Quando se trata de garantir a disponibilidade e a resiliência de arquiteturas em ambientes de nuvem, o processo de failover desempenha um papel crucial. A AWS oferece uma série de serviços que não apenas simplificam a implementação de soluções resilientes, mas também garantem que, em caso de falha, a recuperação seja feita de forma rápida e eficiente, sem comprometimento significativo na performance ou disponibilidade do sistema.
Os serviços sem servidor da AWS, como AWS Lambda, Amazon API Gateway e Amazon DynamoDB, são fundamentais para facilitar cenários de failover. Esses serviços, por sua natureza distribuída, podem ser facilmente replicados em várias regiões, o que proporciona um mecanismo de failover regional integrado. A possibilidade de pagar apenas pelo que é consumido, no modelo pay-per-use, também contribui para a otimização de custos ao operar recursos em múltiplas regiões.
Por exemplo, com o AWS Lambda, você pode implantar suas funções em várias regiões e configurar o Amazon API Gateway para direcionar o tráfego para a região apropriada com base em regras predefinidas ou verificações de integridade. Se uma região sofrer uma falha, o tráfego pode ser automaticamente redirecionado para outra região, garantindo a continuidade do serviço. A utilização de containers sem servidor, como o Fargate, torna o gerenciamento de capacidade desnecessário, simplificando ainda mais o processo.
Além disso, o Amazon DynamoDB oferece uma funcionalidade poderosa de recuperação no ponto no tempo (PITR), que permite restaurar os dados a partir de backups contínuos. Ao exportar esses backups para o Amazon S3 e replicá-los em outra região, você pode recriar a tabela no novo local com os dados mais recentes, possibilitando a retomada das atividades na região passiva quando ocorre um desastre.
No entanto, é importante entender que arquiteturas ativas-passivas podem levar a tempos de failover mais longos e potenciais inconsistências de dados durante a transição. A sincronização entre as regiões ativas e passivas é crucial para garantir que a região passiva possua os dados mais atualizados no momento de assumir o tráfego. Estratégias como replicação assíncrona, backups de banco de dados e snapshots periódicos de dados são essenciais para manter a consistência entre as regiões.
Vale destacar que as arquiteturas ativas-passivas não são adequadas para aplicações que exigem alta disponibilidade contínua ou que possuem requisitos rigorosos de tempo de recuperação (RTO) e ponto de recuperação (RPO). Nesse caso, uma arquitetura ativa-ativa, onde o tráfego é distribuído entre várias regiões simultaneamente, pode ser uma solução mais adequada, embora com custos e complexidade operacional maiores. No entanto, as arquiteturas ativas-passivas oferecem uma solução relativamente simples e econômica para alcançar resiliência regional e capacidades de recuperação de desastres. São ideais para aplicações não críticas ou cenários onde a interrupção ocasional durante o failover é aceitável.
A AWS oferece ainda uma distinção importante entre serviços globais e regionais, e entender essa diferença é fundamental para projetar arquiteturas multi-região eficazes. Os serviços regionais, como o Amazon EC2, Amazon RDS e Amazon EBS, operam dentro de uma região específica e devem ser implantados e gerenciados separadamente em cada região onde o serviço ou aplicação precisa operar. Já os serviços globais, como o Amazon CloudFront, AWS Global Accelerator, e o Route 53, são projetados para operar de maneira integrada em várias regiões, proporcionando uma experiência consistente em qualquer local.
Compreender como os serviços regionais e globais se complementam pode ser crucial na construção de uma arquitetura resiliente. Os serviços regionais fornecem a infraestrutura e os recursos de computação necessários para rodar as aplicações, enquanto os serviços globais garantem uma gestão, segurança e práticas operacionais consistentes entre as regiões. Usando ambas as categorias de serviços de forma eficaz, é possível criar arquiteturas de alto desempenho e escaláveis que se estendem por várias regiões da AWS.
