Em um futuro distante, um homem se destaca como o último vestígio do século XX: Francis Sandow. Seu corpo é mantido jovem por meios científicos avançados, e sua saúde é preservada em um estado impecável. Ele acumulou uma fortuna colossal e agora é o dono de planetas inteiros. Mas, mais impressionante ainda, ele alcançou um status divino, não na Terra, mas entre os alienígenas Pei’ans, onde é reverenciado como Shimbo de Darktree, o "Desprezador dos Trovões". No entanto, apesar de sua ascensão, Sandow não acredita verdadeiramente que sua personalidade tenha se fundido com a antiga consciência de Shimbo ou que ele possua poderes divinos.

É um homem que se tornou uma lenda, mas ainda assim, é alguém que duvida da extensão de sua própria existência e de seu impacto no universo. Seu dilema começa a tomar forma quando ele precisa enfrentar outro deus Pei’an, Belion, que não tem dúvida alguma sobre seus próprios poderes. Essa oposição, entre o deus autoproclamado e aquele que ainda não acredita plenamente no que é, coloca em xeque o que significa ser imortal e o que o poder de um deus realmente implica.

A relação de Francis Sandow com a imortalidade e seu status de deus reflete uma visão mais profunda da condição humana. Em sua longevidade eterna, ele continua a ser assombrado pela memória de um passado que não pode ser apagado, por uma perda irreparável, o que o leva a uma constante reflexão sobre sua identidade e sobre os limites do controle que se pode ter sobre o destino. Sua história, repleta de questionamentos existenciais, é uma metáfora para as frustrações do ser humano diante do inexorável avanço do tempo e da inevitabilidade da morte.

O protagonista reflete sobre sua imortalidade, comparando-a a algo inusitado, mas curioso. Ele descreve sua relação com a vida como algo que o faz lembrar das praias de Tóquio, um lugar onde o mar constantemente traz à tona objetos estranhos, às vezes sem sentido, outros com um significado inusitado. Nesse cenário, a vida se assemelha a uma onda constante, com coisas sendo trazidas e levadas sem qualquer explicação clara, como se a existência humana fosse um acaso, um achado no grande "oceano" do tempo. Essa analogia nos lembra que a vida, com todos os seus altos e baixos, é imprevisível.

Ele observa que, assim como o mar devolve objetos que antes havia engolido, há sempre a possibilidade de que coisas perdidas retornem ao nosso campo de visão. E, por outro lado, a perda contínua de algo que consideramos importante e irreparável faz parte do processo. A eterna busca por respostas – o que é vida, o que é morte, o que significa ser eterno – é algo que ressoa com todos que passam por experiências de perda. A experiência de uma pessoa imortal, que já viu tantos outros morrerem, pode ser tanto um fardo quanto uma benção, e não parece haver uma solução definitiva para o sofrimento ou para as questões existenciais que surgem.

Em sua imortalidade, Sandow também lida com as repercussões de uma história pessoal dolorosa. Em um momento de introspecção, ele é confrontado com uma série de imagens enviadas a ele por pessoas que já morreram há séculos, entre elas sua esposa Kathy, que faleceu há mais de 500 anos. Esses registros, enviados de algum lugar que ele não compreende completamente, parecem ressurgir de uma parte do passado que ele achava ter superado. Nesse momento, ele sente o peso da perda e da saudade, algo que a imortalidade não pode curar. Esses eventos, embora distantes no tempo, provocam uma reação imediata de medo e incerteza. O que antes parecia controlável, agora se apresenta como algo incontrolável e arrebatador.

Essa dualidade da imortalidade, entre o prazer de uma vida sem fim e o sofrimento de um passado que nunca morre, coloca o ser humano diante de uma reflexão sobre o valor da vida e do tempo. A imortalidade, ao invés de ser uma bênção, revela-se um fardo de memórias que não podem ser apagadas, uma experiência de perda que nunca é completa. Para alguém que tem tudo, mas ainda assim se vê cercado pelo vazio de suas próprias lembranças, o que resta é a eterna busca por significado, por um propósito que vá além do simples existir.

Além disso, a história de Sandow expõe a natureza ambígua da divindade. Ser um deus não é apenas sobre poder absoluto ou controle; é também sobre as limitações que a divindade impõe a quem a ostenta. Mesmo no ápice de seu poder, Sandow não se sente completo, pois ele continua a ser, essencialmente, humano, com todas as fraquezas, dúvidas e perdas que isso implica.

Ao explorar essa imortalidade, a narrativa nos convida a refletir sobre a natureza da vida, da perda e do poder. O que significa ser imortal, quando se é constantemente confrontado com as cicatrizes do passado e a inevitabilidade do esquecimento? Em última análise, a imortalidade parece ser um convite à reflexão mais profunda sobre o que realmente importa na vida – o que se mantém quando o tempo não é mais uma preocupação, e o que é deixado para trás nas praias implacáveis do passado.

