos mais avançados. A RM, particularmente com sequências ponderadas em T2 e T1 pós-contraste, é a ferramenta de escolha para o diagnóstico desses tumores.

As cistos epidermóides e os cistos aracnoides, encontrados frequentemente na região do ângulo cerebelopontino, apresentam densidade semelhante ao líquido cerebroespinhal nas imagens de TC, sendo mais bem avaliados por RM, que mostra um aumento significativo da intensidade de sinal. A diferenciação entre esses tipos de cistos pode ser feita através de imagens ponderadas por difusão, uma técnica que permite observar a restrição do movimento das moléculas de água em algumas lesões, como no caso dos cistos epidermóides.

Além disso, a metástase também é uma condição comum que afeta a cavidade auditiva interna e as cisternas do ângulo cerebelopontino, geralmente originária de cânceres primários, como os de mama, pulmão ou melanoma. Essas lesões aparecem em RM como pequenas massas com intensificação de contraste, que podem ser difíceis de diferenciar de outras condições mais benignas, como schwannomas acústicos.

No que diz respeito às anomalias nasais e dos seios paranasais, a atresia das coanas pode ser visualizada através de TC de alta resolução, que revela o estreitamento da coana posterior com o espessamento do vômer. Outras anomalias, como os gliomas nasais e as encefalocele fronto-etmoidal, também são detectadas por TC, mostrando massas de densidade semelhante ao tecido cerebral, frequentemente associadas a defeitos ósseos. A RM, no entanto, é preferida para visualização de lesões complexas e para identificar a continuidade do tecido herniado com o parênquima cerebral, como é o caso das encefalocele, que podem se estender para os seios etmoidais.

Além dessas lesões mais específicas, é importante estar atento a variações anatômicas que podem interferir no tratamento de doenças dos seios paranasais, como a bula etmoidal e a concha bullosa, que podem causar obstrução do infundíbulo nasal e modificar a drenagem dos seios paranasais. O conhecimento dessas variações é essencial para o planejamento de cirurgias, como a cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS), que requer uma compreensão detalhada da anatomia bony da cavidade nasal.

Ao analisar as imagens de TC e RM, deve-se também considerar a presença de condições como dermoides nasais e pólipos sinusais, que são bem definidos nas imagens de TC e RM, respectivamente. Essas condições podem ser benignas, mas, dependendo de sua localização e tamanho, podem causar complicações no paciente.

Como a Disfunção Olfativa Afeta a Qualidade de Vida em Pacientes com Doenças Sinonasais Crônicas?

A disfunção olfativa é um distúrbio que pode ter um impacto significativo na vida dos pacientes, particularmente aqueles que sofrem de condições como sinusite crônica e lesões nas vias respiratórias superiores. A perda ou distorção do olfato pode ser um sintoma debilitante, afetando atividades cotidianas e o bem-estar geral dos indivíduos. Em casos de sinusite crônica, a recuperação da função olfativa pode ser prejudicada pela diminuição do epitélio olfativo e sua substituição por tecido respiratório normal, que compromete a percepção dos odores. Embora a recuperação do olfato após intervenções cirúrgicas ou tratamentos medicamentosos seja documentada em alguns casos, em outros, a perda do olfato pode persistir por períodos prolongados, especialmente após traumas na cabeça, infecções virais ou infecções nas vias nasais.

A cirurgia endoscópica para tratar doenças sinunasais pode levar a uma melhora, mas é essencial que o prognóstico para a recuperação do olfato seja bem explicado ao paciente. A ressonância magnética (RM) pode oferecer uma avaliação mais precisa da função olfativa, ajudando na decisão sobre o tratamento adequado. No entanto, mesmo com a intervenção médica, a distorção do olfato pode ser permanente, e os pacientes devem ser preparados para essa possibilidade.

É crucial que os médicos compreendam o impacto que a perda do olfato pode ter na qualidade de vida do paciente. Estudos indicam que quase 75% dos pacientes com disosmia enfrentam dificuldades em atividades como cozinhar, enquanto 50% relatam o consumo acidental de alimentos estragados. Profissões que dependem fortemente do olfato, como degustação de vinhos, fabricação de cosméticos e perfumes, bem como serviços de catering, podem ser afetadas de maneira significativa pela perda do olfato. Além disso, alterações de humor e a dificuldade em perceber o próprio odor corporal são aspectos que também geram um impacto psicológico considerável.

A abordagem clínica deve ser minuciosa, com uma avaliação detalhada do epitélio olfativo e exames neurológicos. O diagnóstico de distúrbios olfativos pode ser complementado com testes químicos formais, que ajudam a monitorar o progresso do tratamento e avaliar a eficácia de terapias. O uso de corticosteroides orais e o treinamento olfativo têm mostrado benefícios em alguns pacientes, promovendo a recuperação parcial da função olfativa. No entanto, é fundamental que o médico forneça orientações sobre os riscos associados à redução do olfato, especialmente no que diz respeito à detecção de perigos ambientais, como fumaça e gás.

Pacientes que sofrem de distúrbios olfativos devem ser encaminhados para uma avaliação clínica abrangente. O tratamento deve ser personalizado, levando em consideração as especificidades de cada caso. A tomografia computadorizada (TC) é útil para planejar intervenções cirúrgicas, particularmente em casos de obstruções nasais complexas. É importante que os pacientes entendam que a recuperação do olfato pode não ser garantida e que a gestão da disfunção olfativa exige uma combinação de terapias médicas e suporte psicológico.

Além disso, o impacto social e emocional de viver sem o sentido do olfato não pode ser subestimado. A percepção do ambiente e a capacidade de detectar cheiros perigosos, como fumaça ou gás, são fatores de risco que merecem atenção especial. Mesmo quando a recuperação completa não é possível, o gerenciamento adequado da disfunção olfativa pode melhorar a qualidade de vida e reduzir o sofrimento associado a essa condição debilitante.