O subespaço de controle de força é transformado em um torque por meio da matriz de inércia Λg\Lambda_g, que é somado à ação de controle no subespaço do torque. A entrada de controle αν\alpha_\nu pode ser selecionada conforme o caso de contato rígido, enquanto o projeto do torque wλ\mathbf{w}_\lambda deve levar em conta a relação entre força e velocidade, que está condicionada à compliance do ambiente. Para simplificar, considera-se o controle de um único componente de força e a suposição de desacoplamento total do comportamento elástico. A derivada temporal da força ambiental λ˙env\dot{\lambda}_{env} está relacionada à velocidade do atuador final ν\nu na mesma direção, segundo a rigidez k=c1k = c^{ -1}, ou seja, λ˙env=kν\dot{\lambda}_{env} = k \nu. Essa relação permite substituir o feedback da derivada da força pelo feedback de velocidade, desde que haja uma estimativa c^\hat{c} da compliance do ambiente disponível.

O esquema geral do controle linear para um componente consiste em um controlador interno de velocidade, com função de transferência Cν(s)C_\nu(s), e um controlador externo de força, com função Cλ(s)C_\lambda(s), ambos a serem projetados adequadamente. O diagrama de blocos resultante se assemelha ao esquema de controle de admissão, onde a admissão do robô é um integrador Yr(s)=1sY_r(s) = \frac{1}{s}, a impedância do ambiente é Ze(s)=ksZ_e(s) = \frac{k}{s}, e a força desejada λd\lambda_d substitui a velocidade desejada νd\nu_d. Quando νd=0\nu_d = 0, o esquema é conhecido como controle paralelo força/movimento.

A admissão do robô controlado de λenv-\lambda_{env} para ν\nu é dada por:

Yc(s)=Cν(s)Cλ(s)c^sCν(s)s+Cν(s)Cλ(s)c^kY_c(s) = \frac{C_\nu(s) C_\lambda(s) \hat{c} s}{C_\nu(s) s + C_\nu(s) C_\lambda(s) \hat{c} k}

e a função de transferência em malha fechada da força desejada λd\lambda_d para a força real λ\lambda é:

W(s)=Cν(s)Cλ(s)c^ks2+Cν(s)s+Cν(s)Cλ(s)c^kW(s) = \frac{C_\nu(s) C_\lambda(s) \hat{c} k}{s^2 + \frac{C_\nu(s)}{s} + C_\nu(s) C_\lambda(s) \hat{c} k}

Diferentes escolhas para os controladores lineares são possíveis. Por exemplo, controle proporcional em velocidade e força, controle PI na velocidade com proporcional na força, ou controle PI em ambos, velocidade e força. Todas essas estratégias garantem que a força de contato atinja o valor desejado λd\lambda_d no estado estacionário, mesmo que c^k=1\hat{c} k = 1. Quando a estimativa da rigidez do ambiente é precisa c^=k1\hat{c} = k^{ -1}, a função de transferência W(s)W(s) torna-se independente de kk, mantendo estável o sistema e com desempenho transitório previsível.

No caso de controle proporcional, W(s)W(s) assume a forma de um sistema de segunda ordem típico, onde ganhos kPk_P e kFk_F podem ser escolhidos para definir arbitrariamente a frequência natural ωn\omega_n e o fator de amortecimento ζ\zeta, assegurando estabilidade assintótica para kP>0k_P > 0 e kF>0k_F > 0. Sob essas condições, a admissão do robô controlado é estritamente passiva (SPR), garantindo estabilidade em interação com qualquer ambiente passivo, mesmo que não puramente elástico.

A inclusão da ação integral na malha interna de velocidade melhora o rejeitamento de perturbações como atrito nas juntas, mas torna a escolha dos ganhos mais complexa, podendo ser projetada por métodos clássicos de controle linear, respeitando critérios como Routh–Hurwitz. A condição para estabilidade exige uma desigualdade envolvendo os ganhos, assegurando estabilidade para qualquer valor de rigidez kk. Sob essa condição, a admissão do robô permanece SPR, o que mantém a estabilidade mesmo em contato com ambientes passivos não puramente elásticos.

A ação integral no controlador externo de força pode ser projetada com um controlador modificado para simplificar o projeto, desacoplando o controle de força do controle de velocidade. Esse método possibilita que a estabilidade assintótica seja garantida para valores positivos dos ganhos e do parâmetro de tempo τF\tau_F, independente da rigidez do ambiente, embora nesse caso a admissão seja apenas passiva restrita (PR), garantindo estabilidade marginal em ambientes passivos que não sejam puramente elásticos.

A lei interna de controle de velocidade adotada é a mesma do controle no subespaço twist, exceto pela realimentação de aceleração, possibilitando seu uso para todos os componentes de velocidade no sistema. O controle externo de força opera apenas nas direções de interação, configurando o que se conhece como controle paralelo força/posição.

