Quando Scharmer chegou em casa, o telefone não foi atendido, e ninguém o esperava na estação de trem. Pela primeira vez, ele tomou um táxi para percorrer os oito quilômetros finais até a sua casa. No meio do caminho, ao olhar para o céu, viu uma mancha negra que tomava conta do horizonte, com a fumaça escura subindo do local onde ficava a fazenda de sua família. O jovem Sharmer saltou do carro e correu, passando por centenas de curiosos e bombeiros. Ele dizia: “Não consegui acreditar no que meus olhos estavam me dizendo… que todo o mundo em que eu vivia até aquele momento já não existia. Lembro-me de sentir o tempo desacelerando, quase quebrando uma camada superficial da minha mente e começando a mergulhar em uma profundidade diferente.”
Era evidente que algo colossal havia terminado, mas algo novo também estava começando. Ao refletir sobre o evento, Scharmer percebeu como sua identidade estava fortemente ligada a tudo aquilo que havia desaparecido. E, ao se conscientizar disso, ele entendeu que a perda não era apenas algo externo, mas também interno. Foi um momento de uma experiência profunda de liberdade, como se, de repente, ele estivesse elevado, observando tudo de uma nova perspectiva. Era como se, naquele instante, ele tivesse acessado uma nova dimensão, uma dimensão conectada ao futuro emergente, algo que ainda estava por vir.
Scharmer, que possui um PhD em economia e gestão e preside o programa MIT Ideas, fundou o Presencing Institute, uma instituição inovadora que ensina a arte de aprender com o futuro emergente. O conceito de "presencing" (um termo que ele criou ao combinar "sensing", o sentir do futuro, com "presence", o estado de estar no agora) reflete a capacidade de perceber e realizar a possibilidade mais elevada do futuro, agindo a partir do momento presente e do que está querendo emergir. Para Scharmer, esse processo de conexão com um futuro que ainda não se manifestou está intimamente ligado ao despertar da criatividade e à verdadeira essência do espírito empreendedor.
Esse conceito se opõe à ideia de liderar a partir da dor e do medo. Ao contrário do que se imagina, Scharmer acredita que o medo, a perda ou a angústia não são os motores da verdadeira mudança. Pelo contrário, ele observa que muitas vezes movimentos sociais, como o movimento verde ou antinuclear, não surgem a partir de uma agenda de medo, mas da mobilização das possibilidades que emergem no futuro. Essas mudanças não acontecem porque as pessoas são empurradas para a ação pelo pavor do futuro, mas porque elas começam a perceber o futuro como algo que pode ser moldado, e não temido.
A verdadeira mudança de paradigma ocorre quando se ultrapassa a barreira do medo e da resistência, ao se abrir para as possibilidades do futuro. Esse processo, muitas vezes vivido como uma jornada interna de autoconhecimento, também é uma transformação nas relações humanas. Em seus cursos de imersão empática, Scharmer leva os alunos a situações extremas, desafiando-os a se conectar com pessoas cujos valores, ideias e ideologias são diametralmente opostos aos seus. Ao viver a experiência do outro de forma profunda e autêntica, os estudantes começam a perceber novas formas de se comunicar, de co-criar e, sobretudo, de liderar.
O processo de aprendizado, no qual o futuro emerge como uma possibilidade coletiva, exige três estágios principais: primeiro, suspender os velhos hábitos de julgamento; depois, abrir o coração e enxergar as questões do ponto de vista de outros; e, finalmente, a capacidade de “deixar ir e deixar vir”, um processo de rendição ao novo. É através desses estágios que a verdadeira liderança se manifesta, não pela imposição de uma visão ou controle, mas pela capacidade de navegar pelas incertezas e se abrir para o desconhecido.
A liderança autêntica, para Scharmer, é, antes de tudo, uma prática de desapego. "Liderar" significa cruzar um limiar, deixar para trás o familiar e entrar no desconhecido. Isso se aplica tanto no campo empresarial quanto nas questões globais atuais, como as mudanças climáticas. O medo de perder, de falhar ou de ser excluído da comunidade muitas vezes impede que os líderes se libertem de paradigmas antigos e se conectem com o novo. No entanto, os líderes mais inovadores – especialmente os empreendedores – são aqueles que desafiam as suposições de suas comunidades profissionais, adotando uma abordagem de desconstrução criativa. Eles não têm medo de abandonar o conhecido e explorar novas fronteiras, compreendendo que a verdadeira inovação só é possível ao se conectar com o que ainda não existe.
Esse tipo de liderança exige coragem, mas também a capacidade de transcender o medo, o apego e as crenças limitantes. Em um mundo cada vez mais globalizado e complexo, a habilidade de lidar com a incerteza e de criar realidades emergentes é mais valiosa do que nunca. Por isso, Scharmer sugere que, para ser um líder efetivo e criativo, é necessário não só aprender com os erros do passado, mas também entender como se conectar com os fluxos invisíveis que orientam o futuro, algo que pode ser acessado em um estado de presença profunda.