O que acontece quando o poder da criação é corrompido?

Há uma complexidade inerente nas relações entre os seres que habitam mundos criados, não apenas em termos de suas habilidades e funções, mas também em sua relação com as forças que moldam esses mundos. A criação de um mundo exige uma compreensão profunda da psicologia, da natureza humana e, frequentemente, uma manipulação das potências inconscientes que, ao serem despertadas, podem levar a um trabalho monumental, mas também a consequências imprevistas.

Quando nos deparamos com o conceito de "Nome" em nossa conversa, estamos lidando com uma ideia antiga e essencial: o poder de nomear, de identificar uma essência e, assim, moldar uma realidade. O ato de ser "portador de um Nome" não se trata apenas de um título ou status, mas de um vínculo psicológico profundo que ativa potenciais inconscientes. Em muitos casos, o simples fato de ser confirmado com um Nome altera irreversivelmente a percepção da realidade e a própria capacidade de agir sobre ela. Os Nomeados são, em certo sentido, como deuses dentro de suas respectivas esferas; sua visão, moldada pelo Nome que carregam, lhes confere uma autoridade quase mística.

Entretanto, essa capacidade de manipular o mundo não é isenta de falhas ou consequências. O que ocorre quando a religião, a espiritualidade e as práticas de nomeação se tornam ferramentas de controle, e não de elevação? Quando o processo de nomeação se torna, na realidade, um meio para um fim egoísta ou manipulado? A busca pela verdadeira essência, o retorno ao rito original, revela uma luta interna: um indivíduo pode ser tentado a usar o poder que obteve de maneiras que contradizem o propósito original de sua nomeação. Um exemplo disso é o caso de Shandon, que, apesar de ter sido nomeado, continua a se perder no labirinto de seus próprios desejos e interesses. Ele se torna o alvo de sua própria confusão, buscando vingança e poder ao invés de autocompreensão ou cura.

A busca por um Nome, como vimos, nem sempre é uma questão de pura ambição. Para alguns, a confirmação de um Nome é uma tentativa de reconectar-se com algo mais profundo, com uma espiritualidade perdida ou distorcida. No entanto, a manipulação de forças maiores para atingir objetivos pessoais, como vimos na relação com Belion, pode ter resultados desastrosos. A corrupção da busca pelo poder, muitas vezes, distorce o propósito do próprio Nome, transformando-o de um símbolo de criação e harmonia em um instrumento de destruição e vingança.

Ao aprofundar-se nessa reflexão, é fundamental entender que a verdadeira criação não reside apenas na habilidade de manipular o mundo à nossa volta, mas também no reconhecimento e respeito das forças que interagem com nossa psique. As motivações para moldar a realidade devem ser cuidadosamente examinadas, pois elas podem ter efeitos não apenas sobre o mundo ao redor, mas também sobre a própria essência de quem cria.

Outro ponto a ser considerado é o que significa realmente "criar". A criação não é meramente uma questão de colocar algo novo no mundo; ela também envolve uma profunda conexão com as forças espirituais, com as entidades e com a própria natureza da existência. A capacidade de criar, especialmente em mundos complexos e interconectados, traz consigo uma responsabilidade que vai além do simples controle ou manipulação de formas. Quando esse poder é usado para fins egoístas ou destrutivos, as consequências podem ser catastróficas, afetando não apenas o criador, mas todos aqueles ao seu redor.

O "mundo ideal" de um criador pode ser, de fato, um reflexo distorcido de suas próprias crenças, desejos ou frustrações. Ao tentar submeter esses mundos à sua vontade, o criador pode inadvertidamente criar uma realidade onde as próprias forças que ele tentou controlar se voltam contra ele, como no caso de Shandon. A verdadeira habilidade em moldar um mundo está, portanto, não apenas na capacidade de dar forma ao ambiente físico, mas na habilidade de manter o controle sobre as motivações interiores que guiam esse processo criativo.

Por fim, o que é, então, o "poder" de criação, e como ele se relaciona com a ética e a moralidade? A busca por um Nome, por poder ou por controle, pode facilmente se desviar de seus princípios fundamentais, levando ao abuso de uma força que deveria ser usada para criar e não destruir. Mas esse poder não é inerentemente maligno ou corrompido. Ele é, antes de tudo, um reflexo de quem o detém e da maneira como ele é aplicado. O verdadeiro desafio não é apenas entender as capacidades que um Nome ou poder de criação traz, mas também as consequências psicológicas e espirituais dessa capacidade quando distorcida.