Por exemplo, o Amazon CloudFront, a rede de distribuição de conteúdo (CDN) global da AWS, pode melhorar a resiliência e o desempenho de aplicações, mesmo operando a partir de uma única região. As localizações de borda do CloudFront podem armazenar em cache e servir conteúdo estático e dinâmico, descarregando o tráfego da origem e trazendo o conteúdo mais próximo dos usuários em todo o mundo. Utilizando o CloudFront, uma organização pode alcançar uma presença global sem a necessidade de implantar e gerenciar infraestrutura em várias regiões.
Se a região de origem sofrer uma falha, o CloudFront pode continuar a servir o conteúdo em cache a partir de suas localizações de borda, garantindo que os usuários ainda possam acessar, pelo menos, uma parte do aplicativo. O CloudFront também permite rodar funções leves de computação no Edge com Lambda@Edge e CloudFront Functions, proporcionando a geração de conteúdo dinâmico, personalização e outras tarefas computacionais mais próximas dos usuários finais. A integração com outros serviços da AWS, como o S3 e EC2, torna possível construir arquiteturas resilientes que aproveitam tanto os serviços regionais quanto globais.
Para arquiteturas que dependem de CloudFront, mesmo uma implantação em uma única região pode oferecer um nível significativo de resiliência, mas é preciso estar ciente de que isso não substitui totalmente os benefícios de uma arquitetura de failover regional ou global. O uso de soluções como o CloudFront permite uma presença global sem a complexidade de gerenciar múltiplas regiões diretamente.
O entendimento de como os serviços regionais e globais interagem, juntamente com as melhores práticas de failover e recuperação de desastres, é essencial para construir arquiteturas resilientes e eficazes na AWS. Incorporar tanto a redundância regional quanto a integração global pode resultar em um sistema altamente disponível, capaz de suportar falhas regionais enquanto mantém o desempenho ideal.
Como Escolher Estratégias de Balanceamento de Carga e Roteamento de Tráfego em Arquiteturas Resilientes
A escolha de uma estratégia de balanceamento de carga e roteamento de tráfego depende das exigências específicas da aplicação, como a necessidade de baixa latência, afinidade geográfica ou capacidades de failover. Em alguns casos, pode-se empregar uma combinação dessas estratégias para alcançar o nível desejado de resiliência, desempenho e flexibilidade. É importante ressaltar que, embora esses mecanismos possibilitem uma distribuição inteligente de tráfego entre regiões, eles podem introduzir complexidade adicional em termos de configuração, monitoramento e sobrecarga operacional. O planejamento cuidadoso e os testes adequados são essenciais para garantir failover, failback e roteamento de tráfego ideais em diversos cenários de falha.
Além disso, um dos aspectos cruciais ao operar cargas de trabalho simultaneamente em várias regiões é a sincronização de dados e como tornar a operação multi-região transparente para os usuários finais. A complexidade dessa sincronização varia de acordo com os requisitos da aplicação, os modelos de dados e o nível de consistência necessário. Como já se pôde perceber, não existe uma única maneira de gerenciar implantações multi-região, e a escolha da estratégia de sincronização de dados deve ser orientada pelas necessidades específicas da aplicação.
A definição de um modelo de sincronização de dados adequado exige uma análise detalhada de fatores como o volume de dados, a velocidade de atualizações e a criticidade dos dados em questão. Em alguns casos, pode ser necessária uma abordagem híbrida, combinando diferentes estratégias para tipos distintos de dados ou cargas de trabalho, de modo a encontrar o equilíbrio entre consistência, desempenho e complexidade operacional.
Uma primeira abordagem possível é o modelo centralizado, também conhecido como modelo hub-and-spoke, no qual uma região centraliza todos os processos de leitura e gravação de dados, replicando essas informações para outras regiões. Esse modelo simplifica a sincronização de dados e a resolução de conflitos em cenários nos quais a consistência forte dos dados é crítica, e a carga de gravações é relativamente baixa em comparação com as leituras. Entretanto, essa estrutura pode se tornar um gargalo ou um ponto único de falha, afetando a performance e a disponibilidade da aplicação. Para mitigar esse risco, é possível projetar a região central com alta disponibilidade, por meio de zonas de disponibilidade (AZ) ou failover entre regiões.