Como Mudar Nossa Comunicação Ambiental: Superando o Mito da Apatia
A comunicação ambiental, muitas vezes, é guiada pela suposição de que as pessoas simplesmente não se importam o suficiente. Isso leva a uma abordagem punitiva e de crítica, onde o foco está em convencer os indivíduos a se importarem mais com o meio ambiente. No entanto, uma perspectiva diferente, como a sugerida pela especialista em psicologia ambiental Renee Lertzman, nos convida a repensar essa visão. Ao invés de ver a apatia como uma falha pessoal, ela propõe que a verdadeira questão reside em como canalizamos as emoções, os valores e as histórias das pessoas para promover mudanças mais profundas e sustentáveis.
Lertzman argumenta que, ao rotular as pessoas como apáticas, cometemos um erro grave: além de ser uma avaliação superficial, ela desconsidera a complexidade das motivações humanas. Em vez de uma falta de preocupação, podemos perceber uma abundância de energia reprimida e de desejo genuíno de fazer a diferença, que simplesmente não encontra formas adequadas de expressão. Essa ideia não nega a existência de apatia, mas redefine sua origem, sugerindo que muitas vezes ela é um mecanismo de defesa emocional, como a projeção de sentimentos negativos. Essa abordagem nos leva a repensar o comportamento humano de uma forma mais compassiva e menos acusatória.
Por exemplo, a apatia observada em alguns indivíduos pode ser uma resposta inconsciente ao medo, ansiedade ou até mesmo ao ódio que circula nas discussões sobre mudanças climáticas. De acordo com Lertzman, a negação da mudança climática está frequentemente associada a um forte sentimento de raiva, não apenas pela falta de compreensão, mas pela tentativa de defesa contra a culpa e a ansiedade geradas por um problema tão avassalador. Essa "negligência" não é necessariamente um sinal de desinteresse, mas de uma resposta emocional a um cenário que gera sentimentos de impotência e medo.
Quando olhamos para os problemas ambientais de uma perspectiva psicológica, percebemos que a falta de ação pode ser uma forma de defesa contra um sentido de culpabilidade coletiva ou até mesmo uma sensação de que as mudanças necessárias são tão grandes e desafiadoras que nos paralisam. Lertzman sugere que a chave para a mudança não está em empurrar as pessoas para um comportamento "correto", mas em engajá-las de uma maneira que reconheça e compreenda essas tensões internas. Devemos, portanto, deixar de lado o julgamento e nos concentrar no que realmente move as pessoas: suas histórias, suas experiências e a maneira como elas veem seu papel no mundo.
A verdadeira mudança ambiental surge, então, quando conseguimos conectar as pessoas com um sentido mais profundo de pertencimento e significado. Isso não se consegue com incentivos superficiais, como taxas ou multas, mas através de uma abordagem que trate de um nível mais profundo de significado e de pertencimento. Um exemplo disso seria transformar a forma como comunicamos questões ambientais, não apenas como um problema a ser resolvido, mas como algo que faz parte da história de todos. Quando as pessoas se sentem parte de algo maior, como uma comunidade que se preocupa com o futuro do planeta, elas se tornam mais dispostas a agir.
Além disso, ao trabalharmos a comunicação de maneira mais empática, como sugerido por Lertzman, podemos criar um ambiente onde a verdade seja revelada de forma mais aberta e acolhedora. Em vez de simplesmente denunciar as falhas alheias, precisamos cultivar um espaço de escuta e acolhimento. Mesmo quando enfrentamos a negação ou a ignorância, a compaixão deve ser o nosso guia, pois é através dela que podemos realmente engajar as pessoas em uma reflexão mais profunda sobre sua relação com o meio ambiente.
O processo de mudança, porém, nunca é fácil. Ele envolve ansiedade, medo e a necessidade de confrontar nossa própria responsabilidade pela crise ecológica. Essa ansiedade pode nos paralisar, pois enfrentamos não apenas os danos causados, mas também o que esses danos significam para nosso futuro coletivo. Reconhecer esses sentimentos e tratá-los com sensibilidade é fundamental para criar uma abordagem mais eficaz e humana na promoção de comportamentos sustentáveis.
Entretanto, a construção de uma narrativa de mudança não depende apenas de boas intenções ou de intervenções superficiais. A verdadeira transformação acontece quando a comunicação se torna um processo contínuo e profundo, onde as pessoas são convidadas a compartilhar suas próprias histórias e refletir sobre seu papel no processo de preservação ambiental. O engajamento real não surge da imposição, mas da construção conjunta de um futuro melhor, baseado em um significado comum e em um entendimento profundo das questões que nos afetam.
Por fim, é essencial lembrar que a mudança real não pode ser imposta de fora para dentro. Ela deve ser cultivada através da colaboração, do respeito mútuo e da busca por significado compartilhado. Quando reconhecemos as tensões internas das pessoas e abordamos o problema da mudança ambiental de uma maneira compassiva, podemos começar a criar as condições necessárias para uma verdadeira transformação.
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