No caso de robôs redundantes, o controle de força é tipicamente projetado no espaço da tarefa. A redundância permite a realização de objetivos auxiliares ou a satisfação de restrições adicionais, eventualmente priorizadas. Normalmente, a tarefa de interação tem maior prioridade, mas múltiplos contatos simultâneos podem ocorrer em diferentes partes do robô. O controle de compliance no espaço da tarefa, com ou sem realimentação de força, pode ser estendido para robôs redundantes, garantindo a estabilidade dos movimentos no espaço nulo por meio de torques dissipativos e contribuições amortecedoras quando necessário.

A redundância é explorada introduzindo uma contribuição adicional no torque de controle, usando a pseudo-inversa dinamicamente consistente da matriz jacobiana. Essa propriedade assegura que o movimento no espaço da tarefa permaneça consistente, enquanto o espaço nulo pode ser usado para outras tarefas auxiliares, mantendo a estabilidade e o desempenho do controle de força.

Além do exposto, é fundamental compreender que a eficácia do controle híbrido força/movimento depende criticamente da precisão na estimativa da compliance ambiental e da sintonia adequada dos ganhos de controle. A falta dessa precisão pode levar a desempenho degradado ou instabilidade, sobretudo em ambientes com características dinâmicas complexas e não lineares. A modelagem do ambiente deve considerar suas propriedades viscoelásticas e eventuais não linearidades para que o controle responda adequadamente. Além disso, a implementação prática requer sensores de força e posição confiáveis, bem como processamento em tempo real para garantir a robustez da interação física.

O Conceito de Espaços Vetoriais e Transformações Lineares

Os elementos de um espaço vetorial são chamados de vetores. No contexto da álgebra linear, dois vetores x1,x2,,xmx_1, x_2, \dots, x_m são considerados linearmente independentes se nenhum deles puder ser escrito como uma combinação linear dos outros. Em termos matemáticos, isso significa que a equação k1x1+k2x2++kmxm=0k_1 x_1 + k_2 x_2 + \dots + k_m x_m = 0 só pode ser verdadeira quando todos os coeficientes k1,k2,,kmk_1, k_2, \dots, k_m forem zero. Essa propriedade é central para a definição da independência linear de um conjunto de vetores. A condição necessária e suficiente para que os vetores x1,x2,,xmx_1, x_2, \dots, x_m sejam linearmente independentes é que o posto (rank) do espaço gerado por esses vetores seja igual ao número de vetores, ou seja, rank(X)=m\text{rank}(X) = m.

Caso o posto do espaço vetorial seja rr e menor que mm, isso indica que apenas rr dos mm vetores são linearmente independentes, enquanto os demais podem ser expressos como combinações lineares desses vetores independentes. A dimensão de um espaço vetorial XX, denotada por dimX\dim X, é definida como o número máximo de vetores linearmente independentes em XX. Se dimX=n\dim X = n, qualquer conjunto de nn vetores linearmente independentes constitui uma base do espaço, e qualquer vetor xXx \in X pode ser expresso de forma única como uma combinação linear dos vetores da base x=c1x1+c2x2++cnxnx = c_1 x_1 + c_2 x_2 + \dots + c_n x_n, onde c1,c2,,cnc_1, c_2, \dots, c_n são as componentes do vetor xx na base escolhida.

Um subconjunto YY de um espaço vetorial XX é considerado um subespaço de XX se, além de ser um espaço vetorial por si só, suas operações de adição e multiplicação por escalar coincidem com as de XX. Formalmente, se para quaisquer α,βR\alpha, \beta \in \mathbb{R} e x,yYx, y \in Y, temos que αx+βyY\alpha x + \beta y \in Y, então YY é um subespaço de XX.

O produto escalar x,y\langle x, y \rangle de dois vetores xx e yy de dimensão nn é dado pela soma dos produtos das componentes correspondentes:

x,y=x1y1+x2y2++xnyn=xTy=yTx.\langle x, y \rangle = x_1 y_1 + x_2 y_2 + \dots + x_n y_n = x^T y = y^T x.

Esse produto é frequentemente chamado de produto interno. Já o produto externo de dois vetores xx e yy é a matriz xyTxy^T, uma matriz de ordem n×nn \times n. Quando o produto escalar entre dois vetores é zero, dizemos que eles são ortogonais. Uma base é chamada ortogonal se seus vetores são mutuamente ortogonais. A norma euclidiana de um vetor xx é definida como x=x12+x22++xn2\|x\| = \sqrt{x_1^2 + x_2^2 + \dots + x_n^2}, e ela satisfaz as desigualdades triangulares e de Cauchy-Schwarz, como x+yx+y\|x + y\| \leq \|x\| + \|y\| e x,yxy| \langle x, y \rangle | \leq \|x\| \|y\|.