Por outro lado, o modelo descentralizado, no qual cada região opera como um ponto independente capaz de processar atualizações e gravações de dados, oferece maior escalabilidade e tolerância a falhas, pois elimina o ponto único de falha. No entanto, essa abordagem tende a aumentar a complexidade de resolução de conflitos e de gestão da consistência dos dados. Existem alguns cenários onde esse modelo se aplica de forma eficiente, como em aplicativos que não mantêm um estado persistente, ou que operam com dados efêmeros, onde a consistência de dados não é uma preocupação. Nesse caso, a distribuição das instâncias da aplicação por várias regiões pode ocorrer sem a necessidade de mecanismos de sincronização de dados, uma vez que cada instância funciona de maneira independente.
Uma outra estratégia a ser considerada é o roteamento de tráfego com base na performance, priorizando a baixa latência e a otimização de performance. Para isso, os dados podem ser replicados entre regiões utilizando mecanismos de replicação assíncrona. As solicitações são direcionadas para a região mais próxima com base na localização geográfica ou na latência, proporcionando acesso rápido aos dados. No entanto, essa abordagem pode resultar em consistência eventual, ou seja, os dados são propagados entre as regiões com um pequeno atraso. Nesses casos, pode ser necessário implementar mecanismos de resolução de conflitos para lidar com atualizações concorrentes entre as regiões.
A escolha entre uma abordagem centralizada (hub-and-spoke) ou descentralizada (peer-to-peer) depende de uma série de fatores, como os requisitos de consistência dos dados, a proporção entre gravações e leituras, a necessidade de escalabilidade e a criticidade dos dados. Em algumas situações, uma combinação das duas abordagens pode ser o mais adequado para equilibrar consistência, disponibilidade e performance.
Quando se trata de arquiteturas multi-região ativas e simultâneas, o impacto nos custos operacionais também deve ser levado em conta. Garantias de consistência mais fortes podem resultar em maior latência e potenciais gargalos de desempenho, enquanto abordagens de consistência eventual priorizam a disponibilidade e a baixa latência, mas exigem mecanismos adicionais para a reconciliação de dados e a resolução de conflitos.
O próximo passo no processo de desenvolvimento de arquiteturas resilientes em múltiplas regiões envolve a consideração de arquiteturas baseadas em células, uma abordagem que visa limitar o impacto de falhas e permitir uma escala massiva para grandes aplicações. Ao adotar essa estratégia, as aplicações são divididas em unidades menores e isoladas, chamadas células, que operam de forma independente, com recursos e responsabilidades dedicados a cada uma. Essa segmentação favorece a escalabilidade e a resiliência, pois limita o efeito de falhas, evitando que problemas se propaguem por toda a aplicação.
Uma célula, portanto, é uma unidade autossuficiente dentro de um sistema, equipada com recursos como instâncias de computação, bancos de dados e outros serviços essenciais. Cada célula contém uma série de microserviços, e seu design permite a escala e a independência operacional. A separação de componentes dentro de células distintas também reduz o risco de falhas em cascata, melhorando a resiliência geral do sistema.
Como Validar e Melhorar a Arquitetura do Sistema com Engenharia do Caos
A engenharia do caos se destaca como uma abordagem essencial para testar a resiliência de sistemas complexos. Através da criação de falhas controladas e experimentos perturbadores, busca-se garantir que o sistema seja capaz de resistir a interrupções inesperadas. Uma parte crucial deste processo envolve a formulação e validação de hipóteses sobre o comportamento esperado do sistema diante de falhas. Quando uma hipótese é validada, significa que a compreensão da equipe sobre a resiliência e tolerância a falhas do sistema está precisa. No entanto, se o comportamento observado não corresponder à expectativa, isso indica que a compreensão da equipe sobre o sistema precisa ser revista, levando a um ciclo contínuo de aprimoramento e adaptação.