Onde Está Ruth Laris? Um Enigma de Desaparecimento e Poder

A conversa começou com uma simples troca de favores, mas logo tomou um rumo mais denso, cheio de mistérios e segredos. Era óbvio que havia mais em jogo do que o simples fato de um amigo procurar outra pessoa. Ruth Laris, uma mulher que eu chamava de amiga, tinha se tornado um enigma, e cada pista parecia apenas aprofundar a confusão. O seu desaparecimento, aparentemente voluntário, deixou uma trilha de perguntas sem resposta, e a busca pela verdade me levava cada vez mais perto de algo perigoso e, possivelmente, fatal.

No escritório de DuBois, o homem que deveria ter informações cruciais sobre Ruth, a tensão era palpável. Eu estava ali com um único objetivo: encontrar respostas. Ele parecia desconfortável, talvez porque soubesse que minha presença ali não era apenas um capricho, mas uma ameaça disfarçada. A simples menção de sua responsabilidade sobre a casa de Ruth, a venda e o destino de seus bens parecia estar ligada a algo mais profundo e sombrio do que ele queria admitir.

“Eu comprei a casa de Ruth”, eu disse, “não para mantê-la, mas para procurar pistas que me levassem até ela. Depois disso, vou transformá-la em uma hacienda, porque não gosto da arquitetura desta cidade.” As palavras tinham um peso que ele não podia ignorar. O valor da propriedade, o possível fim de seu negócio e a ameaça implícita me davam um poder que ele claramente não queria subestimar. Cada frase que eu proferia jogava mais combustível sobre a fogueira de sua ansiedade, e as respostas, quando finalmente vieram, foram imprecisas, misturando entre o dever e o medo.

O que ele me contou, ou melhor, o que ele revelou, foi que Ruth havia lhe pedido para vender a casa, deixando para trás apenas uma mensagem: uma instrução para que ele passasse tudo a um certo "artista de confiança". Havia algo na forma como ele falava que parecia indicar mais uma obediência cega do que uma simples negociação de bens. Isso me fazia pensar se Ruth estava mesmo no controle de sua própria vida ou se havia sido forçada a agir assim por forças maiores.

A chave para tudo parecia estar em um nome que ele não quis me revelar de imediato, mas que eventualmente acabei descobrindo. E quando a carta chegou com uma mensagem escrita em uma língua que poucos entendem, o que parecia uma simples correspondência se transformou em uma pista vital. O nome de Ruth agora estava vinculado a um mistério maior, ligado ao “Ilha dos Mortos” e a figuras estranhas, como Belion e Shimbo, que, embora fossem quase mitológicos, tinham tudo a ver com o que eu estava tentando desvendar. O que significava "Ilha dos Mortos"? Quem estava por trás disso? O que Ruth tinha a ver com tudo isso? Cada uma dessas perguntas me arrastava ainda mais para um labirinto sem fim de mistérios.

Quando entrei na casa de Ruth, tudo parecia em ordem, mas havia algo de errado. Os objetos deixados para trás, como móveis e vestígios de uma vida normal, agora me pareciam como fragmentos de uma história que se desfazia. Cada peça que eu examinava parecia uma memória, não apenas da casa, mas de algo perdido há muito tempo. Algo dentro de mim dizia que a resposta estava ali, mas ao mesmo tempo, o que eu encontrava me afastava ainda mais da verdade. O que aconteceu com Ruth? A casa era o reflexo de uma vida interrompida, e o vazio deixado por sua ausência era mais do que físico. Era uma ausência de sentido, como se a própria arquitetura do lugar estivesse, de alguma forma, escondendo um segredo.

A busca por Ruth Laris não era apenas uma jornada física. Era uma viagem no tempo, nas memórias e, talvez, no próprio conceito de destino. Eu começava a entender que o que estava em jogo não era apenas a localização de uma pessoa desaparecida, mas a própria essência do que a conectava a um passado que parecia mais distante do que eu imaginava. Ruth não estava apenas perdida, ela estava, de alguma forma, sendo redirecionada por forças que eu mal começava a compreender. E cada pista, cada mensagem que aparecia, parecia mais uma peça de um quebra-cabeça que me desafiava a entender não só o passado de Ruth, mas o meu próprio papel nesse jogo que se desenrolava à minha frente.

Para entender o que realmente aconteceu, é preciso mais do que seguir as pistas óbvias. A chave está em perceber que cada ação, cada decisão, tem repercussões que vão além do que vemos à primeira vista. O que parecia ser uma simples venda de uma casa, uma troca de favores, se revelou o início de algo muito maior. Ruth Laris não era apenas uma mulher desaparecida; ela era parte de um jogo maior, e ao procurar por ela, eu estava me aproximando de algo que poderia mudar tudo.