O passo seguinte, após a validação ou revisão da hipótese, é aprimorar o sistema. Esse processo é fundamental, pois a melhoria contínua garante que o sistema não só se recupere de falhas, mas também se torne mais robusto a elas. Durante esse ciclo, falhas inesperadas podem revelar lacunas nas previsões iniciais, forçando ajustes na arquitetura e no design do sistema.
A análise das discrepâncias entre o comportamento esperado e o real resulta em uma nova compreensão do sistema. Essa análise se torna um ponto de partida para identificar novas dependências, vulnerabilidades ou mecanismos de resiliência não antecipados. O feedback gerado por essas falhas oferece dados valiosos que podem ser usados para atualizar a hipótese inicial. Essa atualização não se limita a simples ajustes nas previsões de falhas, mas pode envolver uma revisão profunda dos componentes do sistema e das interações entre eles.
Uma das primeiras ações ao lidar com uma falha inesperada é refinar a arquitetura do sistema. Isso pode envolver múltiplos testes iterativos, nos quais a arquitetura é ajustada e testada novamente para validar a nova hipótese. O design do experimento, por sua vez, também será refinado. A intensidade, a tipologia ou o momento das falhas podem ser ajustados conforme o entendimento do sistema se aprofunda. Acha-se, então, uma nova versão da hipótese que permitirá não só uma resposta mais eficiente a falhas, mas uma melhoria geral na robustez do sistema.
No contexto da engenharia do caos, o objetivo final é aprimorar a eficácia dos experimentos realizados, adquirir um entendimento mais profundo das forças e fraquezas do sistema e identificar vulnerabilidades de forma mais eficaz. Com isso, a confiabilidade e a tolerância a falhas do sistema são consideravelmente aprimoradas.
As diretrizes que orientam a realização de experimentos de engenharia do caos são essenciais para garantir que os testes sejam realizados de maneira controlada e sem causar danos graves ao ambiente de produção. É fundamental que o objetivo do experimento esteja bem definido, estabelecendo claramente as expectativas sobre o comportamento do sistema. Inicialmente, deve-se começar com experimentos de menor escala, focados em componentes ou subsistemas específicos, para, gradualmente, aumentar a complexidade à medida que mais confiança é adquirida.
Para a realização dos testes em ambientes de nuvem, como AWS, é importante focar nas partes críticas da infraestrutura que afetam diretamente o funcionamento da aplicação. A AWS oferece ferramentas específicas, como o AWS FIS e AWS CloudTrail, que garantem que os experimentos sejam feitos de maneira segura. Além disso, a monitorização e observabilidade são essenciais para rastrear o impacto das falhas, identificar comportamentos inesperados e agir rapidamente para mitigar problemas.
É importante também garantir que os experimentos não prejudiquem o ambiente de produção. Uma estratégia recomendada é utilizar uma conta de replica ou ambiente de QA, onde os experimentos podem ser realizados sem riscos para os sistemas reais. No entanto, quando se tem maturidade, é possível realizar esses experimentos em um ambiente real, com tráfego e usuários reais. Após os testes em ambiente de QA, a implementação de uma estratégia de canary deployment ajuda a reduzir os riscos ao liberar gradualmente uma nova versão do sistema para uma pequena parte dos usuários, garantindo que problemas não afetem o ambiente inteiro.
A implementação de uma estratégia de rollback clara é outro aspecto crítico. Ter um plano de recuperação eficaz pode minimizar os impactos negativos em caso de falhas inesperadas durante os testes. A documentação detalhada de cada experimento realizado, incluindo os resultados e o impacto no sistema, permite não só a melhoria contínua do processo, mas também a disseminação de aprendizados valiosos dentro da equipe e da comunidade em geral.
Após a execução dos testes e melhorias nos subsistemas, o ciclo de engenharia do caos se reinicia, com hipóteses aprimoradas e um sistema mais resiliente. Cada ciclo de teste oferece uma oportunidade para aprender mais sobre o comportamento do sistema e melhorar sua arquitetura para lidar com falhas de maneira mais eficaz. A engenharia do caos, portanto, não é apenas sobre testar falhas, mas sobre transformar essas falhas em uma força para o aprimoramento contínuo da infraestrutura tecnológica.

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